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sexta-feira, 18 de junho de 2021

TIËSTO - "THE BUSINESS" (2020) - QUEM É O VOCALISTA DESSE MEGA-HIT?

TIËSTO - "THE BUSINESS" (2020): "SONHOS QUE TEMOS, NUNCA DESAPARECEM"

"Então vamos começar, vamos ao que interessa"

Em setembro de 2020 um fenômeno aconteceu. DJs de todo o mundo recebiam o novo single do famoso e universal Tiësto - "The Business", que hoje é um dos sons mais tocados nas rádios e plataformas digitais do mundo inteiro. Poderia ser diferente? Sim, poderia ser melhor ainda, caso não tivéssemos vivendo um ano pandêmico, "The Business" poderia estar também entre as mais tocadas nos clubs mundiais...

Essa é mais uma ótima surpresa vinda do veterano e premiado produtor holandês Tiësto (Tijs Michiel Verwest), que consegue nos provar - aos seus 52 anos de idade -  que ainda está em plena forma depois de tantos singles de sucesso ao longo de sua bela trajetória na Dance Music. 

Apenas para se ter uma ideia, esta atual faixa de Tiësto está com mais de 300 milhões de transmissões no Spotify e 80 milhões de visualizações no Youtube, ou seja, já é um dos maiores hits da carreira do DJ / Produtor. 


DJ e produtor Tiësto - Um dos mais premiados e prestigiados do Mundo

Este single, que alcançou o primeiro lugar em vendas digitais no chart Dance/Eletrônico da Billboard e entrou no Top 50 de 25 países no Spotify, agora também ganha uma nova roupagem chamada "The Business II", trazendo vocais adicionados do rapper Ty Dolla Sign.

Mas na minha humilde opinião, nada supera a versão original que já é super eficiente e cumpre muito bem com o seu papel: tocar na alma do ouvinte e fazê-lo dançar. 

Esse "remix" novo é apenas um método para fazer a música subir mais ainda nos gráficos (o verão europeu está começando), além de atingir outros públicos (já que a participação agora é de um rapper).

Continuando com o meu ponto de vista, nem Tiësto esperava esse sucesso tão grande de "The Business", e agora ele quer trabalhar de todas as formas possíveis para aproveitar esse boom repentino. Então ele contratou esse rapper, acrescentou alguns trechos na letra e soltou a nova versão, que não ficou ruim ou perdeu sua essência, mas a original é bem melhor...


Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


COMEÇANDO OS TRABALHOS

Apesar da primeira versão trazer um cantor desconhecido, a voz dele consegue fazer uma conexão com o público das noites, dando um tom sombrio à música e uma atmosfera perfeita para quem gosta da verdadeira balada. 

Esse cantor, que não recebeu destaque algum no single, é James "Yami" Bell, que pouco (ou quase nada) falaram sobre ele.

Não sabe de que música estamos falando? Aposto que você deve tê-la ouvido por aí, pois é até agora um dos hits mais tocados neste 2021. A melodia melancólica e introspectiva, uma vez que tocada, não há como sair de você!!! 

Como uma maldição (ou seria uma benção?) você vai se pegar cantando: "Let's get down, let's get down to business..."

Detalhe para o vídeo abaixo, traduzido pela própria Warner Music Brasil:


Tiësto - "The Business" (2020)
Video Oficial - Legendado em PT

Como de costume, o cantor não aparece em cena, nem ao menos o produtor. Os responsáveis resolveram contratar um casal de dançarinos que protagonizam o vídeo... Então vemos uma garota ressuscitar um rapaz num necrotério e ela passa a noite inteira com ele, um zumbizão dançando pela cidade. O vídeo é interessante, o rapaz dança bem, mas dá aquela impressão de que nada desse material tem a ver com a letra... Ou será que a mensagem está em metáforas e eu não consegui traduzi-las? (EDIT: Assisti mais uma vez e cheguei numa conclusão - Existe um conceito no vídeo que precisa ser interpretado: O zumbi seria a pessoa da relação que aceita as humilhações de sua amada, mas não tem coragem de finalizar o relacionamento. Ele vai aguentando tudo, até que no final ele consegue se libertar e sair dessa relação abusiva. Você consegue entender isso depois de ler a entrevista abaixo com o compositor/vocalista, onde ele comenta sobre o que a letra significa, então as cenas do vídeo vão fazendo mais sentido. No início, a moça ressuscita o zumbi pois ele deixava-a conduzir a relação; eles terminavam mas ela sempre voltava pra ele quando achava vantajoso). 

