E, coincidentemente, "Ridin' High" está completando o seu 25º aniversário de lançamento, ou seja, nada melhor que uma comemoração bem especial, não é mesmo? Motivos para isso, não nos faltam!
Então, orgulhosamente apresento-lhes:
Podemos encaixar "Ridin' High" facilmente no estilo de músicas do projeto "Whigfield", pois sua letra é bem simples, a voz da cantora é bem "fofinha", contém arranjos cativantes e uma base pop-dance bem envolvente.
Sobre a letra, a vocalista diz na música que está se sentindo muito bem e compara isso com a sensação de poder voar, então no refrão você ouve: "Voando Alto, Oh Sim!", "Voando alto no ritmo", "Voando alto no sentimento" e "Voando alto numa coisa boa".
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-RIKARDO ROCHA
Um fato curioso, é que algumas pessoas interpretam a letra da música com um duplo sentido, pois "ficar alto" também pode significar "se embebedar" ou "ficar de fogo", mas eu prefiro acreditar na inocência e na pureza da música, pois a carga emocional que construí ao longo destes anos (e também influenciado pela voz delicada da cantora) não combina com este outro conceito, que é mais pesado e negativo.
Creio que atualmente existe muito mais malícia do que antigamente, então as pessoas enxergam "maldade" onde não tem, ficam apenas procurando brechas para poderem destrinchar suas teorias maliciosas.
Enfim, "Ridin' High" é uma "babinha" de respeito e que tem muitos fãs ainda hoje, além de ter sido um dos hits de 1995 que mais invadiu as famigeradas coletâneas da Paradoxx Music, como exemplo: "TV Dance Vol 1", "As 7 Melhores da Jovem Pan Vol.3", "DJ Express", "Mega Dance Non Stop", "Flash Hits", "Mid Back", e etc.
Na verdade, essa dupla já era consolidada no cenário musical há muitos anos, pois fundaram na década de 80 a famosa PWL (ao lado de Peter Waterman), produzindo e lançando muitas power tracks oitentistas de Kylie Minogue, Jason Donovan, Lonnie Gordon, Sinitta, Rick Astley, Sybil, Sonia, e muitos outros artistas da cena euro-pop.
Nesta nova empreitada da dupla, Aitken e Stock então criaram a Love This com a finalidade de produzir novos sucessos para os meados dos anos 90, e seus primeiros artistas desta geração eram praticamente Nicki French, Newton, Tatjana e Serena.
Depois do Brasil, podemos dizer que o Reino Unido foi o 2º país que mais deu destaque à esta linda faixa, que segundo registros da época, atingiu a posição #8 no The British D.J. Chart e permaneceu no Club TOP 40 por várias semanas.
O curioso de tudo, é que este single britânico foi retirado às pressas das lojas após o seu lançamento, como se a gravadora tivesse recebido alguma ordem judicial o proibindo de ser comercializado. É um mistério que ninguém sabe explicar muito bem... Possivelmente esse episódio tem alguma ligação com um evento ocorrido nessa mesma época, onde os produtores foram acusados injustamente de pagarem "jabá" para conseguirem as melhores posições nos charts, com suas produções. Nada disso foi comprovado, mas afetou diretamente no desempenho de diversos de seus singles, como Tatjana - "Santa Maria" (que foi relançada depois em 1996, após as falsas acusações).
Quem ouve "Ridin' High" logo sente a presença de uma voz masculina também. Temos um rapper aqui, e isso era praticamente um padrão para os eurodances dos anos 90.
Ou seja, o cara tinha muita competência e colaborou em grandes grupos, sendo um especialista em misturar rap com dance music. E sem dúvidas, as rimas de Einstein ofereceram ainda mais animação e energia para "Ridin' High".
OUÇA "RIDIN' HIGH":
No ano passado (em 2019), eu fiz um artigo especial sobre a coletânea "TV Dance" e comentei um pouco sobre cada faixa deste fantástico CD, mas fiquei frustrado por não conseguir revelar aos leitores quem seria a misteriosa Serena. A moça que vocês podem ver na capa do single não é a vocalista, mas sim uma modelo nos mesmos moldes de Sannie Carlson (Whigfield), Patrizia Cavaliere (Randy Bush), Olga de Souza (Corona), Serena Volpini (New System), e tantas outras que só enfeitavam os discos, palcos e videos. Sem dúvidas, Serena foi apenas um projeto, onde a cantora real não aparecia.
