terça-feira, 22 de setembro de 2020

AS 15 MÚSICAS ELETRÔNICAS MAIS TOCADAS NAS RÁDIOS BRASILEIRAS - 2020


Este vídeo mostra os 15 hits da Dance Music mais
tocados nas rádios brasileiras


ALGUNS HITS DA DANCE MUSIC QUE ESTÃO BOMBANDO EM ALGUMAS RÁDIOS
(Jovem Pan, Energia 97 e Educadora FM)

Diplo & SIDEPIECE - "On My Mind"
House Music lançada em 2019, mas que continua fazendo sucesso em vários países, inclusive foi lançada em 2020 no Reino Unido. Toca bastante na programação da Rádio Energia 97 e também em programas noturnos da Jovem Pan. 
Curiosidade: A vocalista é a rapper americana Melissa Arnette Elliott, mais conhecida como Missy Elliott (seu vocal foi sampleado da música original: 702 Feat. Missy Elliott "Steelo").



HOSH, 1979 Feat. Jalja - "Midnight (The Hanging Tree)"
Talvez você já ouviu a música original, que é cantada pela atriz Jennifer Lawrence no filme "Jogos Vorazes: A Esperança – Parte 1" (2014). 
Em 2019, a cantora Jalja foi convidada para cantar essa regravação, muito tocada na programação da Energia 97, principalmente no programa "Lunch Break" do DJ Ronaldinho. Melodia down e uma voz que lembra a cantora Adele.



Meduza X Becky Hill X Goodboys - "Lose Control"
O Meduza é um famoso produtor italiano e sua música "Lose Control" é um dos maiores hits do ano. A faixa foi lançada há mais de um ano, mas continua sendo uma das mais tocadas e queridas dos ouvintes. O vocal é da britânica Becky Hill (Rebecca Claire Hill), cantora de 26 anos e que também escreveu a música. Ela tem um vocal que lembra uma mistura de Dua Lipa e Justin Bieber (música "Baby Baby") e já gravou para diversos artistas da cena Dance, como o último lançamento de Tiësto - "Nothing Really Matters". ‎Hit absoluto na Educadora FM, Jovem Pan e Energia 97 FM.



Regard - "Ride It"
DJ Regard é Dardan Aliu, de 27 anos. Este seu single "Ride It" se tornou uma sensação viral no TikTok e desde então alcançou sucesso internacional. A música tem uma vibe bem sensual, além dos vocais envolventes do cantor Daniel Pearce. Oficialmente "Ride It" foi lançada em julho de 2019 e rapidamente liderou a parada do Spotify nos Estados Unidos. A música entrou também na parada Hot Dance da Billboard, atingindo o 21º lugar. 

Apesar de ser considerada uma música já "antiga", ela ainda não conseguiu sair das paradas das rádios brasileiras, como a Educadora FM, Energia 97 e Jovem Pan. 
Sem dúvidas, um dos maiores hits do ano.



Fisher - "Wanna Go Dancin"
Fisher é um produtor australiano que lançou o EP de "Freaks" em março de 2020, bem na época que o mundo parava e entrava em quarentena. Nesse EP tem também a eletrizante “Wanna Go Dancin“, com sua boa energia e grooves que impulsionam. Destaque para os vocais contagiantes que dizem “mexa-se, saia do caminho, meus pés querem ir dançar”. 
Hit na rádio Energia 97, mas também já tocada nos programas noturnos da Jovem Pan.



Saint Jhn - "Roses"
Dance extremamente comercial e muito tocada em todas as rádios. 
Na verdade, "Roses" é uma canção do rapper americano Saint Jhn, e originalmente lançada em 22 de julho de 2016. Depois, o produtor Imanbek deu uma nova roupagem à música, lançando sua nova versão em setembro de 2019, e se tornando nesse sucesso que todos ouvimos diariamente nas rádios. Essa nova versão de "Roses" deu à ela reconhecimento internacional, e assim como "Ride It" de Regard, também viralizou no TikTok, onde recebeu mais de 4,5 bilhões de reproduções no mês de abril de 2020. 



