quinta-feira, 27 de maio de 2021

ENTREVISTA COM DEBRA MICHAELS, DO HIT "HOW DO I LIVE" (1997)

DEBRA MICHAELS - "HOW DO I LIVE" (1997)

"Sem você, não haveria sol no meu céu"


Tem músicas que ficam eternizadas em nossas vidas e não tem jeito. Por mais que o artista se ausente e não apresente novos materiais, ele ainda continua rendendo boas lembranças através de sua arte e do que nos foi proporcionado em sua época de lançamento.

Assim podemos enquadrar "How Do I Live" de Debra Michaels, uma faixa que causa sensações nostálgicas em quem viveu e curtiu as baladas de 1998, tudo graças ao seu vocal que emociona, sua construção melódica e suas batidas, que te levam direto àquela boa fase da adolescência... 

Cada elemento sonoro e grooves inseridos em "How Do I Live" estão em perfeita sintonia e no seu tempo correto, reativando e brincando com o nosso cérebro instantaneamente. É uma proposta parecida com Kriss Grekò - "Surrender", que também nos apresenta vocais quentes e poderosos, além de uma instrumental envolvente que se conecta de um jeito sensível com o ouvinte:


Debra Michaels - "How Do I Live" (1997) Live In USA
A música foi lançada em 1997, mas se destacou em 1998

Assim funciona e acontece a mágica em "How Do I Live", que é, na verdade, um cover "dance" de um sucesso romântico cantado por LeAnn Rimes, lançado também em 1997. A BMG distribuiu no Brasil a versão de Debra Michaels, que foi muito exitosa nas danceterias e rádios brasileiras, além de entrar para a trilha sonora de uma novela global chamada "Corpo Dourado". 

Houve uma compilação para essa novela com "How Do I Live" no repertóriomas tivemos também outras coletâneas trazendo esta linda track, como "Dancenet Hits", "As 14 + Do Brasil", "H - Love Hits", e etc.

Nessa época, além da versão original e da versão cantada por Debra Michaels, houve ainda uma outra interpretada pelo projeto britânico Rochelle (Almighty Records), quem lembra? Saiu pela Paradoxx Music em vários CDs... mas aqui no Brasil - merecidamente - a versão da Debra foi a mais popular de todas!!!

Muitas vezes o DJ estava tocando uma certa música que nem sequer estava agradando o público, mas quando ele colocava "How Do I Live" de Debra Michaels, você avistava o grande diferencial e sentia toda a empolgação na pista por parte da plateia. 

Literalmente você assistia muitos braços sendo levantados, olhos brilhando ao reconhecer aquela harmonia sendo construída, e sorrisos eram lançados quando o DJ abaixava o volume, para que todos pudessem cantar juntos o vibrante refrão. Isso que era curtir uma noite nos anos 90! Isso que era se sentir dentro da música e fazer parte de uma festa!!!

Mas, e Debra Michaels? Quem é ela? 

Ela fez um grande sucesso em 1998, porém não tínhamos nenhum conhecimento sobre a imagem da artista, e também não sabíamos se ela tinha outras músicas, e tal... Quem era essa cantora, afinal?


A partir do 2º single, descobrimos finalmente a imagem de Debra Michaels


No mesmo ano de 1998, uma luz no fim do túnel foi lançada quando saiu um novo trabalho da cantora  "Don't You Wanna Fly?", que trazia na capa do single o rosto de uma moça loira. Seria ela, a vocalista? 

A música tocou pouco nas noites e em alguns programas de mixagens (lembro até hoje, quando estreou no "Super Pista" da Radio Educadora FM - Campinas SP-  sendo uma indicação do DJ Carlinhos), mas depois a cantora despareceu e não trouxe mais novidades.

 O QUE ACONTECEU COM DEBRA MICHAELS?

Bom, nada melhor que a própria cantora para nos responder algumas dúvidas e dizer mais sobre a sua enigmática trajetória, certo? Então fiquem com ela, a vocalista que causou fascínio e levou magia aos clubs naquele ano de 1998:


DEBRA MICHAELS 

Entrevista para o Brasil

Entrevista realizada em 06 de maio de 2021

Debra, muito obrigado por aceitar essa entrevista. A versão de “How Do I Live” tocou muito no Brasil e foi ótimo dançar com a sua espetacular voz.

1) Rikardo: Em que cidade e país você nasceu?

Debra Michaels: Eu nasci na Filadélfia, PA, nos EUA.

2) Rikardo: Sua voz é muito contagiante e linda. Como você começou a cantar?

Debra Michaels: Tudo começou aos 4 anos de idade, eu sempre cantei com meus avós, tínhamos um grupo musical e viajávamos pela comunidade se apresentando em reuniões de idosos e asilos. Isso me ajudou muito a cantar como uma adulta, ao invés de soar como uma garotinha, e colaborou com que eu colocasse mais alma e emoção em meus vocais. 

3) Rikardo: Seus pais a incentivaram a seguir a carreira artística?

Debra Michaels: Sim, eles me ajudaram desde cedo e estive até na Broadway, no Alvin Theatre, no musical “Annie”. Eu era um talento-mirim, desempenhei alguns papéis, especialmente no National Tour. Também fiz alguns programas de TV e filmes na minha juventude para obter experiência, assim como estive num programa chamado "The Al Albert's Show" (um programa divertido de variedades para a família). Foi onde passei grande parte da minha juventude atuando na TV. Todas as quartas-feiras à noite, filmávamos para as exibições na manhã de domingo. Foi uma ótima experiência. Também me apresentei no cruzeiro "Walt Disney Cruise Line - Premier Cruises", no navio Majestic, por 7 dias por semana durante meses. Eu também estive em “Star Search” e “Big Break” de Natalie Cole, e foi aí que então comecei a gravar demos para artistas novos e conhecidos. Eu realmente ganhei muita experiência até gravar “How Do I Live”, e estava preparada! 


CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels


4) Rikardo: Você cantou a regravação de “How Do I Live”, que foi muito bem nas FMs e Club's. Como você teve a ideia de regravar essa balada romântica de LeAnn Rimes?

Debra Michaels: Na verdade, eu fui escolhida para cantá-la como uma demo para a cantora de freestyle Rockell, mas acho que fiz um ótimo trabalho com essa demo, e Cory Robbins me contratou para a Robbins Entertainment, num contrato que dizia ter um possível segundo single. Não tive tempo nem para revisar meu contrato. Foi enviado por fax no mesmo dia em que gravei “How Do I Live” e tive que assiná-lo. Meu empresário, na época, estava na costa oeste, era uma bagunça! Tudo aconteceu tão rápido que não tive tempo nem de tirar uma foto para a capa do single, então alguns blocos coloridos e um ponto de interrogação (?) se tornaram a capa de "How Do I Live". A música foi lançada dois dias depois, e nas rádios após mais dois dias. 