Com "Ridin' High" sendo lançada, Stock e Aitken puderam oferecer ao público o mesmo teor pop dançante de Whigfield, incluindo ainda uma letra fácil de ser cantada, e a mesma prática de colocar uma cantora no estúdio e uma modelo na capa dos discos.
Sobre a verdadeira cantora, sim os produtores já tinham há muito tempo a sua própria 'Annerley Gordon', e guardada a sete chaves nos estúdios... Na verdade, duas excelentes cantoras!
Os produtores contrataram então uma modelo, que de rosto era até bem parecida com Sannie Carlson (modelo do Whigfield), e essa moça com seus cabelos negros foi apenas a frontlady do Serena.
A única informação que sabemos a seu respeito, é que ela durou muito pouco no Serena, e que não existem muitas imagens dela (no projeto) disponíveis.
Interessante que, numa destas tentativas de descobrir quem foi Serena, eu acabei descobrindo uma informação que eu não esperava. Eu tive acesso a uma descrição publicada no site da gravadora italiana S.A.I.F.A.M., que dizia que a vocalista de seu projeto Lisa Milton havia cantado antes em Serena - "Ridin' High". Seria verdade, o que eu estava lendo??
Como vocês podem ver, esta é uma biografia de Lisa Milton (música "Ai No Corrida"), mas em suas últimas linhas fica claro que ela havia cantado anteriormente no projeto Serena, e ainda é especificado que é a mesma vocalista de "Ridin' High", e que seus produtores eram Mike Stock e Matt Aitken.
Seria uma biografia "fake" inventada para a personagem "Lisa Milton"? Ou será que a modelo realmente era uma cantora profissional (apesar de não ter gravado o primeiro single do Serena)? Pois o cantor Newton era da mesma gravadora, a Love This, mas só passou a gravar com sua voz real quando foi trabalhar em outra gravadora...
Um certo dia procurei pela cantora Nicki French no twitter, e fiz o mesmo questionamento à ela. Sempre simpática, ela me respondeu dizendo que se lembra sim da "Serena", mas disse-me que perdeu o contato no decorrer dos anos. Óbvio que Nicki não queria se comprometer falando a respeito desta farsa:
Então eu fui percebendo que a cantora Serena nunca havia existido de verdade... Era só um projeto ensaiado com alguns profissionais de estúdio.
Eu já havia perguntado antes ao produtor Mike Stock, a respeito da vocalista e seu nome real, mas ele apenas me "enrolou" e não disse o nome verdadeiro da artista. Tornei a lhe perguntar, mas Stock me ignorou. Então, como eu tinha encontrado muitas similaridades entre o vocal do projeto Les Deuxs com o vocal de Serena, eu fui no twitter e perguntei à ele sobre quem seria a voz na música "Since Yesterday" (Les Deuxs), que não sei como, respondeu-me tranquilamente: Mae McKenna e Miriam Stockley.
(Lembro-me que, uma certa vez, Mike Stock foi bem chato com um fã que fez essa mesma pergunta há uns anos antes. Você pode conferir isso no artigo sobre "TV Dance").
Mas quando Stock citou os nomes das vocalistas, neste mesmo momento caiu uma luz sobre mim. Lembrei novamente da cantora Nicki French, pois ela disse que conheceu a verdadeira "Serena", e quando você verifica os nomes dos colaboradores do seu álbum "Secrets"... Quem estão lá como backing vocals? Elas novamente, Miriam Stockley e Mae McKenna!
Eu já conhecia alguns trabalhos da dupla Miriam Stockley e Mae McKenna, mas a maioria apenas em suas funções de backing vocals, em singles de Kylie Minogue, Nicki French, Tatjana, Jason Donovan... poucas músicas propriamente delas, então tive que recorrer aos seus trabalhos solos para confirmar se o produtor estava brincando, ou assumindo a verdade nas entrelinhas.
Então, após diversas audições, agora eu posso afirmar com toda a certeza à vocês que... o Serena é cantado de fato por Miriam Stockley e Mae Mckenna. E complemento mais ainda: O Serena foi um projeto britânico que surgiu para pegar carona no sucesso do italiano Whigfield, e seu nome "Serena" tem uma relação direta com os sobrenomes de suas duas vocalistas: Stockley + McKenna.
Outra informação importante, quando perguntei à Mike Stock sobre quem seria a vocalista, ele me disse que ela era de Surrey, que era muito talentosa, e até se demonstrou muito grato de ter trabalhado com ela. Stock não citou nenhum nome, mas neste caso ele estava se referindo a Mae McKenna, pois ela mora em Surrey, como diz esta reportagem com o seu filho (Jamie Woon, que também é músico).
