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sábado, 23 de setembro de 2023

ROZALLA - “EVERYBODY’S FREE” (1992)

CANTORA ROZALLA, DO HIT "EVERYBODY'S FREE", FAZ SHOWS EM CURITIBA E SÃO PAULO

Rozalla é um respeitado nome da Dance Music dos anos 90 e está no Brasil para realizar dois shows

ROZALLA NO BRASIL: Os fãs de Dance Music estão vibrando com os últimos eventos realizados no Brasil... E não é para menos, né?! 

Depois de Ann Lee e Taleesa visitarem o nosso país, agora é a vez da holandesa Nathalie Aarts fazer uma apresentação única em São Luis (MA) - conforme já detalhamos aqui no Blog. 

Mas, pensa que acabou?? 

Há também uma outra cantora espetacular dos anos 90 que se apresenta neste fim de semana em Curitiba (PR) e São Paulo (SP):

Seu nome é Rozalla Miller e estourou nos clubs e FMs com o seu sucesso mundial "Everybody's Free (To Be Good)". Na verdade, essa não é a primeira vez que Rozalla vem ao Brasil, e ela tem ainda outras músicas conhecidas pelos fãs da Eurodance...

Rozalla é conhecida como "A Rainha das Raves" e fez um grande sucesso gravando Dance Music no início dos anos 90. Ela nasceu no dia 18 de março de 1964, na cidade de Ndola, Zâmbia (um país do continente africano) e tem atuais 59 anos de idade.

Tudo teve início na adolescência de Rozalla, depois que ela mudou-se para Zimbábue com sua família, e ainda jovem, costumava faltar à escola para ensaiar com uma banda. Mais tarde, Rozalla cantou em desfiles de moda e logo se tornou uma celebridade nacional. 


A jovem zimbabuense Rozalla

No mundo ela ficou conhecida somente em 1992, mas nos anos 80 a garota Rozalla teve alguns sucessos nas paradas de Zimbábue, no entanto, teve ainda que trabalhar como secretária para "pagar as suas contas". 

Aos 18 anos de idade Rozalla apareceu como figurante no filme de 1985 -  "As Minas do Rei Salomão", de Jack Lee Thompson, uma produção cinematográfica que trazia também algumas estrelas conhecidas, como a esbelta atriz Sharon Stone

Com vontade de fazer música, Rozalla ainda gravou em 1985 as faixas "Party Nights" e "Forever" pelo selo Gramma Records, que são duas produções musicais que até fizeram sucesso em Zimbábue ("Party Nights" entrou nas paradas em 4 de janeiro de 1986 e atingiu ao pico #3).


OS PRIMEIROS DISCOS DE ROZALLA

Rozalla lançou em Zimbábue o seu primeiro álbum, "Spirit Of Africa" (1989), porém não obteve maiores reconhecimentos fora de seu país. Então, querendo se tornar uma estrela internacional, Rozalla percebeu que precisava sair da África para concluir o seu objetivo... 

Ela deixou Zimbábue e se mudou finalmente para a Inglaterra (cidade de Londres - e onde mora até os dias atuais).


O raro e primeiro álbum de Rozalla - "Spirit Of Africa" (1989)
Selo: Tusk Music
Saiu apenas em vinil


Na Inglaterra, Rozalla foi logo descoberta pelos produtores do projeto Band Of Gypsies (os músicos Nigel Swanston e Tim Cox), que inclusive, já trabalharam com diversas outras vocalistas da Eurodance, como Miriam Stockley (uma das vozes do projeto Serena). 

Swanston e Cox perceberam que Rozalla tinha uma voz comovente e que a catapultaria ao estrelato. A dupla produziu com ela a primeira parceria "Born To Luv Ya" (1990), que não foi muito bem nas paradas.

Não desanimados, os produtores escreveram e produziram o segundo single "Faith (In the Power of Love)" (1991), que foi a primeira música de Rozalla a entrar nas paradas do Reino Unido.

Mas foi o terceiro single, "Everybody's Free (To Feel Good)" (1991), que realmente fez a carreira da cantora africana decolar. Este "hino das raves" alcançou pela primeira vez as paradas do Reino Unido em agosto de 1991, e instantaneamente se tornou um hit em muitos países europeus, bem como o Top 40 da Billboard americana em 1992.


O single de "Everybody's Free (To Feel Good)" de Rozalla foi lançado oficialmente em 1991
Selo: Pulse-8 Records

"Everybody's Free (To Feel Good)" foi #1 na Espanha, Canadá e Estados Unidos, além de ser #2 na Bélgica, #3 na Itália, #4 na França, #5 na Alemanha e #6 no Reino Unido

Outro single muito bem-sucedido veio na sequência: "Are You Ready To Fly" (1992), que é mais um trabalho maravilhoso na envolvente voz de Rozalla!

Diante deste sucesso global, veio o segundo álbum de Rozalla, "Everybody's Free", lançado em 1992 e com todas as músicas produzidas pelo citado time Band Of Gypsies. 


  Rozalla -"Everybody's Free (To Feel Good)"  (1991)
VIDEO OFFICIAL

Este disco de Rozalla rendeu fama à cantora e figurou no Top 20 do Reino Unido em sua primeira semana, fazendo com que a cantora - que tinha um contrato com a pequena Pulse-8 Records - assinasse com a 'grandona'  Epic / Sony.

Com a ajuda da Epic, o álbum e os singles de Rozalla chegaram nos Estados Unidos, onde "Everybody's Free (To Feel Good)" alcançou o Top 40 da Billboard Hot 100.


O bem sucedido álbum "Everybody's Free" de Rozalla foi lançado oficialmente em 1992 e traz 12 faixas, das quais 6 foram singles de trabalho
Selo: Pulse-8 Records /  EPIC


Rozalla também abriu alguns shows para o cantor Michael Jackson e disse por diversas vezes que este foi um dos momentos mais emocionantes de sua carreira. Ela se juntou ao rei do pop na turnê europeia de "Dangerous", em 1992.

Para a imprensa inglesa, Rozalla revelou: "Às vezes meu marido brinca quando estamos assistindo ao show de algum artista, ele se inclina para mim e diz: 'Ele é muito bom, mas ele trabalhou com Michael Jackson?' Honestamente, penso que esse foi um dos maiores destaques da minha carreira e será para sempre."

Rozalla também divulgou que, em algum momento Michael Jackson se virou e perguntou como ela estava cuidando da sua voz, porque ele estava 'com dificuldades'. Ela disse que não conseguia acreditar no que ouvia e pensou "O quê?! Você é Michael Jackson e está me perguntando?"


Rozalla e Michael Jackson em 1992


"Look No Further" é o nome do terceiro álbum de Rozalla, lançado em 1994, porém, sem os mesmos produtores de “Everybody’s Free”. Infelizmente também não alcançou o mesmo sucesso.

Rozalla finalmente lançou seu quarto álbum de inéditas em 1998, "Coming Home", cujo disco não foi distribuído nos EUA. Aqui ela voltou a trabalhar com a dupla Band Of Gypsies e co-escreveu a maioria das músicas. Infelizmente este também foi um álbum que não conseguiu ter uma boa distribuição.

As músicas de Rozalla são extremamente cativantes, seguem uma linha mais classuda, é um House - Pop sofisticado, além de soar bem inovador e fresh, mesmo depois de todos esses anos...

Para se ter uma ideia, o primeiro álbum "Everybody's Free" (1992) teve 6 singles que foram faixas de trabalho, sendo esta uma indicação clara da qualidade do disco.


  Rozalla -"Are You Ready To Fly"  (1992)
VIDEO OFFICIAL


Rozalla obviamente é mais conhecida por seu mega-hit "Everybody's Free (To Feel Good)", mas a estrela da Dance Music também é lembrada por seus outros belos trabalhos como "Are You Ready To Fly", "Faith (In The Power Of Love)" , "Love Breakdown" e "I Love Music", esta última uma cover do hit de 1975 do The O'Jays e que entrou no topo dos Dance Charts americanos, dando à Rozalla três #1 nos EUA. 