Regard & Raye -  "Secrets"
Depois do grande hit "Ride It", é claro que DJ Regard iria voltar com um outro trabalho!
"Secrets" é mais um dance-pop com sua marca, lançado em abril de 2020 e que já toca na Energia 97. O vocal é da cantora britânica Rachel Agatha Keen, creditada como Raye.
Em entrevista à Hits Radio, Raye disse sobre "Secrets":
“É engraçado porque eu escrevi a música, mas era completamente diferente, com a mesma letra e melodia, mas era muito mais lenta ... E então, eu a enviei para Regard, que acelerou, deu um acorde totalmente novo, colocou esses instrumentais... Ele gostou, reacendeu o que era uma música lenta de R&B e transformou-a numa grande pop-dance".



Topic Feat. A7S - "Breaking Me"
Considerado um dos hits do verão europeu, "Breaking Me" é uma das músicas mais tocadas nas paradas de singles de vários países, como a Alemanha, Áustria e Reino Unido. Aqui no Brasil também é bem tocada na Energia 97 FM e Jovem Pan, além do programa "Super Pista" da rádio Educadora FM.
Tobias Topic é o nome do alemão que produziu e também escreveu a letra de "Breaking Me". Já os vocais masculinos são de Alexander Tidebrink, parecendo às vezes um cantor árabe, quando canta "La-la-la-la, la-la-la-la..."



Chris Lake - "I Remember"
House Music do produtor londrino Chris Lake. É um hit atual, lançado em maio de 2020, mas o vocal é totalmente sampleado de um sucesso de 1987, na voz de Cynthia Ann BakerRalphi Rosario - "You Used To Hold Me". 
De qualquer forma, é uma ótima versão contendo uma construção clássica de house e os conhecidos samples criados por Chris Lake.

 

VIZE & Tom Gregory - "Never Let Me Down"
Outro sucesso comercial que agradou as FMs, principalmente a Energia 97 e Jovem Pan. Este single foi lançado em abril de 2020, uma época difícil pra todo mundo, principalmente aos DJs pois as boates já estavam fechadas e as pessoas não podiam mais sair de suas casas... Esse duro dilema foi registrado no vídeo oficial de "Never Let Me Down", onde mostra o cantor Tom Gregory "trancado" em sua casa. 
Com certeza, você já ouviu o seu refrão grudento e já cantou junto com ele: "Give me higher ground, Baby, lift me higher now, now...Turn me right around, Never let me down ..."




Joel Corry - "Lonely"
Joel Corry é um DJ britânico que lançou "Lonely" em 24 de janeiro de 2020, com a cantora Harlee nos vocais. Desde então, "Lonely" tem tido muito sucesso, não só alcançou o número 4 nas paradas do Reino Unido, mas também foi certificado de ouro naquele país, vendendo  400.000 unidades.
Na mesma pegada melódica, Joel Corry lançou uma outra música, que também vem sendo muito tocada aqui no Brasil: "Head & Heart".



Meduza Feat. Goodboys - "Piece Of Your Heart"
Nos primeiros segundos da música, você já percebe que é uma outra faixa de sucesso do italiano Meduza. Muito tocada no "Lunch Break" da Energia 97 (DJ Ronaldinho), a música acabou entrando para a programação normal da rádio. Depois de um tempo, já era possível também ouvi-la na Jovem Pan. 
A vibe do Meduza não é muito "alegre" ou "festiva", então pode decepcionar um pouco àqueles que gostam de extravasar mais nas pistas de dança.