5) Rikardo: No Brasil, “How Do I Live” também foi trilha sonora de uma famosa novela (“Corpo Dourado”). Você sabia desse sucesso aqui no Brasil?

Debra Michaels: Eu não estava nem um pouco ciente disso. Estou muito feliz em saber disso agora! 

6) Rikardo: Quais artistas você gosta de ouvir? E quais artistas te influenciaram a cantar?

Debra Michaels: Naquela época eu diria Donna Summer, Whitney Houston, Mariah Carey, Barbra Streisand, Cher, Judy Garland, Patti Labelle, Toni Braxton, Regina Belle, Teena Marie, Sheena Easton, Taylor Dayne e muito mais.

7) Rikardo: Na Dance Music, muitos vocalistas gravavam nos estúdios mas não mostravam seus rostos nas performances e nas capas dos discos ... Os produtores colocavam modelos para fazer sincronismo labial ... o que você acha dessa prática?

Debra Michaels: É horrível isso, mas infelizmente ainda continua...e é muito triste, sabe? O público é enganado por falsos cantores.

8) Rikardo: Qual é a sua maior lembrança de “How Do I Live”?

Debra Michaels: Foi quando eu abri o show para o *NSYNC para a estação de rádio de minha cidade natal (Q102), foi o grande show "Monster" de primavera, na frente de 25.000 pessoas!

Debra Michaels com o pessoal do *NSYNC, em 1998
Nessa época, eles estavam no topo das paradas
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels

9) Rikardo: Nessa época, eu lembro que eles estavam super estourados com "I Want You Back", que tocava muito nos club's e rádios, e era o primeiro dos muitos sucessos do *NSYNC que vieram depois...retrata muito bem o ano de 1998. Mas você, depois de “How Do I Live” lançou um freestyle chamado “Don't You Wanna Fly?” ... Como foi o processo de produção desse single ??

Debra Michaels: Foi incrível! Os produtores eram mundialmente conhecidos e residiam na Inglaterra, eram chamados de Cosgrove/Clark Productions. Eles apoiaram muito a minha voz de 5 oitavas e também produziram para mim algumas dance musics que ficaram excelentes, mas que nunca foram lançadas porque a minha gravadora estava pagando para um outro produtor produzir minhas faixas, e essas depois também nunca viram a luz do dia. 

10) Rikardo: Você trabalhou com o produtor Adam Marano, como foi trabalhar com ele?

Debra Michaels: Ele era um compositor e produtor muito profissional de dance music naquela época. Honestamente, eu aprendi alguma coisa? Não, mas ele teve muitos sucessos, principalmente no gênero Freestyle. 


Debra Michaels com Rita Ora
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels

11) Rikardo: Como foi trabalhar com o selo Robbins Entertainment? Eles sempre a apoiavam quando você precisava? Ou houve alguma música que eles não queriam lançar?

Debra Michaels: Hmm ... agora estamos chegando na parte mais particular da questão lol. A Robbins deu muito apoio para “How Do I Live” como para qualquer outra faixa... nessa época, quando “How Do I Live” de LeAnn Rimes foi um hit nacional, eu já tinha uma versão dance muito poderosa e muito amada que estava subindo rapidamente nas paradas, então a gravadora viu que eu ia fazer um verdadeiro hit e eles contrataram um remixer bem conhecido no mercado de dance. Eles conseguiram também um grande anúncio na rádio quando eu estava impactando. Essa foi a nossa corrida com "How Do I Live". Se a Robbins não tivesse lançado a sua versão dance, poderíamos estar tendo uma conversa muito diferente agora. Ainda sou muito orgulhosa da versão que gravei e ainda sou muito questionada sobre.

12) Rikardo: Debra, que música você lançou depois de “Don't You Wanna Fly?” ? Por que demorou tanto para acontecer?

Debra Michaels: Hmm ... Chama-se “Voices” e é sobre a conscientização da nossa saúde mental e prevenção do suicídio. Eu tinha acabado de perder meu noivo naquela época para o suicídio. Ele não foi diagnosticado por 17 anos e, aos 44, foi diagnosticado com transtorno bipolar e transtorno depressivo. Ele literalmente ouviu vozes dizendo para se matar, e assim, infelizmente o fez depois de 30 tentativas anteriores. A música e o vídeo foram feitos para ajudar, a defender e a educar, mas também para PARAR o estigma referente à saúde mental. 


Debra Michaels em radio norte-americana
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels

13) No Brasil sempre ouvíamos a sua voz em rádios e club’s em 1998, mas era difícil conseguir qualquer informação sobre você. O que aconteceu com a cantora Debra Michaels nos últimos anos?

Debra Michaels: Por onde começo??? Já que minha gravadora não apoiou totalmente o segundo single “Don't You Wanna Fly?”, minha gravação naquela época foi completamente interrompida. Minha mãe morreu de câncer no cérebro depois de uma batalha de quase 8 anos e meu pai morreu de um forte derrame. A vida real me atingiu com força, então tive que me virar e cuidar do meu irmão e da minha família. Eu peguei um emprego na área de hospedagem e no ramo de restaurantes, mas continuei cantando e me apresentando por todo o país em eventos corporativos e cassinos com minha banda chamada “The Debra Michaels Project”. Praticamente fiz isso até que gravei "Voices". Depois disso, continuei me apresentando e comecei a trabalhar como treinadora de desempenho vocal em tempo integral. 

Em 2017, eu fui diagnosticada com câncer de ovário em estágio inicial e os últimos 3 anos tratei com cirurgias, quimio, medicamentos e fisioterapia. Eu passei também a administrar meu estúdio e minha fundação para saúde mental chamada “Yo Cuz kidz4Cuz Foundation”. Nossa missão é conscientizar sobre a saúde mental, e também enviar sempre uma mensagem positiva através da plataforma de vozes infantis, Kidz4Cuz! É uma vitrine onde dou aos meus alunos a oportunidade de mostrar os seus vocais em diferentes temas e é sempre por uma grande causa. 

Debra Michaels com Backstreet Boys
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook pessoal de Debra Michaels

14) Rikardo: Você tem algum sonho que ainda não se tornou realidade?

Debra Michaels: Sim! Eu adoraria voltar a fazer TV e cinema algum dia, e cantar no Apollo Theatre no Harlem, NY. Também quero fazer minha agência de talentos crescer mais ainda, na qual estou trabalhando agora. 

