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terça-feira, 6 de julho de 2021

NICKI FRENCH: CANTORA DA EURODANCE NO BRASIL

Não há uma criatura, fã de eurodance no Brasil, que não conheça essa maravilhosa artista... 

CANTORA DE EURODANCE - NICKI FRENCH - PISAVA NO BRASIL PELA 1ª VEZ HÁ 25 ANOS

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

Seu nome real é Nicola Sharon French, nasceu em Carlisle (Inglaterra) no dia 26 de setembro de 1964 e começou a cantar aos seus 12 anos de idade numa banda com o seu irmão. Com o 'brother' ela cantou até aos 19 anos, depois se mudou para Londres e cantou em muitos clubs espalhados pela cidade. 

Vale acrescentar que, antes de ser descoberta, a inglesa fez ainda vários trabalhos como backing vocal para muitos cantores, além de cantar em projetos como Whiskey & Sofa - "Dirty Den" - que aliás, é uma produção bem obscura de 1986. 

Whiskey & Sofa "Dirty Den" (1986)
Raríssima música com a participação da Diva do Eurodance:
NICKI FRENCH!!!

Aos seus 29 anos, a jovem artista foi ainda a voz do projeto britânico French Connection, na faixa "You'll Be Sorry" (1993). Ainda em 1993, finalmente assumiu-se com o nome artístico de Nicki French e se tornou uma das maiores estrelas da dance music dos anos 90. 

A prendada vocalista assinou um contrato com os produtores Mike Stock e Matt Aitken, famosos por produzirem Kylie Minogue, Jason Donovan, Sybil, e muitos outros astros dos anos 80 (em parceria com Pete Waterman). A dupla de produtores tinha acabado de inaugurar o seu selo Love This Records, então trouxe Newton, Serena, Tatjana e Nicki French entre os seus primeiros contratados, onde todos obtiveram êxitos nos charts dos clubs e FMs, inclusive aqui no Brasil. 

O primeiro single de Nicki French foi a clássica "Total Eclipse of the Heart", que alcançou rapidamente o primeiro lugar em vários países, como Japão, Canadá, Espanha e Brasil - bem como esteve no topo das paradas da Austrália, Alemanha, Itália, México, Holanda, Dinamarca e Noruega. Na França, o single também se destacou e vendeu mais de 5 milhões de cópias. Um grandioso HIT mundial!! 

"Total Eclipse Of The Heart" é um cover de Bonnie Tyler, mas considerada por muitos como uma das melhores regravações já feitas por um artista Dance... Não é a toa que muitos ouvintes a definiram também como uma "versão tão boa quanto a original"

O reflexo dessa grandiosidade trouxe o lançamento de dois videos oficiais para a faixa; um exclusivo para o público americano e o outro destinado mais para a Europa. "Total Eclipse" conseguiu ainda um dos melhores resultados para um artista de eurodance nos Estados Unidos, chegando ao #2 do concorrido HOT 100 da Billboard. 

Nicki French chegou onde poucos conseguiram

Particularmente, eu não me lembro de ver um feito tão glorioso alcançado por um outro artista de Eurodance, como Nicki French conseguiu. A cantora conquistou simplesmente o mais almejado topo principal da Billboard americana. É o sonho de muita gente, inclusive da brasileira Anita, que chegou nessa mesma parada atingindo apenas a 90ª posição!!!

Se a Spotlight Records tinha Ice MC, Double You e Corona em seu cast, a concorrente Paradoxx Music tinha a britânica Nicki French como uma de suas maiores estrelas, e com isso distribuiu seus novos lançamentos como "For All We Know" (outra regravação) e "Did You Ever Really Love Me?" (uma faixa original), ambos hits estrondosos e que lotaram as coletâneas da gravadora paulistana.

Diante desse momento, Nicki French era considerada a Maior Revelação da Dance Music Mundial.


Nicki French e seu 2º single "For All We Know" sendo indicado na revista DJ Sound

Seu novo single, "For All We Know", era uma versão "dance" da obra-prima original da dupla The Carpenters, e foi bem conhecida entre os frequentadores das danceterias e tocada nas principais emissoras especializadas em Dance Music. Em 1995, esse 2º single atingiu o #42 na mais importante parada do Reino Unido.

O vídeo oficial de "For All We Know" foi lançado e nos mostrou um outro lado de Nicki French, que não conseguíamos visualizar apenas a ouvindo nas coletâneas da Paradoxx Music ... era o seu lado "Diva Gay", que a cantora exerce fortemente no Reino Unido em seus shows e apresentações até os dias atuais.

Após a estes dois singles, Nicki French saiu com o álbum "Secrets", que foi distribuído em vários países, inclusive aqui no Brasil - através da sempre saudosa Paradoxx Music. 


Nicki French - Album "Secrets" 
Edição americana

Nesse período, a cantora disse: "Eu trabalhei duro por muitos anos, me apresentando em centenas de club's pelo Reino Unido e fazendo backing vocal para diversos cantores, mas, como tantos outros artistas, sempre esperei, no fundo, que um dia tivesse meus próprios sucessos. Então, quando apareceu a chance de trabalhar com Mike Stock e Matt Aitken - que são dois dos maiores produtores ingleses, com mais de 100 hits que passaram pelo TOP 40 -  eu aceitei no mesmo instante." - Nicki French

No 2º semestre de 1995, Nicki French lançou o single de um de seus mais queridos hits aqui no Brasil. Era a canção "Did You Ever Really Love Me?" que bombou demais em nossas rádios e noites, mas fazendo um relativo sucesso no Reino Unido, atingindo o #55 nas paradas daquele país. Essa também foi uma das surpresas da coletânea "As 7 Melhores Vol. 4", assim como "Total Eclipse Of The Heart" havia ocupado com vigor "As 7 Melhores Vol. 2".

"Is There Anybody Out There?" foi single no final de 1995 e se tornou numa nova febre daquele momento. Clubs paulistas, como a nostálgica Krypton, adicionaram esta power track na seleção das melhores da noite, justamente para causar o impacto e garantir o ápice dos "mauricinhos e patricinhas".

Sim, no Reino Unido a cantora sempre foi muito aplaudida pelo público LGBT, mas aqui no Brasil quem aclamava Nicki French como a Rainha da Dance Music eram os "mauricinhos e patricinhas" das mais populares boates brasileiras. "Is There Anybody Out There?" se destacou muito em solo brasileiro, enquanto que no Reino Unido atingiu o #83, em 1995.