ROZALLA ATUALMENTE

Rozalla em 1992: A cantora zimbabuense exalava o espírito da década com seus cintos metálicos, brincos extravagantes e penteados volumosos. Atualmente a mulher de 59 anos mantem o seu cabelo castanho cacheado e não mudou muito.

Quanto aos seus trabalhos atuais? Sim, Rozalla atualmente continua gravando com seus vocais para o gênero que a consagrou há mais de 30 anos... Em 2020, inclusive, ela lançou o single "Magnificent" com 8 versões e através do selo Energise Records - Obs.: Mesma empresa onde trabalha a inglesa Nicki French (que vem ao Brasil em novembro!!!)

Sobre as performances ao vivo de Rozalla, fiquem tranquilos pois a "Rainha das Raves" realmente canta ao vivo e nunca foi dessas modelos que "enganavam" os fãs com a difamada sincronização labial. Por sinal, ontem, dia 22/09, ela se apresentou em Curitiba-PR (no CWB HALL), e já existem vários vídeos disponíveis que mostram um pouco de como foi a sua atuação no palco.

Hoje, 23/09, a celebração de Rozalla continua em São Paulo, no Komplexo Tempo, numa megafesta para comemorar os 35 anos da Over Night Mooca.

Infelizmente não poderei estar presente nessa festa, mas desejo que, quem vá... tenha uma das melhores e mais agradáveis noites de 2023!!


Vida Longa à Rozalla e à todos estes artistas que fizeram, e ainda continuam a fazer, a HISTÓRIA da DANCE MUSIC acontecer!!!!


sábado, 23 de julho de 2022

JAMIE DEE- "DON'T BE SHY" E SEUS OUTROS BIG HITS!!!!!

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


E vamos de boas recordações mais uma vez??!

Hoje vamos focar na Dance Music da italiana Jamie Dee, quem que não se recorda dela?


JAMIE DEE E SUAS POWER TRACKS DOS ANOS 90: "DON'T BE SHY", "SO GOOD", "PEOPLE", "DREAMING BLUE"...

O nome completo dessa cantora da italodance é Marina Restuccia, e aposto que você já dançou com seus singles altamente enérgicos, como "So Good", "Dreaming Blue", "Don't Be Shy", entre outros...

Marina Restuccia nasceu em 5 de junho de 1969, na cidade de Roma, e seus pais eram nomes super conhecidos da música italiana: Vincenzo Restuccia e Anna Giordano. 

Para se ter uma ideia, sua mãe foi a primeira violinista da Orquestra Sinfônica de Roma, e seu pai foi um baterista renomado da Orquestra de Ennio Morricone, assim como também foi um dos diretores do famoso Festival de Sanremo. Então, podemos concluir que Marina Restuccia cresceu com uma paixão forte pelas artes, graças a influência de seus pais que a acostumaram ao Jazz, ao Soul, e à Música Clássica.

Ao contrário do que podemos imaginar - e diferente de muitos filhos de artistas que conseguem visibilidade devido apenas a fama de seus pais - Marina Restuccia sempre teve muito talento e aos poucos foi sendo reconhecida por seus próprios dons artísticos e por toda a sua dedicação nos palcos.


JAMIE DEE E A DANCE MUSIC ITALIANA

A italiana Marina Restuccia entrou de cabeça no som da Italohouse


Quando a jovem artista completou dezoito anos de idade, Marina foi morar sozinha para dedicar-se à música ao vivo, apresentando-se em alguns dos mais famosos club's romanos. Em seguida, Marina foi inserida também como backing vocal e dançarina de alguns programas de TV italianos, e assim, não demorou muito para que fosse descoberta por algum produtor local.


Jamie Dee em uma performance na TV de "Burning Up", seu primeiro single (1991)

Roberto Ferrante - um italiano compositor, arranjador, produtor musical, e que naquela ocasião trabalhava com a Flying Records - foi a pessoa que quis gravar com Marina Restuccia, cantora que se assumia a partir daquele momento com o pseudônimo de Jamie Dee.


Jamie Dee se torna mais uma Dance Star da Itália


Seu primeiro single de Eurodance, "Burning Up", foi distribuído oficialmente em fevereiro de 1991. Um ano depois, em 1992, saiu o single "Memories Memories", assim como "Two Times Baby" (lançado em julho de 1992).

Aqui no Brasil essas músicas não se tornaram conhecidas, mas no Japão - o país que sempre idolatrou o Italohouse e o Eurobeat - foram trabalhos muito bem consumidos! 

Seus singles foram tão bem repercutidos por lá que os produtores italianos tiveram que lançar um ábum de Jamie Dee, nascendo então o 1º disco da cantora: "Different Moods" (1992).


Álbum lançado em 1992: Jamie Dee- "Different Dreams"


Esse álbum de Jamie Dee foi disponibilizado fisicamente apenas no Japão através do conhecido selo asiático Avex Trax, que também lançou por lá trabalhos de Nicki French, Newton, Whigfield, Tatjana, entre muitas outras lendas da Dance Music. No Japão, ainda foi lançado o 4º single desse álbum: "Special Love" (1992).

Já em 1993, Jamie Dee se trancou em estúdio para apresentar aos DJs e fãs da Dance Music os seus futuros singles... Empenhando-se em frente aos microfones, a vocalista também foi backing vocal para o projeto Uptown Feat. Sima"Don't Leave Me This Way" (1993). Outro trabalho surgido nesse período foi o seu novo fruto como 'Jamie Dee' -  "Get Ready" - que seguia ainda a mesma pegada italo-house do início dos anos 90.


Jamie Dee se dedica para novos hits

A música "Get Ready" não atendeu muito as expectativas do público, pois nessa época o gênero "Dance" já estava caminhando para algo mais "fast beat" (batidas mais rápidas) e este seu lançamento não apresentava as características que evidenciavam a preferência dos clubbers do ano de 1994.

Foi aí também que Miss Dee deixou a Flying Records e passou a ser representada pela X-Energy, a mesma de Whigfield, Ally & Jo, J.K., Tenessee, e etc. 

Com essa nova contratação, nasceu uma parceria da vocalista com seus produtores Frank MinoiaMax Minoia (uma dupla de primos); Era o J.F.M. Project, que trazia ao mercado da Dance Music uma regravação "dance" na poderosa voz de Jamie Dee... 

Estou falando de um single de 1994 para a romântica "The Power Of Love" (original de Jennifer Rush), que carrega uma notável influência de DJ Miko -“Whats Up” em seus teclados ensandecidos:


J.F.M. - "The Power Of Love" (1994)
A sigla do projeto é uma referência ao trio Jamie Dee/Frank Minoia/Max Minoia
 Você vai se lembrar dessa melodia devidamente ao hit abrasileirado de Rosana - "O Amor e o Poder"

Pronto. Essa "experiência" se adequou ao que era tendência naquele momento, e Jamie Dee então nos concedeu novos singles, já orientados pelo caminho conveniente.

Consequentemente, em junho de 1994, nasceu então o grande estouro das pistas - e uma das minhas favoritas de Jamie Dee: "Don't Be Shy" (Não seja Tímido). Foi a partir daqui que a vocalista passou a ser tocada em rádios brasileiras e a sair em coletâneas distribuídas pela Paradoxx Music (corporação que licenciava os fonogramas da X-Energy).


Jamie Dee - "Don't Be Shy" (1994)
A música "Don't Be Shy" de Jamie Dee explode nos clubs e rádios entre o final de 1994 e início de 1995


A jornalista brasileira Gabriela Butcher, em 1995, mencionou: "Jamie Dee tem uma voz que é um produto da paixão pelo R&B e Jazz. Como diriam por aí, uma branca de alma negra. Inspirada em Patti Labelle, Aretha Franklin, Ella Fizgerald, entre outras, Jamie Dee enfeita as batidas com vocais muito bem trabalhados. Ela consegue ser Pop e extremamente Dance ao mesmo tempo."

