sábado, 3 de maio de 2025

CANTORA GALA: "FUI ENGANADA POR MAX MOROLDO"

Quem leu a entrevista que fizemos com Andrea Alberghi (do Andrew Sixty), conseguiu perceber que o produtor Max Moroldo não foi um sujeito muito legal com o vocalista de "Oh Carol" e "Diana". Outro sujeito que criticou o mesmo produtor foi Marcocram DJ, que alegou que Max Moroldo roubou a ideia de seu projeto Perfect Style e levou para o Andrew Sixty. 

E em entrevista recente para a página francesa Paris Match, a cantora Gala Rizzatto também teceu alguns comentários negativos sobre o produtor e dono da gravadora Do It Yourself:


CANTORA GALA, DO HIT "FREED FROM DESIRE"REVELA QUE FOI ENGANADA POR SEU PRODUTOR NA ÉPOCA

"Fui enganada por meu ex-produtor" - Gala Rizzatto

Ela fez uma geração inteira dançar com "Freed From Desire", um hino do Eurodance dos anos 90 que se tornou um clássico dos club's, rádios e também, mais recentemente, em estádios de futebol. Mas, por trás do sucesso, a realidade foi muito menos favorável para Gala Rizzatto. Aos 49 anos, a artista italiana disse ao site francês Paris Match que atualmente vive como uma "nômade", sem um endereço fixo: 

"As pessoas imaginam que eu vivo sob coqueiros nas Bahamas, tomando Martini em uma ilha caribenha, contando meus milhões. Bem, não! Não tenho o suficiente para comprar um apartamento. Vivo como uma nômade. Nas últimas seis semanas, mudei de endereço quatro vezes!"


Embate na Eurodance: A briga da cantora com o produtor

Voltando à Era de Ouro da Eurodance: Em 1996, a jovem cantora milanesa lançou seu single "Freed From Desire" e causou febre no mundo dos DJs e do público jovem. Depois vieram outras faixas que também estiveram no topo dos charts, como "Let A Boy Cry", "Come Into My Life" e "Suddenly", além é claro, de seu tão aguardado álbum "Come into My Life"   que se tornou um ícone da década de 1990. O disco vendeu mais de 6 milhões de cópias, no entanto, a artista não se beneficiou dos ganhos financeiros...

Quase trinta anos após o sucesso mundial de "Freed From Desire", a italiana Gala revelou que foi enganada por seu produtor e completou dizendo que mora atualmente no Brooklyn, EUA, em um apartamento alugado por amigos, pois não tem condições de comprar um lar próprio. Uma situação radicalmente diferente da imagem que temos do astro pop milionário. 


UM CONTRATO ASSINADO NA IGNORÂNCIA

"Eu escrevi as letras, fiz as melodias, trabalhei nos meus vídeos, meu nome de nascimento é Gala…"

Relembrando o início de sua carreira, Gala explicou que foi vítima de um contrato "absurdamente injusto" assinado em 1995 com Max Moroldo, então chefe da gravadora independente Do It Yourself. Inexperiente no mundo da música, ela se concentrou apenas em sua arte, e não se preocupou com as questões legais ou financeiras.

O site Paris Match publicou que Gala iniciou a entrevista com os olhos brilhando, e que ela não conseguia pronunciar o nome "desse homem" na frente da equipe de jornalistas. "Não sei se consigo", disse ela, desfazendo-se em lágrimas. 

"Assinei um contrato com ele que era absurdamente injusto, como era comum na época  principalmente na Dance Music. Tudo era vago no documento, os royalties baixíssimos. E ele fazia o que queria", explicou Gala. 

Pior ainda, Gala afirmou ter descoberto mais tarde a assinatura dele em documentos que ela nunca assinou: "Eu recebia o pagamento que ele achava adequado. E também descobri minha assinatura em contratos dos quais não me lembro."  Ela acrescentou ainda: "Eu não tinha conhecimento nenhum nesses assuntos, eu era uma ignorante".


Steve Fargnoli, o manager do Prince

O ponto de virada aconteceu em 1997, quando Gala conheceu Steve Fargnoli, o famoso empresário do cantor Prince. O homem ficou chocado com essa situação que envolvia a artista italiana.