Nicki French - Sinônimo de talento e simpatia

Em 1996 Nicki French não teve muitas entradas nos gráficos britânicos; a cantora só voltou a receber alguma atenção por lá com a faixa "Te Amo" (lançada no final daquele ano)...Mas aqui no Brasil, seu impulso vitorioso estava apenas começando... E este, definitivamente, foi o ano de sua consagração na cena Dance brasileira. 

1996 foi também um ano bem lucrativo para a Paradoxx Music, que celebrava as boas vendagens do disco "Secrets", divulgado como o álbum mais bem vendido de um artista da gravadora.

Diante de tantos resultados positivos - e das músicas da Nicki estarem em todas as rádios - , a Paradoxx Music resolveu re-lançar este disco, agora trazendo 3 novas faixas gravadas pela cantora: "Stop In The Name Of Love""Heaven Is A Place Of Heart" e "Tell Him". O resultado disso? Novos hits em todas as rádios, nas coletâneas e nos clubs brasileiros.


Reedição do álbum "Secrets" by Paradoxx Music

Os fãs de Dance Music tiveram em seguida a chance de acompanhar o adicionamento de "Heaven Is A Place On Earth" (regravação de Belinda Carlisle) e "Stop In The Name Of love" (regravação das The Supremes) nas programações das rádios brasileiras. A propósito, belas covers que só a Nicki sabe fazer! Não vi ninguém superar essas versões, até hoje. Eu me lembro ainda que a rádio VOX 90, de Americana - SP, fez até um jingle no estilo paródia de "Stop In The Name Of love", com uma cantora cantando em português e com uma base bem parecida... Marcou-me demais!

Sobre estas excelentes vendagens de seu álbum, Nicki havia dito bem antes: "Estou cruzando os dedos para poder retribuir, com uma enorme vendagem, toda a confiança que os meus produtores depositaram em mim". Bom, ao que tudo indica, podemos dizer que Nicki French retribuiu e muito bem, pois o público brasileiro ajudou a emplacar estas vendas, com duas edições lançadas pela Paradoxx Music.

Nicki French: Hits atrás de Hits

Para se ter uma ideia do sucesso de Nicki em terras brasileiras, ela foi convidada para vir ao Brasil pela primeira vez em 1996, e assim realizou vários shows em elogiadas apresentações. Essa turnê foi um verdadeiro fenômeno de público e aclamação, com casas lotadas e plateia extremamente satisfeita. 

O resultado foi tão positivo, que Nicki French teve que voltar ao Brasil mais 2 vezes para atender a alta demanda, então, em 1996 ela esteve aqui por 3 vezes seguidas! A 4ª vez aconteceu apenas 4 meses depois, em março de 1997!!


DJ Ronaldinho (lenda das pick-ups), com Nicki French e Altair (gerente da Krypton) 
Em sua primeira turnê no Brasil, em março de 1996


A primeira vez que Nicki French esteve no Brasil foi em março de 1996, há pouco mais de 25 anos!! Quem a trouxe nessa ocasião foi Adilson Luciano, um empresário e dono da casa noturna Babel de Itatiba - SP, considerada como um templo da Dance Music nos anos 90.
Adilson já havia trazido outros grandes nomes do gênero, como Whigfield, Taleesa, Alexia, Double You, Martine, Black 4 White, Ice MC, Fourteen 14, Randy Bush, e muitos outros, então só faltava trazer esse grande nome da Inglaterra ... fato que acabou se concretizando e enlouquecendo os fãs da loira.

Nicki French tinha 31 anos de idade nessa sua primeira vez ao Brasil, e ficou hospedada num SPA chamado "7 Voltas", que também fica em Itatiba (cidade vizinha daqui). Ela disse aos jornalistas locais que começou cantando na banda de seu irmão, mas que nessa época fazia músicas para um público mais velho, e que naquele atual momento estava atingindo mais aos adolescentes: "Não tenho a idade deles, mas certamente estou dando-lhes o que querem". 

Quem curtiu essa época, deve se lembrar que Nicki era um nome excitante entre os teens brasileiros...

[Nicki French na Krypton]
Nicki French se apresentou em dezenas de clubs brasileiros, mas ela não podia deixar de visitar a Krypton, né? A famosa danceteria que sempre destacou os seus sucessos!!!


O primeiro show que a rainha da Dance Music fez no Brasil? Foi na cidade de Manaus - AM, num Hotel chamado Tropical. 

À revista DJ Sound, a cantora disse: "Subi ao palco e o espetáculo tem a duração de 30 minutos, mas aos 45 eu ainda estava lá".

Nicki informou ainda que esperava apenas uma, ou duas músicas (no máximo) sendo reconhecidas pelo público, mas ela se surpreendeu com toda a dimensão que seu trabalho tomou em nosso país: "No carro passeando pelo dial das rádios, escutei 3 ou 4 músicas minhas!!" 

Não era pra menos, né? Afinal estávamos em março de 1996, época que "Did You Ever Really Love Me?" e "Is There Anybody Out There?" eram hits absolutos entre os adolescentes, sem citar ainda nos singles anteriores, que também foram febres.

Nicki French em Itatiba-SP, no SPA "7 Voltas"


E Nicki French acreditava (nessa época) que Olga de Souza era a vocalista verdadeira do Corona (assim como todos nós, né?!). Ela mencionou à DJ Sound que fez uma turnê em 1995 nos EUA, e que nessa experiência acabou conhecendo a "Corona", que também estava fazendo shows por lá:

"Admiro muito o trabalho dela e a capacidade de cantar em inglês." - Nicki French.

Nicki French demonstrou ainda que não se incomoda em ser taxada de "cantora de Dance", mas ressaltou que não esconde a sua felicidade quando alguém percebe suas músicas de outros gêneros, como as baladas de pop que estão em seu álbum "Secrets".

Seus shows mais memoráveis? Foram tantos que é até uma covardia citar um só, mas na Krypton, casa noturna que sempre exaltava as suas músicas, tem que ser lembrado com toda a certeza! O show foi realizado no dia 10 de março de 1996 e foi definido como "Incrível" pela Revista DJ Sound, que enfatizou mais uma vez a adoração do público adolescente pela cantora, citando em suas páginas: "Adolescentes de 14, 15, 16...jovens de 18, 19, 20... cantando letras completas de suas músicas e dançando sem parar. Cenas que deixam qualquer um arrepiado". 

A banda brasileira AI-5 fez os shows da turnê de Nicki French no Brasil 


Esse show teve a organização da CIRKUS - Central de Promoções e Eventos, começando às 19:45hs. A jornalista Gabriela Btcher disse na época: "Nicki 'gastou' toda a sua voz em interpretações emocionantes. Podia-se notar que Mrs French se sentia 'nas nuvens'."