"Don't Be Shy" chegou com força não apenas nas paradas brasileiras, mas praticamente em todos os clubs do planeta... E para quem dominava apenas o mercado asiático, isso foi um recomeço pra lá de vitorioso, não é mesmo?

Jamie Dee - "People (Everybody Needs Love)" (1994)
Jamie Dee diz que todo mundo precisa de amor na destruidora "People (Everybody Needs Love)", uma pauleira para te alucinar entre flashes de luzes e muita fumaça de tutti-fruti

Na sequência, uma porção de novos sucessos de Jamie Dee chegaram às pistas de dança, e todos estes trabalhos seguiam essa mesma fórmula "eletrizante" vista em seus últimos trabalhos, registrados pelo magnífico time de produtores: Frank Minoia, Max Minoia; além dos remixes oficiais de Peter Micioni, Philipo Clari e Mauro Minieri.

Uma pena não existir nenhum video-clipe para "Dont Be Shy" ou qualquer outra música de Jamie Dee... Bom, pelo menos eu nunca assisti um.


O produtor e compositor Frank Minoia


Sobre a letra de "Don't Be Shy", foi escrita pelo produtor Frank Minoia e também por sua vocalista, Marina "Jamie Dee" Restuccia, tendo em seus versos algumas palavras que encorajam o "seu amado" a perder a timidez em alguma noite de 1994... 

O single se destacou também em países como França, Itália, Alemanha, Espanha, Singapura, Japão, China, Africa do Sul, Canadá, entre muitos outros. 

No mercado asiático, a faixa ainda ganhou um cover interpretado pela cantora e atriz japonesa Arisa Mizuki, comprovando o quanto Jamie Dee era forte por lá:


Arisa Mizuki - "Don't Be Shy" (1995)
Cover para Jamie Dee, numa produção que nos lembra os singles de Serena e Tatjana, da Love This Records…Nessa época a Dance Music estava invadindo o mundo todo com suas batidas e grooves cativantes, e o Japão também abraçou o estilo.


As outras faixas que vieram depois foram "Dreaming Blue", a estrondosa "People (Everybody Needs Love)" , "Imitation Of Life", e a não menos contagiante "So Good", todas presentes no 2º álbum intitulado de "Jamie Dee" (1994). A propósito, Marina Restuccia praticamente compôs todas as músicas... Realmente, uma compositora e vocalista exímia!


Album - "Don't Be Shy"  (1994) by Jamie Dee


Apesar de vários singles conhecidos nas FMs e Clubs brasileiros, infelizmente a Paradoxx Music não nos trouxe para cá este CD... Já no Japão, além do álbum "Jamie Dee" (1994), o público japonês ainda recebeu o disco “The Best”, contendo as melhores faixas do 1º e 2º álbuns do projeto.


Blunero - "Dreams" (1995)

Marina Restuccia colaborou ainda com outros projetos da italodance (além de "Jamie Dee"), e nessa lista podemos adicionar o produto italiano Blunero, do produtor Mauro Minieri. Ouça a música "Dreams"... é a mesma voz que se destacou em "Don't Be Shy", "Dreaming Blue", "People (Everybody Need Is Love)", "So Good"... além de apresentar uma letra escrita pela própria Marina Restuccia. Quer uma outra evidência? O produtor desse single já remixou uma das versões oficiais de "Don't Be Shy", além de ter trabalhado com a cantora oficialmente em outro projeto: Mistral Featuring Jamie Dee - "Daddy" (1995). 


Jamie Dee - "So Good" (1994)
Jamie Dee nos mostra o que é bom...

Quanto ao single "So Good", estourou nos clubs brasileiros no início de 1995, e é - na minha opinião -  uma de suas melhores faixas. Já "Dreaming Blue" não fez muito diferente: arrastou multidões por diversas Dance Floors.

Uma nova empreitada começou a surgir para Marina Restuccia, ainda em 1995, quando ela se lançou pela primeira vez como Marina Rei e passou a ser uma artista contratada da Virgin Records, embora ainda continuasse a ser distribuída simultaneamente pela X-Energy - até 1996. 


Jamie Dee - "Dreaming Blue" (1994)

Suas primeiras músicas como Marina Rei foram "Sola""Noi" (ambas de 1995), cantadas em italiano e num estilo mais voltado ao Jazz, apesar dos singles trazerem versões "House" assinadas por alguns DJs.

Como a X-Energy ainda estava distribuindo alguns trabalhos de Marina Restuccia, então o label aproveitou para lançar um single novo de Jamie Dee"U" (1996), além de uma nova parceria chamada P.F. Sound Feat. Jamie Dee "I Still Haven't Found...(What I'm Looking For)" (1996)‎. Estas foram as últimas músicas lançadas pela X-Energy, de Marina Restuccia, para o fã de Eurodance.

Depois de 1996, o contrato de Marina Rei se voltou apenas à Virgin Records e até os dias atuais Marina Restuccia se apresenta como uma artista de Soul e Jazz, sem nenhum vínculo com a italodance dos anos 90 - ou com a personagem "Jamie Dee" - que tanto ouvimos e dançamos nos anos 90. 


MARINA RESTUCCIA É UMA ARTISTA LIVRE, QUE NÃO FICOU PRESA NA DANCE MUSIC

Em 1995, no auge do sucesso de Jamie Dee, Marina começa a dar adeus ao projeto que balançou as danceterias...

Para nós, foi uma perda irreparável no cenário da Dance Music, mas para Marina, a sua carreira musical estava começando a deslanchar como tanto almejava. A dona daqueles vocais tão impactantes realmente crescia como uma artista italiana, principalmente quando realizou a sua primeira participação no Festival de Sanremo, se apresentando com o single "Al Di Là Di Questi Anni" - uma canção que fez grande sucesso na Itália e que lhe permitiu ganhar o Prêmio da Crítica.

Ainda cantando em italiano, a Ex-Jamie Dee e Atual Marina Rei voltou a brilhar discretamente nas discotecas, já que a sua música "I sogni dell'anima" ganhou um remix feito pelo famoso produtor Todd Terry. A relação com os clubs e DJ's ficaram, infelizmente, por aí.



Jamie D.. Ops! ...Marina Rei, atualmente


Como sabemos, muitos artistas da Italodance depois percorreram por esse mesmo caminho, como a Alexia -  que estourou no Eurodance mas sonhava mesmo era cantar em outros gêneros mais "maduros". No caso de Marina Restuccia, ela nunca escondeu o seu favoritimo para o Funk e o Soul, e sempre os citava em suas entrevistas e biografias.

Atualmente Marina Rei já tem 11 álbuns lançados (sem contar os dois que saíram como "Jamie Dee"), também toca bateria (aprendeu com seu pai, baterista nato), além de continuar cantando e compondo como sempre fez muito bem. 


Marina Rei com seu pai Vincenzo Restuccia (foto de novembro de 2014)

Seu pai Vincenzo Restuccia, um grande inspirador em sua carreira, faleceu recentemente - em 21 de dezembro de 2021. Marina chegou a dividir o palco com ele algumas vezes, e a crítica italiana publicou na época: "Marina não conseguia conter as lágrimas nos olhos" e "Tocar com o pai era a experiência mais bonita e emocionante para ela".

Marina Restuccia, com seus atuais 53 anos, permanece sendo um verdadeiro talento, além de dotada com uma voz extraordinária. Começou no Japão, fez sucesso no mundo e se voltou para o seu lar, a Itália, terra da Dance Music e das grandes vocalistas.

Desejamos que Marina Restuccia continue mostrando o seu valor, talento e potencial como uma grande artista que sempre foi; E lógico, que continue brilhantemente livre, como cantava toda cheia de energia lá na inesquecível "Don't Be Shy"

"I feel free, I feel free...!!!"


segunda-feira, 25 de abril de 2022

A GRAVADORA PARADOXX MUSIC

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


Todo fã de Dance Music que se preze conhece um pouco da história da Paradoxx Music, uma das principais gravadoras que melhor representou o gênero aqui no Brasil. 