Sofi Tukker & Gorgon City - "House Arrest"
Essa sim é uma música para extravasar! "Prisão Domiciliar" (seu título traduzido em português) é um lançamento de 2020 em plena pandemia. No vídeo oficial, percebemos que a dupla (Sofi Tukker e Gorgon City) está num recinto fechado, sem mais outras pessoas. Porém, eles adicionaram no vídeo, filmagens de fãs dançando "House Arrest" em suas casas:

"Recebemos centenas de vídeos incríveis de todo o mundo !! Gostaria que este vídeo oficial de “House Arrest” tivesse 500 minutos para mostrar todos vocês... Estou muito feliz em compartilhá-lo", disse a vocalista Sophie Hawley-Weldno Youtube.
A EDM e a dance music aumentaram com força durante esta quarentena... A música está viva e muito bem!! 
E dá-lhe "La da di da di da da"!!
 


Robin Schulz Feat. Alida - "In Your Eyes"
Lançada em janeiro de 2020, essa deve ser uma das melhores do ano. Tudo graças ao alemão Robin Schulz, um dos mais aclamados produtores da atualidade, e também à voz da cantora Alida Garpestad Peck, que juntos conseguiram dar identidade e profundidade à "In Your Eyes".



Love Regenerator - "Live Without Your Love"
House Music que nos remete aos antigos clássicos noventistas, como Robin S. e Sandy B., vocês se lembram delas? Love Regenerator é na verdade uma produção de Calvin Harris, e o vocal masculino é do cantor Steve Lacy. Muito boa e também muito tocada na Energia 97 e Jovem Pan. Nos programas de mixagens, não se surpreenda caso ouvi-la sendo mixada com algum hit antigo das cantoras citadas.
 

Rádios pesquisadas:

Energia 97
Jovem Pan 
Educadora FM


segunda-feira, 21 de setembro de 2020

HI-TECH - "DON'T ASK ME WHY" (1995)

A música escolhida de hoje é "Don't Ask Me Why", do projeto Hi-Tech, lançada em 1995 e que esteve em algumas coletâneas, como a popular "Festa Mix 4" da Som Livre.

Eu era adolescente e estava com minha família num supermercado (Extra, da cidade de Campinas-SP) em um domingo à tarde, quando acabei encontrando este CD dando sopa nas prateleiras do departamento de discos. 

Não deu outra! Comprei essa coletânea imediatamente, pois eu também já estava super animado com a sua publicidade que tinha visto na TV.  Voltamos para casa ouvindo o CD na caminhonete do meu pai, faixa por faixa, naquela ansiedade e expectativa de “devorar” cada hit radiofônico do produto recém comprado!

Lembro daquele brilho solar entrando pelas janelas da D10 bege, aquela batida da música ecoando em nossos ouvidos, e da família toda em harmonia - ouvindo as grandes melodias do Eurodance 90's!


 Comercial do CD 'Festa Mix 4' (Som Livre)

Hi-Tech - "Don't Ask Me Why" (1995)
 Alguns toques nos lembram "The Rhythm Of The Night" de Corona
Ouça e reconheça essa rápida amostra, a partir dos 3'13''.

Essa compilação tem algumas faixas bem legais, como os hits de Nicki French, Corona, GilletteC&C Music Factory, Tony Garcia, Real McCoy ("Operator", puxa, como eu curtia essa música!!) ... sendo que todos estes projetos citados já tinham uma imagem apresentada ao público. 

Por exemplo, eu já tinha visto alguns clipes na MTV, assim como lido matérias em revistas, ou visto algumas performances na TV, mas o projeto Hi-Tech com a sua música "Don't Ask Me Why" era totalmente novidade para mim. Eu era muito fã da música mas não sabia absolutamente nada sobre a tal.

A faixa tem um refrão bem pegajoso, uma melodia lindíssima e um vocal bem marcante, que você não esquece jamais, mesmo depois de 25 anos! O duro mesmo é gostar da track mas não fazer a menor noção de quem a canta...


A coletânea "Dancefloor Culture" (da Top Tape) possui "Don't Ask Me Why" em seu repertório


RAIO X

HI-TECH

Pois bem, depois de todo esse tempo, posso dizer que tenho a resposta que tanto procurei nesses últimos anos. Primeiro de tudo, digo à vocês que o Hi-Tech foi um projeto nacional.