O sócio proprietário da Krypton, Vitor Paulo, também falou todo orgulhoso a respeito desse show: "Ela fez um dos melhores shows apresentados aqui na Krypton".

O repertório que fez todos cantarem juntos numa só voz, trazia as músicas "Is There Anybody Out There?" (que era um de seus mais recentes sucessos), "Stop In The Name Of Love", a balada "Secrets", "For All We Know", "Did You Ever Really Love Me?", "Total Eclipse Of The Heart", "Never In Million Years", e fechando o bis de "Did You Ever Really Love Me?", uma de suas maiores marcas até hoje.

Show na histórica Pacha de Campinas-SP

Após a estes shows no Brasil, Nicki ficou feliz e surpresa com a recepção do público: "Nunca vi tanta gente cantar todas as músicas com tamanha correção...Fiquei simplesmente fascinada com a reação das pessoas, não podia imaginar nunca que vocês saberiam cantar todas as minhas músicas, e que principalmente fossem me receber de braços abertos da maneira que vi. Realmente é emocionante o calor humano do brasileiro."  - Nicki French.


NICKI FRENCH: UM É POUCO, DOIS É BOM...

[Show no Moinho Santo Antonio]
Nicki French retorna ao Brasil depois de apenas 3 meses da sua 1ª vez...

Depois dessa boa impressão da cantora (e do público também), Nicki French voltou ao Brasil em menos de três meses para uma nova turnê. Ela foi questionada ainda sobre o andamento do novo álbum, então Nicki disse que seus produtores (ainda Mike Stock e Matt Aitken) estavam trabalhando em novas faixas, e que quando ela chega nos estúdios eles já estão com várias bases prontas. 

Nicki ainda falou rapidamente sobre os bastidores, que Mike e Matt sempre mostravam à ela essas bases, para que pudesse fazer suas avaliações. "Eu então analiso se coloco a letra ou não, apesar disto ser sempre uma decisão unida".

Nicki French voltou ao Brasil, e é lógico que iria se apresentar novamente na Krypton!!


Nicki French fez também a sua primeira participação na TV brasileira nessa 2ª visita em nosso país, que aconteceu no programa "Sabadão", com Gugu Liberato. 

Nessa transmissão, a charmosa inglesinha cantou o seu hit do momento "Stop In The Name Of Love" , e eu tive a sorte de pegar isso no exato momento e gravar no videocassete. Quem fez a tradução deste bate-papo (curtíssimo) entre Gugu e Nicki, foi a Silvia da Paradoxx Music, que sempre atendia minhas ligações nos anos 90.


Nicki French na Rainbow, em junho de 1996
O loiro que a abraça é o stripper Marco Manzano, falecido em novembro de 2020 (após uma cirurgia no coração).


TRÊS É DEMAIS!
Em outubro daquele ano, Nicki se preparava para voltar...

E depois de tanta popularidade e assédio do público, Nicki French voltou pela 3ª vez ao Brasil em 1996. Se passaram apenas 4 meses da sua última turnê, mas a cantora - considerada e anunciada como a Rainha dos "mauricinhos e patricinhas" -  veio se apresentar com outros artistas no "Dance Phico Music Festival", que aconteceu em outubro daquele ano.

Nicki French no "Dance Philco Music" Festival, em outubro de 1996

Os outros nomes que também participaram do "Dance Phico" eram Taleesa, Double You, Undercover, Schwarzkopf e Karina (artistas da Paradoxx Music e Spotlight) e todas as apresentações foram um sucesso. 

Igualmente ao festival do ano anterior, o "Close Up Festival", esse também lançou uma coletânea que reunia os sucessos de cada cantor convidado. Nicki French cumpriu o extenso roteiro do festival, que tinha o objetivo de aproximar a marca "Philco" com o público adolescente dos anos 90.

Nicki French e seus dançarinos agitando o Festival, em sua 3ª vinda ao Brasil

NICKI FRENCH RETORNA AO BRASIL EM 1997, MAS SEU 2º ÁLBUM NÃO É LANÇADO AQUI

No final de 1996 é lançada finalmente uma faixa inédita de Nicki French... Era uma regravação? Não! Era "Te Amo", uma música original, inédita e sendo mais uma vez sucesso no Brasil. 

A Jovem Pan fez questão de tocar essa música com exclusividade na época, e anunciava com exaustão que era "a nova de Nicki French", já que a artista era muito popular e tinha vários admiradores de seu último álbum. Um detalhe, é que "Te Amo" voltou também a levar o nome de Nicki às paradas britânicas, mas atingiu apenas o #84 em 1997.

Aqui no Brasil, essa nova faixa da cantora foi inclusa em algumas coletâneas clássicas da Paradoxx Music, como o CD "Sequência Máxima", que era o nome de um programa bem conhecido da Jovem Pan. A música teve ainda sucesso em alguns países asiáticos, mas nada parecido com o "endeusamento" que acontecia no Brasil.

Curiosamente a faixa foi liberada no Brasil em 1996, mas o single só chegou oficialmente em 1997- período que a música cantada em castelhano estava em alta nas rádios e clubs... Por isso, você encontrava também nesse single uma versão com a Nicki "botando pra quebrar" em espanhol.

Nicki French no Brasil, em março de 1997

1997 chegou e Nicki French voltou ao Brasil pela 4ª vez (em apenas 1 ano, ela veio 4 vezes!!) - mais precisamente em março -  para divulgar este novo trabalho. 

Os shows, mais uma vez, tiveram lotação máxima e o talento de Nicki muito aplaudido. Além dessas apresentações, a cantora também esteve em alguns programas de TV, como "Quem Sabe ...Sábado" (TV Record) e "Raul Gil" (Rede Manchete), cantando "Te Amo" - seu último sucesso nas rádios e clubs.

Detalhe que a gravadora Love This Records não estava em seu melhor momento (faliu em 1997), então os produtores desse e dos próximos trabalhos de Nicki French não eram mais Mike Stock e Matt Aitken, mas sim o britânico Mark Cyrus.

Depois de alguns meses, não demorou muito e a Jovem Pan voltou a anunciar em sua programação "a nova de Nicki French", agora destacando o lançamento de "Give It Up Now". Estranhamente o título divulgado foi apenas "Give It Up", tanto na locução da rádio como na descrição da música que saiu na coletânea "As 7 Melhores vol. 7" (1997).

