domingo, 27 de fevereiro de 2022

FARSAS: A ITALO DISCO "TARZAN BOY" (1985) DE BALTIMORA

Que a Eurodance dos anos 90 foi uma grande "safada" com o seu público, no que se diz respeito a artistas reais e modelos, isso ninguém pode negar! Mas é importante acentuar também que essa prática maldita começou há muitos anos, mais basicamente na década de 70, bem lá nos primórdios da Dance Music... E aqui está mais um desses casos que "brincou com os nossos sentimentos", o mega-clássico da Italo Disco que você, com certeza, ouviu muito: 


BALTIMORA - "TARZAN BOY" (1985) - DAS SELVAS PARA AS DISCOTECAS 


Video Oficial: Baltimora - "Tarzan Boy" (1985)
Letra: Naimy Hackett
Arranjos: Maurizio Bassi


O refrão de "Tarzan Boy" é literalmente o grito do mitológico personagem Tarzan, e essa é uma das ítalos mais cativantes que eu já ouvi em toda minha vida! Preste atenção na energia positiva que esse som nos proporciona, um astral elevado que ainda mexe com as nossas emoções - mesmo depois de quase quatro décadas após o seu lançamento!!

Solicito também que concentre-se na guitarra, no sintetizador e no baixo, e veja como eles parecem ganhar vida própria já na sua fantástica introdução! Não tem como não se mexer... pelo menos os ombros, ah, você vai!! 

O que me chama muito a atenção em "Tarzan Boy" é a produção. Cada instrumento em seu devido lugar, tudo tocando em harmonia. Os grooves parecem entrar em nossas mentes com antecedência, pois automaticamente já sabemos que eles irão se manifestar depois daquela parte vocal favorita, ou depois do contagiante refrão. No meu caso, o momento favorito é quando o vocalista se expressa: "Night to night, Gimme the other, gimme the other, Chance tonight, Oh yeaah!!", com o destaque mais uma vez para os sintetizadores... Ahh, como são mágicos! 


 O NASCIMENTO DO FENÔMENO "TARZAN BOY"

"Aqui você não vai sentir falta da sua casa, 
Aproveite a chance,
Deixe tudo para trás,
Venha à selva e junte-se a mim!"

"Tarzan Boy" foi lançada originalmente em alguns países no ano de 1984, mas foi em 1985 que conseguiu se destacar mundialmente, inclusive aqui em nosso país, a terra do samba e da bossa nova. Esse hino italiano foi tocado em muitas discotecas, festas de casamentos (eu era criança, mas me lembro), foi trilha sonora de uma novela global chamada "De Quina Pra Lua" (1985/1986), e também se tornou uma música de abertura do famoso "Perdidos Na Noite" (programa de TV muito conhecido dos anos 80, e que tinha o Faustão como apresentador).

Essa animada faixa foi o single de estreia do italianíssimo Baltimora, que muita gente nos anos 80 acreditava ser uma banda musical de New Wave americana, mas na verdade era um simples projeto produzido pelo compositor, arranjador e produtor milanês Maurizio Bassi.

Maurizio Bassi, o criador do projeto Baltimora

O time robusto desse espetacular projeto foi composto por Maurizio Bassi (teclados e produção executiva), Giorgio Cocilovo (guitarra principal), Claudio Bazzari (guitarra rítmica), Pier Michelatti (baixo), Gabriele Melotti (bateria), Naimy Hackett (compositora) e Jimmy McShane (performer).

Esse último integrante citado era o jovem desinibido e expansivo que aparecia nos shows, vídeos e capas dos discos. Seu nome real era James Harry McShane, um dançarino contratado apenas para dublar e fazer as performances de "Tarzan Boy", embora que, alguns de seus fãs ainda insistem em dizer que ele fazia também os backing vocals para as produções do Baltimora (fãs fazem de tudo para aliviar a barra de seus ídolos, né?). 

Além de ser o cabeça (líder intelectual) do BaltimoraMaurizio Bassi foi, ao que se acredita, um dos vocalistas do mega-hit "Tarzan Boy". Quanto à Naimy Hackett - uma cantora e compositora americana - foi ela que colaborou na escrita da letra. Naimy escreveu a letra de "Tarzan Boy" e Maurizio preparou os arranjos... quando eles mal sabiam que este se tornaria um dos maiores hinos dos anos 80.


Maurizio Bassi era também Mau Bassi, além de cantar em outros grupos, como em sua banda Roger B. Band


Um fato interessante, é que Maurizio Bassi já era um cantor de dezenas de músicas na Itália, porém, nunca conseguia se destacar nos charts. No início de 1981, o músico se lançou como cantor novamente, agora sob o pseudônimo de Mau Bassi, e mais uma vez falhou e não trouxe aquele "impacto" à plateia. Então, em 1984, Maurizio Bassi - já "calejado" - conseguiu criar uma melodia harmoniosa e promissora em sua cabeça, mas faltava-lhe ainda uma letra para acompanhá-la. 

Inspirado, foi aí que ele contratou a autora Naimy Hackett, que em suas palavras escritas deu vida à um jovem Tarzan que buscava sobreviver na selva, e ainda convidava outras pessoas a viver com ele em suas aventuras. Maurizio achou o resultado espetacular, então gravou a "demo" com sua voz. 