"-Ele caiu da cadeira: perguntou-me onde estavam os direitos de transmissão – eu não sabia quais eram – e se eu era a intérprete ou a compositora. Respondi que era ambos. Ele concordou em me ajudar." - Gala Rizzatto

Esse apoio de Steve Fargnoli para a cantora Gala infelizmente terminou em 2001, pois ele veio a falecer nesse tempo. Depois, levou mais de vinte anos para Gala recomeçar uma nova batalha com seu antigo produtor, desta vez sendo apoiada pelo empresário Ben Mawson, que ela conheceu em 2023.


Max Moroldo atualmente. Lembra dele?
Max Moroldo veio ao Brasil duas vezes em 1995, quando o Andrew Sixty veio fazer turnês a convite da Paradoxx Music. Com o sucesso das músicas, e com a vontade de ser "estrela" aqui no Brasil, Max Moroldo resolveu fazer parte da "banda" com o outro produtor Gianluca Mensi, sendo que até aquele momento o Andrew Sixty era composto apenas pelo vocalista Andrea Alberghi. Recentemente Andrea Alberghi esteve no Brasil sozinho, depois de 30 anos, e disse estar feliz por finalmente poder cantar ao vivo. Ele também disse que não tinha poder de decisão nenhum sobre o projeto, e que recebeu apenas 100 dólares para gravar "Oh Carol", sendo que depois não recebeu nenhuma divisão de lucros com as vendagens de discos.
Leia mais aqui

Em 2024, quase trinta anos após o lançamento de "Freed From Desire", Gala finalmente venceu a batalha contra Max Moroldo, e obteve então o direito de regravar seu hit em uma nova versão. 

"O público trouxe essa música de volta à vida" -  Gala Rizzatto comemorou a recente vitória nos tribunais, no entanto, ficou quase 30 anos vendo suas obras enriquecendo Max Moroldo e sem poder usufruir destes seus frutos.

É realmente triste o que aconteceu com Gala, a cantora que no final dos anos 90 foi uma espécie de Lady Gaga da Dance Music: sempre cheia de estilo, presença marcante, fãs fervorosos, e sucessos que enlouqueciam as pistas e rádios. Contudo, sem Max Moroldo na vida dela, não acredito que seríamos contemplados com a sensacional Dance Music cantada pela vocalista, já que ela tinha uma preferência muito maior por outros gêneros musicais. Como artista, Gala ficar sem os seus direitos pelas músicas foi muito injusto, mas para o fã de Dance Music... a Gala deu certo porque justamente se uniu com Max Moroldo, Molella e Phil Jay.

LEIA MAIS SOBRE A CANTORA GALA E SEU LEGADO NA DANCE MUSIC DOS ANOS 90: https://rikardomusic.blogspot.com/2021/09/gala-de-freed-from-desire-nao-e-apenas.html


quarta-feira, 30 de abril de 2025

EAST SIDE BEAT FEAT. MAX - "BACK FOR GOOD" (1995) 30 ANOS (MAX SENZIONI)

EAST SIDE BEAT FEAT. MAX - "BACK FOR GOOD" (1995)

East Side Beat / "Back For Good" (1995)
(G. Barlow)

O ano de 1995 foi o auge das regravações de músicas românticas em versões Dance... não é mesmo?
E o projeto East Side Beat com "Back For Good" foi mais uma aposta que se assemelhou ao sucesso do projeto italiano Andrew Sixty, estourados com "Oh Carol", "Diana", "Caterina", "You Got It", entre outros covers que deram certo.
 
"Back For Good" foi lincenciada no Brasil pelo selo Paradoxx Music, mas a canção original, que é bem lenta e romântica, foi gravada pela boyband Take That. Já a sua letra foi escrita pelo britânico Gary Barlow. 

Sobre esta versão do East Side Beat, a faixa chegou nas rádios e club's brasileiros no segundo semestre de 1995 através do selo italiano Team Records, mas contou também com a ajuda da Dig It, que fez a distribuição do vinil.

Quando chegou ao Brasil, "Back For Good" logo integrou diversas coletâneas de Eurodance daquele ano, tais como "As Sete Melhores Vol. 4" e "TV Dance".