Infelizmente essa nova faixa foi tocada apenas algumas vezes, e depois a Jovem Pan acabou "abandonando-a", como se nunca tivesse existido. Também não saiu em muitas coletâneas, como as anteriores faixas de Nicki French - que eram espalhadas por diversos CD's.

Logo mais, a Paradoxx Music lançou a linda "Don't Want To Be Alone Tonight", que não foi tocada nas rádios. Uma pena! A coletânea intitulada "TOP 18" trouxe esse som no final de 1997, e apresentava ainda outros fortes nomes do eurodance daquela época, como Gala - "Come into my Life", Regina - "Day By Day", Surama K - "Remember", Blackwood - "My Love For You", entre outros.


Nicki French no Brasil, em março de 1997 (Serra Negra - SP)
Crédito da foto: Rocheti Sergio


Depois disso, a impressão que se dá é que Nicki French e a gravadora Paradoxx Music romperam com o contrato, ou que simplesmente não renovaram. Não houve mais trabalhos desta fantástica inglesinha sendo lançados no Brasil.

Sobre o 2º álbum de Nicki French, ele foi finalmente lançado, mas adivinhem? Não chegou ao Brasil, o país que a cantora mais obteve sucesso! Totalmente incoerente, não é?

O nome desse novo trabalho é "French Revolution", e aparentemente saiu apenas no Japão e Taiwan. A edição de Taiwan traz a faixa "Te Amo" (Rap Version) que é uma versão exclusiva e que só saiu nesse CD; não foi inclusa no single e nem no álbum japonês.

Ao ouvir "Te Amo", na versão "normal", você vai perceber que a música aparentemente teve seus vocais regravados por Nicki, não é a mesma edição que ouvimos na coletânea "Sequência Máxima" (a música havia sido gravada inicialmente em 1996 e lançada pela Peer Music).

Você irá perceber também que o disco tem menos covers que o registro anterior, apresentando agora as poucas regravações de Chaka Khan"Through The Fire", Chicago - "Hard To Say I'm Sorry", e novamente o maior sucesso de Nicki French - a cover de Bonnie Tyler - "Total Eclipse Of The Heart" numa outra nova versão (gostei bastante, e me lembrou um pouco Amber - "This Is Your Night"). O álbum "French Revolution" teve a produção da dupla Mark Cyrus Gary Miller.

Em 2000, Nicki French participou também do famoso Festival europeu Eurovision, representando o Reino Unido em Estocolmo. Ela afirma que essa experiência foi a mais emocionante de sua carreira, e a música representada foi "Don't Play That Song Again".

A essa altura, a cantora não tinha mais músicas novas sendo lançadas ao público brasileiro, e a Dance Music estava se destacando com outros artistas, como ATB, Alice Deejay, Eiffel 65 e Fragma. Mas, você pensou que Nicki French havia parado de cantar? Achou errado então!!

A cantora gravou ainda as músicas "The One and Only" e "Will You Love Me Tomorrow" para o projeto Paris, que são produções que nos lembram os Hi-NRGs de Prima, Paul Parker & Angie Gold, Princess Paragon, entre outros. 

Ouça e reconheça esses inconfundíveis vocais!!! 

Paris -"The One and Only" (2000)

Paris - "Will You Love Me Tomorrow" (2000)

OUTROS TRABALHOS MAIS RECENTES

Nicki French continua na ativa e trabalhando muito na indústria fonográfica, assim como realizando suas turnês e apresentações teatrais (ela também é atriz de musicais). Ao todo, a veterana artista já lançou vários álbuns e E.P's:

“Secrets” (1995), “French Revolution” (1997), “One Step Further”(2015), “A Very Nicki Christmas” (2017), “Glitter To The Neon Lights” (2018), “A Touch More Glitter” (2020) e “Let's Play That Song Again Vol. 2” (2021)

Nos anos 2000, Nicki veio ao Brasil várias vezes, como nos anos de 2007 e 2009. Em 2012 ela voltou e se apresentou também no programa de TV "Superpop", da Luciana Gimenez. Por enquanto, a sua última vinda ao Brasil foi em 2017, onde pude finalmente assisti-la numa apresentação inesquecível.

E Nicki French é exatamente como a vemos nas entrevistas e apresentações na TV: Muito simpática e atenciosa com todos. 


NICKI FRENCH COMEMORANDO RECENTEMENTE OS 25 ANOS DO "SECRETS"

Com toda a certeza, Nicki é uma das maiores artistas que o eurodance já teve em seu vasto e rico catálogo. 

Uma GRANDE LENDA.

Muito respeito por NICKI FRENCH!

sábado, 3 de julho de 2021

SHOUSE - "LOVE TONIGHT" (2021): UMA HOUSE MUSIC DE SUCESSO!

DJ'S DO MUNDO TODO CARIMBAM O PASSAPORTE PARA SHOUSE - "LOVE TONIGHT"

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-RIKARDO ROCHA


"All I need is your love tonight"

São poucos os lançamentos distribuídos no mercado que tem a "classe" suficiente para se apresentar em todas as pistas. É o caso de "Love Tonight", um house de requinte e um dos mais procurados do momento.

Shouse é um projeto australiano que tem o seu estilo definido como Underground House, porém eles estão estourados atualmente, e o que fica é a seguinte pergunta: Que raio de "underground" tão popular é esse?

Para a surpresa de muitos, "Love Tonight" foi lançada inicialmente em dezembro de 2017 e não foi muito conhecida naquele ano. Já em 2018 foi lançado o vinil de "Love Tonight", dando uma maior exposição para a música, no entanto, ainda permanecia no "underground"...


SHOUSE - "Love Tonight" 
Video Oficial


FEVEREIRO DE 2021

A gravadora Hell Beach resolveu re-lançar o vinil com novas versões que não existiam há 3 anos, causando uma verdadeira "coqueluche" e atraindo diversos novos admiradores do single. Inclusive, "Love Tonight" foi muito divulgada no Tik Tok recentemente e ampliou ainda mais o seu número de ouvintes.


QUEM ESTÁ POR TRÁS DO SHOUSE - "LOVE TONIGHT"?

Ed & Jack - responsáveis pelo house do Shouse

Shouse é a dupla Edward Service e Jack Madin, dois amigos de Melbourne (Austrália) que trabalham com seus sintetizadores analógicos, sequenciadores e baterias eletrônicas para produzir suas faixas de House Music.

"Love Tonight" aos poucos se transformou num fenômeno global, e essa situação foi definida pelos integrantes como "uma declaração de amor durante um período de isolamento. Uma demonstração de solidariedade. Um grito de força coletiva."