 É um bom vídeo, principalmente se você gostou do estilo mórbido visto em The Soundlovers - "Run-Away" (1997) 


The Soundlovers - "Run-Away" (1997)
Vídeo Oficial


QUEM É O VOCALISTA DESSA VERSÃO ORIGINAL??

Ele é o vocalista de um dos maiores hits do momento

Muitos sites (inclusive brasileiros) destacaram bastante a música nos últimos meses (o que é muito bom, inclusive), mas ninguém falou sobre o vocalista / compositor de "The Business" em notícias e matérias veiculadas... É muito fácil você encontrar por aí informações sobre Tiësto, Ty Dolla Sign (vocalista da nova versão) ou sobre outros DJs famosos que fizeram suas novas versões... Mas, e a pessoa que colaborou com sua letra e voz? Por que ninguém cita essa voz que está no topo das paradas?

Ele é James "Yami" Bell, que apesar de cantar desde a sua infância, esteve trabalhando mais como compositor para alguns cantores. "The Business" foi um trabalho que ele escreveu ao lado de outros compositores, como Anton Rundberg e Julia Karlsson, porém nesse caso, foi também a primeira canção que James Bell gravou com a sua voz.

O nome completo dele é James Michael George Bell, tem 28 anos, nasceu na cidade de Reading e atualmente mora em Londres, no Reino Unido. Outra coisa que percebemos, é que esse artista não é muito popular e também não apresenta aquela imagem "padrãozinha" que a mídia quer empurrar aos jovens da atualidade. Apesar disso, James "Yami" Bell é muito talentoso, canta, escreve, toca violão, piano, gaita e tem um contrato com a BMG desde 2018. 


James "Yami" Bell: 
O artista que colaborou com letra e voz para "The Business" (Tiësto)

Antes de trabalhar na BMG (como compositor criativo), ele trabalhou na área da Tecnologia da Informação, passou ainda por uma floricultura e foi garçom numa pousada de sua cidade natal. 

James tinha cerca de 22 anos quando começou a escrever canções, ao mesmo tempo em que trabalhava nesses empregos. Quando já estava com 25 anos, ele assinou o seu primeiro contrato com a BMG e, desde então, escreveu para vários artistas, incluindo AJ Mitchell, Ava Max, Lewis Blissett, TY Dolla Sign, Yungblud, Polo G, PrettyMuch e KSI.

Ao jornal britânico "Henley Standard", ele deu uma entrevista (matéria publicada em 12 de março desse ano), e disse que estava muito feliz com esse sucesso:

 “Estou muito grato e é tão irreal tudo o que está acontecendo agora. Sempre acreditamos que somos bons o suficiente para fazer X, Y ou Z, mas quando realmente acontece você fica tipo, 'Não acredito, isso é loucura'. Sinto-me um privilegiado, pois alguns músicos nunca chegam a este ponto em suas carreiras”  - James Bell

Matéria no Jornal Henley Standard
Obrigado à Thalles Soares

Bell, que canta desde criança, complementou dizendo que o objetivo de "The Business" é falar sobre a tentativa que temos de consertar alguns relacionamentos que não tem mais futuro, que o melhor a se fazer é finalizar e não insistir nessas relações, principalmente se somos maltratados.

"Trata-se de não perder tempo resolvendo esses problemas que não tem mais solução, tem que começar a trabalhar, agir e olhar para a frente"  - James Bell

Uma curiosidade, é que os compositores demoraram apenas duas horas para escrever "The Business".

“Escrevemos a música rapidamente, pois eu precisava pegar um vôo naquele dia e estava com pressa”, disse Bell. "Tenho uma gravação minha tocando no mundo, e essa música foi feita enquanto comia um pacote de sushi com molho de amendoim. Estava abrindo e despejando molho de amendoim, cantando: 'Vamos ao que interessa'. Muitas músicas minhas são feitas comendo molho de amendoim e eu mantenho isso." - James Bell


James Bell

Sobre essa composição da faixa, o artista informou que aconteceu há cerca de dois anos e que ele já havia se esquecido desse trabalho, até que a música começou a subir nas paradas de 2020.

O rapaz disse ainda: “Quando Tiësto ouviu a música pela primeira vez, demorou uma semana para ele gravá-la. Foi muito estranho, pois eu não tinha ouvido a música da maneira como ele a ouviu - ele teve uma ideia na cabeça e a seguiu. Quando eu ouvi pela primeira vez, pensei, 'Oh, isso pode ser bom e algo que as pessoas possam gostar'. Então foi #1 em alguns países, e é loucura, pois ganhou ouro no Canadá. É a primeira música minha que se saiu tão bem nas paradas internacionais.”

Ele ressaltou na entrevista que, foi "insano" ouvir a sua voz na música: "É muito diferente de apenas escrever a música. As pessoas querem comprar sua música e isso é incrível, mas quando elas gostam de sua voz, isso é muito melhor, parece tão pessoal."