15) Rikardo: Quais são seus planos para o futuro?

Debra Michaels: Quero continuar cantando, atuando nos palcos, treinando jovens talentos e representar o talento fenomenal, quando eu o encontrar. Eu ainda fico animada e sei o quanto EU AMO ser mentora de nossas futuras estrelinhas! Eu também ADORARIA fazer uma turnê no Brasil e agradecer à todos vocês por todo o amor e apoio! 

CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook pessoal de Debra Michaels

16) Rikardo: Muitos DJs brasileiros tocaram “How Do I Live” e “Don't You Wanna Fly?” em Clubs e FMs ... Você poderia deixar um recado para esses profissionais, que acreditaram na força da sua voz?

Debra Michaels: Eu quero enviar um MUITO OBRIGADO de coração!! Sem TODOS VOCÊS, eu não estaria fazendo o que estou fazendo hoje. Eu realmente aprecio todo o amor e apoio de vocês em “How Do I Live”. Tenho muito orgulho da minha voz e dessa oportunidade que me foi dada. Desejo tudo de melhor em saúde, sucesso e prosperidade à vocês!

Fiquem protegidos, saudáveis e que Deus os abençoe sempre.

AGRADECIMENTOS:
Finalizamos aqui essa entrevista e espero que vocês tenham gostado de mais um conteúdo exclusivo, com outro artista da cena dance dos anos 90.

O meu Muito Obrigado à Debra Michaels, por seu tempo cedido, à sua atenção e imensa gentileza!! Foi emocionante conhecer a sua história de superação e toda a sua trajetória dentro da música. Obrigado por nos mostrar o seu brilho, Debra!

Abraços à todos!


terça-feira, 25 de maio de 2021

MORRE JOHN DAVIS DO MILLI VANILLI, UM DOS VOCALISTAS REAIS

ADEUS À JOHN DAVIS, CANTOR DO MILLI VANILLI

Todo mundo conhece um pouco da história do grupo Milli Vanilli, famoso por ser uma das maiores farsas da música mundial.

Depois de 31 anos que o grupo ganhou o Grammy de "Melhor Artista Revelação" (tendo que devolvê-lo após a descoberta de fraude), um de seus verdadeiros vocalistas, John Davis, infelizmente veio a falecer nessa noite (24/05/2021).

Sua filha, Jasmin, informou o triste ocorrido através de uma postagem no facebook do cantor:


"Aqui é a Jasmin, filha de John. Infelizmente meu pai faleceu nesta noite por causa do coronavírus. Ele fez muita gente feliz com seu sorriso, espírito alegre, amor e principalmente através de sua música. Ele deu tanto para o mundo! Por favor, dê a ele a última salva de palmas. Sentiremos muita falta dele ♥ ️ ♥ ️"


Frank Farian (produtor) com os cantores do Milli Vanilli em estúdio (John Davis é o que está de pé e camiseta prateada)

Johnny Davis Lewis foi um grande vocalista, além de compositor e baixista. Nascido nos Estados Unidos, na Carolina do Sul, ele se destacou musicalmente na Alemanha quando começou a cantar por trás do Milli Vanilli. Antes ainda, ele chegou a gravar vários discos sob diferentes nomes e em muitos grupos. 

John Davis também tocou e cantou com diversas estrelas do showbusiness, como Luther Vandross, Babyface (produtor de Toni Braxton), Eric Burdon, Robin Beck, Uwe Ochsenknecht, Marianne Rosenberg, Sasha e muitos outros.


Descanse em Paz, John Davis!


RELEMBRE A HISTÓRIA DO MILLI VANILLI - A MAIOR FARSA DA MÚSICA

Rob Pilatus e Fab Morvan foram apenas os modelos do Milli Vanilli

A ideia de colocar modelos para dublar as músicas cantadas por John Davis, Charles Shaw Brad Howell (os verdadeiros artistas do Milli Vanilli) partiu do próprio produtor Frank Farian, que gostou do visual da dupla Robert Pilatus e Fabrice Morvan, transformando-os em componentes visuais do polêmico grupo de pop-dance.

Mas.. se eles cantavam alguma coisa?? Não cantavam uma nota sequer! Eram como Sannie Carlson do Whigfield, ou Olga de Souza do Corona, que vieram anos depois com esse mesmo propósito: fingir aos fãs e decorar palcos e capas de CDs.


O MAIOR CULPADO É FRANK FARIAN

Frank Farian com a imagem do Milli Vanilli

O controverso produtor Frank Farian já havia feito sucesso com um outro grupo dançante nos anos 70: Boney M. Ele era experiente nessa prática de "enganar" o público com falsos cantores, e o próprio Boney M era interpretado por artistas nos estúdios, porém, nos palcos eram os modelos performáticos que faziam o show acontecer. 

Boney M lucrou com 100 milhões de discos vendidos, graças a boa qualidade das músicas e também pelo físico e gingado dos membros decorativos, os “cantores” que o público tanto se simpatizou.

Devido à este grande sucesso de Boney M, Frank Farian continuou apostando nessa prática, nascendo então, anos depois, o Milli Vanilli (embora ele tenha produzido, ao longo de sua carreira, gente também talentosa, como La Bouche, No Mercy, Jayne Collins...)


"GIRL YOU KNOW IT'S TRUE" FOI O PRIMEIRO SUCESSO MUNDIAL DO MILLI VANILLI

Os performáticos Fab Morvan e Rob Pilatus já eram conhecidos nos clubs em Munique, por seu estilo chamativo e por seguirem a tendência fashion da época, além de serem dançarinos oficiais da cantora Sabrina (simbolo sexual da Italo Disco dos anos 80).

Então Frank Farian viu uma dessas apresentações e se interessou pela dupla. O produtor pediu à eles que fizessem algumas performances em discotecas com a finalidade de apresentar ao público a sua mais recente produção... 

A música? "Girl You Know It’s True"!!

 Sim, um hino até hoje, e que já estava pronta e gravada, apenas esperando por alguém com uma boa imagem para representá-la:


Milli Vanilli - "Girl You Know It’s True" (1988)
Essa dancinha e essas ombreiras ainda são muito épicas!

A dupla de modelos passou o ano de 1988 promovendo a canção em discotecas e casas de shows, até levá-la ao topo dos charts de 14 países, além de atingir o #1 na Alemanha, Áustria e Espanha.  

Frank Farian, o idealizador da farsa, ganhou milhões com o Milli Vanilli, e a canção "Girl You Know It’s True" foi lançada nos Estados Unidos em janeiro de 1989, tendo um grande sucesso comercial. Pronto, não tinha mais como voltar atrás e desmentir, pois todos já estavam encantados com os talentos vocais e com as performances da dupla.