PRODUÇÃO E ESTRATÉGIA DA GRAVADORA
Vinil do East Side Beat - "Back For Good" (1995) lançado pelo selo italiano Team Records

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado neste artigo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


Parece que a intenção dos produtores da Eurodance é sempre de enlouquecer seus fãs, não é mesmo? 
Prestem bem atenção nas idéias dos caras...

Este projeto aqui nada tem a ver com aquele outro também intitulado de East Side Beat, que lançou sucessos como "Ride Like The Wind" (1991) e "So Good" (1994). Eu sempre achei que se tratavam dos mesmos responsáveis, por apresentarem o mesmo nome ("East Side Beat"), mas a mais pura verdade é que trata-se de um outro time de produtores e de um outro vocalista, apesar do nome "xerocado".

O próprio Carl Fanini (vocalista do East Side Beat Oficial) me informou que não é a sua voz que consta em "Back For Good", e que esse é um projeto totalmente diferente do criado por ele, então averiguando mais aprofundamente, pude perceber que os colaboradores aqui são outros, e que a gravadora armou toda uma estratégia para "fisgar" o público... 

Acontece que a Team Records era um subselo da Media Records  a gravadora do verdadeiro East Side Beat  e estes empresários quiseram se aproveitar da marca já existente para chamar a atenção dos DJ's e rádios FM's, para assim conquistarem algum sucesso com a regravação Dance de "Back For Good". 

Resumindo: A faixa "Back For Good" (1995) não tem relação alguma com o projeto que tem Carl Fanini nos vocais.

Roberto Guiotto, ele criou os arranjos em "Back For Good"


"Back For Good" do East Side Beat Feat. Max contem a produção de Sandy DianRoberto GuiottoFrancesco Vaccari C.Causin, e o selo que trabalhou nessa produção, como já citado, é o Team Records / Media Records. 

O vocal do Max é ótimo, bem "meloso" (sem perder a sua masculinidade) e ele canta num ritmo mais acelerado que a original, acompanhando perfeitamente a velocidade contagiante das versões "dance". E o coro de fundo? Aaaahhh… dá todo um contraste com a sua base, principalmente quando ela entra em destaque! É lindo, é dançante, é emocionante de se ouvir!! 

Com o alcance que a música recebeu, os produtores convidaram o mesmo vocalista "Max" para gravar um novo single intitulado agora de "I Want To Know What Love Is", uma regravação da banda oitentista Foreigner. O segundo single foi lançado também em 1995, mas desta vez, sem sucesso.

No lado B do vinil "I Want To Know What Love Is", há uma faixa chamada "Get Down", mas sem os vocais de Max. Tráta-se de mais uma faixa no mínimo curiosa, já que ela apareceu também no lado B do single "Touch Me" (1996) de um projeto intitulado Kaccino, mas com compositores diferentes (??). Vai entender! 



"Back For Good":
Destaque na coluna "Dance Floor", da Revista DJ Sound, Dez/95


Como em muitos casos já vistos, o website Discogs se equivoca também quanto a identidade deste vocalista. O vinil de "Back For Good" só informa na capa o Feat. "Max". Já o segundo single  "I Want To Know What Love Is" — contem créditos vocais à um tal de Max Cortina (impresso em sua contra-capa), então algum usuário do Discogs usou a sua imaginação e inseriu fotos e redes sociais de um cara de mesmo nome à página mencionada, dando a entender que aquela pessoa seria o vocalista, porém, isso foi um equívoco inserido no "achismo" e sem qualquer tipo de checagem dos administradores do site. 
Aquele "Max Cortina" que aparece no Discogs é um homem anônimo, um italiano de Veneza que mora atualmente nos EUA e que nunca foi cantor. O "Max Cortina" impresso no vinil é apenas um pseudônimo dado ao vocalista pelos produtores do projeto. 

Perguntei à Roberto Guiotto  um dos caras que ajudou a criar os arranjos para essa versão do East Side Beat — quem seria o enigmático vocalista Max, então, Mr. Guiotto prontamente informou-me que o seu verdadeiro nome é Max Senzioni.


MAX
Max Senzioni, aqui com outro codinome: Maxen

Max Senzioni é um cantor profissional que já gravou diversas canções durante a sua longa carreira na música italiana. "Back For Good" é apenas um, entre seus inúmeros trabalhos. Ele me disse também que gravou com sua voz  a"Back For Good", mas que seria bom se fosse o produtor da faixa...