Mas, sabem de uma coisa? Até então, a minha dificuldade era de encontrar a voz de Mae McKenna em "Ridin' High", pois o refrão expressivo ficou todo com Miriam Stockley, e fácil de ser reconhecido.
A resposta vem na faixa "Denis", que definitivamente nos apresenta 100% da voz de Mae McKenna.
Este trabalho do Serena também não foi tocado nas rádios e nem nos clubs, justamente por não ter tido uma divulgação como o single anterior, aliás, nem single físico ganhou...
Então, procedendo nesta realidade, fica claro que Mae McKenna e Miriam Stockley foram as vocalistas reais do Serena. A equipe de Mike Stock se esquivou o tempo todo pois não podiam dizer os nomes reais das vocalistas - sabiam que iriam entregar a farsa. Contudo, algumas palavras ditas colaboraram muito com essa investigação, e me induziram a ouvir mais as vozes de ambas para constatar o que já estava como suspeito.
Depois de anos pesquisando, finalmente posso dizer que o projeto Serena foi composto não por uma cantora, mas sim por duas grandes cantoras: Miriam Stockley e Mae McKenna.
Recapitulando: Ambas foram backing vocals para Nicki French, Tatjana, Suzann Rye, Sybil, Deuce, Kym Mazelle & Jocelyn Brown, entre outros inúmeros artistas "dance" da gravadora.
Mas, por que apenas em Serena que estas duas fantásticas artistas não foram creditadas como backing vocals também????
Justamente pelo motivo do Serena ser com elas no comando.
AS CANTORAS DE
SERENA - "RIDIN' HIGH" E "DENIS"
Quando completou 18 anos, Miriam se mudou para Londres, onde conheceu muitas pessoas, cantores, produtores, compositores e demais profissionais ligados à arte musical.
Desde que se mudou para o Reino Unido, trabalhou como backing vocal de muitos artistas conhecidos.
Durante o final dos anos 80 e o começo dos anos 90, Miriam Stockley trabalhou como cantora de estúdio para o trio de compositores e produtores britânico Stock, Aitken e Waterman. A cantora foi destaque em faixas de Kylie Minogue, Jason Donovan e Sonia. Juntamente com a cantora Mae McKenna, Stockley é creditada por ser parcialmente responsável pelo som distinto destes famosos produtores.
Com sua imensa versatilidade, ela se adequou ao pop, ao rock, ao reggae, à dance music, à música indiana e também à new age.
Em 1991, Stockley se tornou parte do grupo Praise, cujo single "Only You" alcançou o #4 na parada de singles do Reino Unido. Um ano depois, a banda (com Miriam Stockley novamente nos vocais) lançou seu segundo single, "Dream On". O álbum de nome "Praise" saiu em 1992.
Em 1994, quando tinha 32 anos de idade, Miriam Stockley gravou com Mae Mckenna o hit "Ridin' High" para o projeto Serena, uma das primeiras produções da Love This Records. O refrão dessa faixa contem a sua voz bem característica e fácil de ser reconhecida, porém, em alguns versos e trechos como em "Oh Yeah…", tem o vocal de Mae McKenna.
Stockley recebeu grande reconhecimento em 1995, quando se tornou parte do projeto Adiemus do músico Karl Jenkins (ex-membro da banda de jazz Soft Machine). Jenkins estava gravando uma música para um comercial de uma empresa de aviões e contratou Miriam Stockley para cantar os vocais principais. A cantora se apresentou em todos os álbuns do Adiemus desde então. Em 1999, ela lançou seu primeiro álbum solo, que foi simplesmente intitulado de "Miriam" e com seu trabalho notavelmente influenciado pela música africana de seu país de origem.
Em 2001, Miriam lançou seu 2º álbum "Second Nature";
Em 2006, ela retornou com seu 3º álbum intitulado de "Eternal". Estes três álbuns da cantora seguiam um estilo mais modern classical, ou new age.
Eu entrei em contato com Miriam Stockley e perguntei se é dela a voz em "Ridin' High" (Serena), mas como eu já imaginava, ela negou. Fez exatamente como Emy Berti (Randy Bush), Annerley Gordon (Whigfield) e tantas outras.
Depois de algumas semanas, perguntei à Miriam se ela havia cantado em Les Deuxs - "Since Yesterday", mas negou mais uma vez. Ou seja, até nas músicas já confirmadas pelo próprio produtor, ela continua informando que não contem a sua voz. Mas nós entendemos o seu ponto de vista e o seu lado profissional, afinal, este era um acordo secreto da época, entre vocalistas e produtores. Sem falar que ninguém tem orgulho daquilo que não é autêntico, daquilo que é envolvido em esquemas ou manipulações, e a carreira solo dela não visa isso, então ela prefere não ter vínculos com esses projetos...