A canção "Girl You Know It’s True" vendeu 21 milhões de cópias e até ganhou um Grammy, que, no entanto, foi retirado quando descoberto posteriormente que as vozes originais não eram dos dois integrantes visuais, Rob e Fab.

Mesmo com algumas desconfianças vindo à tona (devido ao sotaque da dupla, além de nunca cantarem ao vivo), os novos singles foram sendo lançados, como "Baby Don’t Forget My Number", "Girl I’m Gonna Miss You" e "Blame It On The Rain"

Eram poucas as pessoas que estavam se atentando à essas pequenas divergências...a maioria estava embalada no sucesso e no visual da dupla, que conseguia convencer a grande massa. 

E é aí que eles foram impulsionados a iniciar uma turnê americana, onde ocorreu o grande e fatal erro...


Milli Vanilli - "Girl I’m Gonna Miss You" (1988)
Essa meu pai tinha numa fita K7 de "internacionais românticas", quando eu era criança... Impossível não se lembrar disso!


Na verdade, uma hora eles iriam ser pegos de qualquer jeito, mas essa turnê nos Estados Unidos apenas facilitou para que a verdade fosse revelada antecipadamente. Os modelos Fab e Rob faziam uma apresentação na cidade de Bristol, em Connecticut, em 21 de julho de 1989, quando a bomba relógio "explodiu". 

MILLI VANILLI: DA ASCENSÃO À QUEDA

Enquanto a dupla performava a gravação de "Girl You Know It’s True", o CD enroscou e começou a tocar repetidamente apenas o trecho “Girl, you know it’s”. Desesperado e sem saber o que fazer, Rob deixou o palco correndo, diante de um público de 80.000 pessoas, numa ironia perfeita: o CD enroscou justamente antes da palavra “true” (verdade):


O momento em que o mundo caiu sobre o Milli Vanilli

Depois dessa "tragédia", Charles Shaw (um dos artistas reais do Milli Vanilli) começou a espalhar entre os jornalistas que ele era o rapper original de "Girl You Know It’s True", com isso, depois desse playback desastroso, ainda tiveram que enfrentar essas acusações de Charles Shaw...  Iniciava então, o pesadelo na vida dos modelos do Milli Vanilli.

Logo depois de pagar 140.000 euros para esse rapper manter a boca fechada, Farian deu uma entrevista coletiva e resolveu contar toda a verdade, que Pilatus e Morvan eram somente os modelos que dublavam no Milli Vanilli, e que os cantores reais não apareciam.

Frank Farian ainda tentou justificar (de maneira desleal e incoerente), dizendo que Madonna, Janet Jackson, Village People, entre outros popstars também faziam playback e que isso era normal, mas todos esses artistas citados usavam de suas vozes nos estúdios...podiam fazer playback nos shows sim, com a finalidade de entregar coreografias impecáveis à plateia, mas estes artistas cantavam de verdade em seus discos, ao contrário de Pilatus e Morvan. 

A verdade é que Frank Farian tentou ser fraudulento até em suas justificativas! Apresentou um argumento de má fé, duvidoso, e acusando até mesmo outros artistas, que nada tinham a ver com aquele escândalo que ele próprio criou.


A academia solicitou que o Grammy fosse devolvido, afinal, a dupla só enganou o público, a crítica, e não eram artistas

Outro fato que chamou a atenção na época, é que muitos fãs processaram o Milli Vanilli nos tribunais, exigindo a devolução de seu dinheiro gasto com discos, ingressos de shows e produtos de merchandising (e aqui no Brasil vemos fãs de modelos ameaçando de processar cidadãos honestos, rsrs literamente, o famoso "poste mijando no cachorro", rs).

Pilatus e Morvan ficaram com a eterna fama de mentirosos e enganadores, mas havia todo um esquema por de trás envolvendo muitas pessoas, não somente a dupla. Os dois afirmavam que, além de Frank Farian, todos da gravadora Arista sabiam da mentira, incluindo o seu presidente, Clive Davis

Depois de tanto vexame e de carregarem toda a culpa sozinhos, a dupla de dançarinos tentou voltar à música, e desta vez cantando de verdade sob o nome artístico de Rob e Fab. O disco foi lançado em 1993, mas foi um grande fracasso, vendendo apenas 2.000 cópias. Afinal, quem iria acreditar neles depois de tudo? (aqui no Brasil sim, existem fãs de modelos, mas lá fora o pessoal é mais exigente...).

Já o produtor Frank Farian, ele também quis continuar lucrando e trouxe ao público The Real Milli Vanilli, com os vocalistas originais (Brad Howell e John Davis) mas que também foram super rejeitados pelo público.

É aquela velha história de "Pedro E O Lobo"... justo quando as pessoas se cansam de acreditar nas mentiras de Pedrinho, o Lobo resolve aparecer de verdade... E aí? Como Pedrinho faz para convencer as pessoas, que agora ele está dizendo a verdade??

E no caso de Frank Farian? Será que ele ainda continuava com algumas mentiras? Surpreendentemente sim... Acontece que as capas dos discos do "Real Milli Vanilli", e até no relançamento do 1º álbum, informavam que a backing vocal das músicas era Gina Mohammed, mas essa garota não cantou uma nota sequer nestas gravações. 

As vozes femininas do Milli Vanilli eram delas e continuavam sendo no Real Milli Vanilli:
LINDA ROCCO e JODIE ROCCO

"Frank Farian havia contratado Gina Mohammed para substituir Linda Rocco e Jodie Rocco, pela etnia. Frank queria fazer um grupo inteiro de negros apenas. Porém, o segundo álbum já estava pronto quando Gina se juntou ao projeto. Tudo o que ela fez foi dublar as vozes da Linda e Jodie, ou cantar sobre as vozes delas e receber os créditos por algo que ela nunca fez parte. Não sabemos porque creditaram ela no CD, sendo que no primeiro lançamento do álbum (em 1988) o nome dela não aparece nos créditos dos vocais, no entanto o nome de Linda e Jodie estão presentes. Gina nem era parte do grupo quando o primeiro álbum foi gravado e ela ainda recebeu créditos como uma das vocalistas...isso é ridículo"

Informou o fã, Miguel Santos.


O 1º álbum do Milli Vanilli foi relançado, mas...