Ao ouvir esse novo sucesso dos serviços de streams e programas de mixagens, você vai conferir que o refrão é viciante e relaxante ao mesmo tempo, tudo graças ao trabalho realizado pelo seu belo coral, que traz diversos artistas.

Já nos versos cantados temos os cantores Bec Rigby, Christobel Elliott, Daisy Catterall, MAÏA, Mohini, Monte Morgan, Oscar Slorach-Thorne e Tony Barnao.

A dupla de produtores, conhecida também como Jack e Ed, escreveu a letra e convidou os cantores para gravar em 2016, e só em 2021 que começaram a colher o reconhecimento e sucesso. 

Com o fim da pandemia cada vez mais próximo, a dupla também está pronta para trabalhar com "Love Tonight" e seus próximos singles que estão por vir.

É o fim da pandemia e o início de uma nova Era da Dance Music Global. Estejam prontos!



terça-feira, 29 de junho de 2021

AVA MAX - "MY HEAD & MY HEART": UMA DANCE-POP PARA TOCAR NAS RÁDIOS!

AVA MAX MIRA NA DANCE-POP E APRESENTA UM DE SEUS MAIORES ACERTOS: "MY HEAD & MY HEART" (2020)

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-RIKARDO ROCHA


Quem segura a força de "My Head & My Heart"?

Você pode até ficar com um pé atrás por ela se assemelhar com mais uma dessas divas do mundo pop, mas se der uma ouvidinha em seu single “My Head & My Heart”, vai perceber que seu som é dançante e totalmente inspirado num hit que balançou as pistas dos anos 2000...

Estou falando da cantora americana Ava Max, que está ganhando destaque nas rádios com uma de suas melhores músicas, uma "dance-pop" lançada no final de 2020 e que aos poucos conquistou as mais importantes paradas mundiais.

“My Head & My Heart” tem uma boa introdução, um ótimo vocal pop e uma sonoridade bem contagiante; características que induzem as pessoas a cantarem os seus sinfônicos lá lá lás. Aliás, estes fragmentos melódicos podem nos conectar também com alguns clássicos dos club's, como "Rapture" de IIO e "Can't Get You Out Of My Head" de Kylie Minogue, além de outras produções com o mesmo caráter comercial e que reinaram em absoluto nas noites.


Ava Max - "My Head & My Heart" (2020)

O produtor Jonas Blue

Escrita pela própria Ava Max (e com um time grande de compositores), a música ficou bem dançante na produção de Jonas Blue, um dos produtores mais renomados da atualidade. 

A versão original (que é a que toca nas rádios) já é Dance; não tem nada de reggaeton, funk, R&B ou hip-hop em sua estrutura sonora, e isso já traz um grande alívio para quem não aguenta mais a mesmice de sempre nas rádios!


A cantora Ava Max
O nome real dela é Amanda Ava Koci. Ela é americana (de ascendência albanesa), nascida em 16 de fevereiro de 1994 em Wisconsin, EUA. Além de cantora, também é compositora.

Ao ouvir “My Head & My Heart”, provavelmente você irá se lembrar também de um outro som que não citei ainda... É a track nostálgica "Around the World (La La La La La)" do ATC, saudoso projeto de Bubblegum-Dance... Já reconheceu a sua melodia? 


ATC - "Around The World (La La La La)" (2000)
Apesar da música fazer sucesso pelo pessoal do ATC, você sabia que a versão deles também é um remake? Eles regravaram em inglês a música original, que é de uma banda russa: 
Ruki Vverh"Pesenka" (1998)

Pois é, esse trecho melódico foi inteiramente "chupado" (mais uma vez então) para a canção “My Head & My Heart” de Ava Max... 

Se o resultado ficou ruim? De jeito nenhum!  A música está bem agradável, dançante e bem trabalhada. Jonas Blue e Ava Max fizeram praticamente uma "babinha" que lembra os nossos velhos tempos!

É lógico que para tocar numa pista, você vai precisar de uma versão mais pulsante que a original, certo? Então eu recomendaria alguns remixes não oficiais, pois até agora achei os oficiais tão bem parecidos com a versão rádio... 

Existe uma versão não oficial chamada "Yan Bruno TVL Remix" - criada pelo DJ Yan Bruno - que é extremamente alucinante!! Essa sim merecia ser desbravada nas noites:

Conheçam:

https://soundcloud.com/yanbrunomusic/ava-max-my-head-my-heart-yan-bruno-tlv-remix


É tiro certo na sua pista!



domingo, 27 de junho de 2021

PANDERA - "I LOVE YOU BABY (PAPA DON)" (1996) - O EURO-RAGGA DOS ANOS 90

PANDERA - "I LOVE YOU BABY" (1996) 
UM HIT DO EURO-RAGGA PARA TE LEVAR AO PARAÍSO

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-RIKARDO ROCHA


Como diz a capa do single, "I Love You Baby (Papa Don)" foi um hit com sabor de verão


Talvez muitos leitores nunca tenham ouvido falar no projeto de euro-ragga Pandera, mas para alguns "dinossauros", este nome é bem popular.
Eles divertiram o mundo Dance em meados dos anos 90 com "I Love You Baby (Papa Don)", um grudento sucesso que rolava nas principais pistas e nas grandes FM's, como a Jovem Pan, 97 FM, Metropolitana, Nova...e etc.
Alguém aí se lembra da coletânea "Dance Philco Music" (by Paradoxx Music)? Então, na época eu comprei esse CD mais por causa dessa animadinha faixa...

Não se lembrou ainda desse fantástico hit
Para quem é fã da voz de Balca Tözün (Fun Factory) e da música "Coco Jambo" do Mr. President, pode ter a certeza que ao conhecê-lo irá se amarrar.


FICHA TÉCNICA 
E PRODUÇÃO

Este projeto alemão foi criado pelo produtor executivo Franz Merwald, que nitidamente quis entregar uma atmosfera de litoral, festa, diversão e ragga aos singles do Pandera, embora algumas destas faixas sejam mais voltadas ao freestyle... Sim, eles faziam essas variações em alguns singles!

"I Love You Baby (Papa Don)" foi lançada em 1996 e nos apresentou o doce vocal da cantora Christina Bianco, além de algumas batidas de "tambor" que nos levavam diretamente ao clima do verão, ou melhor, ao paraíso da capa do single, como queiram...

Não podemos nos esquecer de citar, é lógico, alguns instrumentos de sopro extremamente elegantes que harmonizam totalmente esta produção, além de alguns sons de ondas se quebrando, das gaivotas ao fundo (!), ou seja, mais particularidades do verão para fazer você entrar nessa viagem tão cativante.