O que poucos sabem, é que o italiano da cidade de Rimini, Silvio "Silver" Pozzoli, também colocou os seus vocais para essa fenomenal canção. Se você conhece o clássico de Den Harrow - "Mad Desire" (1985) e o seu trabalho solo Silver Pozzoli - "Step By Step" (1985) irá sentir essa mesma familiaridade vocal no hit "Tarzan Boy", visto que ambas as canções foram cantadas oficialmente por Mr. Pozzoli. 


Silver Pozzoli: Uma das vozes mais imponentes da Italo Disco


Outra coincidência, é que "Mad Desire" e "Step By Step" também foram compostas por Naimy Hackett, ou seja, a mesma compositora por trás de "Tarzan Boy" (1985), denunciando que Pozzoli e Hackett já estiveram juntos em outras parcerias naquele mesmo período.

Sobre o que foi mencionado a respeito do modelo Jimmy McShane, ele realmente proporcionou apenas a sua dança, sincronização labial e imagem nas apresentações do Baltimora. É um assunto muito discutido na internet, embora muitas páginas ainda se sentem solidárias ao dançarino (que teve uma vida bem dramática), então atribuem à ele a função de "cantor" ou de "backing vocal", mas "Tarzan Boy" é uma mistura das vozes de Maurizio Bassi e Silvio Pozzoli (uma das maiores lendas da Italo Disco dos anos 80 e um competente backing vocal para muitos artistas).


Os verdadeiros donos das vozes que ouvimos em "Tarzan Boy"


Quanto a Maurizio Bassi ser o vocalista em "Tarzan Boy", você poderá verificar sua legitimidade vocal em outros trabalhos musicais, como os vídeos postados abaixo. Mas na minha humilde opinião, tem mais características vocais de Silvio Pozzoli em "Tarzan Boy" que de seu idealizador. Eu diria que Pozzoli foi o cantor principal e Bassi fez a voz de fundo, mas não quero me comprometer com achismos… É complexo estabelecer uma ordem sequencial desses fatos. Pode ser considerado também que, talvez a demo original da música foi gravada somente com a voz de Bassi, e depois foi regravada com o apoio vocal de Silvio Pozzoli a pedido da gravadora (como aconteceu também com o Connie Nice - "Dancing In The Night").

Tem ainda o fato de um dos cantores reais do projeto Den Harrow -  o tagarela Tom Hooker - ter confirmado que Bassi foi o vocalista em "Tarzan Boy", além de ter cantado em seu projeto Carrara (Alberto Carrara era apenas a imagem). Ou seja, Tom Hooker afirma que Bassi colocou sua voz em "Tarzan Boy" {Gosto de gente assim, sem papas na língua, hahaha}.


Maurizio Bassi – "Di Tutto Un Pop" (1981)

Roger B. Band -  "Love Is The Air" (John Paul Young Cover)


Sobre os vocais de Silvio Pozzoli, você poderá reconhecê-lo em diversas músicas espalhadas em projetos italianos, como Silver Pozzoli, Club House, Silver, Billy'S Gang, I Cavalieri Di Silverland, Den Harrow ("Mad Desire"), entre outros variados. E o melhor de tudo, é que Pozzoli regravou "Tarzan Boy" e o relançou em 2009 sob o seu nome solo "Silver Pozzoli". Ouça e sinta a sua voz! (Embora ele nunca tenha confirmado isso oficialmente)


Silver Pozzoli - "Tarzan Boy" (2009)


E se você prefere assistir lives reais de seus artistas favoritos, recomendo que veja esses registros abaixo onde Pozzoli canta "Tarzan Boy" nos palcos, totalmente ao vivo, igualmente como fez Annerley Gordon com o mega-hit "Saturday Night" mais recentemente:


Silver Pozzoli ao vivo cantando "Tarzan Boy" - Créditos do Vídeo: GIOVANISTESI

Aqui, Mr. Pozzoli se junta com Eddy Huntington (outro ícone da Italo Disco) e cantam "Tarzan Boy" em 08 de novembro de 2008 - Créditos do Vídeo: GrethaSolina


Só lembrando que Annerley nunca mencionou nada sobre ser a cantora real do Whigfield, assim como Silvio Pozzoli também nunca comentou o seu envolvimento em "Tarzan Boy".

Esse tipo de atitude (ou melhor: falta de atitude) é muito natural porque esses projetos NÃO pertencem à estes artistas… Soaria antiprofissional e antiético, se divulgassem à todos que essas músicas foram gravadas originalmente com suas vozes. Sem falar na sensação que causaria nas demais pessoas, de que querem se autopromover em cima dos produtores, os verdadeiros "chefões" que detém legalmente os direitos dessas marcas. Resumidamente: Os cantores foram remunerados para exercer um trabalho, gravaram, fizeram o que estava no contrato, e acabou.

Por este motivo, muitos segredos acabam ficando mantidos apenas nos backstages, pois a outra parte é quem determina o que deve ser revelado. Estes cantores não podem sair por aí, comentando sobre um projeto sem a devida aprovação de seu detentor legal. Por isso, em sã consciência existe o silêncio dessa classe, pois ninguém quer ser aborrecido com a lei e enfrentar na justiça alguns processos de indenização. 