Não que a Paradoxx investisse apenas em Dance Music, afinal, a gravadora também se aventurou em vários lançamentos de Rock, Rap, Reggae, Country, entre outros... mas a música Dance dos anos 90 virou o símbolo e a cara da saudosa gravadora paulistana.

Quem não conhece - ou ignora -  a trajetória da Paradoxx Music certamente não é fã de Eurodance, ou ainda tem muito o que aprender sobre o legado do gênero no país...

 

A HISTÓRIA DA PARADOXX MUSIC, UMA DAS PRINCIPAIS GRAVADORAS DE DANCE MUSIC DO BRASIL

Para uma melhor visualização das imagens, clique sobre elas para dar o zoom


A história da Paradoxx Music começa com o empresário Silvio Arnaldo Calligaris, que criou a sua pequena empresa inicialmente com o nome de Bullet Comercial de Discos e Licenciamentos LTDA - num apartamento em São Paulo em 1991. 

Com a ajuda de sua esposa Mara Lucia Comim, Silvio Arnaldo conseguiu manter o seu modesto negócio e depois resolveu se juntar com os sócios Nilton Ribeiro Luiz Domingos Rodrigues (o Luizão), oficializando em julho de 1993 a conhecida Paradoxx Music Comércio de Discos Ltda

Outro nome muito usado pela gravadora era House Records, então também lançaram muitas coletâneas com essa marca. Nos versos destes CDs você podia ver que a empresa usava o mesmo endereço da Paradoxx Music, e logo, se você era um adolescente atento entre os discos de Eurodance, já começava a suspeitar que tratava-se do mesmo grupo de negócios destes empresários:


A Paradoxx Music também lançava discos sob o nome House Records e se manteve na Rua Dr. Pinto Ferraz, nº58, na Vila Mariana - São Paulo- SP até 2001

Com o tempo alguns CDs começaram a trazer os dois logos (Paradoxx Music e House Records), como a ótima coletânea “Ritmo das Pistas” (1995). Logo não demorou muito e a House Records foi totalmente dissolvida, com o trio de sócios focando apenas na gravadora Paradoxx Music.

Bem, para ser mais exato, a companhia não era em si uma gravadora, mas praticamente um escritório com uma grande equipe licenciando fonogramas, amarrando contratos com vários selos, e negociando o seu catálogo com outras empresas (como as rádios FMs e Clubs). Era mais correto designar a Paradoxx de selo também, justamente pelo fato de ser uma empresa pequena e que externalizava seus serviços de gravações em estabelecimentos especializados na área, como a Videolar, Sony, Sonopress (BMG) e Microservice. O CD de Whigfield lançado em 1995, por exemplo, foi fabricado na Sony Music Entertainment (Brasil), assim como a coletânea "100% Pure Dance", entre outros. Já a Sonopress (BMG Ariola) foi responsável por fabricar outros inúmeros discos, como as coletâneas "Flash Hits", "Dance Xplosion Vol 2", "As 7 Melhores" e "Hot Nine Seven Vol.2", enquanto a Videolar fabricava outros discos relevantes, como o álbum "Secrets" de Nicki French, e por aí vai...


AS PRIMEIRAS COLETÂNEAS DA PARADOXX

A coletânea "Ritmo da Noite Volume 1" - da rádio Jovem Pan 2  - foi a primeira parceria da Paradoxx Music com uma emissora de rádio e rapidamente se tornou num imenso sucesso de vendas. Veja abaixo uma publicidade da época, contendo estas primeiras preciosidades da Paradoxx Music: 


Os primeiros discos de Eurodance da Paradoxx Music: A gravadora lançou, além das coletâneas acima,  o single de Jenny J - "What Is Love", que é um cover de Haddaway na voz da vocalista do Whigfield (Annerley Gordon)

Podemos dizer que, de 1993 à 1997, a Paradoxx Music apresentou um grande número de coletâneas de Dance Music ao seu público, mas também investiu em álbuns de Rock, Country e Samba. Era nítido que o forte mesmo era a Dance Music, então Silvio Arnaldo transformou a sua empresa numa grande referência ao gênero, ainda hoje sendo muito lembrada por isso.

Em relação aos outros estilos musicais, houve um aumento significativo nos discos voltados ao segmento popular no decorrer dos anos, como o sertanejo da cantora Jayne e a MPB de Benito di Paula e Peninha. Tivemos ainda coisas mais pitorescas sendo distribuídas pela Paradoxx, como os artistas de pagode, forró e paródias; Entre esses estilos podemos citar Genival Lacerda, Tirullipa Jr. e Discoteca do Kiko.


Este é o primeiro prédio onde funcionou nos anos 90 a Paradoxx Music; No local hoje funciona uma Auto Escola

Sobre os fonogramas internacionais de Eurodance - que são os que chamaram a nossa atenção - estes foram licenciados em parceria com vários selos ilustres do gênero, como a X-Energy Records, XL Recordings, Strictly Rhythm, Dig It, Love This Records, Time, Do It Yourself, DFC, Bliss Corporation, Blow Up, Intercord, Edel, Mute RecordsS.A.I.F.A.M., Upstairs Records, Media Records, Zyx, PIAS, Propio Records, Countdown, New Meal Power, Positiva, Ministry Of Sound, entre muitos outros. Essas negociações eram concretizadas, na maioria das vezes, através de exposições e feiras internacionais de músicas que aconteciam na Europa, como a famosa feira francesa Midem (Marché International du Disque et de l'Edition Musicale)


O trio Paradoxx Music na importante MIDEM (Edição de 1996), com o propósito de abastecer o seu cast de Dance Music. Eles também estiveram nas edições anteriores, em 1994 e 1995.

Os sócios Silvio Arnaldo, Nilton Ribeiro, Luizão costumavam frequentar anualmente este evento (Midem) com a finalidade de levar mais novidades para a sua empresa, então visitavam os stands desses selos e assim conheciam / negociavam estas produções de Eurodance. Foi dessa forma que a Paradoxx Music nos trouxe os sucessos de Nicki French, Whigfield, General Base, Newton, Serena, Antares, J.K., Co.Ro., Red Velvet, Playahitty, Fun Factory, Black RoseGala, Angelina, entre outras centenas de artistas e projetos que fizeram parte do cast clássico da gravadora paulistana. Estes licenciamentos aconteciam com a importante assessoria de Filippo Croso, na época contratado da Paradoxx Music e responsável pela área Label International.


A Paradoxx Music na Feira MIDEM, em 1995: Filippo Croso é o que está de casaco pardo, ele foi um dos grandes responsáveis pelos licenciamentos das consideradas, atualmente, grandes faixas clássicas da Eurodance

Raríssima imagem do ingresso para o evento Midem'95 que contava ainda com diversas apresentações de artistas de Eurodance. Era como uma vitrine aos diversos empresários que visitavam a feira... 
O pessoal da Paradoxx Music esteve também nessa edição - realizada no dia 31 de janeiro de 1995 - e licenciou os fonogramas de Newton, Nicki French, Co.Ro feat Lyen, Nina...
 Uma observação: Olhem só o nome de David Guetta - hoje um nome muito popular - entre os feras dos anos 90!!!


Como já citado acima, o catálogo da Paradoxx Music não era destinado apenas à Dance Music europeia, portanto existiu também diversos contratos com grupos nacionais, como Uforia (projeto que regravou em eurodance o hit "Estoy Enamorado", além de algumas músicas em português); Lady Lu (uma cantora que se aventurava mais nas "modinhas", cantando o dance-latino "Eres Tu", depois partindo para o pop, funk, forró, e agora num gênero que eu não conhecia denominado como "pisadinha"...); Dominó (boyband nacional lançada por Gugu Liberato que em sua formação de 1997 assinou com a Paradoxx Music e lançou "Baila, Baila Comigo", estourando na França, Espanha, Argentina, Polônia e Bulgária); além de Ivo Meirelles & Funk ‘N LataMarion K, Michelle Winter, SectDJ MP3, entre muito mais.