Gina Mohammed não gravou no estúdio, as vozes eram apenas de Linda Rocco e Jodie Rocco

Devemos ressaltar que Gina Mohammed é cantora realmente, não só uma modelo como Pilatus, Fab, Olga de Souza, Sannie e tantos outros que não gravavam nada na Euro-pop. Gina é uma boa artista, gravou alguns singles famosos e que são bem conhecidos pelos fãs de eurodance... O problema é ela mentir sobre isso até os dias atuais e confirmar que gravou no Milli Vanilli, sendo que não é verdade (provavelmente faz isso para pegar carona e visibilidade no meio dessa polêmica, que é uma verdadeira vitrine para ela). Você pode ouvir a voz real de Gina Mohammed no projeto de eurodance Loft, por exemplo. 

No Milli Vanilli, Gina Mohammed não gravou nenhuma música embora tenha sido creditada por ser "a negra do grupo". A cantora também gravou em sua carreira solo, procure e ouça: Gina Mohammed - "Love Is All I See".


LINDA ROCCO SOBRE JOHN DAVIS

Linda Rocco, que também fez inúmeros trabalhos musicais (e até foi vocalista do Masterboy entre 1996/1998), escreveu em seu facebook um triste pesar sobre o falecimento de John Davis:

"Hoje acordei com a triste notícia de que meu amigo e colega Johnny Davis havia morrido. Estou chocada e profundamente triste com esta notícia. Minhas sinceras condolências para a sua filha Jasmin e toda a família. Conheci Johnny muito antes de fazermos Milli Vanilli juntos. Sempre achei que ele era o cara mais legal. A última vez que o vi foi quando fomos entrevistados por Oprah Winfrey, sobre nossos papéis no Milli Vanilli, há alguns anos. Ele deixou a sua marca na história da música "Girl I´m Gonna Miss You" que fizemos juntos com a minha irmã gêmea Jodie. Descanse em paz Johnny." - Linda Rocco


O DESTINO DOS MODELOS

Sobre os modelos do grupo, depois de tantas decepções e de carreiras arruinadas, uma fatalidade acontecia com um dos personagens centrais desta instigante história. 

Pilatus morreu em abril de 1998, aos seus 32 anos de idade, num hotel de Frankfurt por uma overdose de tranquilizantes misturados com álcool. Aparentemente Pilatus não soube lidar com o fracasso e com o desprezo que recebeu após o escândalo se tornar público... Deve ter sido doloroso e traumatizante para ele, sair do mundo do glamour e da fama para se tornar numa das maiores piadas mundiais. Ele, inclusive, já havia se autoproclamado à revista Time como mais talentoso que os astros Bob Dylan, Mick Jagger e Elvis Presley. Então, imaginem a cobrança e a vergonha em cima do modelo depois que toda a verdade veio à tona...

Fab Morvan com John Davis

Já Fab Morvan se aprimorou no canto e atualmente canta muito bem, além de atuar também como DJ. Ele ainda fez shows (ao vivo) em parceria com John Davis, com o nome de "Face Meets Voice: A True Milli Vanilli Experience" ("O Rosto se encontra com a Voz: uma autêntica experiência Milli Vanilli").

Morvan soube conduzir muito bem a sua carreira -  apesar das dificuldades- , usando de toda essa fama negativa como aprendizado. Ele até deu palestras motivacionais para as pessoas "não desistirem, apesar de seus problemas".

Confiram o belo espetáculo "Face Meets Voice: A True Milli Vanilli Experience" (realizado em janeiro de 2020), com a dupla John Davis e Fab Morvan:


RIP JOHN DAVIS
Obrigado!



sexta-feira, 14 de maio de 2021

A PRIMEIRA VERSÃO DE "DANCING IN THE NIGHT" PARA O CONNIE NICE

 O PROJETO SE CHAMAVA "4 FREE" E TINHA A VOZ DE PETRA MAGONI EM "DANCING IN THE NIGHT"

 Petra Magoni foi a primeira cantora a dar vida à "Dancing In The Night"

Apesar de algumas pessoas criticarem o Blog, dizendo que o trabalho aqui é fácil pois consigo as informações diretamente com os produtores (olha a desculpa, para ter o que criticar, rs...), estou feliz com mais essa exclusividade que trago aos verdadeiros amantes da Dance Music, e que eu já adianto: não foi nada fácil de conseguir não... 

Simplesmente é a primeira versão de Connie Nice - "Dancing In The Night", na voz da vocalista Petra Magoni, e que depois de 26 anos finalmente emerge-se dos bastidores da Eurodance! 

E digo mais: Se eu ficasse sentado, calado, tentando usar da telepatia para conseguir essa relíquia, podem ter a certeza que isso jamais iria acontecer...  Afinal, quem tem boca vai à Roma, já diz o antigo ditado.


FINALMENTE A VERSÃO ORIGINAL!

Quem pôde acompanhar o artigo especial sobre os 25 anos de Connie Nice - "Dancing In The Night" (publicado em 2020), provavelmente deve se lembrar quando o produtor nos contou sobre essa curiosa versão, que seria a original e gravada no estúdio de Gianni Bini

Marco Vincelli disse que ele e seus outros colegas estavam satisfeitos com o resultado final da canção, mas foi a Dig It que preferiu refazê-la, regravando-a com Melody Castellari nos vocais... Então essa se tornou a versão final e a que todos os fãs de Dance Music tiveram acesso, desde então.

"Mas e a versão com Petra Magoni? Quando poderemos ter acesso à essa versão??" -Perguntei à Marco Vincelli imediatamente, então ele disse que iria tentar localizar o vinil, fazer a conversão e que qualquer dia me enviaria... 

E não é que esse dia finalmente chegou???


Marco Vincelli

Bem, na verdade quem me enviou a música foi o DJ Bizio Mix, mas Marco Vincelli planejou e permitiu que isso acontecesse...  pois me convidou para uma conversa com alguns fãs da música, e nessa pequena reunião estava Bizio, que tem esse vinil. 

Bizio Mix é amigo antigo de Marco Vincelli e também acompanhou toda a produção de "Dancing In The Night", em 1995. Nessa conversa com os fãs, Bizio estava mostrando o seu vinil com a versão original e dizendo: "Essa é uma história que quase ninguém sabe, mas esse vinil tem a primeira versão de 'Dancing In The Night' com o vocal de Petra Magoni, ninguém tem isso que vocês estão ouvindo."

De repente, uma pessoa questiona sobre ser Petra Magoni realmente, pois ela canta jazz / blues... estilos totalmente diferentes... então, adivinhem quem entra na conversa para explicar melhor a situação? A própria Petra Magoni!

Acompanhem um trecho dessa conversa:

Fã: Mas temos certeza disso? Petra Magoni sempre fez outro tipo de música e me parece muito estranho... essa colaboração é realmente dela? Confio em vocês, mas é muito diferente de seus outros trabalhos.

