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-RIKARDO ROCHA
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AS MÚSICAS QUE ERAM DESTAQUE NO BRASIL HÁ 25 ANOS
É meus caros, há exatos 25 anos, em abril de 1997, tínhamos muita música 'Dance' e 'Pop' rolando nos clubs e rádios de todo o Brasil... E agora só me resta dizer à todos vocês: Que saudades!
Olhem só o grande #1 nas pistas de São Paulo: O projeto brasileiro Ricco Robit -“I Don’t Let You Go”, que na época eu sentia uma similaridade muito nítida com as produções da Angelina.
Por falar na Angelina, a febre latina ainda estava em alta no Brasil em abril de 1997, incluindo as novelas mexicanas que tanto passavam no SBT, lembram-se?
Então, devidamente a essa popularidade, a cantora e atriz Thalia tinha o seu espaço reservado nas pistas e FM's, mesmo não sendo exatamente uma cantora do gênero Dance Music...
Com alguns remixes de suas canções conhecidas, como "Amandote" e "Piel Morena", ela conquistou os fãs do Pop Latin daquele ano. Não que eu gostasse dessas músicas, mas estes eram hits até que suportáveis, ainda mais se compararmos com o que a nação brasileira vem ouvindo atualmente.
Outra latina que fazia muito sucesso nesse período, foi com certeza a colombiana Shakira, que apareceu na TV por diversas vezes e fez muitos shows no Brasil. Em setembro de 1996, em sua primeira vinda ao país, Shakira ainda fez turnês em cidades relativamente pequenas [para o porte artístico que a cantora tem hoje] como a paulistana Taubaté.
Dá para imaginar, um anúncio da Shakira se apresentando em Taubaté-SP, hoje em dia?
Donde estás corazon? Estoy aqui en Taubaté
As latinas Thalia e Shakira eram do Pop em 1997, mas nessa época era comum os artistas trabalharem com DJs e produtores em remixes, então bombavam também nas pistas de dança com suas versões mais agitadas
Outro merecido destaque do chart acima fica por conta do projeto Hysteric Ego - “Want Love”, track avassaladora que esteve nos topos dos clubs do Rio de Janeiro e São Paulo. Ah, e atentem-se também para a estreia da hipnotizante “Insomnia” de Faithless nas pistas brasileiras… Uma obra eternizada do Trance fazendo história pela primeira vez em território brasileiro, mais especificamente em São Paulo. Um enorme marco da Dance Music!
AS MÚSICAS LICENCIADAS PELAS GRAVADORAS DE DANCE MUSIC:
E claro, em abril de 1997 as gravadoras estavam pegando fogo com diversos lançamentos da Eurodance, como a Paradoxx Music, que apostava todas as suas fichas em Tatjana - "Your Love Is Magic", faixa que infelizmente não decolou como "Santa Maria", seu grande sucesso de 1995.
Outra canção que a Paradoxx acolheu em seu cast foi a novidade da inglesa Suzann Rye, que tinha estourado poucos meses antes com a versão Dance de "Because You Loved Me". Entretanto, sua nova música "Trapped In My Heart" não repetiu o êxito da anterior, mesmo sendo uma faixa interessante para os fãs de Dance.
Em compensação, a gravadora paulistana vibrou com a ascensão da italiana Gala e de seus dois singles explosivos "Freed From Desire" e "Let A Boy Cry"; além do auge supremo do The Prodigy com seus big tunes mais radicais, como "Firestarter". Vejam abaixo, a relação das 10 músicas que a gravadora estava divulgando aos DJ's e fãs da dance music no mês de abril de 1997:
A Paradoxx Music com seus destaques em singles e coletâneas, há 25 anos!
Já a carioca Spotlight Records tinha em seu acervo muita coisa boa também, como o belo e inesquecível single de "Better Life" do projeto Nell... Que classicão, não é amigos? Trata-se de uma produção italiana que havia estreado nas pistas brasileiras em fevereiro de 1997, e que insistia em não sair dos charts.
Outros hits surpreendentes e que estavam na boca dos brasileiros eram: "Number One" da Alexia; "Beautiful Ones" do projeto Dama; os brasileiros do Sect com a cativante "Get Away"; o freestyle eletrizante do Acid Factor - "Fantasy"; e a fofinha Debbie Clark com "Your Baby".
Sem dúvidas, a Spotlight sabia mesmo agradar à todos os públicos...