Podemos citar ainda Carlos Oliva & Los Sobrinos (uma banda latina que tinha uma cover de "Macarena", além de gravar outras faixas em castelhano inclusas em coletâneas da Paradoxx); o rock nacional do Ira!, Nenhum de NósSkuba, Ratos de Porão, Garotos Podres, Inocentes; a mpb e o rap de Tim Maia, Toquinho, Pavilhão 9Rap SensationFilosofia de Rua, e etc.


Stand da italiana DiscoMagic - com o lendário Severo Lombardoni, na Midem'95. Provavelmente o trio Paradoxx passou por aí...


Os fãs de Rock certamente também tiveram muita consideração e apreço pela Paradoxx Music, visto que a empresa distribuiu em terras brasileiras vários álbuns de bandas internacionalmente conhecidas, como Bad Religion, Slayer, Marky Ramone (do Ramones), 10CC, Pennywise, Rancid, NOFX, The Cramps, Nick Cave & The Bad Seeds, Helloween, Bruce Dickinson (do Iron Maiden), Judas Priest, Dead Kennedys, Bauhaus, Gary Numan / Tubeway Army, Angra, Green DayOffspring, e etc. Após ao grande sucesso dessas bandas entre o público brasileiro, então as gravadoras multinacionais "acordavam" e fechavam contratos com estes músicos, mas foi a pequena Paradoxx Music que acreditou neles inicialmente e servindo-se também como um "termômetro" ou "cobaia" para essas gravadoras mais endinheiradas.


PARADOXX MUSIC E JOVEM PAN - INJETANDO DANCE MUSIC NO BRASIL!

Silvio Arnaldo (Paradoxx Music) com Emilio Zurita (Gerente de Sonoplastia - Jovem Pan) e Augusto Bataglia (diretor - Jovem Pan)


Em relação as emissoras de rádios parceiras da Paradoxx Music, com certeza nos vem em mente imediatamente a Jovem Pan 2 FM, certo? Sim, é inevitável não nos lembrarmos dessa grande cooperação.... Porém, a Paradoxx teve excelentes resultados também com a 97 FM (Energia 97)Nova FMTransamérica FMRPC FMMetropolitana FM, Studio 96 FM, Cidade FM, Extra FM, Caiobá FM, 98 FM, Folha FM, Universal FM, Liberal FM, e etc.

E para os fãs das coletâneas de eurodance, sem sombra de dúvidas que a série de discos "As 7 Melhores Jovem Pan" foi a mais bem sucedida de todas! Sempre apresentando as melhores vendagens entre os lançamentos da Paradoxx Music, esta coleção clássica com 8 discos foi distribuída entre os anos de 1994 e 1998.


Informativo RARO com muitos dados sobre a Paradoxx Music - Divulgados em Abril de 1996
As grandes parcerias, as vendagens das coletâneas, os selos licenciados, os artistas recém contratados e muitos outros detalhes a respeito da gravadora. Até aquele momento, os Cds "As 7 Melhores Vol.1,2,3 e 4" haviam vendido mais de 1 milhão de cópias;


Sobre o início dessa parceria entre a Paradoxx Music e a Jovem Pan, há rumores que se deu devido a um desacordo entre a rádio e algumas majors (grandes gravadoras), mas não existem evidências claras sobre o ocorrido. Vale lembrar que a Jovem Pan sempre foi muito antenada com o melhor da música internacional e buscava constantemente por novidades aos seus ouvintes, então, com o "boom" da Dance Music na Europa, a rádio - que já tocava House Music e Pop Dance desde os anos 80 - também acrescentou Eurodance aos seus ouvintes por volta de 1993. Os ouvintes também não estranharam a inserção do Eurodance na programação, justamente porque a emissora já era uma especialista em "Pop Dance", diferente do que aconteceu no final da década de 90 - quando a rádio mudou drasticamente o seu estilo e adicionou o "pagode" e o "axé" em seu dial. 

A Jovem Pan sempre foi sinônimo de rádio "descolada" e "cool" aos seus ouvintes, e desde os anos 80 a emissora seguia fielmente as principais tendências mundiais lançando em primeira mão os grandes sucessos dançantes ao jovem brasileiro, então, a aceitação do Eurodance foi imediata entre os ouvintes.


Nicki French, Whigfield e Taleesa foram algumas das artistas femininas que tiveram vários hits nos anos 90 através da Paradoxx Music

É importante lembrar que a rádio tocava também artistas de outras gravadoras, como Ice Mc, Masterboy, 20 Fingers, Twenty 4 Seven, Alexia, Culture Beat, Scatman John, La Bouche, Gottsha, Haddaway, Double You, E-rotic, entre muitos outros, então não houve uma parceria exclusiva da rádio com a Paradoxx Music. No geral, era uma parceria da Pan com as gravadoras que apoiavam o estilo Eurodance, sobretudo as menores.

Tutinha (dono da Jovem Pan) tinha essa visão do que estava explodindo musicalmente no mundo e do que poderia fazer sucesso por aqui, então a gravadora paulistana também foi muito beneficiada com todo este espaço dado pela Jovem Pan ao Eurodance, assim como a rádio também lucrou muito com os inúmeros CDs lançados, sempre com excelentes vendagens como a citada coletânea "As 7 Melhores" (1994). 


Jovem Pan fazendo jabá?

O chefão da Jovem Pan até foi acusado de fazer jabá nessa época, fato que ele negou dizendo que sua prioridade era apenas fazer promoção com as músicas tocadas e podendo usá-las com a marca de sua rádio... Ou seja, digamos que foi uma parceria perfeita, com coletâneas que até ultrapassavam a marca de cem mil cópias vendidas. 


Iraí Campos (Fieldzz Discos) com Tutinha (Jovem Pan)


Tutinha era realmente amigo de Silvio Arnaldo (Paradoxx), mas também era amigo dos donos da Spotlight Records e Fieldzz Discos, inclusive, essas duas gravadoras também foram muito favorecidas e amparadas pela rádio, com direito a muitas coletâneas lançadas e várias músicas tocadas na programação - só ressaltando novamente que não foi uma parceria exclusiva entre a rádio e a Paradoxx Music. Era o gênero Dance Music que estava em alta, dando destaque e retorno financeiro à todas estas empresas e diversas outras rádios, além da Jovem Pan.


AS IDEIAS GENIAIS DA PARADOXX MUSIC NA FORMULAÇÃO DE SEUS DISCOS

A gravadora de Silvio Arnaldo, Nilton Ribeiro e Luizão também foi muito inovadora em suas convicções, concepções, peças publicitárias, artes gráficas e, além de tudo, foi muito feliz em pesquisar sempre com as melhores empresas do ramo para realizar estes trabalhos terceirizados, como a Quarto Mundo e a Dazz Comunicações. Por este motivo os discos da Paradoxx sempre apresentavam capas muito atrativas, desenhos convidativos e um visual que falava a linguagem do jovem dos anos 90. 


A sempre bela e notável publicidade by Paradoxx Music

Entre os CDs que marcaram essa década... Quem não se lembra das latinhas do "Projeto Lata"? A Paradoxx Music iniciou essa concepção personalizada no final de 1996 e conseguiu obter um grande apelo popular com diversos destes produtos. 