Bizio Mix: É verdade o que você diz sobre Petra Magoni... De fato, ela canta outro gênero agora, mas essa gravação é de muito tempo atrás. Eu vi de perto a realização dessa faixa, foi feita por amigos aqui em Pisa, aliás Marina di Pisa, e Petra Magoni era amiga dos produtores .. Só depois a música foi refeita por Melody Castellari.

Petra N Magoni: É um fato verídico, eu confirmo! Na juventude, eu realmente fiz de tudo na música, antes de encontrar o meu caminho, e não nego nada. Eu estava sempre num grupo de adolescentes com Marco Vincelli, que sem smartphones e distanciamento social, se encontravam todas as tardes por horas na Praça de Berlin, em Pisa. 🙂 Acrescente-se ainda que fiz muitos outros singles Dance, com os pseudônimos dos mais variados, tanto que nem sequer me lembro deles.

Algum tempo atrás, por exemplo, recebi uma mensagem do Canadá perguntando se eu era a intérprete do projeto Lunja, e eu disse que não. Mas depois eu fui ouvir e era eu realmente...

De qualquer forma, acho que "Dancing in the Night" é a minha primeira gravação.


DJ Bizio Mix


Bizio Mix: Petra Magoni, Fico muito feliz que você tenha vindo aqui comentar, é bom saber dessas histórias...

Marco Vincelli: Petra Magoni, que bons tempos quando a Dance era feita com paixão. Um abraço!

Petra N Magoni: Acho que esse vinil também tem em outro lugar...

Marco Vincelli: De qualquer forma, esta versão original é mais bonita do que aquela que a Dig It lançou

Bizio Mix: Marco Vincelli... Eu penso como você. Tem mais frescor na sonoridade.

Marco Vincelli: Bizio Mix, é graças também à Gianni Bini, pois o estúdio dele já era ótimo quando a gravamos lá.

Depois que a conversa foi finalizada, solicitei à Bizio Mix no privado que, se possível, fizesse a conversão em mp3 desse vinil e me enviasse... Muito solícito e também fã da música, ele conseguiu fazer a conversão depois de 3 semanas, e aqui está esse raro material, que espero que vocês gostem!

Acho que as comparações com a versão de Melody Castellari são inevitáveis, e eu entendo isso totalmente...mas o mais importante, no meu ponto de vista, é poder contemplar as duas versões, e principalmente ter a chance de conhecer essa rara "demo". 

Afinal, é a música numa outra perspectiva! É o começo da história e da idealização de "Dancing In The Night"!!!!



4 FREE - "DANCING IN THE NIGHT" (1995)
VOCAL: PETRA MAGONI
ESTÚDIO DE GRAVAÇÃO DE GIANNI BINI
Para ter acesso a esta versão "demo" e o single "Dancing In The Night" (4 Free e Connie Nice), clique aqui.



EDIT 2022: ELES SE REENCONTRARAM DEPOIS DE ANOS:


Os amigos Marco Vincelli e Petra Magoni (a vocalista da primeira versão de "Dancing In The Night") se reencontraram no início de maio /2022

"Juntando-se depois de quase 25 anos
Uma visita inesperada que foi um grande prazer.
Uma linda noite em ótima companhia" - Marco Vincelli



AGRADECIMENTOS:
À Marco Vincelli (mais uma vez), Bizio Mix e Petra Magoni

quarta-feira, 12 de maio de 2021

BECKY HILL É UMA DAS MAIORES VOCALISTAS DA DANCE MUSIC ATUAL

COM VOZ MARCANTE E POTENTE, BECKY HILL É A CANTORA "DANCE" MAIS PROMISSORA DA ATUALIDADE

Ela quer dominar os charts dos clubs mundiais...

Você pode citar o nome de qualquer cantora da Dance Music dos anos 90? Sim, fácil, né? Agora, tente citar o nome de uma cantora dos anos 2000?? Vários nomes vieram em sua mente também, certo? 

Mas, você já parou para pensar em nomes de artistas que estão escrevendo a história dessa atual década???

Pois é isso mesmo, sem demagogia aqui, mas futuramente o nome de Becky Hill poderá estar entre os mais influentes da Dance Music da atual geração, devido ao seu comprometimento, inúmeros trabalhos na área eletrônica e por ter um vocal poderoso na pista... 

Você pode não estar se lembrando agora, mas com certeza já ouviu um certo sucesso em sua voz...  Sabe aquele mega-hit "Lose Control" do trio italiano Meduza? Então, é Becky Hill quem o canta... E confesso que a primeira vez que a escutei achei a sua voz uma mistura bem louca de Dua Lipa com Justin Bieber ... Mas resumidamente gostei muito do que ouvi, e a música fica na mente, com aquele vocal forte e agudo, sem falar na produção do Meduza, bem característica e que você consegue reconhecer logo nos primeiros segundos.

E apesar da música com Meduza fazer sucesso em 2020 (aqui no Brasil ainda muito tocada nas rádios), "Lose Control" é, na verdade, um single de 2019:


Meduza x Becky Hill x Goodboys ‎– "Lose Control" (2019)
Video Oficial
A Dance Music parece não mudar, mesmo com o passar de décadas... Os caras continuam não destacando a vocalista... (hahaha)
No vídeo, aparecem dezenas de figurantes, modelos para ser mais exato, e todos com "caras de poucos amigos". E digo mais, alguns estão com caras de que não almoçaram no dia da gravação... 

Becky Hill tem talento de sobra para cantar verdadeiros sucessos da Dance Music atual, por mais que não seja reconhecida aqui no Brasil, terra onde associam a música eletrônica limitadamente ao "DJ Alok".

Seu nome real é Rebecca Claire Hill, nascida em 14 de fevereiro de 1994 (nunca o Blog mencionou alguém tão jovem) na cidade de Bewsley, no Reino Unido. 


A jovem cantora Becky Hill não é só um rostinho bonito...

Só para terem uma ideia da dimensão do talento da jovem, ela já escreveu e cantou oito músicas que receberam Certificados de Platina, além de ter sido a #1 em diversos charts importantes do Reino Unido.

Becky Hill sempre teve um pezinho na música e aos 14 anos de idade já escrevia as suas próprias composições. Não demorou muito e ela passou também a se apresentar com uma banda, chamada Shaking Trees.

Mas a fama só bateu à sua porta quando Becky participou do programa "The Voice" (UK), cantando "Ordinary People" de John Legend. Vejam o vídeo abaixo, de 2012, onde ela canta e recebe a aprovação dos cantores pop, Jesse J. e Will I Am (Black Eyed Peas)... Ela mal começa a cantar, e eles já viram as cadeiras!!