O LEGADO DE MAX SENZIONI
O vocalista Max que fez a gente dançar em "Back For Good"

"Max", além de cantor é também compositor e guitarrista. Ele nasceu em Milão, na Itália, e desde muito jovem começou a profissão de músico, atuando por 7 anos como cantor e guitarrista num clube, em sua cidade natal. Além disso, ele também interpretava inúmeros jingles publicitários para várias empresas, como exemplo a Coca Cola, a Peugeot, etc.

Depois, Max Senzioni passou a ser vocalista de inúmeras bandas, projetos, orquestras, e sempre esteve em numerosas aparições na televisão. 

Após gravar em 1995 as releituras de "Back For Good" (Take That) e "I Want To Know What Love Is" (Foreigner), ele foi um cantor solo numa orquestra que foi transmitida pelo Canal 5, em 1996.
Seus trabalhos musicais, no geral, figuram mais no segmento Folk, Country e Rock, sendo que, de todas as suas músicas gravadas, apenas "Back For Good" e "I Want To Know What Love Is" são do gênero Eurodance.


EAST SIDE BEAT FEAT MAX TRINTA ANOS DEPOIS
Trinta anos após trabalhar com East Side Beat, Max Senzioni continua ainda com todo o gás, cantando e se apresentando por toda a Itália. 
Ele ainda mora em Milão, apresentou em 2019 a sua turnê "One Man Live Unplugged", e atualmente está cantando com outro nome artístico: Max Brera.

Max também tenta manter as suas redes sociais atualizadas (embora seu perfil no facebook aparentemente não exista mais), sempre divulgando seus vídeos, agendas de shows e outros registros de suas performances.

Veja alguns vídeos do cantor:

Max Senzioni é muito fã dos Beatles, Queen, AC/DC, entre outros astros do Rock. Aqui ele canta Beatles na TV italiana, pena que o áudio está muito comprometido (volume baixo). 

Em 2019, ele lamentou a morte de Mark Hollis, o vocalista do Talk Talk: 
"Fez parte da minha juventude, onde durante muito tempo eu cantei e toquei as suas músicas. 
Tenha uma boa viagem, Mark...!"


Max Senzioni canta o clássico do rock "We Are The Champions"


Em seu show "One Man Live Unplugged" (2019)

Max Senzioni atualmente

Sem dúvidas, Max Senzioni é mais um grande artista que deu voz à uma excelente regravação, que é "Back For Good".
Ouça aqui esta sua versão dance lançada há 30 anos, em 1995:


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Volta, adolescênciaaaaa!!
I want you back for good...

terça-feira, 29 de abril de 2025

A.D.A.M. FEAT AMY - "ZOMBIE" (1995) - MELODY CASTELLARI

A.D.A.M. FEAT. AMY - "ZOMBIE" (1995) 

30º ANIVERSÁRIO

A.D.A.M. feat AMY - "Zombie" (O'Riordan)


Esta é outra "pauleira" que tocou muito nas FM's e pistas de dança de todo Brasil, e que agora completa o seu aniversário de 30 anos!!! 

É isso aí, galera! Estamos falando "Zombie" do A.D.A.M., uma regravação da banda The Cranberries  famoso grupo irlandês de rock / pop de grande qualidade, e que teve, infelizmente, a sua talentosíssima vocalista Dolores O'Riordan falecida no início de 2018. 

Quanto aos italianos do A.D.A.M., este time de produtores fizeram a referida versão de "Zombie" para ser tocada nas discotecas, no entanto, logo adentrou também em vários charts e acabou ganhando inúmeros admiradores no Brasil e em outros países pelo mundo. Mas, você sabia que, na época, muitas pessoas também desaprovaram essa versão? 

Entenda o porquê:


O PROJETO A.D.A.M FOI INFELIZ?

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado neste artigo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

A.D.A.M. FEAT AMY - "ZOMBIE" (1995)
CD-Single australiano

Aqui no Brasil todo mundo amou a faixa, tocava direto nas rádios, discotecas, playcenter e tava tudo certo. No entanto, na Europa estava claro que uma versão "dance" para essa música estava longe de ser apropriada. Passou uma impressão de que os produtores estavam se divertindo com uma música sobre crianças assassinadas (!). 