Já no final dos anos 90, a Som Livre "copiou" essa ideia e lançou vários de seus itens num projeto chamado "Arte na Lata", no entanto a Paradoxx Music foi a pioneira nesse ramo e distribuiu essas latinhas em muitos CDs, como "As 7 Melhores Volume 6", "Jovem Guarda - O Novo de Novo Ao Vivo", "Aiwa Milo Som", "Samba Enredo Gaviões da Fiel" e "Special Reserve -  The Best Of Dance Music":


O projeto "Na Lata" da Paradoxx Music revolucionou as embalagens de CDs 


Luizão disse em 1997 para a revista DJ Sound: "Partindo de nossa área de projetos especiais, solicitamos à Sonopress dois profissionais que pudessem trabalhar ao nosso lado para transformar em realidade as ideias que tínhamos a respeito de novas embalagens. Assim surgiram as latinhas, que depois de 8 meses de pesquisa e testes se mostraram perfeitas para dar esse diferencial. O sucesso foi imediato, as vendas se tornaram ainda mais significativas e o público aprovou a ideia". - Luizão

A Paradoxx Music foi muito inovadora também em seus outros registros, como a série "Mixed Mode", que trazia em seus CDs a primeira faixa em CD-ROM, lembram-se disso? 


A Paradoxx Music, junto com a Quarto Mundo e a Midianova criaram os famosos CDs com faixas interativas: "Cuidado: Não toque a 1ª faixa em seu equipamento de áudio"

Pois é, e uma das coletâneas mais famosas nessa caracterização foi "TV Dance" -  que em parceria com a empresa Midianova  -  trouxe aos brasileiros em dezembro de 1995 (e em primeira mão) o videoclipe da cantora Tatjana - "Santa Maria". Isso foi um ato revolucionário para a época, ver um clipe no computador e de quebra ainda poder ouvir as demais faixas no aparelho de som.

Outras coletâneas marcantes da gravadora também seguiram esse formato multimídia, como "Só Se For Dance", "Flash Hits" e “Love Songs”; além dos álbuns de Carlos Oliva Y Los Sobrinos - "Caribbean Dance", Paula Santoro - "Santo", e da banda de rock nacional Ira! - "7" (todos estes CDs com a primeira faixa interativa).

Uma curiosidade, é que a conhecida filha de Nilton Ribeiro, Joyce Ribeiro, também trabalhou na Paradoxx Music nesta época, sendo provavelmente o primeiro emprego da jovem. Você com certeza a reconhece através da televisão, certo? 


Joyce Ribeiro e seu pai Nilton Ribeiro
Esta foto não pertence aos meus arquivos pessoais, os créditos são da página Portal Afro


Formada em jornalismo, Joyce foi âncora do SBT por muitos anos, trabalhando em vários telejornais da emissora de 2005 até 2017. Hoje ela se encontra na TV Cultura apresentando o “Jornal da Tarde”. 

Abaixo temos uma foto rara da jornalista, que aos seus 17 anos de idade está ao lado de seu pai no show da cantora Angelina, realizado em 1996:


Será que a adolescente Joyce Ribeiro foi ao show só à trabalho, ou aproveitou também a ocasião para ver a Angelina de perto?


Em novembro de 1996, mais uma cartada certeira foi dada pela implacável Paradoxx Music. A empresa fechou um dos contratos mais importantes de seu legado, trazendo para o seu catálogo grandes artistas da música eletrônica e do synth-pop mainstream, como os conceituados Erasure Depeche Mode. O contrato era com a Mute Records, que permaneceu vigente até 1998.

Outra boa sacada da empresa? Bom, podemos citar que aconteceu no início de 1997, quando a Paradoxx surgiu com uma ideia bem diferente mas que tinha tudo a ver com o povo brasileiro, que sempre gostou de música e de ... futebol! 

Pois é, a gravadora patrocinou o time Jr. do Corinthians, levando ao campo a marca "Paradoxx Music" em suas camisetas. Que demais isso, né? Pensa aí, você torcendo para o seu time e de repente se depara com aquele emblema icônico que representa as suas músicas favoritas... É emoção ao dobro!!!


A Paradoxx Music marcava vários golaços em seus marketings e crescia no mercado fonográfico


Em 1997 ocorreu também a ascensão da cantora Gala, então a Paradoxx Music, que já tinha lançado álbuns importantes ao seu público em anos anteriores, como Nicki French, Angelina, Whigfield, Rebeca... lançou o álbum "Come Into My Life" exclusivamente em terras brasileiras. 

Este foi ainda o ano que a Paradoxx Music entrou para a internet através de sua homepage www.paradoxx.com.br. Apesar da companhia ter anunciado a inauguração de seu site para abril de 1996, o mesmo ficou online pela primeira vez apenas um ano depois... E mesmo com esse atraso, a Paradoxx revolucionou em sua estreia, visto que outras empresas - como a Spotlight Records - só tinham um endereço de e-mail disponibilizado aos seus consumidores. E vamos combinar, né?...Naqueles meados de anos 90 a internet ainda estava engatinhando... Com isso, a Paradoxx Music nos surpreendeu positivamente mais uma vez.


Feira Internacional de Música MIDEM'1996. Aqui é onde a magia começava...


Outro grande acerto da gravadora foi licenciar com a XL Recordings as músicas do The Prodigy, grupo britânico que fez história com as tracks mais radicais e absurdas da música eletrônica. 

Lá nos primórdios da gravadora, em 1993, a Paradoxx já havia representado alguns singles do grupo aqui no Brasil, como "Out Of Space", "Rhythm Of Life" e "One Love", mas em 1997 chegaram as tão aguardadas novidades desse grande quarteto...  Era o fantástico álbum "The Fat Of The Land", que virou uma grande sensação na cena musical. E em 1998, a Paradoxx Music continuou servindo aos brasileiros com um outro álbum dos britânicos: "Music For The Jilted Generation". 

Como se não bastasse estes grandes abastecimentos importantes para o Brasil, a Paradoxx Music também foi a responsável por lançar estes dois álbuns do The Prodigy no México e também na Argentina:


Paradoxx Music lançou discos do Prodigy na Argentina e México


Mais especificamente no segundo semestre de 1997, foi a vez da Paradoxx voltar a empreender no mercado, criando então um selo destinado ao público gay chamado simplesmente de “GLS” - que talvez se chamaria hoje de "LGBTQI+" (devido às constantes alterações que a sigla vem sofrendo com o decorrer dos anos). 

As músicas? Praticamente as mesmas encontradas em variadas coletâneas dance da Paradoxx Music... porém, como a Almighty Records era um selo popularmente conhecido entre os gays da Inglaterra, então era comum encontrarmos múltiplas faixas do tal estúdio nestas compilações.

Detalhe que Luizão saiu para conhecer as noites GLS's da época com o propósito de estudar melhor o conceito do selo, antes de inaugurá-lo. Algo parecido foi feito quando o country estourou no ano anterior (1996), e como o cantor Garth Brooks estava atingindo o topo de todas as paradas dos EUA, então o trio Silvio, Nilton e Luizão se mandou para a terra do Tio Sam com a finalidade de pesquisar e trazer alguma nova ideia para a Paradoxx.

Outro capricho da Paradoxx para com o seu público era em relação as suas coletâneas específicas a determinados selos. A empresa, que tinha contratos exclusivos com a Time, X-Energy e S.A.I.F.A.M., colocou nas prateleiras das lojas algumas coletâneas maravilhosas dedicadas apenas a esses selos:


"Get Up And Dance" - Só com músicas da  X-Energy, como Whigfield, New System, J.K., Tenessee...
"All Night Dance" - Só com músicas da Time, como Jinny, Taleesa, Antares, Molella, Aladino...
"Alien Dance" e "Italian Dance"- Só com músicas da  S.A.I.F.A.M., como Delegation, Ken Laszlo, Radiorama, Orlando, Kate's Project…
...
Eram músicas dos principais estúdios italianos em CD's únicos, exclusivos e com a qualidade Paradoxx Music


Já em 1998 a coletânea "TV Dance" chegava ao seu 3º volume, e novamente, a Paradoxx soube modernizar ao fazer este lançamento...

Foi colocado no mercado um "kit" que trazia um CD com 14 faixas de Dance Music e uma fita VHS com os vídeos oficiais dessas músicas. Apesar da PolyGram ter lançado uma ou duas VHSs com clipes “dance” no ano anterior, não me lembro de ver um CD e uma VHS com o mesmíssimo conteúdo sequencial.