Eu podia jurar que se tratava de um projeto italiano, pois realmente o som nos transmite o estilo Italo-Dance. Mas foi um projeto totalmente brasileiro!

Assim como Gottsha, que estava fazendo um grande sucesso na época (e lançando o seu álbum "No One To Answer"), o Hi-Tech também procurava um lugar ao sol, diante de tantos projetos que tocavam nas rádios e nas noites de 1995.

O responsável pelo Hi-Tech era o mineiro Rondon Andrade Porto, formado em Ciência Política no ano de 1990. Ele foi o vocalista e gravou "Don't Ask Me Why" quando tinha 26 anos de idade:

"Eu sou mineiro de Visconde do Rio Branco, mas desde 1983 vivo em Brasília. Essa gravação foi feita no Downtown Studio com o Paulo Jeveaux e o Nino Carlo."


Rondon Andrade Porto

Nessa época, Rondon estava no Rio de Janeiro e também trabalhou no álbum "No One To Answer" da Gottsha:

"Eu tenho um spotify só com minhas composições, inclusive você poderá encontrar algumas músicas da Gottsha que escrevi, como 'Break out', 'Dance the night away', 'Nobody does what you do' e 'Sunshine in your eyes'".

Rondon Andrade também é produtor, então perguntei-lhe se produziu algumas dessas músicas para a Gottsha, mas ele informou que quem concluiu as instrumentais foram Paulo Jeveaux e Nino Carlo, que também trabalharam na sua faixa "Don't Ask Me Why":

"Eu fazia uma pré....E mandava para ela. Ali foram os dois produtores Paulo Jeveaux e DJ Nino Carlo...Todos amigos".


Rondon Andrade: Ele foi o responsável pelo projeto Hi-Tech

Rondon ainda me enviou mais duas músicas do projeto Hi-Tech, que eu ainda não conhecia mas que achei muito boas:"So Have A Great Time" e "Big Time".

Através dessas canções, constatamos que a voz de Rondon Andrade lembra um pouco os vocais de David Gahan (Depeche Mode), principalmente em "Big Time"

Ah, nessas faixas temos também a participação da cantora Paula Gaby. 

Vale a pena conhece-las!


"So Have A Great Time" (1995) e "Big Time" (1995)


"Don't Ask Me Why" não foi só gravada na voz de Rondon Andrade, como também foi escrita por ele. O músico ainda disse que a faixa quase foi lançada pela Sony Music... porém, depois, acabou saindo apenas em algumas coletâneas, como a já citada "Festa Mix 4" (Som Livre) e "Dancefloor Culture" (Top Tape).

As coletâneas noventistas "Festa Mix 4" e "Dancefloor Culture"


Depois destes trabalhos, Rondon Andrade continuou cantando e produzindo, além de compor letras para outros artistas:

"Eu ainda vou organizar todas as minhas músicas antigas... tem também as minhas composições com o Goya... Além das faixas que entraram na novela 'Polyana' do SBT".

Rondon, que fala outros idiomas como inglês, francês e espanhol, voltou a gravar com Paula Gaby pouco tempo depois do projeto Hi-Tech. Eles ficaram 14 semanas nas paradas musicais da Alemanha e Áustria, com a música "Seeing Myself".

"Tínhamos uma proposta forte para lançarmos tudo na Europa, porém a Gabi só tinha 16 anos na época... Mas mesmo assim, ainda lançamos o nosso vídeo por lá".


Janeiro - "Seeing Myself" (1997)
Assista ao vídeo de Rondon Andrade e Paula Gaby



RONDON NA MÚSICA 
ATUALMENTE

Rondon também fez alguns remixes para Depeche Mode - "Behind The Wheel" (que chegou a tocar na Europa) e Usher - "Yeah", além de algumas faixas românticas.