De qualquer forma, alguns fãs mais assíduos da Italo Disco já tem essas informações secretas há anos, e agora, você - estimado leitor -  também sabe de quem são os verdadeiros vocais em "Tarzan Boy"

E se você pensa que o mérito dessa descoberta é meu, engano seu! Há poucas páginas italianas que indicam que Silvio Pozzoli é o vocalista do Baltimora (a maioria cita apenas Maurizio Bassi), mas você pode encontrar facilmente estas informações… Veja abaixo, algumas das fontes que expõem o nome do artista:

"Tarzan Boy" de Baltimora, foi cantado por Silver Pozzoli, vendeu milhões de discos (inclusive nos EUA), mas o frontman foi o falecido Jimmy McShane." - Site: decadancebook.wordpress.com Data da publicação: 16 de abril de 2016.

Pozzoli também cantou com Baltimora, Raf, Eros Ramazzotti e Edoardo Bennato” - Site: chartsurfer.de (Sem data de publicação disponível, mas é um site antigo fundado em 28/03/2003). Essas são só algumas das minhas referências, tenho outras e se alguém quiser, é só pedir.

Vinil "Tarzan Boy" de Baltimora -  Edição brasileira lançada em 1985


Perceba que a 1ª tiragem do single de "Tarzan Boy" não nos mostra nenhum "artista real" em sua capa, apenas exibe um desenho simples para representar o projeto; inclusive, uma ocorrência que se tornaria bem rotineira nos anos 90 em diversas outras farsas da música europeia, como o Corona - "The Rhythm Of The Night", Randy Bush - "Sounds Like a Melody", Whigfield - "Saturday Night", Mr. President - "M.M", e etc. 

Isso ocorria porque, na época, os produtores não imaginavam que suas músicas fossem ganhar tamanha projeção, então faziam um lançamento quase que "insignificante" para seus produtos. Para a surpresa desses músicos, muitas dessas faixas se transformavam em verdadeiros hits mundiais... e consequentemente as gravadoras tinham que correr atrás de um rosto para representar estes seus sucessos, já que a maioria dos cantores originais apenas trabalhavam como "freelancer's" de variados estúdios.

Os frequentadores das noites, já curiosos, clamavam por mais informações sobre o Baltimora... "Quem é ele?" e "Onde posso ver seus shows?", essas eram algumas das perguntas mais feitas pelos fãs naquele auge do projeto. E diante dessa situação, adivinhe quais foram os passos dados pelo produtor? Maurizio Bassi estava em busca de alguém que pudesse cativar o público visualmente, então, ele praticou o ato que a música Euro-pop sabe fazer muito bem: Inserir um modelo para atuar no projeto! 


Modelos em alta na Itália: Jimmy McShane ao lado de Stefano Zandri (do projeto Den Harrow), dois rostos que não cantavam, mas que davam o visual que o público queria ver

A alegre e empolgante "Tarzan Boy" precisaria de alguém bem articulado e que definitivamente soubesse dançar, e não alguém que fosse parecido com um corretor da bolsa de valores (como o formal Maurizio Bassi lembrava bastante). Bom, pelo menos essa foi a maneira de pensar do produtor, num propósito de vender o seu produto ao público.

E assim surgiu o dançarino Jimmy McShane ao projeto Baltimora, sendo o frontman (ou se preferir, "performer") e com o intuito de fazer as promoções, turnês, videos e, quem sabe, aumentar ainda mais a fama de "Tarzan Boy"...


JIMMY MCSHANE
"TARZAN BOY": IMAGEM DE UM, TALENTOS VOCAIS DE OUTROS 


Inicialmente "Tarzan Boy" estourou em países como a Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Suécia, Holanda, Noruega e França; inclusive, ficou em primeiro lugar por cinco semanas consecutivas nas paradas francesas. Mas o sucesso estava apenas começando, e "Tarzan Boy" atravessaria ainda muitas outras fronteiras...

Logo "Tarzan Boy" chegou também no Reino Unido, onde atingiu o 3º lugar na principal parada britânica, ou seja, já era uma grande febre nas rádios e discotecas por toda a Europa!!!

Quanto a continuidade do sucesso do Baltimora em outros continentes, isso realmente foi possível, visto que as performances do modelo pelas emissoras de TV se tornaram numa grande vitrine para "Tarzan Boy"

Em 1986, o single obteve reconhecimento também nos EUA, onde esteve na Billboard Hot 100 por seis meses e atingindo a 13ª posição. Ainda nos EUA, a faixa conquistou a 6ª posição na "Hot Dance Music/Club Play" e a 12ª posição na "Hot Dance Music/Maxi-Singles Sales".


Baltimora era Jimmy McShane (para o público)


Com essa popularidade em alta, o projeto italiano esteve ainda num programa de TV americano chamado "American Bandstand", nesse mesmo ano de 1986. 

Entrevistado pelo apresentador Dick Clark, Jimmy McShane explicou ao público americano como se tornou um "cantor", falou sobre as gravações na Itália e deu alguns detalhes sobre o álbum "Living in the Background", recém lançado nos EUA.