Quanto a coleção anterior da Paradoxx (conteúdo multimídia - CD-ROM), a Spotlight Records copiou a ideia vista nessas faixas interativas e em 1997 inseriu os clipes de Alexia - "Uh La la la" e "Number One" no CD do programa "Perfil" (SBT). Entretanto, nessa época a Paradoxx Music já estava com outras premissas e criando uma outra caracterização, oferecendo então ao seu público (no ano seguinte) o tal CD + fita VHS:


Gala, Whigfield (Annerley Gordon), Regina, Erasure, Angelina, Simone Jay, Ultra Naté, Carol Bailey... grandes destaques deste excepcional produto da Paradoxx Music: "TV Dance Vol.3"


AS PEDRAS NO CAMINHO DA PARADOXX MUSIC

A Paradoxx Music - que sempre foi uma empresa pequena - teve ainda que lutar contra as gigantes do segmento, que andavam bem incomodadas com seus ótimos resultados alcançados no setor fonográfico.

A PolyGram chegou, inclusive, a acusar a Paradoxx de pirataria em 1994, pois a empresa de Silvio Arnaldo também tinha um contrato com os grupos alemães Maxx e Intermission - e como era típico da Paradoxx - eles lançaram as faixas "Get A Way""Piece Of My Heart" em suas coletâneas, causando logo um certo desconforto na PolyGram (detentora também dos direitos). 

Apesar da tentativa por parte da outra corporação, a Paradoxx Music não teve maiores problemas e conseguiu provar que tinha um contrato legítimo com esses grupos alemães (embora não exclusivo)"Foi uma precipitação. Um caso do grande querer comer o pequeno. Fizeram todo esse escândalo para quebrar a gente", disse Filippo Croso na época (Para mais informações sobre esse caso, clique aqui).

A imprensa também pegou muito no pé da Paradoxx e da Dance Music nos anos 90. Na verdade, a Eurodance sofreu muito preconceito por parte de muitos jornalistas e críticos musicais.

A revista Veja, por exemplo, sempre escrevia artigos negativos e com toneladas de críticas ao gênero. Era nítido o incômodo que a Dance Music causava nos grandes empresários e nos diversos jornalistas. O curioso é que, se você ler a revista atualmente, não encontrará nenhuma crítica aos gêneros nacionais que fazem sucesso hoje em dia, como o funk e o sertanejo. Inacreditavelmente hoje tudo ficou muito lindo e maravilhoso... O funk é manifestação cultural para a Revista Veja, já a Dance Music era "bate-estaca irritante""canções descartáveis""músicas sem alma""produtos ruins""sem criatividade" e por aí vai. Até a cantora colombiana Shakira foi alvo da Veja e teve o seu talento questionado em uma de suas edições, é mole? E como dar credibilidade para esse tipo de jornalismo, já que nos anos seguintes a estrela da música latina recebeu 10 prêmios Grammys?

Hoje os redatores não tocam uma palavra sequer sobre o grandioso "talento" das cantoras de funk, tão pouco citam a qualidade nos arranjos, as instrumentais, as danças que simulam o sexo, a apologia às drogas, e a banalização da verdadeira cultura funk (já que a revista adorava rebaixar os artistas da eurodance os comparando com Donna Summer e outros da Disco Music), etc. 

Enfim, hipocritamente não há nenhum pio sobre estes cantores e músicas nacionais, mas sobre os artistas internacionais, incluindo os premiados e reconhecidos pelas grandes Academias, estes impiedosamente não eram poupados pela tendenciosa Veja.


Em 1997 até a revista DJ Sound comentou sobre o incomodo que a Dance Music estaria causando


Num desses ataques, mais precisamente em 1997, a mesma revista resolveu apedrejar mais uma vez a Paradoxx Music, agora alegando de maneira denunciativa que a empresa oferecia fonogramas piratas aos seus consumidores, mencionando ainda os covers de Ricky Martin ("Roby Cheloz"), Shakira ("Shaquille"), Shania Twain ("Shanaia T."), entre outros. Acontece que muitas outras organizações, como a conhecida Som Livre, também recorriam aos covers quando não possuíam os direitos das faixas originais. Isso sempre foi muito corriqueiro no mercado fonográfico entre as gravadoras, mas nessa ocasião era visível que o importante para a Veja era poder criticar gratuitamente a Paradoxx Music e o Eurodance. Era muito rotineiro ver esse tipo de "matéria jornalística", e as críticas eram sempre muito pesadas e gratuitas. Atualmente parece que estes jornalistas estão em paz, pois agora podem dominar bem o mercado brasileiro com seus ritmos favoritos, lucrar com seus próprios artistas e usufruir de todo o espaço abocanhado.


O DEFINHAMENTO DA PARADOXX MUSIC

Foi entre 1998 / 1999 que a gravadora foi entrando em declínio e com lançamentos pífios ao seu consumidor, e isso aconteceu porque a Dance Music de rádio estava perdendo o seu espaço para o axé, forró e o pop internacional (Hanson, Spice Girls e Backstreet Boys eram os novos queridinhos dos jovens). 

Nas compilações da gravadora, por exemplo, começaram a surgir muitas faixas que nem eram conhecidas pelo público, além de vários covers de qualidade duvidosa, como os fonogramas presentes nas coletâneas sofríveis "FM Sucesso", "Zapping Sem Parar", "Tempo de Alegria Vol.2", "Top 18 Vol.2", "Só Se For Dance Vol.4"e muito mais...

Em 1999 teve também o fim do contrato da Paradoxx Music com a empresa de design Quarto Mundo. Agora, além dos CDs enfraquecidos, as artes também não eram mais tão atrativas (com exceção de alguns títulos, como a esperta capa do CD  "Na Balada", de 1999). 


CD Mega Dance Vol.3: Arte gráfica deixa a desejar... (provavelmente nem o Celso Portiolli quis aparecer neste 3º volume)


E essa ainda foi a época que a Building Records começou a crescer no campo da música eletrônica, embora também não tivesse um projeto gráfico tão bonito e instigante quanto ao apresentado pela Quarto Mundo. Inclusive, as capas dos discos da Building Records eram sempre feias, empobrecidas e monótonas, mas com o passar dos anos o seu catálogo, ao menos, foi ficando cada vez mais interessante... 

No final dos anos 90 (e início de 2000) a Paradoxx tacou também diversos CDs de flashbacks aos fãs de música eletrônica, talvez devido a escassez de novos fonogramas... Então tivemos "Power Flash", "As Melhores das 7 Melhores", "The Best Of 90's Hits", "As Melhores Da Década", "As Melhores Da Década - Volume 2", entre muitas outras.

Quanto a Building Records, o seu catálogo não parava de surpreender aos fãs da Dance Music, e quando o CD "As 7 Melhores do Milênio" foi lançado por esta gravadora em 1999, percebemos imediatamente que a situação estava cada vez mais crítica para a Paradoxx Music, que havia lançado oficialmente os 8 volumes anteriores da coleção "As 7 Melhores" e que agora estava perdendo o seu favoritismo para as rádios, clubs, fãs de Dance Music e dirigentes da época.


A Paradoxx Music tenta se levantar nos anos 2000

Maaaas, aparentemente a Paradoxx resolveu se mexer no início dos anos 2000... Tentando dar uma nova guinada no mercado fonográfico, a gravadora finalmente licenciou novos artistas da Dance Music, como Fragma, Mumm. Vs Dhany, SoundloversFloorfillaThe Underdog Project, Love Connection… 

Já em 2001 a companhia se instalou em um novo endereço: Rua Conde de São Joaquim, 57, Bairro Liberdade - São Paulo - SP.


Este é o segundo prédio onde funcionou nos anos 2000 a Paradoxx Music; O local hoje se encontra completamente abandonado, como vemos na imagem acima.