A propósito, a vocalista dessa ultima faixa é a simpática e talentosa Nathalie Aarts (no site da artista tem uma lista com muitas de suas participações vocais, e ela informa que realmente aqui é a sua voz).
Agora veja os principais destaques que a gravadora Spotlight nos apresentou no mês de abril de 1997:
A Spotlight Records tinha o slogan de "A Melhor em Dance Music". Com esse playlist maravilhoso, ela realmente fez jus e soube abrilhantar a cena Dance brasileira!!
Muitos fãs da música nacional atual dizem que não valorizamos a música feita no Brasil e que apenas exaltamos os artistas de fora, mas isso é uma mentira sem tamanho... Também gostamos da música brasileira, mas obviamente que somos seletivos e recusamos ouvir essas produções cheias de baixarias, apelações, e que apresentam sempre uma produção cafona. E atualmente, aqui em nosso país "democrático", só existe espaço para dois gêneros musicais: a música que lembra o "brega" e a música que lembra o "crime". Nada além disso!
O caso do grupo Fincabaute - que aparece na lista acima da Spotlight Records - se aplica aos artistas nacionais dos anos 90 que queriam investir mais na Dance Music, e como havia espaço para todos os gêneros, então o Brasil se rendeu com a divertida faixa "Coisa de Maluco".
Esse hit uniu muitos amigos, vizinhos, colegas de trabalho, familiares, em diversas comemorações saudáveis, pois apresenta uma letra simples e descompromissada, sem precisar fazer apologia as drogas ou apelar para a mesmice da "bunda music" - que só tem o intuito de jogar o órgão genital do "cantor" na fuça do ouvinte.
Se a música é boa, dançante, com cantores que sabem cantar [e não só bater na mesma tecla da "cachaça" ou da "raba"] já tem o nosso interesse, não importa se é internacional ou nacional.
Não há preconceito com a cultura brasileira da nossa parte, mas há sim um seletivismo: em saber escolher o que é bom e saudável para si.
Resumindo: Todo mundo procura aquilo que condiz à sua índole, sua moral, seus costumes e sua educação, então, democraticamente deveria existir espaço para todos os gêneros, não essa censura assombrosa que poucos percebem.
Em 1997 o sol raiava ao som de Deborah Blando em todos os cantos do Brasil
Outra cantora que estava em alta nessa época, e cantando em português, era a talentosa Deborah Blando... Agora compare essa autêntica cantora com o que temos fazendo sucesso atualmente... A sua música "Unicamente" tocava em todas as rádios em abril de 1997, assim como o seu vídeo que não saía da MTV Brasil.
Era dance music? Não! Era cantada em inglês? Não! Simplesmente era a música Pop Nacional, e nós a amávamos... Por que? Simples. Porque tinha qualidade!
Não tem essa de "vamos valorizar os artistas nacionais"... A indústria nacional é que tem que valorizar os nossos ouvidos. O nosso papel é de apenas exigir mais qualidade e diversidade.
Tá, eu sei que "qualidade" é algo muito subjetivo; pois o que pode ter qualidade para mim pode ser que não tenha para você, mas... e a diversidade musical? O significado da palavra diversidade será sempre diversidade. Então, cadê a diversidade? Por que essa ganância em controlar toda a indústria musical e restringir outros gêneros?
A Dance Music tinha o seu espaço reservado em muitas rádios e danceterias em abril de 1997 e chovia lançamentos deste gênero, um dos favoritos do público juvenil (ao lado do rock)...
Um destes singles que saiu há 25 anos foi a novidade da Jocelyn Enriquez (que já era bem conhecida através de seu outro sucesso "Do You Miss Me?"). Seu novo eletro-freestyle era a sensacional "A Little Bit Of Ecstasy", que foi mais um hit da cantora.
A Building Records? Conseguiu se destacar nessa época com um de seus maiores acertos de licenciamentos... trouxeram a italianíssima "Show Me Your Body" do projeto Mesopotamia. Dois Hitaços de 1997!!
Nessa época também existia muita música ruim, na linhagem "tira o pé do chão", como o Netinho, Banda Eva, Só Pra Contrariar, É o Tchan, entre outros, mas é aquele negócio... havia espaço para outros estilos e assim podíamos escolher! Havia a necessária e citada: DIVERSIDADE.