Tudo isso, é claro, sem deixar o público saber de toda a verdade, pois o efeito poderia ser devastador e o sucesso vir de maneira negativa, como ocorreu anos depois com o Milli Vanilli - a farsa mais famosa do mundo musical.


O sonho de virar uma estrela foi realizado, e embora não fosse a voz real nas músicas, Jimmy McShane dominava o palco com sua dança... 


É hilariante citar também que, na época, já existia muitas teorias imbecis criadas pelo público conservador, então esse grupo começou a inventar uma história ridícula sobre "Tarzan Boy", especulando que havia uma intenção subliminar na letra da música. Devido ao fato de McShane ser gay, citavam que a "Tarzan Boy" era um convite aos homens para "irem à selva", e que nesse trecho o propósito da letra era transformar esses ouvintes em gays (!).

Entretanto, nada atrapalhou o sucesso de "Tarzan Boy", que conseguiu até um ótimo desempenho nos EUA (feito muito difícil de conquistar). O que os integrantes do Baltimora não sabiam, é que se tonariam também conhecidos por lá como um grupo "One Wonder Hit", pois não conseguiram repetir o mesmo êxito com nenhum outro single, embora na Europa o segundo trabalho "Woody Boogie" ganhou um notável sucesso, entrando no Top 20 da Alemanha, Suíça e Suécia.

 

A CURTA DISCOGRAFIA DO BALTIMORA

Apenas dois álbuns foram lançados oficialmente, e só o 1º álbum "Living In The Background" foi distribuído no Brasil. 
Um fato estranho, é que estes álbuns não ganharam nenhuma edição oficial em CD, como se o produtor tivesse abandonado o projeto e não quisesse colher mais frutos nenhum com o Baltimora.

O Baltimora lançou o seu primeiro álbum, "Living In The Background", no final de 1985 na Europa, e chegou aos Estados Unidos em 1986 - assim como no Brasil (aqui saiu pelo extinto selo Itaipu - EMI).

E apesar da enorme notoriedade que conseguiram com o single "Tarzan Boy", infelizmente este 1º álbum só se tornou bem vendido em alguns países europeus. Foi distribuído ainda um terceiro single, a faixa que dava título ao álbum, mas não chamou tanto a atenção do público.

No ano seguinte, em 1987, o Baltimora resolveu reaparecer com um segundo álbum intitulado de "Survivor In Love", mas foi um grande fracasso de vendas e responsável por fazer Maurizio Bassi a desistir do projeto. Uma curiosidade sobre a música "Survivor In Love", é que esta contem créditos ao dançarino Jimmy McShane como compositor, sendo ainda uma faixa pouco conhecida do público. Desta nova safra, somente o single "Key Key Karimba" conseguiu entrar no Top 100 de alguns países e obtendo números bem abaixo da expectativa.


Um norte-irlandês cantando com sotaque italiano?
Mais um golpe musical... Cai quem quer!

O projeto Baltimora então foi finalizado precocemente, com apenas 3 anos de existência, mas ainda sobrevive nas mãos de inúmeros produtores, DJs, cantores e fãs que recriam e regravam o seu maior sucesso. Por exemplo, em 1993 foi lançado um remix de "Tarzan Boy" que levou o Baltimora de volta à Billboard Hot 100, mais precisamente em março de 1993, e pegando a 51ª posição. Esse grande clássico da Italo Disco também apareceu no longa-metragem "As Tartarugas Ninjas III" (1993) e depois ressurgiu em "Um Ninja da Pesada" (1997).

A canção foi regravada ainda por muitos artistas conhecidos, como GazeboKen Laszlo, outros dois ícones da Italo Disco, assim como foi refeita também pelo ex-astro da Eurodance, o DJ Bobo. Este último, praticamente abandonou o estilo que o projetou nos anos 90 e nos trouxe uma versão fraca no pavoroso estilo reggaeton. Resumindo: Faça um bem para você mesmo e fuja dessa versão "boba"!

Já a italiana Laura Pausini cantou "Tarzan Boy" em seus shows, num medley só com os clássicos da música italiana (em 2012). Enfim, é imensa a lista de cantores que fizeram, e que ainda continuam fazendo covers desse imortal hino das discotecas...


Ken Laszlo - "Tarzan Boy"

Segue abaixo uma pequena lista com algumas diferentes releituras de eurodance para "Tarzan Boy":

Lawrence - "Tarzan Boy" (1996): Projeto italiano de italodance da fenomenal S.A.I.F.A.M.;

The Jungle Groover Featuring Mr. Z ‎– "Tarzan Boy '99": Projeto holandês que mistura batidas e vocais ragga com Dance Music;

Amazonia  – "Tarzan Boy" (2012): Projeto britânico da sempre competente Almighty Records;

One Hito – "Tarzan Boy" (1992): Mais um projeto italiano fazendo uma versão para esse clássico dos anos 80, dessa vez, lançado pela conhecida DigIt;

Bad Influence Feat. Dyce – "Tarzan Boy" (2008): Projeto sueco com uma versão eletro do mega-hit italiano;

Denise Lopez  – "Tarzan Boy" (2005): Com pitadas de trance (é claro, olha só o ano desse lançamento), aqui temos mais uma versão dos suecos para "Tarzan Boy"...