A empresa seguiu apostando em novidades para o seu crescimento, assinando então com novos artistas que ainda eram desconhecidos na época, como Magic Box, Erika, S.M.S., Groove Coverage Ian Van Dahl. Hoje, com toda a certeza, são projetos que você conhece, não é mesmo? Então, mas foi a Paradoxx que os licenciou primeiramente...

Percebíamos claramente que a empresa queria reconquistar o seu lugar de destaque - perdido para a Building Records - e representou ainda por aqui o hit de Daniel Bedingfield – "Gotta Get Thru This", que tinha o seu videoclipe muito executado na MTV Brasil; além de trazer as belas e promissoras DJ Encore feat Engelina – "I See Right Trough To You" e Carola –"I Believe In Love" . 

Apesar de fazer um bom negócio com esses novos licenciamentos, a gravadora não deu sequência a esse trabalho, então mais uma vez viu as suas fontes secarem em poucos meses... E como se não bastasse, não demorou muito e a Bulding contratou a maioria desses artistas, deixando a Paradoxx totalmente de mãos vazias.


O ENCERRAMENTO DA MITOLÓGICA PARADOXX MUSIC 

O triste fim de uma magnífica Era

Infelizmente a Paradoxx Music encerrou as suas atividades em 2006 (e não em 2005, como consta em alguns sites). Um de seus últimos CDs lançados foi o álbum "No País De Laura Roitman" (2006) da banda brasileira de pop eletrônico Que Fim Levou o Robin?. 

O que gerou o fechamento da Paradoxx Music? Bem, muitas pessoas afirmam que o principal fator foi a pirataria de discos, que estava bem desenfreada no início dos anos 2000, mas apesar disso ser um dos reais motivos, não foi só a pirataria que fez o selo decretar falência...

Algumas bandas também processaram a empresa alegando que não estavam sendo remuneradas devidamente, assim como muitos selos internacionais - que lhes forneciam as famosas faixas de eurodance - também não estavam sendo pagos... Então muitos contratos foram desfeitos com a companhia, resultando na sua escassez de lançamentos e na perda de sua confiabilidade dentro do mercado fonográfico.

A Building Records também enfrentou a pirataria nos anos 2000, mas soube conduzir muito bem seus negócios, inclusive, essa foi a década mais produtiva e rentável da Building, que ainda nos trouxe nesse mesmo período diversas músicas de artistas do Vocal Trance, Italo Dance e Techno

O caso da Paradoxx Music vai além da atribulação com a pirataria... Apesar da empresa saber inovar com seus belos produtos, de ser original e de trazer material de qualidade ao Brasil (e não falo apenas no que se diz respeito ao Eurodance, mas também ao seu impecável catálogo de Rock), houve ainda uma ausência de planejamento, uma administração falha, e a falta de pagamento aos seus contratados. 

E para a fábula da Paradoxx Music finalizar de maneira mais triste ainda, em 12 de setembro de 2014, infelizmente faleceu em Curitiba-PR, no Hospital Vita (na Rodovia BR 116), o seu ex-dono e criador: Silvio Arnaldo Calligaris. O empresário tinha 58 anos de idade e deixou sua esposa Mara Lucia Comim e filhos Ana Carolina Calligaris e Billy Calligaris.

Luizão, seu antigo colega e ex-sócio, também já havia falecido, restando dessa importante história apenas Nilton Ribeiro, que hoje cuida de seus negócios pessoais -  como a Obi Music.


A “PARADOXX” CONTINUA NAS MÍDIAS DIGITAIS 

"Os sucessos de sempre, mas de cara nova"

No início desse ano (2022), percebi que criaram uma página no Facebook com o título de “Nova Paradoxx Music”, contudo, não dei muita importância a este fato visto que existem diversas páginas e grupos não oficiais que usufruem da identidade da antiga gravadora.

Porém, Milton Oliver - também fã e seguidor de Dance/House Music - entrou em contato comigo e garantiu que, segundo suas fontes, trata-se de uma empresa real que está usando a logomarca da Paradoxx Music.

Com a confirmação vinda do nosso amigo, resolvi então averiguar e tentar obter alguma informação sobre este possível “retorno” da antológica Paradoxx Music... Seria essa, a sua volta à cena musical?

Entrei em contato com os responsáveis e logo perguntei: 

-A Nova Paradoxx Music por acaso tem alguma relação com a antiga empresa Paradoxx Music? 

E dentro de duas semanas obtive um retorno:

-Olá Ricardo, obrigado pelo contato! A resposta é sim e não... Calma, vamos explicar! A Nova Paradoxx Music é atualmente detentora de parte do catálogo da antiga Paradoxx Music, inclusive o direito de uso da marca. No entanto, são empresas distintas e não detemos a íntegra do catálogo da antiga Paradoxx mas, centenas de antigos sucessos da famosa gravadora serão disponibilizados nas plataformas digitais. 😊

Respondi com outra mensagem:

-A antiga gravadora tinha um catálogo enorme de Dance Music, e depois que a empresa fechou, o Brasil ficou meio que órfão nesse segmento…(embora tivéssemos ainda o apoio da Building Records). Vocês pensam em licenciar músicas com novos selos internacionais, ou isso não está nos planos? 

Então responderam: 

-Muito em breve você terá a oportunidade de desfrutar tudo o que havia de bom e também de novidades. Só aguardar. Grato pelo contato.

Fiz uma última pergunta: 

-Terão músicas apenas em mídias digitais ou em mídias físicas também?

Então veio a resposta (já esperada):

-Só mídias digitais.


Com tudo isso, acho que fica claro que a Nova Paradoxx Music exercerá a mesma função da atual Spottlight Record (antiga Spotlight Records) e trabalhará apenas focada nas plataformas digitais. 

Já podemos encontrar em seu canal oficial no YouTube, por exemplo, os antigos trabalhos de sertanejo, forró, pagode e até de Eurodance, como Jayne, Ira!, Discoteca do Kiko, Genival Lacerda, KMC Feat. Dhany, Carlos Oliva & Los Sobrinos, Orlando Johnson, e etc. 

Não sou especialista na área, mas acredito que estes fonogramas disponibilizados no momento se referem a contratos vitalícios, e quanto a maioria dos sucessos antigos da Dance Music creio que já tiveram seus contratos expirados há muitos anos. Mas, como dito pela própria marca, vamos aguardar pelo o que ainda pode vir por aí...

EDIT: Estranhamente, a "NOVA PARADOXX" mudou de nome. Após a publicação dessa matéria, a empresa passou a se intitular comercialmente de "NOVA MUSIC" (provavelmente algum detentor dos direitos autorais barrou o uso da marca). 

Leia mais aqui.


CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Apesar de seus altos e baixos, a gravadora Paradoxx Music fez um excelente trabalho na divulgação da Dance Music em nosso país, sempre enaltecendo o gênero e dando espaço à muitos artistas que antes não tinham credibilidade com as grandes gravadoras. 

É lógico que também lucraram muito com isso, afinal nenhuma empresa trabalha de graça, mas o mais importante nisso tudo é que a Paradoxx prestou um ótimo serviço, foi muito empenhada com a Dance Music e deu muita atenção ao seu consumidor, ouvindo sugestões, apoiando fã-clubes de seus artistas - e até os enviando singles gratuitamente. Era um atendimento diferenciado, único, próximo e com muita acessibilidade, diferente do oferecido por muitas majors da época. 

Mas acima de tudo, a pequena Paradoxx Music fez algo que não acontece mais: colocou sorrisos de orelha a orelha em milhares de adolescentes brasileiros que se deliciavam com suas inigualáveis coletâneas de Eurodance. 

Aliás, se nos anos 90 você não teve nenhum produto da empresa você viveu sua juventude de maneira "errada", e com certeza desconhece a mágica sensação de segurar em mãos um CD novo com a qualidade Paradoxx.

A palavra que fica é Saudades. Muitas Saudades de tuuuuuuudo isso aí.