O refrão de "I Love You Baby" é bem insistente, repetitivo, mas de excelente bom gosto. Sem perceber, você se pega cantando junto com essa melodia simpática e de astral elevado:


Pandera - "I Love You Baby (Papa Don)"  (1995)


MICHAEL BAUR - O PRODUTOR
Vocês se lembram de "Emotion" de DJ Ross? Pois é, alguns fóruns chegaram a divulgar que o alemão Michael Baur seria o vocalista dessa canção italiana dos anos 2000, mas isso está totalmente fora da realidade... O cara sempre foi um produtor, sem falar que tinha um cantor de estúdio por de trás de "Emotion"... Bom, a curiosidade da vez é que Michael Baur esteve envolvido como produtor aqui no Pandera e participou de muitos singles, como exemplo "I Love You Baby (Papa Don)".


O produtor Michael Baur
Ele produziu vários projetos alemães, a maioria de hard-techno. O Pandera é uma de suas concepções mais pop dentro da música eletrônica...


O nome real desse produtor é Michael Maretimo - Baur, e como um de seus pseudônimos é Steven Maverick, isso bastou para que o creditassem como o "vocalista" do hit de DJ Ross. 

Para saber quem é a voz real de DJ Ross - "Emotion" (2002), clique aqui e veja toda a saga dessa investigação.

O Sr. Baur continua em atividades e produzindo muito para a sua gravadora Maretimo Records. O video abaixo é de uma livestream que ele realizou no Youtube há 3 dias, e você pode notar que ele ainda continua produzindo músicas com essa temática de verão, praia, sol... apesar do vídeo focar mais no estilo Lounge:


Michael Baur - Weekly Livestream "Maretimo Lounge Radio Show"


Sobre o "Produtor Executivo" do Pandera, Franz Merwald, esse cara tem muitos fãs na música hard-techno, mas a sua identidade é ainda um grande mistério... Absolutamente ninguém sabe quem ele é, e qual é o seu paradeiro... Só sabemos que ele tem inúmeros pseudônimos no mundo das produções, e que aqui ele trabalhou como “Beatbuster” (Alguns de seus admiradores comentam em fóruns internacionais que ele pode ser, na verdade, o já citado Michael Baur).

Michael Baur também foi um dos compositores de "I Love You Baby (Papa Don)" junto com o rapper Markus Shuster, que aliás, fez um ótimo trabalho aqui, dando mais energia e clima praiano para a canção:


MARKUS SHUSTER - O RAPPER RAGGA

Markus Shuster : Irre Locke : Ed Masano
É dele o vocal ragga em "I Love You Baby (Papa Don)"


O rapper Markus Shuster atende pelo nome artístico de Irre Locke, tem sua carreira solo e foi integrante de alguns grupos de Hip Hop, Reggae e Dancehall da Alemanha.
O alemão nasceu em Augsburgo / Bavaria e também foi membro do grupo de rap Bassreflex, além de fundar a sua própria gravadora, a Locke Records. No mundo da música desde 1984, ele ainda possui o pseudônimo de Ed Masano em produções diversas. O rapper também é conhecido por fazer músicas com muitas criticas e por sempre gerar discussões através de suas letras. 

No single "I Love You Baby (Papa Don)" só temos a participação dele e da cantora Christina Bianco nos vocais, mas em outras músicas do Pandera podemos encontrar ainda a voz do rapper Rose O'Neill, que é um outro integrante que sumiu sem deixar vestígios. 


Indicação na revista DJ Sound - Coluna "Dance Floor"


A TRILHA SONORA DO PARAÍSO
"I Love You Baby (Papa Don)" foi o primeiro lançamento do Pandera e se tornou o hit do verão na Alemanha. Em seguida, eles apostaram num novo single chamado "In My Dreams", que infelizmente não decolou no Brasil, apesar de ser uma ótima produção e de ter ido bem em diversos países europeus. 
É bom ressaltar que esta nova música fugiu um pouco do estilo anterior, não sendo tão festiva ou animada... A melodia, incluindo a voz do rapper, lembra bastante "So Strung Out" do também alemão C-Block.
Nesse single, você irá perceber ainda a mudança brusca de estilo que o Pandera optou em fazer, agora se distanciando do euro-ragga e embarcando totalmente no gênero freestyle.

No verão de 1997, eles lançaram (só no Japão) o seu 1º álbum "Joy And Fun" (1997), que trazia apenas 10 faixas.
Os instrumentos de sopro e o ritmo do verão voltam na alegre canção "Joy And Fun", ragga perfeito para abrir um disco e mostrar ao ouvinte que, se ele gostou do 1º single do projeto, sem dúvidas vai se divertir bastante com o restante do material.

Nessa época, o produtor Michael Baur ainda investiu no single "Pussy Lover Man" (1997) do projeto MC Rose, que Christina Bianco também havia gravado com sua bela voz. O sample é do clássico "Bette Davis Eyes" de Kim Carnes, e o rapper é Rose O'Neill, que compôs e fez o vocal em algumas outras faixas do Pandera (como "In My Dreams").

Neste álbum de estreia, prestem atenção em "Rastafari", que é um ragga praticamente instrumental e bem conhecido em alguns países sul-americanos. Se você se aprofundar neste registro, irá perceber que a música já havia sido lançada antes, mas com um nome de projeto diferente: Mongawa. A mesma música que saiu no álbum do Mongawa (sim, eles chegaram a lançar um álbum) está aqui também no álbum do Pandera, e em sua mesmíssima versão. Como estamos falando de mais uma produção de Franz Merwald, então ele resolveu acrescentar este trabalho aqui nesse disco também.

A música "In My Dreams" do Pandera chegou em junho de 1998 ao Brasil (via Paradoxx Music), mas infelizmente não fez sucesso. 1998 foi o ano da Axé Music nas rádios e do Techno nos clubs. Tirando "Suddenly" da Gala e "Feel It" do The Tamperer, todas as músicas do TOP 10 acima não foram muito bem nas paradas musicais.


"UM PEDAÇO DO PARAÍSO"
Àlbum - Pandera - "A Piece Of Paradise" (1998)


Em 1998, foi a vez do Pandera distribuir o novo disco "A Piece Of Paradise". Até hoje muitos afirmam que este é o 2º álbum do projeto, mas na verdade trata-se de um relançamento do álbum japonês, incluindo quase todas as faixas que estão no "Joy And Fun", além de outras canções inéditas.