Flipper  – "Tarzan Boy" (1999): É, os suecos fizeram muitas versões para "Tarzan Boy"...  E aqui temos uma releitura na onda do Aqua e Vengaboys;

Bandido ‎– "Tarzan Boy" (2009): Abrimos com a S.A.I.F.A.M e fechamos novamente com eles... O projeto Bandido teve alguns hits nos anos 90, e em 2009 lançou também um remake para esse grandioso clássico italiano.


Eu ganhei uma coletânea em 2000 chamada "15 HITS" de um querido amigo chamado André Luís Green (Descanse em Paz), que tinha essa brilhante música em seu repertório ao lado de outras joias, como "Safety Dance" do Men Without Hats, "Another Brick In The Wall" do Pink Floyd, "Boys" da Sabrina, P. Lion - "Happy Children", entre outras tracks que eu e meus amigos amávamos ouvir. E "Tarzan Boy" era, com certeza, uma das nossas faixas mais ouvidas! Se alguém tiver esse CD e puder enviar-me o link para baixar, eu ficaria muito grato e emocionado... Não era um produto oficial, era criado por algum fã de música internacional, assim como aquela outra compilação famosa da mesma época: "Alternativo 2000". Será que mais alguém se lembra desse CD fan-made? (Espero que sim...)



Como vocês podem notar, "Tarzan Boy" do Baltimora é uma das Italos mais bem sucedidas de todos os tempos... e a sua história não fica por aí, muito pelo contrário, continua a encantar várias pessoas da nova geração. 


Jungle Boy

Num desses casos, temos um dos lutadores de Luta Livre mais promissores da atualidade, Jungle Boy, que faz questão de usar a atemporal "Tarzan Boy" em todas as suas entradas aos ringues. 

E devido a essa exposição dada pelo lutador americano, de apenas 24 anos, muitas pessoas surgem nos vídeos do Baltimora e comentam que se tornaram fãs da música assistindo as lutas de Jungle Boy. Extraordinário o poder desse sucesso, não é mesmo? 

Go Jungle Boy!!!


NÃO DEIXE DE VER: O lutador de 24 anos, Jungle Boy, e o seu grande tema "Tarzan Boy"

Mas, apesar de todas essas conquistas e da diversão que a música nos trouxe, há ainda uma história muito triste por trás do rosto do Baltimora...


O DECLÍNIO E O FIM

Jimmy McShane nasceu em Derry, na Irlanda do Norte, no dia 23 de Maio de 1957 e morreu em 29 de março de 1995, com apenas 37 anos de idade. 

A família McShane era muito simples e de tradições muito rígidas, então o garoto teve que lidar com suas diferenças logo cedo, e começando essa batalha dentro da própria casa. 

Quando criança, Jimmy já gostava do palco, de dançar, de se vestir exoticamente, e também sabia que existia algo nele que o diferenciava dos demais garotos. 

Jimmy McShane se descobriu gay ainda bem jovem, mas quando resolveu se assumir perante a família teve que enfrentar a rigidez de seu pai, que o excluiu severamente. Apesar de todo o preconceito que sofreu entre familiares e vizinhos, Jimmy continuava com suas danças e com seu estilo de se vestir.

Devido ao talento na dança e pelo seu visual fashion, ele ainda conseguiu integrar a equipe de dançarinos da cantora Dee D. Jackson (por um curto período), e esteve na turnê da cantora pela Itália, em 1984.


"AE BALTIMORÃO", "O SOM DA NOITE", "AS BALADAS"
Jimmy McShane
Ele também foi um enfermeiro / paramédico, mas gostava mesmo é de estar nos palcos


Nessa sua viagem à Itália, Jimmy McShane conheceu a cidade de Milão e decidiu que queria morar por lá, não demorando muito para que se "esbarrasse" com o produtor italiano Maurizio Bassi.

Tudo o que queria para o seu projeto, Maurizio Bassi encontrou no jovem norte-irlandês, como a sua visível desenvoltura, o seu visual sempre brilhante e o indiscutível talento na dança, transformando-o então, na grande estrela do Baltimora (o maior acontecimento de sua curta vida).

Após ao rápido sucesso que obteve, Jimmy McShame também viu o "seu" projeto Baltimora ser finalizado pela gravadora, e consequentemente a isso, o artista não "gravou" mais nenhum disco e não trabalhou para nenhum outro produtor, ou gravadora. 

Logo, a pergunta mais lógica que deve ser feita pelos fãs é a seguinte: Por que Jimmy McShane optou pelo silêncio, após ao término do Baltimora? Por que ele parou de gravar discos, se existem outras milhares de gravadoras e produtores dispostos a assinarem contrato com quem cantou um dos maiores hits dos anos 80? 

Bom, o caso dele era diferente dos demais cantores, né? Afinal, o jovem norte-irlandês não era o vocalista verdadeiro, e somente isso já nos basta para entender a sua não continuidade na música. 

Embora Jimmy McShane fosse carismático e expressivo nas danças, vamos combinar que isso não era o suficiente para que ele se mantivesse no cenário musical.