Atualmente ele trabalha na área da Tecnologia da Informação, mas também continua se dedicando à música e trabalhando em seus outros projetos pessoais. Inclusive, como um bom fã de Kraftwerk que ele é, acabou de lançar um tributo à Florian Schneider (falecido em 21 de abril de 2020):

Kraft Memories by Rondon
"Tenho trabalhado para isso, justamente para lembrá-los..."


Agradecemos à Rondon Andrade por seu empenho na Dance Music brasileira, pois além de suas composições à Gottsha, ele ainda compôs e cantou a sua canção "Don't Ask Me Why", uma bela trilha sonora de momentos inesquecíveis dos anos 90.

Desejamos também à Rondon que continue exercendo o seu excelente papel na música eletrônica, sendo produtor, DJ, compositor ou o admirável cantor que conhecemos no projeto Hi-Tech. 

O nosso muito obrigado!



Para conhecer suas mídias sociais e outros trabalhos, acesse:

Soundcloud   Youtube   Instagram    Diversas Músicas   Diversas Músicas II

terça-feira, 15 de setembro de 2020

RÖYKSOPP - "WHAT ELSE IS THERE?" (2005): LUZES, EXPLOSÕES E INTENSIDADE

A função de alguns músicos é de desbravar as fronteiras da mesmice que assombra o mercado fonográfico, tarefa muito bem exercida nessa música que está celebrando 15 anos de aniversário...

"What Else Is There?" é uma música lançada em outubro de 2005, mas que se tornou conhecida no Brasil nos anos seguintes.
Por vezes eu a ouvi nos clubs em 2006-2007, mas eu não sabia nada a seu respeito, tal como o seu título, quem a cantava e muito menos o nome do projeto. Enfim, o tempo passou e ela ficou totalmente esquecida em minhas memórias - nem lembrava mais que existia - até a ouvir recentemente na rádio Energia 97. Nesse momento então pensei comigo: "Como é bom ouvir isso novamente depois de tanto tempo!!" 
Rapidamente pesquisei no google e finalmente encontrei o nome da canção e de seus realizadores:

RÖYKSOPP - "WHAT ELSE IS THERE?" 
(2005)
Arranjos, Mixagens e Produção por Röyksopp
Letra escrita por Karin Dreijer e Röyksopp

Esse é o tipo de música que não tocou muito nas FM's mais tradicionais, e também não saiu em muitas coletâneas da época (eu conheço apenas o CD "Caldeirão do Huck" by Som Livre), mas mesmo assim, certamente você irá reconhecê-la quando ouvir sua sonoridade sombria, seu refrão profundo e principalmente seu vocal assombroso, que se tornaram fundamentais e ajudaram a emplacar "What Else Is There?" nas boates daquela metade de década.

Röyksopp - "What Else Is There?" (2005)
Video Oficial

O vídeo oficial apresenta a versão original da música, que é recheada de muitos elementos sombrios e com um semblante visivelmente trágico. Você reconhece estes detalhes na letra e também na instrumental de “What Else Is There?”, além da faixa carregar consigo uma vibe bem melancólica, uma voz penetrante (e perturbadora) e variados toques místicos.

Assista ao vídeo e tente entender o significado da música, através de algumas imagens que aguçam a nossa curiosidade e até causam um certo incômodo...

Pra começar, temos uma loira flutuante que é algo que intriga já no começo do vídeo. Podemos associar sua figura com a de uma "alma perdida" e que está vagando em busca de vingança, pois ela morreu atropelada ali naquela estrada. Roteiro interessante, não acham?
Logo depois você consegue idealizar um carro em movimento numa estrada à noite, e também pode vê-lo se aproximando da vítima, quando a luz das lanternas brilha em seu rosto assustado.
Agora, depois de morta, ela quer se encontrar com a pessoa que lhe tirou a vida. Percebemos também que a responsável pela sua morte sente que está sendo observada... Mas neste momento ainda podemos nos perguntar: E se for apenas o seu sentimento de culpa que a rodeia??