Becky Hill - "Ordinary People" (cover)
The Voice UK

Então, logo após a essa sua participação no "The Voice" (ela foi eliminada apenas na semifinal), Hill escreveu (e cantou) a letra de "Gecko" de Oliver Heldens, ao lado de MNEK. A canção liderou a parada de singles do Reino Unido em junho de 2014, e a vocalista consequentemente se tornou na primeira candidata do "The Voice" (UK) a alcançar o #1 nas paradas. 

Depois disso, a cantora não parou mais de batalhar e lançar singles atrás de singles, sempre dentro do gênero "Dance", como a música "Back & Forth" (2018) numa parceria com MK & Jonas Blue.

Becky Hill não tem nenhum álbum de estúdio lançado, mas apresentou em 2019 uma coletânea intitulada de "Get To Know", com 13 faixas, e conseguiu arrebatar a incrível marca de 150 mil cópias vendidas, além de bater o maior número de streams de uma artista feminina (Reino Unido). Essa coletânea, que traz hits como "Back & Forth", "Lose Control", entre outros, ainda conseguiu ser Certificado de Ouro...


Becky Hill, a cantora de Dance Music da atual geração

Esse assunto sobre streams parece um pouco confuso para quem sempre acompanhou os charts dos anos 80,90 e 2000, né?... porém, não podemos nos esquecer que estamos vivendo na Era das plataformas digitais, e essa nova forma de vender música é onde a britânica parece saber dominar muito bem...

Aos 27 anos, Becky acumula mais de 1.75 bilhões de plays apenas no Spotify, 900 mil streams somente no Reino Unido e mais de 14 milhões de ouvintes mensais na plataforma. É visível o interesse por Becky Hill na Europa, principalmente em seu país!!

Ainda em 2020, Becky colaborou com Tiësto na música "Nothing Really Matters", que também foi bem popular entre os ouvintes de Dance Music. Mais tarde, ela participou de uma outra canção do produtor, chamada "Over You".


Tiësto feat. Becky Hill - "Nothing Really Matters" (2020)
Video Oficial
Material gravado na quarentena, assim como muitos vídeos da época...

Em agosto de 2020, Becky chegou a anunciar em seu Instagram que a gravadora Polydor havia confirmado um possível lançamento de seu álbum de estreia: 

"Só para vocês saberem, a Polydor me deu uma data de lançamento para o álbum, que deverá sair no próximo ano (2021), e isso é para que vocês saibam que realmente está acontecendo, depois de 8 anos ele está vindo". 

Em novembro de 2020, ela fez um cover do clássico "Forever Young" do Alphaville para um comercial natalino do McDonald's, que se tornou a sua primeira música solo a alcançar o Top 40 do Reino Unido (ela sempre esteve envolvida antes apenas como "featuring"...)

No começo de 2021, Becky Hill trabalhou com o brasileiro Bruno Martini e gravou a música "Wake Up With You" (parceria também com Magnificence):


Bruno Martini, Becky Hill, Magnificence - 
"Wake Up With You" (2021)
Vídeo Oficial
Por incrível que pareça, ouvi essa "novata" tocar na Jovem Pan... Só acho essas batidas muito sutis demais para o meu gosto, nem dá para senti-las... Talvez EU que não esteja preparado para essa nova tendência da Dance Music... mas a música em si é boa!


E mais recentemente ainda, no final de março de 2021, Becky Hill lançou a sua mais nova música "Last Time":

Becky Hill - "Last Time" (2021)
Vídeo Oficial
Becky Hill quer continuar na sua escalada rumo ao sucesso com "Last Time"


Aos 27 anos, a artista afirmou ao site da Universal Music:

"Este ano pretendo levar minha carreira e minha música para o próximo nível, não só no Reino Unido, mas em todo o mundo. Eu amo o que faço, coloco muita paixão e espero que você ame tanto quanto eu este novo single, ‘Last Time’, e também a música que irei fazer no verão"

E como ela quer muito isso, eu só posso te dizer: Divirta-se e dance muito, com Becky Hill!


domingo, 9 de maio de 2021

HADDAWAY RETORNA COM NOVAS MÚSICAS!!!

HADDAWAY - "WHAT IS LOVE"  SEGUE COMO UM DOS MAIORES ACONTECIMENTOS DA DANCE MUSIC MUNDIAL

"NÃO ME MACHUQUE MAIS... NÃO MAIS..."

O nome real desse grandioso artista é Alexander Nestor Haddaway, e nasceu em 9 de janeiro de 1965 na ilha de Trindade e Tobago (próximo da Venezuela). Filho de um oceanógrafo holandês e de uma enfermeira de Trindade, Haddaway começou a se dedicar à arte musical quando morava nos EUA, época que ainda era adolescente e estudava no colégio "Meade Senior High School", e onde sempre participou das bandas sinfônicas, jazz, apresentações de palco... 


Haddaway matou a pau com "What Is Love", "Life", "Rock My Heart", "I Miss You"...

Haddaway estudou nesse colégio até 1983 (quando já tinha 18 anos de idade) e posteriormente também fez algumas colaborações com uma banda cover chamada "Chance", enquanto estudava Ciências Políticas na Universidade George Washington, em Washington (EUA). 

Em 1987, então com 22 anos, Haddaway foi morar na Alemanha, na cidade de Colônia, onde as engrenagens da Dance Music começaram a se encaixar em sua vida. Ele trabalhava muito na Alemanha, atuando como jogador de futebol americano, coreógrafo, vendedor de tapetes... e também fazia música para ganhar um dinheiro extra.

A chance do cantor veio em 1992, quando ele assinou um contrato com o selo alemão Coconut Records, então foi a partir daí que a Eurodance dos anos 90 nunca mais foi a mesma...


Haddaway - "What Is Love" (1992)
Vídeo Oficial
Quase 30 anos se passaram, e essa música continua insuperável!! 
Energia, melodia, instrumental, harmonia... QUE CLASSE!!

O primeiro single "What Is Love" (1992) foi arrebatador nos clubs e FM's de todo o planeta, influenciando ainda diversos outros artistas dos anos 90 e colaborando muito na ascensão do eurodance daquela década. Inicialmente estourou apenas na Europa (começando em 1992 e depois se espalhando por 1993), tornando-se o #1 em pelo menos 13 países e alcançando o #2 na Alemanha, Suécia e Reino Unido. 

Fora da Europa, o single também foi muito aclamado, alcançando o #11 nos Estados Unidos, o #12 na Austrália, e o #17 no Canadá. 

Haddaway teve suas músicas veiculadas nos clubs, rádios e até nas telenovelas!