DANÇA, DOENÇA E MORTE

Jimmy McShane: Após o encerramento do projeto Baltimora

Depois de ficar um bom tempo longe das notícias, Jimmy McShane foi diagnosticado com AIDS em Milão, no ano de 1994. Poucos meses depois, o dançarino retornou para a Irlanda do Norte, seu país natal, com a intenção de passar os seus últimos dias de vida. Jimmy McShane voltou então a morar com seus pais, na antiga casa onde passou a sua infância, e onde voltou a sofrer preconceito da população local - sendo até espancado brutalmente por um grupo de homofobicos (!).

Jimmy McShane acabou falecendo de pneumonia em 29 de março de 1995, num leito de hospital, sozinho e esquecido até pelos supostos amigos

Seu irmão informou recentemente ao site Derry Journal que Jimmy ligava para a polícia só para ter alguém com quem conversar, e agradeceu à essa pessoa que o ouvia pacientemente em seus últimos dias de vida. Link: aqui.

Um outro representante da família emitiu a seguinte declaração, após sua morte: "Ele enfrentou sua doença com coragem e morreu com grande dignidade." 


Jimmy McShane faleceu por complicações da AIDS, em 1995

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Expecto que o espírito do dançarino Jimmy McShane esteja num lugar cheio de paz, com muito brilho, e acompanhado de excelentes faixas da Italo Disco -  para que possa dançar majestosamente como sempre fez em vida.

Quanto a ter um único hit mundial, o Baltimora tem outras músicas incríveis e que merecem maiores reconhecimentos pelos fãs do gênero, como "Chinese Restaurant", "Woody Boogie", "Juke Box Boy", "Livin In The Background", "Key Key Karimba", "Survivor In Love", e etc. 

Não deixe de conhecê-las!!


Maurizio Bassi


Já Maurizio Bassi, o verdadeiro cantor e produtor do Baltimora, é um sujeito muito discreto e não há informações atuais sobre ele. Há esse perfil no instagram que acredito ser dele (o nariz é bem parecido), embora sem atualizações desde 2017.

Referente à Silvio Pozzoli, ele é bem mais ativo, realiza shows regularmente (vide videos acima) e também atualiza suas novidades aos fãs pelas redes sociais, como o instragam (link).


Silvio Pozzoli atualmente (foto de 2020)

E apesar desses cantores nunca terem aparecido frente ao Baltimora, e de nos sentirmos "enganados" perante a essa questão, “Tarzan Boy” continua sendo um verdadeiro bálsamo para nossos ouvidos até os dias atuais. Pérola melódica e consagrada que se sobressai em qualquer resquício de frustração ou decepção.


RIP JIMMY MCSHANE (*23/05/1957 +29/03/1995)

RIP ANDRÉ LUIS GREEN (*17/06/1985 +29/09/2019)


Obs.: Todas as fontes foram citadas, inclusive os links também foram inseridos. Caso surgir dúvidas nas informações sobre os vocalistas e afins, contate os responsáveis pelas informações originais;

Embora tenha analisado as duas vozes, e tenha ficado de acordo sobre os cantores de “Tarzan Boy” serem Maurizio Bassi e Silvio Pozzoli (principalmente este último, que é uma das vozes mais predominantes da Italo), todos os créditos eu deixo atribuídos a essas páginas linkadas;

Todo o texto foi elaborado e escrito por mim, Rikardo Rocha, assim como as edições feitas nos vídeos e imagens.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

ERIA FACHIN - "SAVING MYSELF" (ALMIGHTY MIX) (1996) - 25 ANOS!

ERIA FACHIN - "SAVING MYSELF" (ALMIGHTY  MIX) (1996): 

QUE SOM ENCANTADOR É ESSE?

Essa é mais uma faixa estonteante que a Dance Music nos ofertou em 1996 - ano abastecido de grandes produções vindas da Europa - e que ganha o seu espaço agora em nosso Blog!! E é lógico que você, fã inveterado da Eurodance, deve conhecê-la... Não é mesmo??

Trata-se de mais um single lançado pela excepcional Almighty Records, selo britânico fundado em 1989 e que lançou mais de 400 produções musicais em 30 anos na indústria fonográfica. 

Responsáveis por produzir projetos importantes da cena Dance, como Obsession, Abbacadabra, Rochelle, Sarah Washington, Lipstick, Belle Lawrence, Natalie Browne, The Dream Girls, Jackie Rawe e muitos outros, os produtores desta fantástica "fábrica de hits" resolveram então incluir em seu vasto catálogo mais esse belo single: "Saving Myself" da cantora Eria Fachin.


Eria Fachin nos encantou com seu charmoso single "Saving Myself", há exatos 25 anos!!!


"Saving Myself" não é só uma simples música para dançar, mas também pode nos colocar para refletir com uma interessante letra sobre superação amorosa. A referida composição é do canadense David Lodge, que consegue dar um atributo de "vencedor" ao eu-lírico da canção. Entenda:

Na letra, Eria Fachin diz que vivia um relacionamento amoroso, porém, foi abandonada e trocada por uma outra pessoa. Depois ela consegue "sair da fossa" e encontra alguém que realmente a ama... só que nesse mesmo momento ela também reencontra o tal ex, e assim sendo, lhe canta os versos traduzidos no vídeo:

VÍDEO TRADUZIDO: Eria Fachin - "Saving Myself" (1996)
(7" Radio Mix)

“Você foi embora e me deixou… O que você achou que eu fizesse? Que eu te esperasse e me resguardasse para você?”