O fantasma ressurge novamente perto de uma mesa repleta de alimentos, mas ele percebe nesse instante que a "assassina" está impactada e atordoada com todo o ocorrido, e diante disso resolve aliviá-la da culpa... olhando com pena e segurando a sua cabeça para acalmá-la.

Alguns trechos da letra:

"Era eu naquela estrada
Mas você não podia me ver
Muitas luzes, mas nada perto daqui"

"Era eu naquela estrada

Você continua sem poder me ver
E então lampejos e explosões"

"O fim da estrada está ficando mais perto

Nós percorremos distâncias mas não juntos"

"Eu sou a tempestade, eu sou a maravilha

E os lampejos, pesadelos
E explosões repentinas?"


O SOM DAS NOITES
Nos clubs rolava mesmo é a "Trentemøller Remix", que é muito mais dançante, porém sem a essência particular da original, e por isso muitos fãs torceram o nariz para este e outros remixes que saíram na época.
Gosto muito dessa versão, que na minha humilde opinião é o melhor remix já feito para "What Else Is There?".

A versão original é totalmente bela, surrealista, teatral, forte, expressiva e emocional. Não tem como fazer comparações com essa versão que é extremamente pulsante e eletrizante, mas você pode dançá-la, como basicamente fazíamos nas nossas antigas baladas:

Röyksopp - "What Else Is There?" ("Trentemøller Remix")
Um explosivo Dark-Eletro-House na sua mais pura descarga eletrostática

RÖYKSOPP:
O duo norueguês Röyksopp

O Röyksopp é formado pelos noruegueses Svein Berge (17 de fevereiro de 1976) e Torbjørn Brundtland (10 de maio de 1975), que nasceram na mesma cidade (Tromso) e se conheceram quando tinham apenas 12 e 13 anos de idade, em 1988.
10 anos depois eles formaram o Röyksopp, que significa "nuvem de cogumelo".
Ao longo da carreira, o Röyksopp já passeou pelas várias vertentes da música eletrônica, em especial o downtempo, synthpop e electro, mantendo sempre seus elementos house, sons afro-americanos e com excelentes parcerias.

“Sentimos que há muita música por aí que simplesmente não tem nenhuma identidade - algo pelo qual realmente nos empenhamos em nossa música” 
- Torbjørn 

“E também queremos que nossa música tenha longevidade, portanto, sempre buscamos produzi-la e projetá-la de uma forma que fique longe de tendências de produções genéricas.” 
- Svein

Vale a pena ouvir também outros de seus trabalhos, como“Monument”, uma canção ímpar na voz da talentosa sueca Robyn, que também faz uma performance impressionante no vídeo:

Röyksopp & Robyn - "Monument" (2014)
 Oficial Video
A dupla de produtores aparece com a cantora nesse fantástico trabalho visual.

Se o eu-lírico das músicas “Trance” já são em sua maioria tristonhos e chorosos, aqui temos vocais quase que "agonizantes" e cientes de sua morte. O fantástico é sentir e reconhecer a beleza deste conceito, além de captar outras sensações que você não sentiria há uns 20 anos, justamente porque você também já se transformou daquela época para o hoje. (“Esqueça como você me conhecia /Esqueça o que eu costumava ser”).

O Röyksopp já está no mercado há mais de 20 anos, sempre equilibrando jazz ambiental e eletrônica com sons únicos

Entre 2005-2008, algumas pessoas gostavam de definir este tipo de música como "lounge-music", por apresentarem instrumentais mais relaxantes e suaves. Hoje esse termo está praticamente em desuso, mas foi bem popular, principalmente entre o público dos 18-35 anos. Nessa época, existia também até uma quantidade razoável de casas noturnas voltadas especificamente à este gênero.


A VOCALISTA DE 
"WHAT ELSE IS THERE?"
Ela é a verdadeira cantora 

Assim como Robyn, a verdadeira cantora de “What Else Is There?” é também uma sueca. A garota do vídeo que aparece flutuando é a modelo norueguesa Marianne Schröder, e ela não gravou a música com sua voz.