Sim, a letra de "Zombie" não tem nada de alegre. Sua letra é uma resposta à morte de dois meninos que foram vítimas fatais em um bombardeio politicamente motivado pelo grupo armado IRA (Exército Republicano Irlandês), em 20 de março de 1993, na cidade de Warrington, na Inglaterra. 

Além das mortes das crianças, o ataque terrorista ainda deixou mais de 50 pessoas feridas. A própria compositora da música (Dolores O'Riordan) já disse que essa é a música mais pesada que eles fizeram, então, realmente é estranho colocar uma galera para dançar ao som de uma música com uma mensagem tão séria e triste. Isso ainda consegue piorar, se você assistir ao video da canção, que nos mostra uma modelo "gostosona" sensualizando num lava-car (???). 

Ou seja, bem compreensível esta enxurradas de críticas que esta versão italiana recebeu.

Venha para o meu lava-car...


O SUCESSO DO A.D.A.M.
Mesmo com a polêmica, esta versão "Dance" foi muito bem nas paradas e alcançou o #5 na Austrália, enquanto a original alcançou o #1 por 8 semanas. 
Além da Austrália, outro país que deu destaque para essa versão do A.D.A.M. foi o Reino Unido, onde "Zombie" alcançou o Top 20 e atingiu o pico máximo na posição #16. Ainda no Top 100 britânico, ficou por 11 semanas entre 01/07 e 09/09/1995.

A banda The Cranberries  que possuía os direitos autorais  também deve ter permitido o lançamento desta versão e com certeza recolheu parte dos lucros. Se eles não se importaram muito com a versão "feliz" para a sua música "triste", então... vamos dançá-la! 

Além da Austrália e Reino Unido, outros países como a França, Itália, Canadá, Alemanha, Suíça, Bélgica e o Brasil também dançaram muito com essa versão do A.D.A.M., embora ainda houvesse uma outra versão dançante para "Zombie" feita pelo projeto espanhol Ororo (versão legal, mas que não causou no público o mesmo agrado que o A.D.A.M. conseguiu).


"In your head, in your head
Zombie, zombie, zombie!!"

Quanto ao início do sucesso de "Zombie" do A.D.A.M., se deu primeiramente em abril de 1995 a partir do lançamento do vinil italiano, mas foi a partir do mês de maio que foi se tornando realmente popular na Itália. Aos poucos, a faixa foi se destacando também pelos países vizinhos e ganhando edições em CDs e discos de vinil de outras nacionalidades. Junho e Julho de 1995 foram os meses do Verão Europeu / Norteamericano, e "Zombie" conseguiu então se popularizar mundialmente. No Brasil, a música chegou através da Paradoxx Music na primavera de 1995 (setembro).

Eu tenho um carinho muito especial por esta faixa, pois a primeira vez que ouvi "Zombie" foi a partir desta produção. Só depois de uns dois anos que fui conhecer a obra original do The Cranberries... então, como eu poderia agora, desaprová-la? Foi praticamente a minha ponte para conhecer a banda irlandesa!


OS PRODUTORES E SEUS ENVOLVIDOS
Sobre a polêmica versão "dance", temos quatro produtores italianos que trabalharam e lançaram "Zombie", em 1995. 

São eles, Andrea Morando, Davide Gaddia, Angelo De Robertis e Maurinaz, que juntando suas iniciais formam o nome deste projeto italiano de eurodance.

Estes produtores criaram várias versões para “Zombie”, além de terem convidado um outro produtor, mais conhecido que os próprios, para participar deste single: Mauro Marcolin (que foi o arranjador, programador e responsável pela mixagem de “Zombie”.

Teknol O.G - "I Want You" (1995)
Os produtores do A.D.A.M. olharam para Mauro Marcolin e falaram: "Nós queremos você"


Marcolin teve um papel muito importante na realização de "Zombie", pois ele pegou as ideias "rascunhadas" dos produtores do A.D.A.M. e as aperfeiçoou, resultando nas versões finais que conhecemos. A propósito, no mesmo ano de 1995 Marcolin também lançou o projeto Teknol O.G. - "I Want You", faixa perceptivelmente semelhante a sonoridade de "Zombie"

Resumindo: Marcolin produziu "Zombie" e apresentou muitos elementos que ele já usava na época, dando ao single muito mais características pessoais suas que os próprios produtores oficiais do A.D.A.M.

Marcolin já era muito experiente em 1995 e tinha em seu currículo trabalhos conhecidos na Time Records, como os renomados projetos Humanize, AntaresAladino, Mr. Signo (aquele de "Loverboy") além de ter sido o compositor de “I Want Your Love” do Corona (DWA).

Os produtores do A.D.A.M. criaram as ideias, mas depois chamaram o experiente Mauro Marcolin para dar o toque final ao cover de "Zombie"


AS VERSÕES DE "ZOMBIE" (A.D.A.M.)

"Zombie" foi gravada em Brescia, Itália, mais precisamente no estúdio Cross Studio (BS), e licenciada pela Reflex / Dig It International.

Praticamente todas as versões presentes no single são ótimas, mas nem todas ficaram conhecidas pelo público brasileiro... A versão “Rockin’ With Zombie Club Mix” brinca com os nossos ouvidos ao trazer algumas inserções bem animadas de guitarras. Aliás, essa versão contem samples retirados da música “Cuddly Toy” do grupo Roachford. Bem interessante (e bem-vinda) essa mistura de dance music com rock que ouvimos aqui, afinal, a versão original do The Cranberries é um rock, né?

Há ainda no single a versão “Eternal Airplay Mix”, que é excelente e extremamente dançante! É aquela mesma versão que está presente no vídeo oficial. Uma das minhas favoritas!

E claro, há aquela versão que fez muito sucesso aqui no Brasil, a “Dancin’ With Zombie”. Essa foi arrebatadora nas rádios e nas coletâneas da Paradoxx Music!!! 


OUTROS SINGLES DO A.D.A.M.

Devido ao grande sucesso de "Zombie", os quatro produtores voltaram a produzir mais duas músicas para o projeto A.D.A.M., sendo "Memories And Dreams" (1995) e "Nothing Sacred" (1996), mas que não chamaram muito a atenção dos DJs e do público na época, o que é uma pena...

Estes quatro produtores não produziram mais nenhum outro single de sucesso comparável à "Zombie", nestes 30 anos que se passaram.


A VOCALISTA E A PRODUÇÃO DE "ZOMBIE"
Quem é Amy? Este é mais um nome fictício inventado pela Dance Music...


Apesar do vídeo de "Zombie" trazer uma outra moça para os nossos olhos  —  e do single creditar uma tal de Amy  —  o nome real da vocalista deste imponente single é Melody Castellari (imagem acima), uma cantora de estúdio italiana que gravou muitas músicas de eurodance, e que você  possivelmente — já deve ter ouvido em outros sucessos, como "Remember" (Surama K.) e "Dancing in the Night" (Connie Nice). 

Na internet, as pessoas se sentem a vontade para criar diversas teorias com seus achismos, não é mesmo? Pois atente-se, já que a "Amy" deste projeto é apenas um pseudônimo inventado pelos produtores de Dance Music, e não tem relação alguma com a cantora Amy Winehouse, como já cheguei a ler por aí. Sim, alguns acham que a artista falecida gravou "Zombie" para o A.D.A.M. no início de sua carreira... mas, é claro que essa é apenas uma mentira ridícula! Agora, um fato pouquíssimo comentado por aí: Você sabia que o refrão de "Zombie" não contem os vocais de Melody Castellari? Neste caso, trata-se de uma outra voz que ouvimos!!

Na verdade, Melody Castellari realizava muitas gravações nos estúdios da gravadora DIG IT, e um destes singles gravados como cantora "freelancer" foi "Zombie", quando ela tinha apenas 20 anos de idade. Era um trabalho sem maiores conexões com os donos do projeto, que também não tinham muitas pretensões e não esperavam muito sucesso de seus discos. Por essa situação, sempre quando uma música destes produtores se destacava nas paradas, alguma modelo era contratada para fazer a sua divulgação nos programas de TV, dar entrevistas para a imprensa e realizar turnês, assim como fez a brasileira Surama de Castro (projeto Surama K.  que também foi uma destas modelos que dublou a talentosa italiana Melody Castellari (hit "Remember - 1997).


A modelo do A.D.A.M.: Sissi Zosi

Para se ter uma ideia, de como realmente não havia muitos laços entre a cantora de estúdio e os produtores, cheguei a conversar com Maurinaz (um dos "cabeças" do A.D.A.M.), e ele parecia nem saber o nome de Melody Castellari, se referindo a ela apenas como "vocalista".

Talvez ele tivesse mais afinidades com a modelo que representou o projeto A.D.A.M.  — a garota que vimos dublando em "Zombie". Ela é a italiana Sissi Zosi, natural de Roma e quem conduziu comercialmente o projeto devidamente aos seus atributos físicos. Além de aparecer no vídeo oficial, Sissi Zosi também participou de algumas performances do A.D.A.M, como esta:

Sissi Zosi: linda, mas apenas dublava...

Melody Castellari concede ao projeto um super vocal, este sendo um dos grandes responsáveis pela consagração da música. Sua voz potente dá um extremo vigor para "Zombie", e sem ela, duvido que faria tanto sucesso. 

Os versos cantados ficam claros que são de Melody Castellari, mas... e o refrão? Para mim, sempre foi muito diferente, e parece se tratar de um sample vocal retirado da voz original de Dolores O'Riordan... Você não acha? Pode ser ainda, que este refrão tenha sido gravado por uma outra cantora de estúdio da Dig It (com voz similar à de Dolores)... Existe essa possibilidade! Ou melhor: Na Eurodance, existem diversas possibilidades!!!

Para colocarmos um fim a essa dúvida, perguntei à Melody Castellari sobre essa voz:
Rikardo: "Oi, Melody! Sou do Brasil e sou fã da sua poderosa e linda voz. Sobre a música 'Zombie' (A.D.A.M.) que você gravou nos estúdios Dig It, reconheço facilmente a sua voz nos versos, mas no refrão também é você? Parece ser a voz original de Dolores O'Riordan... Abraço do Brasil!"

Melody Castellari: "Pelo que me lembro, gravei a música inteira, mas acho que os produtores deixaram a minha voz mais 'grossa' de alguma forma. Provavelmente mudando os formantes por meio de um plugin.
O mesmo aconteceu com a música 'Love in December', do projeto Axia, também cantada por mim." 


Um dos produtores do A.D.A.M.: MAURINAZ

 
Falei também com Maurinaz, um dos caras que produziu o hit, mas ele me deu uma outra resposta. Confira:

Rikardo: "Olá, Maurinaz! Sou do Brasil e, assim como muitos brasileiros, eu adoro a música 'Zombie' que você produziu no projeto A.D.A.M. Sinceramente, acho que essa versão é muito melhor que a original, e aqui no Brasil ela fez um grande sucesso em 1995 (saiu aqui através do selo Paradoxx Music). Depois de alguns anos de seu lançamento, descobrimos que 'Zombie' foi gravada pela cantora italiana Melody Castellari, mas você se lembra se ela também gravou o refrão? Pois sempre acreditei ser uma outra cantora nessa parte da música, até mesmo pensei na possibilidade do refrão conter uma amostra vocal retirada da música original (cantada por Dolores O'Riordan). Você se lembra se o refrão está na voz da Dolores??? Muito obrigado pela sua atenção. Deus te abençoe por tudo!

Maurinaz: "Oi! Muito obrigado pelas suas gentis palavras e apoio — significam muito para mim!
Sobre o A.D.A.M., na versão dance de 'Zombie', o refrão não foi sampleado de Dolores O'Riordan. Na verdade, você está correto sobre essa voz estar diferente da voz que está nos versos, pois o refrão foi de fato cantado por uma segunda vocalista, porque a voz dela combinava melhor com o refrão. Infelizmente, não me lembro mais do nome dela — foi há muito tempo! Tudo de bom, e que Deus te abençoe também!"


MELODY CASTELLARI ONTEM E HOJE
Ela é atualmente cantora, compositora, produtora italiana e está prestes a completar seus 50 anos de idade. 
Nascida em 10 de junho de 1975, em Bolonha (cidade que fica a 80km de Florença), ela herdou o talento de seus pais, que também vieram do meio artístico: Corrado Castellari e Norina Piras.