Na tradução ao pé da letra, a palavra "saving" seria "salvando" para o nosso português. Porém, seguindo o real sentido da música,  o mais indicado para "saving" é o verbo "Resguardar". 

Saving myself for you: Resguardando-me para você

Perceba que o início de "Saving Myself" é bem melancólico e ouvimos uns gemidos quase que agonizantes, mas depois... a energia da música se reergue, ganha uma vibe mais positiva e com um refrão que chega a ser expressado aos gritos. Seria a resposta do seu "novo eu", após renascer das cinzas?

Outro ponto que chama a atenção, é a voz de fundo com o repetitivo "ooh-hoo", fazendo um lindo contraste com toda a estrutura produzida pela Almighty. Um espetáculo aos nossos ouvidos!!! 


"SAVING MYSELF" TOCOU NO BRASIL EM 1997

É, podemos dizer que essa é a música da "volta por cima", e ela foi bem explorada aqui no Brasil no ano de 1997, apesar da Almigthy ter liberado o single no ano anterior.

Se você viveu o reinado das danceterias e das rádios FM's em 1997, provavelmente deve se lembrar desse maravilhoso single e também de algumas coletâneas épicas da Paradoxx Music lançadas com essa faixa, como o delicioso disco "As 7 Melhores Volume 7". 


A revista Jovem Pan publicou essa pequena resenha, em 1997, do CD que chegava às lojas: "As 7 Melhores Volume 7". Há alguns erros nas informações, principalmente quando citam o projeto Lipstick (confundem como se fosse o título de uma música do The Dream Girls).

Inclusive, esse volume 7 da série "As 7 Melhores" é bem marcante por ter outras mulheres fortes da Eurodance, como Simone Jay cantando com o seu vozeirão: "quero ser como um homem e fazer qualquer coisa que ele pode"; a sempre cheia de atitude Gala Rizzatto com "Everyone Has Inside"; a famosa Nicki French abandonando de vez as regravações e lançando a sua original "Give It Up Now"; Sandy Chambers chegando com tudo em "The Power Of Love" do lendário Corona (projeto que estava sendo recepcionado pela 1ª vez na Paradoxx Music - antes era a Spotlight que detinha seus direitos); Annerley Gordon com uma levada mais dramática em "No Tears To Cry" (diferente das alegrinhas que ela costumava a cantar no Whigfield); Ultra Naté com a poderosa e emocionante "Free"… E ao lado dessas faixas, é claro que tínhamos os sucessos de Lipstick - "Say What You Want" The Dream Girls  - "Year of Decision", ambas também produzidas pela britânica Almighty Records. 

A misteriosa Eria Fachin com a sua linda "Saving Myself" era a faixa nº8... Um dos hits mais cativantes deste famoso CD!!


QUEM É ERIA FACHIN?

Ela é a dona da voz

Quando "Saving Myself" tocava nas rádios eu tinha um curiosidade enorme em conhecer a identidade dessa vocalista, contudo, sempre me frustrava pois era bem complicado de se conseguir alguma informação.

Entretanto o single chegou a ser indicado na Revista DJ Sound e com uma triste possiblidade: A cantora poderia não estar mais entre nós!!


O hino "Saving Myself" de Eria Fachin sendo indicado na coluna "Dance Floor" da revista DJ Sound, em maio de 1997


Sim, infelizmente a cantora Eria Fachin realmente faleceu, mas nessa época tínhamos que conviver com essa grande dúvida, já que a revista não informava com muita clareza e não cedia maiores detalhes. O fato apenas foi deduzido pelo redator após ele ler na contracapa do disco a seguinte frase: "Dedicado ao talento de Eria Fachin".

Outro ponto importante não mencionado pela revista, e que me deixou bem surpreso depois, é que "Saving Myself" não era uma música atual de 1996 /1997, mas sim uma música gravada por Eria Fachin em 1986 (!). Ou seja, descobríamos em 1997 um single que já tinha seus 11 anos de existência! 

Para ser mais preciso, tratava-se de um remix novo para uma música antiga, e essa produção foi lançada originalmente em 1996 pelos excelentes produtores britânicos John Dixon e Martin Norris - dois nomes conhecidíssimos da Almighty Records


A versão da Almighty para "Saving Myself" de Eria Fachin se juntou com outros sucessos em setembro de 1997 para se destacar em vários clubs brasileiros, como a inesquecível Factory Music, de Sorocaba - SP


E neste single promovido pela Almighty, encontramos as seguintes versões:

1 - 7" Radio Mix - 3:41 (Essa é a versão que tocou nas rádios e saiu na coletânea "As 7 Melhores Vol. 7")

2 - Definitive Mix - 6:08 (Essa é a versão "AA2", sugerida pelo DJ redator da revista)

3 - OPM Poppy Mix - 8:47

4 - Livin' It Up Mix - 6:23

5 - Original Blaster Mix - 5:21 (Essa é a versão que saiu na coletânea "H Dance By Luciano Huck")

6 - Ace Mix - 7:29


A dupla Martyn Norris e John Dixon: Eles remixaram este single em 1996, incluindo a versão 7" Radio Mix, que se tornou conhecida por nós em 1997.
Sobre o lendário Martyn Norris, ele não era só o produtor da Almighty Records, mas também o fundador da empresa.


A CURTA CARREIRA DA CANTORA ERIA FACHIN


Eria Fachin nasceu em 20 de abril de 1960 no Canadá, e faleceu em 9 de maio de 1996, devido a um câncer agressivo que enfrentou.

A cantora canadense começou a sua carreira artística com apenas 15 anos de idade, se apresentando ao público com performances nas discotecas, atuando no teatro, gravando jingles de comerciais e também participando de alguns programas de TV.

Foi em 1986 que Eria Fachin lançou originalmente o seu single de estreia, "Saving Myself", que acabou se tornando no maior sucesso de sua carreira. A música - que popularmente acabou sendo chamada de "a música do telefone" -  alcançou ótimos resultados nas paradas musicais, conquistando também a posição #50 na Billboard Hot 100 dos Estados Unidos.


Vinil de 1986
"Savin' Myself" originalmente é uma música de 1986. A versão da Almighty foi lançada em 1996, trazendo os mesmos vocais antigos, apenas a produção sendo noventista.


Depois de dois anos, em 1988, Eria Fachin conseguiu lançar o seu primeiro álbum, "My Name Is Eria Fachin", pela Critique Records e produzido por Vincent Degiorgio. Três singles foram retirados deste álbum: a citada "Saving Myself", "Your Love Just Came Too Late" e um cover de "I Hear a Symphony" das The Supremes.


O 1º e único álbum de Eria Fachin - "My Name Is Eria" (1988). Nele contem a versão original do hit "Savin' Myself"


Por consequência do ótimo resultado de seu 1º disco, Eria começou a trabalhar em seu próximo álbum de estúdio, mas posteriormente foi diagnosticada com um câncer e forçada a suspender a sua carreira enquanto buscava por um tratamento. A intervenção médica não evitou que o pior acontecesse, então Eria Fachin faleceu precocemente em 9 de maio de 1996, em Oakville, no Canadá, quando tinha apenas 36 anos de idade.

10 anos após a estreia de "Saving Myself", a música ganhou essa nova versão como forma de homenagem à cantora, produzida pelo selo Almighty Records e chegando ao Brasil pela gravadora paulistana Paradoxx Music. 

Note que os gemidos do início dessa versão não existem na original, mas por outro lado, o backing vocal em “ooh hoo” já era existente e foi mantido nessa produção da Almighty.

E foi assim que essa bela música chegou ao nosso país, tocando na Jovem Pan, nas pistas de dança e entrando nas coletâneas clássicas de eurodance, como "As 7 Melhores Vol.7", "H Dance By Luciano Huck" e "Freedom Anthems" (CD que saiu destinado ao público "GLS" e junto com mais outras 10 faixas da Almighty), mas como já mencionado antes, "Saving Myself" era um som antigo, oitentista, repaginado, e com uma cantora nos vocais tragicamente falecida.

"Saving Myself" começou a ser conhecida pelo público brasileiro a partir de maio de 1997, quando foi indicada na coluna "Dance Floor" da Revista DJ Sound, e também quando foi anunciada como um dos 10 lançamentos mais populares da Paradoxx Music, em junho, agosto e setembro de 1997. E claro, a sua popularidade aumentou mais ainda quando entrou para as compilações acima mencionadas... 


Dê o zoom na imagem para verificar as músicas licenciadas e "apostadas" pela Paradoxx Music (em junho, agosto e setembro de 1997)


Eria Fachin tinha uma carreira promissora, mas infelizmente a sua vida foi interrompida pelo câncer


Eria Fachin tinha uma voz espetacular e agora está cantando em algum lugar abençoado e cheio de paz para toda a sua família, em especial ao seu irmão Joe Fachin e à sua filha Emma Bartolomucci, que hoje é uma professora de dança com 32 anos de idade. Em seu site, Emma fala sobre a sua mãe:

"Minha mãe, Eria Fachin, foi uma cantora pop incrível nos anos 80 e 90, mas perdeu a sua luta para o câncer quando eu tinha seis anos. Ela era mais conhecida por seu single "Savin' Myself". Ela ainda tocou nos mais badalados locais e casas noturnas da América do Norte. Era uma estrela em ascensão e faz falta todos os dias. Seu espírito excêntrico continua vivo, pois as minhas performances dançantes são realmente uma carta de amor para ela. Te amo mamãe." - Emma Bartolomucci.


Emma Bartolomucci - Filha de Eria Fachin

À toda a família de Eria Fachin, deixamos as nossas mais sinceras condolências. Sem dúvidas, Eria permanecerá viva nas memórias dos fãs da Dance Music com a sua esplendida voz na amada e imortal "Saving Myself".

E um grande obrigado à Eria Fachin, onde ela estiver, por nos conceder uma trilha sonora tão deslumbrante de um tempo tão mágico em nossas vidas: Os inesquecíveis anos 90.


Dedicado ao talento de Eria Fachin (1960 - 1996)