A voz real é de Karin Elisabeth Dreijer Andersson, nascida em Nacka (Suécia) no dia 07 de abril de 1975. Ela é uma grande cantora, mas também é uma respeitada compositora e multi-instrumentista. 
A modelo dubla a sua voz, mas Karin Dreijer não está totalmente de fora do vídeo, pois ela também aparece em cena atuando como a mulher que causou o acidente;

Karin Dreijer também aparece no vídeo de “What Else Is There?” 

Karin Dreijer e seu irmão no duo The Knife; e com Honey Is Cool

Karin Dreijer formava dupla com seu irmão (Olof Dreijer) no The Knife e registraram vários trabalhos antes de ser convidada para cantar “What Else Is There?”.
Mas antes ainda, Karin também foi integrante da banda Honey Is Cool, que teve início em 1994 e acabou em 2000, conseguindo lançar 2 álbuns e alguns singles/ EPs.

Karin Dreijer Ao Vivo (The Knife - Coachella 2014)

Atualmente a artista sueca continua em atividades, agora trabalhando mais em seu projeto solo chamado Fever Ray, que já conseguiu lançar dois álbuns inéditos e dois discos "Ao Vivo". O último trabalho deste projeto foi lançado em 2019 e chama-se "Live At Troxy".

A MODELO DE 
"WHAT ELSE IS THERE?"

A modelo fantasma

A modelo que dubla a voz da cantora sueca é Marianne Schröder, nascida em Smøla, na Noruega, em 11 de março de 1977. 
Porém, a bela norueguesa não foi introduzida no vídeo para simplesmente "fingir que canta", como aconteceu massivamente na Dance Music dos anos 90 (como os fakes "Whigfield", "Corona", "Milli Vanilli", e etc).
Na verdade, a modelo foi escolhida para atuar como a personagem central da música, então ela dublou a vocalista também, entretanto fazendo isso de maneira louvável e puramente artística.

Nunca foi anunciado aos fãs que ela era integrante do Röyksopp, e tão pouco ela dublou essa música nos palcos - realizando shows com aqueles playbacks pavorosos que os farsantes acima citados tanto faziam nos anos 90. Foi simplesmente uma participação especial da modelo como personagem do vídeo, e não como uma integrante do Röyksopp. 

Contudo, algumas pessoas que assistem ao vídeo ainda ficam chocadas ao saber que Marianne Schröder não é a verdadeira cantora de “What Else Is There?”. É também compreensível essa reação de "surpresa" nessas pessoas, já que a loira aparece dublando, então entendemos também esse desapontamento por parte delas... A impressão que qualquer ser humano tem, é qual? É lógico que quem está movimentando os lábios seja o/a vocalista, não é mesmo? Isso é inevitável e instintivo, basta ter cérebro e visão.

A modelo continua atuando no cenário da moda e a foto abaixo mostra a sua aparência mais atual, retirada de seu instagram pessoal:


Ah, e os fãs de Dance Music que são chegados numa modelo, podem se deliciar também com essa página sobre Marianne Schröder e suas diversas capas de revistas:

RÖYKSOPP - "WHAT ELSE IS THERE?" 
{INSPIRAÇÕES?}
Kate Bush
Cantora, compositora, dançarina, performática e produtora

Quando ouvimos "What Else is There?", conseguimos encontrar grandes semelhanças com algumas músicas da cantora inglesa Kate Bush (30 de julho de 1958), mais especificamente aos seus clássicos "Wuthering Heights" (1978) e "Running Up That Hill" (1985).
Além da voz soar parecida, tem também a história de um fantasma que assombra uma pessoa dentro da letra de "Wuthering Heights". 