A talentosa Melody Castellari: 
Melody Castellari apenas realizou negócios profissionais com os produtores do A.D.A.M., já que trabalhava como cantora de estúdio da gravadora DIG IT, ou seja, acabou "vendendo" a sua voz e não teve relações mais próximas com estes produtores. Por isso, os projetos se viam obrigados a recorrer às modelos, quando estas músicas faziam sucesso...

Melody começou sua carreira ainda nos anos 80 (quando criança), interpretando canções de desenhos animados. Aos 15 anos, ela começou a trabalhar como backing vocal para alguns músicos e obteve experiência nos variados processos de gravação.
 
A jovem artista também iniciou sua carreira como uma cantora de estúdio e emprestou a sua voz para vários produtores de dance music, aliás, a sua primeira canção gravada neste gênero foi a estupenda cover de La Bouche “Sweet Dreams”, que foi lançado como Sasha Feat. Melody (faixa também licenciada aqui pela Paradoxx Music em 1995). Um single que veio a seguir foi Connie Nice - "Dancing In The Night" (1995), sendo mais uma sensação nas pistas brasileiras.

Infelizmente, como ocorre em quase todo este gênero, suas contribuições vocais foram em grande parte sem créditos, e Melody na época não aparecia em público dando entrevistas sobre estes trabalhos. Ainda em 1995, houve o segundo single do A.D.A.M. Feat Amy - "Memories And Dreams", mas sem a participação vocal de Melody Castellari, que retornou apenas no terceiro e último single do projeto: "Nothing Sacred" (1996). 

Aqui no Brasil, mais uma eurodance se destacou na voz de Melody Castellari... era "Remember" do projeto Surama K, que chegou em 1997 e rapidamente caiu nas graças dos DJs e das rádios dance.

Com o passar dos anos, Melody Castellari engatou outros variados trabalhos na Dance Music, como a sua contribuição vocal à música "Talk to Me" do projeto DEAR, além de "Inside to Outside" do Lady Violet"Love In December" do Axia, "Take On Me" do Katty B., "My Sunshine" do Captain Joy, "My Macho" do Jessica Jay, foi a backing vocal do projeto de italo-house Malina (canção "Reach Out"), e por aí vai...

Como compositora, Melody Castellari escreveu ainda músicas para vários artistas italianos, como Fabrizio De André, Mina, Milva e Ornella Vanoni

Como artista solo, ela lançou um álbum chamado “Vorrei” no gênero pop (em 1998) e singles em vários gêneros. Em 2002, interpretou “Princesa Nefertari” no musical “Os Dez Mandamentos”. No dia 4 de agosto do mesmo ano, ela se apresentou em memória dPapa João Paulo II

Nos últimos anos, ela também começou a trabalhar como produtora, ao mesmo tempo em que continuou trabalhando como backing vocal de artistas italianos e internacionais.

Além de ter sua carreira solo (pop italiano) e de cantar eurodance para vários produtores, Melody Castellari ainda canta rock'n roll e tem a sua própria banda Melody Squad. Simplesmente, uma artista talentosa, versátil e de muito bom gosto!

Melody Squad - "Closer" (2005)
Assim como Clara Moroni, Max Senzioni, Andrea Alberghi, Jackie Bodimead, entre outros vocalistas de eurodance, Melody Castellari também se dedica ao Rock ...
Uma cantora para fazer bonito com um cover de "Zombie", tinha que ser realmente do rock!!

Melody Castellari improvisando um de seus maiores sucessos AO VIVO:
 "Dancing In The Night"

Sublime!

Melody Castellari atualmente


Você era apaixonado pela modelo que aparece no clipe e quer saber como ela está atualmente?
Eis ela...

Sissi Zosi em foto de 2024

Falando no clipe da música, aqui está "Zombie", na mesma versão que consta no CD "TV Dance" (inclusive, é também a mesma versão que tocava nas rádios). Vamos recordar?

A.D.A.M. FEAT AMY - "Zombie" (1995)

Com certeza, A.D.A.M. Feat. AMY — "Zombie" foi uma das minhas músicas favoritas no finalzinho de 1995, e nesta época, não havia quem não se entregasse à este extasiante hit...Trinta anos atrás!!!