Stockley cantou em muitos projetos da Dance Music ao longo destes anos, e podemos incluir músicas conhecidas por nós (brasileiros), pois algumas destas faixas entraram em coletâneas, rádios e clubs do Brasil.
É dela também a voz nestas músicas:
Chimira - "Show Me Heaven"
Chimira - "You're So Vain"
Les Deuxs - "Since Yesterday"
Obsession - "Never Ending Story" (a versão de 2006, pois existe uma versão de 1990 com Amanda Abbs nos vocais)
Obsession - "State of the Nation"
Obsession - "Without You"
Obsession - "The Crying Game"
Just Hal - "Creation"
Erick E - "The Beat Is Rockin'"
Atlantis vs. Avatar - "Fiji"
Miriam Stockley também colocou a sua poderosa voz no álbum "Song Of Zoo Meets House Style" do projeto Band Of the Gypsies, nas 10 músicas presentes no disco. Aliás, quem quiser saber mais a respeito dessas produções, acompanhe aqui este pequeno artigo (onde Miriam até contou-me que já veio ao Brasil).
A vocalista trabalhou em muitos estúdios, mas na área "Dance" podemos citar a Energise, a Almighty Records, e lógico, a Love This Records.
Na Love This - onde ela gravou Serena - "Ridin' High" - ficou como cantora de estúdio até 1996.
Miriam está em sua carreira solo apresentando o melhor da sua new age, mas também colabora ainda com seus vocais para outras produções.
Você pode ouvir a sua encantadora voz em Rubra - "Mamma Mia" (cover do ABBA), lançado em 2018 e cantando com outros cantores. A loira foi também backing vocal em Tom Bailey - "Science Fiction" (um rock-pop-eletrônico) do mesmo ano de 2018.
No ano de 2019, ela foi ainda backing vocal de The Chemical Brothers, no seu eletrônico "Got To Keep On".
E esperamos ouvir por muito tempo a suprema voz de Miriam Stockley, seja em seus discos solos ou em suas parcerias com outros músicos, pois seu instrumento de trabalho é impressionante e continua provocando emoções nas pessoas.
Mae McKenna (23 de outubro de 1955) é natural de Coatbridge, Escócia. Ela é conhecida por diversos trabalhos vocais, inclusive, ela foi backing vocal também de Michael Jackson. Mae McKenna participou ainda de diversas trilhas sonoras de filmes, como "Harry Potter e o Cálice de Fogo" (2005), "Nanny McPhee, Baba Encantada" (2005) e "Uma Vida Sem Limites" (2004).
A cantora escocesa tem atualmente 64 anos de idade e também continua em atividades, gravando suas músicas no estilo celta e subindo em alguns palcos.
A voz em Serena - "Denis"
Eu perguntei à ela, se cantou em "Denis", pois é bom ter uma confirmação do artista, mas ela visualizou e nem deu o trabalho em responder, rs. Mas se isso significasse alguma coisa, né? Poderíamos considerar Sannie Carlson e outras modelos como as verdadeiras cantoras até hoje....
A adição destas duas vozes tão diferentes - mas igualmente belas - valorizaram as produções da PWL, e conseqüentemente também as produções da Love This Records. As duas vocalistas trabalharam como backing vocals para muitas estrelas da música, mas seus próprios produtores e críticos especializados admitiam que as duas eram melhores que muitos desses - considerados - grandes artistas. Mike Stock também foi muito questionado sobre não ter gravado músicas apenas com elas... Mas, quem disse que ele não fez isso? O projeto Serena é um clássico exemplo de que ele fez isso sim, o único porém, é que elas não apareciam.
Nessa época, as duas já tinham suas carreiras solos e seus discos próprios, além de que, os seus estilos musicais nada tinham a ver com o universo "pop dançante" da PWL / Love This, então elas tinham que conciliar estes trabalhos pessoais com seus diversos trabalhos de estúdio.
As duas cantoras são muito amigas ainda hoje, sempre trocando assuntos, recordando trabalhos, dialogando sobre suas famílias e mantendo uma grande proximidade.
Montei uma compilação incluindo alguns trechos de grandes sucessos cantados por Miriam Stockley e Mae McKenna e espero que gostem.... Vale a pena conhecer o vasto material que elas gravaram, tudo com muita qualidade e requinte: