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domingo, 14 de julho de 2024

ULTRA NATÉ E SEU HÍT "FREE" MARCARAM O NOSSO 1997

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-RIKARDO ROCHA

ULTRA NATÉ E SEU ULTRA SINGLE "FREE" 

O 27º ANIVERSÁRIO DE UMA FAIXA QUE JÁ NASCEU CLÁSSICA!


Dá para acreditar que essa faixa tem quase 30 anos?⁠

“Free” da cantora Ulta Naté alcançou um significativo sucesso comercial em 1997, ano em que foi lançada e conquistou o topo das paradas de diversos países. Lembro-me que, aqui no Brasil, a faixa chamou rapidamente a atenção da rádio Jovem Pan e era tocada por lá a cada 10 minutos, se destacando muito em programas como "As 7 Melhores", "Ritmo da Noite", "Torpedo da Pan", "Sequência Máxima", entre outros. Que nostalgia boa lembrar dessa linda fase!

O desempenho mundial de "Free" também foi gigante, se tornando um dos maiores hinos de 1997 e alcançando a posição número 1 na Billboard Hot Dance Club Play dos EUA, ficando a frente de outros dance-híts importantes, como "The Funk Phenomena" do Armand Van Helden e "Around The World" do Daft Punk. Este estupendo house chegou também ao Top 5 no Reino Unido, França, Itália, entre outros países europeus.⁠ ⁠Um verdadeiro impacto na música eletrônica noventista! 


Ultra Naté - "Free" (1997)
Video Official

Quanto ao videoclipe da música, Ultra Naté aparece cantando num cenário fechado que mais parece um hospital psiquiátrico (ou manicômio, numa linguagem mais popular) e percebemos ainda que há algumas portas sendo trancadas no tal recinto. O vídeo foi gravado em 1997, época que a cantora tinha 29 anos de idade e estava com seus cabelos bem curtinhos e tingidos de louro. O referido vídeo chegou aos brasileiros através da extinta Paradoxx Music, que incluiu o material numa fita VHS ⁠chamada "TV Dance 3" (em meados de 1998), além é claro, das dezenas de coletâneas em CDs que a empresa distribuiu com essa maravilhosa track, tais como "As 7 Melhores Volume 7", "Top 18", "Quarenta Graus", "Hot Nine Seven Vol.6", e etc.

Ultra Naté incorporou em 1997 a sua mensagem de libertação e autoexpressão em "Free", mas ao longo dessas últimas quase 3 décadas “Free” continuou forte e ainda hoje é muito lembrada em estações de rádios e em manifestações LGBTQ+ (com a sua mensagem inspirando milhões de ouvintes).

Nascida na região de Baltimore, nos Estados Unidos, em 20 de março de 1968, Ultra Naté Wyche começou a sua carreira como participante do coral da escola que frequentava, embora seus planos inicialmente estivessem voltados para a área da medicina. 

"Durante toda a minha vida eu queria me formar em medicina, mas isso foi até eu conhecer um club chamado O'Dells, onde passei a frequentar com quize anos de idade. Esse club era onde toda a comunidade do Underground e da House Music se reunia, e naquele momento me identifiquei com aquela tribo e descobri todo o meu amor pela cultura da Dance Music" - Ultra Naté


Ultra Naté se encantou com o mundo da Dance Music aos 15 anos de idade...

Ainda adolescente e frequentando o club O'Dells, Ultra Naté conheceu Thomas Davis do Basement Boys e se tornaram grandes amigos. Logo ela começou a soltar a sua voz no club O'Dells e, posteriormente, a participar de algumas audições com os produtores do Basement Boys.

Aliás, a revista brasileira DJ Sound disse em uma de suas edições de 1997 que Naté foi convidada para fazer o backing vocal da música "Angel" de Angela Wimbush, mas não foi bem isso... O que houve, é que Ultra Naté cantou essa música numa espécie de "processo seletivo" para Teddy Douglas e Thomas Davis (ambos do Basement Boys), que adoraram a voz e a performance de Ultra Naté. Percebendo o "feeling" da garota, o resultado não podia ser outro; em 1989, estourava no mundo inteiro o mega-hít "Over Now", single debut de Ultra Naté e produzido pela equipe do Basement Boys.

Depois deste seu primeiro trabalho, Ultra Naté desencadeou uma série de outros singles, como "Is It Love?", "Scandall", "Deeper Lover" e "Rejoicing (I'll Never Forget)", faixas que faziam parte de seu primeiro álbum chamado "Blue Notes From The Basement" (1991). Assim, estourava no mundo uma garota vocalista que já dominava a primeira posição dos charts - tanto em execução como em vendagens. 

Percebendo o sucesso que haviam descoberto, os Basement Boys - junto com Ultra Naté -  lançaram o segundo álbum da vocalista, que contou com a colaboração de alguns amigos deles, como Nelle Hopper, D- INfluence e Ten City, considerados como os "Basement Brothers". O resultado foi o disco "One Woman's Insanity" (1993), que viria repetir o sucesso do álbum anterior, e novamente traria novos sons dançantes para os amantes da House Music, como as faixas "Joy", "Show Me" e "How Long".


Ultra Naté se tornou uma Diva da House Music


Mas nem tudo parecia ir bem. Quando resolveu cair de cabeça em seus projetos, e assumir sua verdadeira postura como cantora, Naté teve as "portas fechadas" pela Warner (gravadora que trabalhava com ela), pois este período coincidia também com um outro fenômeno Dance - Janet Jackson. A gravadora queria que Ultra Naté assumisse um novo "perfil", um mix de Mary J. Blige com Janet Jackson, o que fugia totalmente de seus planos. Então, Naté foi dispensada pela Warner por não querer seguir com essa proposta, e assim, a cantora até voltou a cogitar em estudar a "sonhada" medicina.

À convite de seus amigos do Basement Boys, Naté foi consultada para um novo trabalho. Seria esta, a hora? Bem, a resposta veio um pouco depois, quando seus amigos já estavam produzindo outros artistas pela gravadora Strictly Rhythm. Mais madura e consciente de seus ideais, Ultra Naté resolveu assinar também com este selo e, em pouco tempo, surgia a canção "Free", em 1995. Sim, pasmem, a música foi feita em 1995 e demorou dois anos para ser lançada!

Seguindo seus instintos, Naté viu que o ano de 1995 ainda não era um ano propício para lançar "Free", pois, alguns dos mais conceituados DJ's de Nova York, como David Morales, Junior Vasquez e Frankie Knuckles, estavam revolucionando a House Music, baixando os bpms dos sucessos que iam para as pistas, e consequentemente, influenciando todas as pistas do mundo (principamente de Londres), fazendo com que Carl Cox, CJ Macintosh, Lottle ´Louie' Vega e Kenny Dope Gonzales aderissem ao modismo dando espaço ao House mais "elegante" e mais trabalhado.

Valeu a espera! Em pouco mais de um ano, e muitos contatos, a Stricly Rhythm americana fechava parceria com a AM:PM na Inglaterra, e o single de "Free" finalmente chegava ao mundo, e aqui no Brasil tudo acontecia via Paradoxx Music


Ultra Naté - "Free" (1997)
Stricly Rhythm

Uma curiosidade, é que a potente "Free" apresentou aos ouvintes da Dance Music um frequente e característico som de guitarra cadenciado em praticamente toda a sua base instrumental, sendo isso um grande risco na época, pois poderia desagradar o público das pistas. Esse risco foi aceito por Ultra Naté, que adorou o desafio e apostou nesse fragmento "guitarra" - um instrumento totalmente inspirado de alguns híts de rock dos anos 90, como R.E.M. - "Loosing My Religion" (1991) e várias produções da cantora Sheryl Crow.

O hino "Free" foi escrito pela própria vocalista, aliás, ela é uma ótima compositora e escreve as suas próprias letras desde os primeiros singles. Já as backing vocals que participam do single foram as também americanas Audrey Wheeler-Downing, Cindy Mizelle e Khadejia Bass.