O britânico mora com seu pai Robert Bell (advogado), com sua mãe Rebecca Bell (cantora soprano) e com seu irmão Henry (de 20 anos). 

Sua mãe também é uma nadadora, então a sua equipe de natação resolveu homenageá-la recentemente:

"Às vezes não se trata apenas de nadar ... estamos super orgulhosos de nossa maravilhosa colega de equipe Rebecca Bell e seu filho Yami Bell, que atualmente está em #3 nas paradas com o DJ Tiësto e 'The Business'. Grande acontecimento!!"

A Sra Bell dirige o coro infantil da Igreja de Todos os Santos e também é organista. James Bell então explica a origem de sua veia artística:  “Comecei a fazer ópera e canto clássico sob o olhar atento de minha mãe, que costumava fazer muitas apresentações. Minha mãe dirige muitos coros e ela sempre quis que eu recebesse uma boa educação musical, então tiro o chapéu para ela.”

E a mãe de James Bell gostou de "The Business""É uma música estrondosa - eu adoro e escuto o tempo todo. É incrivelmente cativante e as pessoas elogiam bastante. Eu me acostumei com 'Jamie' no rádio, ainda tenho amigos e familiares que me ligam para dizer que ouviram meu filho - ele está em todo o mundo. Ele sempre amou compor e quando ele saiu da escola se voltou para isso. 'Jamie' escreveu muitas músicas, mas nada que contasse com sua própria voz, então esta é a sua primeira vez, e é um grande feito. Eu queria que ele cantasse mais, que mostrasse a sua voz em todas as suas músicas, mas ele tem orgulho de ser, às vezes, só o compositor também."


Ele planeja cantar mais músicas em breve....

Recentemente James Bell escreveu também uma música chamada "Medicine", cantada por James Arthur e que está se destacando no Reino Unido. 

Mas o cantor / compositor  de "The Business" deseja gravar e lançar a sua própria música em breve, dizendo que gosta de escrever todos os gêneros e acreditando que não existe uma maneira "certa" de criar uma música.

James Bell está por enquanto maravilhado com todo o sucesso que sua música ganhou recentemente e agradece:

"Eu não tinha uma música no top 10 antes, então obrigado à todos vocês pelo streaming e por comprá-la. Com a abertura em breve dos clubs, gostaria muito que a música fosse tocada. Esperamos que a música tenha um outro impacto nesse nosso verão europeu.” 


E se você ainda não experimentou a força de "The Business", pode conferir, é o tipo de música que levanta até defunto. 

AGRADECIMENTOS:

Obrigado à Thalles Soares, por enviar a matéria do Jornal.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

PAUL PARKER & ANGIE GOLD - "I FINALLY FOUND SOMEONE" (1997)

PAUL PARKER & ANGIE GOLD - "I FINALLY FOUND SOMEONE" (1997): UMA VERSÃO QUE AINDA CAUSA SUSPIROS

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

Um dueto que emocionou e fez muita gente dançar nas noites de 1997!!


Diante de tantas regravações bem sucedidas na Eurodance, como as de Nicki French, Undercover, Suzann Rye e Ken Laszlo, é lógico que alguém iria fazer uma versão dance para essa balada romântica também, não é mesmo? Era só uma questão de tempo!

"I Finally Found Someone" é cantada originalmente pelos astros internacionais Barbra Streisand & Brian Addams, sendo também trilha sonora do filme "O Espelho Tem Duas Faces", de 1996 (Barbra é uma das protagonistas).
O longa-metragem foi bem popular nos cinemas brasileiros e víamos o seu teaser muitas vezes em suas transmissões diárias pela TV, mas quanto a música oficial... bem, eu acho que não foi muito conhecida na época...  Pelo menos eu nunca a ouvi tocar nas rádios.

Mas a versão Eurodance, produzida em 1997... Ah, essa tocou muito na Jovem Pan e nas danceterias da época!! Puxa, quem que não se lembra dessa maravilhosa versão?
Também saiu em diversas coletâneas da Building Records, e praticamente foi a faixa que me impulsionou a comprar o meu 1º CD da gravadora: "MAXI PAN VOL. 2" (que trazia ainda outros hits espetaculares, como as belíssimas Kelly B - "Love Like Never Before" e SIU - "Its' So Easy").

 Literalmente é uma das músicas que melhor traduziu o ano de 1997!!!
Automaticamente cantamos junto com a dupla:
 
"Someone...Ooooooooh yeaahh"


A música foi lançada no Brasil em junho de 1997, e em agosto começou a despontar nas paradas. Atingiu o #8 nas noites de São Paulo (Outubro de 1997), seu pico máximo. Na Jovem Pan, a maior rede de rádios do Brasil, conseguiu o #9 no chart das mais tocadas em setembro de 1997.