Pra quem não sabe a história da música, é sobre uma mulher chamada Cathy que vive uma relação de grande amor, mas também de grandes conflitos e desentendimentos com o seu amado Earthcliff. Tem um momento que ela adoece e acaba falecendo, deixando para trás o seu tão querido e odiado homem, porém o homem de sua vida.
No entanto, o espirito dela depois volta para a casa onde viviam no meio do bosque, e nas noites frias e sinistras "bate na janela", esperando o seu amado abrir pra ela, a fim de possuí-lo. É uma história triste de amor basicamente, um pouco sobrenatural e com um toque soturno que a própria Kate Bush põe brilhantemente na sua fantasmagórica apresentação:

Kate Bush - "Wuthering Heights" (1978)
No início dos anos 2000, esse vídeo estava sempre presente no programa "Piores Clipes do Mundo" da finada MTV Brasil. Naquela época eu concordava com o programa, pois era adolescente e não tinha entendido o conceito do vídeo. Hoje eu vejo que foi um erro, pois existe muita entrega e dedicação neste vídeo performático. Kate Bush é a própria fantasma de Cathy!

Ao criar sua obra-prima, Kate Bush se inspirou totalmente no livro "O Morro dos Ventos Uivantes", um clássico da literatura e lançado em 1847. Fora que o livro, por si próprio já é um marco também, pois a escritora Emily Brontë o escreveu sob um pseudônimo masculino, dado que as mulheres naquela época eram proibidas de escrever livros, poemas, peças...
É triste também, saber que a escritora morreu pouco tempo depois do lançamento do livro. Ela tinha apenas 30 anos de idade, morreu de tuberculose e sem saber do reconhecimento e da glória que foi sua obra literária.

Em 2010, Röyksopp resolveu convidar a cantora e atriz Anneli Drecker para cantar em seus shows um cover de "Wuthering Heights". Você pode encontrar diversos vídeos no Youtube dessas performances, que demonstram mais uma evidência do quanto eles são fãs da Kate Bush e de suas obras musicais.

Svein Berge também já falou sobre a importância de "Running Up That Hill", um outro clássico de Kate Bush:
 "É uma daquelas canções que ouvi pela primeira vez no rádio, quando era criança, e ficou gravada na minha cabeça desde então. Não tentei articular 'por que' gostei da música. Acho que tem a ver com minha propensão para músicas com 'dramas' - na falta de uma palavra melhor - 'drama'. Esse 'drama' está realmente presente na música de Kate Bush, mas é muito bem equilibrado e nunca em excesso."
 -Svein Berge (Röyksopp)


RÖYKSOPP, HOJE
Destruição e Fim

A dupla continua com seus trabalhos musicais, no entanto, em 2014 causou estranheza em alguns fãs quando anunciou que não lançaria mais álbuns. O Röyksopp lançou naquele ano o seu último álbum intitulado de "The Inevitable End" ("O Inevitável Fim"). Eles acalmaram os fãs também dizendo que isso não marca o fim do Röyksopp, eles apenas não lançariam mais álbuns.

 “Sentimos que este é um adeus ao formato tradicional do álbum”, explicou Svein. Ainda concluiu: “Em nossa série consecutiva de álbuns, temos sido capazes de dizer e fazer o que queríamos. Não vamos parar de fazer música, mas o formato do álbum como tal, isso não está mais nos nossos planos.”

E isso vem se mantendo até então, sem álbuns e com foco cada vez maior nas plataformas digitais, como o Spotify.
Em 2019 a dupla lançou a compilação "Lost Tapes", com raros B-sides, músicas antigas e exclusividades jamais lançadas antes! E claro, podem ser encontradas apenas nos serviços de streamings.

Eles praticamente anunciaram o fim da mídia física, já que coincidiu também com o decreto do último álbum da dupla, em 2014.

Svein Berge e Torbjørn Brundtland (Röyksopp), discotecando na Grécia em 2019


Essa foi uma das últimas festas que a dupla participou, na medida em que não tivemos muitos eventos neste ano por conta da pandemia do coronavírus.
No fim, não foram apenas os álbuns que pararam, mas muita coisa se perdeu também neste atribulado e obscuro ano de 2020... 





"Após as calamidades e tormentas da vida, sempre haverá algo 
de valor em meio aos escombros"
- Darcyvo Simas