Um desses trabalhos inéditos que podemos citar é "We've Got The Power", que tem um sax bem atrativo e que combina com as batidas cadenciadas da música. Existe ainda uma versão freestyle bem eletrizante para esse som, seguindo uma estrutura semelhante com a de "In My Dreams".

No álbum japonês tem uma música que não está aqui, é a já citada "Rastafari", mas em compensação temos a inédita "Summerfeeling", que é um legítimo ragga nos moldes de "I Love You Baby (Papa Don)" e com aqueles mesmos agradáveis instrumentos de sopro. Participam desta faixa Irre Locke, MC Rose, e claro, Christina Bianco.

Nesse disco temos ainda uma canção que nunca foi do Pandera, mas que curiosamente foi inserida por se tratar dos mesmos produtores...  É a música "Terra Nova" de um projeto chamado Janina, e que possui o mesmo estilo "ragga" do Pandera. E se você for um leitor atento, talvez irá se lembrar do caso "Randy Bush", um projeto italiano que sofreu dessa mesma experiência e que teve várias músicas de outros projetos adicionadas em seu álbum oficial, como se todas fossem do "Randy Bush"...

O problema maior, é quando isso acaba confundindo os fãs, afinal, esses projetos tinham um nome e de repente, da noite para o dia, se tornam músicas de outros grupos (?)... Isso fica mais estranho ainda quando a vocalista não é a mesma, como é o caso aqui. Você ouve este álbum do Pandera e percebe que a cantora de "Terra Nova" não é a mesma das outras faixas. 

Single: Janina - "Terra Nova" (1997)

"Terra Nova" já era uma música conhecida em alguns países como "Janina", tinha até uma personagem na capa de seu single, e do nada, se tornou uma faixa do Pandera. Quem acompanhava o início de ambos os projetos, no mínimo, achou estranha essa movimentação.

Até hoje, alguns fãs gringos se perguntam (na internet) sobre quem é o verdadeiro possuinte da tal música... Pandera ou Janina? 
A resposta correta seria: Os produtores
Eles eram os verdadeiros membros e proprietários do Pandera, Janina, MC Rose... apenas se escondiam atrás desses nomes "fantasias".

Sobre outras faixas deste álbum, temos ainda "Come To Me", que foi single de trabalho. A música, apesar de ser um euro-ragga, tem menos elementos africanos, e o rap em alguns momentos nos lembra o estilo de DJ Bobo.

"Diamond Chord" é um som mais instrumental e possui a mesma legitimidade "ragga" da faixa "Rastafari" (álbum "Joy And Fun"). Na verdade, essa é outra faixa que já existia antes e foi acrescentada depois neste álbum. O produtor Franz Merwald produziu-a inicialmente e a lançou em algumas compilações de euro-ragga sob o pseudônimo de Mongawa. Depois, ele resolveu inclui-la também nos álbuns do Pandera. 


Compilação de Franz Merwald trazendo Papaya, African Vibes, Ronaldo, Mongawa, Cosmic Vibrations... 
São todos pseudônimos dele, e algumas dessas músicas já estavam prontas em seu catálogo


A faixa 10 desse disco nos apresenta a música "Papa Don", contendo aquele famoso trecho interpretado por Irre Locke em "I Love You Baby (Papa Don)". É uma produção inteiramente dedicada apenas ao rapper, com mais letra e mais conteúdo do universo africano. Para alguns, pode ainda soar familiar com as produções de Dr. Alban. 

Existem outras músicas deste disco que seguem essa mesma temática e não fornecem nenhum refrão feminino, como é o caso de "High & Low", "Fifth Colour Man" e "Waiting Man" (que tem uma base de fundo hipnotizante). 
Essas três últimas citadas também já haviam sido lançadas no mercado fonográfico com outros nomes diferentes: Mongawa e Bushman.

A música "High & Low" é outra que já havia sido lançada antes pelo projeto Mongawa, e depois foi acrescentada no álbum do Pandera "A Piece Of Paradise". Em seu lançamento original era "High + Low" (Mongawa), mas quando entrou no álbum do Pandera passou a ser "High & Low".


Para fechar o álbum, a track escolhida é "It's A Dream". Essa é uma faixa inteiramente instrumental, com base viajante e sem aquela batida quebrada que deu fama ao projeto. É a track mais eletrônica do álbum. 
Essa música ainda saiu em algumas compilações de 1997, não com o nome "Pandera", mas como um projeto intitulado de Cosmic Vibrations. Só no ano seguinte, em 1998, que a faixa foi incluída no álbum do projeto Pandera.


O álbum de Mongawa - “Tribal Feelings”
Na época, o produtor utilizava o nome artístico de Toni Mongawa... Provavelmente, Franz Merwald também não seja o seu nome real... E como mencionei antes, nenhum fã conhece a sua verdadeira identidade.

Verso do álbum com o nome das faixas
Dê o zoom na imagem e veja "Rastafari", "It's A Dream", "High + Low", "Fifth Colour Man""Waiting Man"... todas foram lançadas primeiramente neste álbum de 1997, além de serem adicionadas em algumas coletâneas.


Já em 1999 o Pandera retornou com uma cover de "Cecilia", do Simon & Garfunkel. Apesar de criarem ainda uma versão freestyle para esse remake, existe uma versão euro-ragga bem no estilo praia & verão (que eles eram tão especialistas em fazer). 

No ano seguinte, em 2000, eles lançaram o 2º álbum de inéditas "Sun Splash Summerdance & Freestyle", uma produção que trouxe faixas inéditas como "Night & Day", "Join The Summertime" (que freestyle sensacional, o teclado é estrondoso!!) e "Lunica Donna Per Me". Não ouvi na íntegra este e os próximos álbuns do Pandera, mas posso dizer que gostei muito das músicas citadas. É uma miscelânea positiva, que novamente alterna entre o "ragga" e o "freestyle".

Uma curiosidade, é que nesse disco também foi acrescentada a faixa "Pussy Lover Man" do Mc Rose, como se fosse uma música oficial do Pandera. Porém, diferente do caso "Janina", essa música ao menos nos apresenta a mesma vocalista, Christina Bianco.

Em 2001, o Pandera se reuniu com um outro projeto de freestyle chamado The Freestyle Crew (também do produtor Michael Baur, é claro) e lançaram um novo material chamado "From Old 2 New School".

Em 2002, lançaram o último álbum oficial do projeto, o "From Sunrise 2 Sunset".