No Brasil, "What Is Love" foi uma das canções mais tocadas pelos DJ's nas noites de 1993, além de ter sido inclusa na trilha sonora da novela "Sonho Meu", como tema do personagem "Lucas", interpretado pelo ator Leonardo Vieira. 

Este também foi um período muito favorável para a Dance Music, e tínhamos sempre no ranking das mais tocadas, músicas de artistas icônicos como Masterboy, Ace Of Base, Captain Hollywood, Robin S., Dr. Alban, Culture Beat, 2 Unlimited... Enfim! Foram tempos gloriosos!!!

Eu aceito trocar esses charts de 1993 por um dos nossos mais atuais, e vc? 

Haddaway - "Life" (1993)
Vídeo Oficial
A música estreou nos charts brasileiros em setembro de 1993, e seguiu o mesmo caminho do sucesso "What Is Love"

O disco de estréia de Haddaway, "The Album", foi lançado em 1993 e trouxe novos frutos para os fãs do cantor. O segundo single "Life" (uma de minhas favoritas) atingiu o #2 na Alemanha, #6 no Reino Unido e #41 nos EUA. Esse novo som estreou nos clubs brasileiros em setembro de 1993 e também teve o seu merecido destaque. 

Devemos ressaltar ainda a romântica "I Miss You" (tema da novela "A Viagem", 1994) e a destruidora "Rock My Heart", dois grandes singles que também foram TOP 10 na Europa e América.

A canção "What Is Love" ainda rendeu à Haddaway dois prêmios no German Echo Award de 1994, nas categorias "Melhor Single Nacional" e "Melhor Single Nacional de Dance", além de obter um reconhecimento que perdura até os dias atuais... 

Há 27 anos, em maio de 1994, Haddaway ainda esteve no Brasil e se apresentou no programa "Domingão do Faustão" (no fatídico domingo que faleceu Airton Senna). Nesse dia ele apresentou seus trabalhos "What Is Love" e "Rock My Heart", e ainda falou sobre a morte de Airton Senna. 

Quem viveu isso, jamais se esquecerá!


Na Toco Dance Club, uma das mais populares casas noturnas de SP, só deu "What Is Love" em setembro de 1993


Haddaway - "Rock My Heart"(1993)
Vídeo Oficial
Não deixe de ouvir também a versão extended, que consegue ser ainda mais contagiante, dando mais enfase ao backing vocal feminino...
 Fantástico!!

Os Dj's colocando Haddaway no topo em Curitiba-PR

Em 1995, o Eurodance continuava dominando o mundo e Haddaway lançou o seu tão aguardado segundo álbum: "The Drive".

Este disco gerou o hit "Fly Away", bem como a espetacular "Catch a Fire" e "Lover Be Thy Name", todas responsáveis por estabelecê-lo como um dos maiores artistas do Eurodance. 

E depois de tantas faixas aclamadas, vejam só que loucura... Eu vi a MTV exibindo o clipe de "What Is Love" num especial de "One-Hit Wonder", e isso me incomodou demais... Esse povo tem o que na cabeça? É muita ignorância achar que Haddaway é um artista de um hit só!

Fiquei inconformado com aquilo que estava vendo. Na sequência, a MTV ainda transmitiu "Barbie Girl" do Aqua, então logo troquei de emissora...(para não quebrar a TV com uma voadora). É muita falta de informação desses programadores...


Haddaway - "I Miss You"(1993)
O artista não atingiu as paradas apenas com Dance Music, mas ainda nos brindou com essa lindíssima balada, que foi muito bem tocada em todas as rádios... O cara tinha a "manha" de fazer muitos hits!! "One-Hit Wonder" é o caramba!

Em 1998, Haddaway lançou o seu 3º álbum e alguns singles também chegaram ao Brasil, mas infelizmente já não recebia tanto destaque como nos anos anteriores, principalmente da Jovem Pan 2, que não abriu nenhum espaço para essas novidades do cantor...  Mas, rádios menores do país tocaram muito na época... o que foi muito bom!! Dentre esses singles podemos citar "What About Me" e "Who Do You Love", que tenho até hoje em minhas K7s gravadas via Educadora FM.

E "What Is Love" cresceu em popularidade novamente, desta vez como trilha sonora do filme "Os Estragos de Sábado A Noite" (1998), que é uma paródia de "Os Embalos de Sábado A Noite" (1978). A música também foi apresentada num comercial da Pepsi de 2008; e em 2010, foi sample vocal para a faixa "No Love" do rapper Eminem. Ufa!!

Ah, e em 2014, a cantora de pop-dance Kiesza também recriou essa música. Ou seja: É um clássico imortal que está sempre voltando e sendo revisitado pelas novas gerações!!

Não adianta fugir muito de "What Is Love", é atemporal e irá te perseguir onde quer que você vá!


Toda a diversidade musical dos anos 90: Tim Maia, Pearl Jam, Jon Secada, Biquini Cavadão...e Haddaway no topo da rádio Transamérica, em setembro de 1993!!


Mas... O que é o amor, afinal? 

O cantor disse que essa é uma questão muito individual, que cada um tem a sua forma de definir o que é o amor, mas afirmou que para ele significa confiança, amizade, cumplicidade e companheirismo.

Haddaway nunca parou de lançar suas diversas músicas, mesmo não conseguindo o mesmo sucesso de antes (1992-1998). Inclusive, acabou de lançar dois singles nas últimas semanas: "And Now" e "Part Of You" (que é uma colaboração dele com o projeto FHE). 

No youtube, a recepção está sendo positiva:


"As músicas do FHE são umas das melhores coisas que conheci este ano"

"Ft Haddaway? Put* merd*, que maravilha deve ser trabalhar com essa lenda. <3"

"Boas vibrações" 


FHE feat. Haddaway - "Part Of You" (2021)

Sobre o seu novo single solo, "And Now", em sua página pessoal o artista avisa :

"Olá pessoal, este é meu novo single

'AND NOW'

Neste tempo de quarentena, tentei fazer o meu melhor para esse novo trabalho.

Meu parceiro Paul Keenan e eu escrevemos 13 ótimas faixas"


Haddaway - "And Now" (2021)

Ao todo, Haddaway já lançou 06 álbuns oficiais e inúmeros singles... Contudo, muitas dessas canções fizeram sucesso, enquanto que outras simplesmente passaram despercebidas...
"And Now" (2021) eu conheci no último podcast do Fábio Allan, que você pode ouvir ou baixar acessando aqui (tem outros lançamentos da música eletrônica também).

Para quem gosta de acompanhar e prestigiar as novidades dos artistas (eles estão vivos!!), fica aqui a dica.


ENJOY!!