Hoje, você só ouve "fuck*-music", músicas de bêbado ou sons de "zé droguinhas" em todos os lugares. Não tem mais aquela opção... E isso também explica o porque de tantas pessoas ficarem estagnadas nos flashes backs e de não conhecerem as novidades da Dance Music, pois não existe mais nenhuma "ponte", como a Paradoxx Music, Jovem Pan, Fieldzz...
De 2015 para cá, eu tenho percebido que vivemos numa verdadeira ditadura musical, e se você critica essa falta de espaço no mercado [que antes existia], ou demonstra que não está satisfeito com a sonoridade musical de determinado artista, é repreendido pela militância e taxado de preconceituoso. Praticamente somos obrigados a gostar desses 'artistas', caso contrário, preparemo-nos então para enfrentar a ira dos reboladores de bundas!!
As músicas recém licenciadas da Building Records e as mais tocadas na Krypton (abril de 1997)
Mas voltando ao passado: Há 25 anos a Building Records estava ficando cada vez mais conhecida entre os fãs da música eletrônica.
Fundada em 1995, muita gente não tem muitas lembranças da gravadora antes do ano de 1997, o ano que a empresa de Alain Chehaib licenciou músicas marcantes, vide Prima - "Don't Cry For Me Argentina", Alex - "Te Extraño, Te Amo, Te Olvido", e a maravilhosa e já citada "Show Me Your Body" do projeto Mesopotamia. E foi bem aí que eu comecei a me interessar pelos produtos dessa gravadora...
Em abril de 1997 tivemos também outras visitas internacionais no Brasil, além de Shakira... E agora estou falando de artistas reais da Dance Music!
Faz exatos 25 anos que o canadense Outta Control e o alemão Real McCoy estiveram no Brasil para cumprir com suas agendas de apresentações. Inclusive, o Outta Control também performou na TV aberta e mostrou todo o poder da sua "Sinful Wishes" em rede nacional aos brasileiros.
Outta Control e Real McCoy tinham hits "até dizer chega" e vieram ao Brasil para divulgar seus trabalhos. Atualmente esses artistas da Dance Music passam reto e vão para outros países sul-americanos... Triste saber que não existe mais público aqui para esse gênero musical.
O grupo Real McCoy aparentemente não se apresentou em nenhuma emissora de TV com o hit "One More Time" (sua faixa de trabalho naquele momento), mas é de nosso conhecimento que ele deu uma entrevista à MTV brasileira e fez pequenos shows em clubs.
Em abril de 1997 tivemos ainda o lançamento de outras faixas da Eurodance, hoje considerados clássicos inesquecíveis... Estou falando da baladinha "Just For You" do Masterboy e também "Thinkin' About You" do Discover (na voz da italiana Simone Jay):
Um pouco antes de "Wanna Be Like A Man", Simone Jay gravou para o projeto Discover, que chegou ao Brasil há 25 anos!
E não estou apenas levantando a bandeira da Dance Music aqui nessa postagem, mas tínhamos também bons grupos de Pop, como Spice Girls (auge total) e Boyzone.
Engraçado que, na época, o Backstreet Boys ainda não era um grupo pop conhecido por nossas bandas, então quando começaram a se destacar por aqui (com "Everybody", no 2º semestre de 1997), a gravadora Virgin resolveu trazer aos brasileiros a música "I'll Never Break Your Heart", que já era um single antigo e que tinha sido sucesso em 1995 na Europa...
Contudo, nem foi tão novidade assim, se é que vocês me entendem... Acontece que os brasileiros já conheciam a versão Eurodance dessa música, produzida pelos sensacionais músicos da italiana S.A.I.F.A.M.
"I'll Never Break Your Heart" foi lançada pelo projeto italiano Bakerstreet, em 1996, inclusive foi por esse motivo que muita gente confundiu e achou que essa era a versão original (!).
O mesmo aconteceu com dezenas de outros singles da Eurodance, como as regravações do projeto britânico Natalie Browne (Almighty Records), que tocavam nas rádios, nos clubs, nas TVs, antes mesmo das originais chegarem por aqui.
Tudo muito diferente da nossa atualidade, onde temos que correr para "garimpar" e conhecer algo audível do gênero. E o pior: Fazer isso fugindo da poluição sonora que invadiu o país, e se esquivando dos defensores de todo esse esgoto musical a céu aberto.
Pensando aqui o que será dos próximos 25 anos... Medo.