Como vocês podem ver, o Pandera lançou vários álbuns, além de algumas compilações especiais com versões remixes, e a maioria destes CDs tiveram vendas expressivas em vários países, especialmente na Romênia, Japão e Coréia do Sul (o Pandera teve até disco de ouro). Na Rússia e Malásia, eles também tiveram bastante destaque.

Já aqui no Brasil, eles ficaram marcados apenas com o single de "I Love You Baby (Papa Don)", o que é uma pena...


CHRISTINA BIANCO
A vocalista do Pandera

Christina Bianco nasceu em 25 de janeiro de 1967, na mesma cidade que nasceu o rapper Markus Shuster, em Augsburgo.
Desde pequena ela sempre quis ser cantora, e em seu web-site diz orgulhosa: "Estou feliz que deu certo".

Christina Bianco não é um nome artístico, mas sim seu nome de solteira. Ela começou a sua carreira musical no final dos anos 1980, como a vocal-leader da banda afro-americana Boys and Soul (e como já sugere o nome da banda, eles eram do gênero Soul).

Christina Bianco, ainda bebê
"Desde pequena sempre quis ser cantora…. Estou feliz que funcionou ..."


No início dos anos 90, a loira então foi contratada para ser a cantora fixa de um club bem popular de sua cidade natal, onde passou a se apresentar com vários músicos convidados, durante 3 vezes por semana, e isso aconteceu por longos 6 anos...

Foi em 1996 que a sua bela voz foi adicionada ao projeto Pandera, um dos maiores sucessos de sua carreira e que exportou o seu talento para diversos países. 
Apesar da abrangência que essas músicas alcançaram, e do efeito positivo que o Pandera causou nas pessoas, parece que Christina Bianco não gosta muito de falar sobre o Pandera.... Além disso, a vocalista não inseriu nenhuma informação sobre o projeto em seu site ou redes sociais. Estranho, né?



Eu consegui falar com Christina sobre essa sua colaboração no Pandera, mas apesar de parecer ser uma pessoa simpática... não quis adentrar muito sobre esse assunto. Apenas confirmou que foi a vocalista e depois deixou de responder.

Em sua biografia oficial, por exemplo, são mencionadas algumas de suas colaborações em vários grupos, como a que fez na banda Boys And Soul e também quando ela foi a cantora contratada no club de sua cidade, mas nada sobre o Pandera. Inexplicavelmente há um salto para 1997, onde é mencionado apenas sobre a banda MO'ACID - que a cantora fundou com o compositor (e futuro marido) Jaro Messerschmidt. E o tempo em que ficou no Pandera? Por que não é citado?

Apesar de Christina Bianco ter sido creditada no Pandera, a imagem da vocalista mal apareceu no projeto. Em algumas capas de singles tinham apenas algumas paisagens, praias, desenhos, modelos... A capa do single de "Come To Me" foi uma rara exceção (ao menos a loira se parece com ela, mas também não sei dizer, com certeza, se é ela). 
Sobre o rapaz, provavelmente não é nenhum dos rappers.


Talvez Christina Bianco prefira não falar sobre o Pandera porque este foi apenas um projeto isolado, em que foi a cantora contratada; não era o seu projeto pessoal. 

Em seu web-site ela destaca ainda outros trabalhos de estúdio, como jingles publicitários, gravações promocionais para a "Radio Bayern 3", algumas performances ao vivo com bandas, entre outros trabalhos menores, mas realmente não há nenhuma menção sobre o Pandera... que foi um trabalho bem maior em níveis de reconhecimento e de sucesso mundial.


Christina Bianco - Capa de seu álbum solo "My Soul Secrets"

Christina Bianco tem atualmente 53 anos de idade, se casou com o compositor e colega Jaro Messerschmidt, e em suas raízes circula o Soul, Funk, Jazz, R&B e baladas da época da Motown. Ela também é uma cantora soprano e trabalha com o grupo Cash-n-go, fundado em 2002 (composto por 5 homens e ela, a única mulher), que continua atuante e já até ganhou alguns prêmios.   

Desde 2010 Christina Bianco também se apresenta com seus shows solo, que acontecem regularmente com diversos músicos na região de Augsburgo. 
Por cantar um estilo mais sério e por ter em seu palco músicos e instrumentistas renomados, talvez esse também deva ser um dos motivos da vocalista não querer falar sobre um projeto descompromissado de euro-ragga / freestyle que ela participou nos anos 90...

Não sei se é o caso dela, mas muitos vocalistas sentem vergonha ao citar que a Dance Music foi o seu "ganha-pão" nos anos 90 ou 2000. 

Talvez não seja tão interessante para Christina Bianco... relembrar o público alemão que gravou essas músicas, inclusive uma chamada "Pussy Lover Man" (1997).


CHRISTINA BIANCO ATUALMENTE

Christina Bianco hoje aos seus 53 anos está mais envolvida com o Soul, músicas de orquestras, sons acústicos...

Além dos álbuns do Pandera (já citados acima), a cantora gravou no mínimo mais 8 discos. Em sua carreira solo temos dois registros oficiais:"My Soul Secrets" e "My Soul Secrets - Live". 
Adicione também 3 álbuns com Cash-n-go; o disco "Outback - The Sound Of Australia" (uma parceria com Nik Reich & Jaro Messerschmidt ‎– seu marido); além de uma participação no Brother Joscephus And The Love Revival Revolution Orchestra ‎– que rendeu dois álbuns nos anos 2000.

Aqui nesse vídeo de 2014, Christina Bianco se apresenta com a banda Nu Secrets, cantando totalmente ao vivo a música "Soul Food To Go":

Christina Bianco & Nu Secrets - "Soul food to go"
Diferente de Whigfield, Surama K, Corona, J.K., Randy Bush... pelo menos vemos que a voz é realmente de Christina Bianco, e que ela sabe cantar muito bem ao vivo e sem enrolar o público.


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Divirtam-se com o melhor do Euro-ragga e com o som pulsante do Freestyle que só o PANDERA soube fazer!

Na minha opinião, os produtores do Pandera foram muito felizes (e corajosos) ao criarem esse projeto que mescla estes dois estilos musicais tão diferentes... 
Aliás, os públicos desses gêneros também são bem diferentes um do outro...

O Pandera se arriscou ao trocar de gênero em 1997, quando lançaram a faixa "In My Dreams", mas continuou nos brindando, sem medo, vários singles super dançantes... Sempre oscilando nestes dois gêneros, mas permanecendo com a mesma qualidade!!

Obrigado à todos eles!!

"We have joy, We have fun
we are dreaming in the sun
and we leave together for every one"

Aos leitores, até a nossa próxima viagem!
🌞⛱🕶