As backing vocals de "Free" da Ultra Naté


"Free" então foi lançada oficialmente no dia 31 de março de 1997, mas desde janeiro daquele ano já vinha sendo tocada e notada por inúmeros DJ's, sendo consequentemente um sucesso cada vez mais crescente nos clubs e rádios. A produção era mais uma vez dos Basement Boys e com remixes dos DJs do Mood II Swing.

"Free" é sobre a liberdade de seguir os nossos próprios desejos, sem se preocupar com opiniões externas, e enfatiza a confiança pessoal em alcançar os objetivos pessoais. A faixa logo estreou ocupando as primeiras posições dos charts, sempre entre as 15 mais tocadas, isso sem falar que ficou 8 semanas consecutivas em primeiro lugar na Europa e Estados Unidos! O impacto foi tanto, que, a mais famosa casa noturna de Londres, a Ministry Of Sound, editou em meados de 1997 a sua 8ª compilação - montada pelo DJ e produtor Todd Terry (e estes volumes eram considerados como as mais importantes "referências" do que rolava no mundo dos clubs) - e "Free" fez parte desta coletânea na sua versão "Mood II Swing Extended Vocal".


ULTRA NATÉ NO BRASIL

A cantora veio ao Brasil no primeiro semestre de 1998 e se apresentou em São Paulo nos dias 19 e 20 de março, e também no Rio de Janeiro, no dia 21, numa época em que as rádios e pistas de dança ainda respiravam o sucesso "Free".


Fotos Revista DJ Sound (acervo pessoal)
Ultra Naté no Brasil em março de 1998

A estrela americana se apresentou nos extintos club's Florestta (SP) e Fundição Progresso (RJ), e nesta sua tão aguardada passagem pelo Brasil, Ultra Naté foi recebida em São Paulo por Filipo Croso da Paradoxx Music (ele cuidava da área Label Internacional). A cantora ainda salientou em São Paulo, que, frequentar os clubs em sua adolescência foi um grande treinamento para a sua carreira de cantora.


Filipo Croso da Paradoxx Music e Ultra Naté

Ultra Naté é americana e todos os seus produtores de "Free" também são, então isso "quebra um pouco as regras", já que os maiores hinos da Dance Music contem a voz ou a produção de alguma persona do continente europeu. Ultra Naté acrescentou em solo brasileiro que, a Europa é muito mais viável para quem quer o mercado Dance do que os EUA, porque a cultura é diferente e tudo fica mais fácil na Europa: 

"Os americanos não sabem fazer marketing com o mercado Dance. Eles são limitados neste sentido. O que eles exploram é o mercado da Black-Music." - Ultra Naté


Ultra Naté canta em solo brasileiro (1998)

Hoje com 56 anos de idade, Ultra Naté é cantora, compositora, produtora musical, DJ e promotora. Ela já lançou ao todo oito álbuns de inéditas, mas indubitavelmente foi com o single "Free" que ela marcou para sempre a Cultura da Dance Music Mundial, sendo até hoje lembrada e referenciada pelo grande público deste gênero. Aqui no Brasil, a Paradoxx Music chegou a divulgar também as suas faixas "Found A Cure" e "New Kind Of Medicine", outros dois ultra houses dançantes da vocalista e lançados após ao estouro de "Free", além de trazer para cá o álbum "Situation: Critical" (1998).


Vai uma acupuntura aí?

Assim como o tratamento de acupuntura que Ultra Naté está recebendo na capa de seu lendário álbum, a música "Free" funcionou para nós, os amantes da Dance Music, como uma grande força de cura em 1997 e também nas gerações seguintes.

Parabéns e obrigado, Dra. Ultra Naté!

2 comentários:

  1. Na época eu pensava que Ultra Naté era o nome de um projeto. Eu amo a música free. Tem uma batida bem legal. Ainda em 97, Ultra Naté, Amber e Jocelyn Enriquez gravaram juntas um hit chamado "if you could read my mind. Essa música é muito boa.

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    1. Faa JLC, tudo bem? Verdade! Essa música com Jocelyn Enriquez e Amber tocou bastante por aqui. Pena que a Paradoxx não foi quem licenciou...

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