QUEM SÃO ELES?
Essa versão dançante foi criada pelo produtor Ian Anthony Stephens, um especialista no gênero Dance e que produziu muito nos anos 80 e 90, como a épica Abigail - "Dont You Wanna Know?" (1994), além de outras inúmeras releituras de grandes clássicos da música pop. 

Abigail - "Dont You Wanna Know?" (1994)
A música foi escrita e produzida por Ian Anthony Stephens, um grande talento das produções... Repare que a base lembra bastante a produção de "I Finally Found Someone", principalmente os teclados... 
Ah, e essa faixa também está no CD "Maxi Pan Vol. 2"

Então juntamente com o selo Klone Records, Stephens resolveu trazer Paul Parker e Angie Gold, numa cartada certeira para esse seu mais recente trabalho.

Para a revista DJ Sound (nº84, 1998), Angie Gold disse: "Me ligaram de Londres, onde eu estava praticamente de férias, e em 48 horas eu já aterrissava em solo californiano. Em três dias a música estava pronta".
Contatei Angie Gold, para que ela nos falasse mais a respeito dessa querida e nostálgica produção, e perguntei à ela se conheceu pessoalmente o cantor Paul Parker, então ela disse: "Não ,,,,, eu fiz minha parte no estúdio de gravação de Londres e Paul em San Francisco."
Mas peraê! É impressão minha ou as informações da DJ Sound estão meio desencontradas? Pois a revista nos deu a entender que Angie Gold foi fazer as gravações na Califórnia... enquanto a própria cantora nos afirma que gravou em Londres mesmo...

O trio que fez "I Finally Found Someone" brilhar nas pistas!

Angie ainda complementou dizendo que até hoje não conheceu pessoalmente Paul Parker... E sabe, é engraçado saber disso só agora pois eu sempre senti muita química nesse dueto, sempre encontrei muita profundidade nessas duas interpretações, então é estranho pensar que eles nunca se viram pessoalmente (e que muito menos pisaram juntos num estúdio de gravação...).

Na DJ Sound havia ainda mais informações, e era sobre a repercussão positiva que a música obteve em 1997, que "os dois cantores foram pegos de surpresa com este sucesso".
O produtor Stephens adiantava na curta matéria que não teria um novo single entre eles, muito menos um álbum, justificando a distância que separa Paul Parker (que mora nos EUA) e Angie Gold (Reino Unido). 
Stephens ainda disse: "Na maioria dos fins de semanas nós contatamos Angie e trocamos algumas ideias sobre um possível novo trabalho. Nós estamos à procura de um novo bom single para gravá-lo já no início deste ano".

Paul Parker

Bom, sobre uma nova parceria com Paul Parker, isso jamais aconteceu novamente, porém Angie lançou muitos outros singles com este seu produtor, e alguns até se tornaram bem conhecidos entre os fãs de eurodance...
Sabe aquela versão dance de "You Learn" da Alanis Morissette, que foi lançada em 1996 sob o nome de ANGELINA?? Então, essa música me deixou confuso naquele ano, pois automaticamente co-relacionava com a Angelina de "Release Me", mas na realidade se trata novamente dela: Angie Gold.

Basicamente "Angie Gold" é um dos pseudônimos de Angelina Fiorina Kyte, seu verdadeiro nome, e ela se iniciou como cantora há muito mais tempo que a Angelina do freestyle...


ANGIE GOLD
A voz de muitos singles dançantes do Reino Unido

Nascida em Manchester (Reino Unido), no dia 08 de novembro de 1959, Angelina Fiorina Kyte começou a se apresentar nos clubs aos 8 anos de idade, e aos 17 fez a sua primeira apresentação num programa de TV.

Em 1978, ela ainda lançou um single na Alemanha pela Polydor, chamado "Der schönste Tag". Já aos seus 22 anos, participou de um programa de TV aos sábados à noite chamado "Search for a Star", onde foi vista pela gravadora CBS / Epic Sony, que a convidou para assinar um contrato. 
Com esse suporte, ela lançou o seu primeiro trabalho oficial como “Angie Gold”: um single chamado "Every Home Should Have One". Depois ela lançou também o seu 1º álbum, em 1982.

Angie Gold em 1982

A partir daí, "Angie Gold" investiu totalmente nesse nome artístico, embora também usasse outros pseudônimos, como fazia qualquer outro artista da cena dance européia...
Seu segundo álbum não demorou muito, e com ele veio também uma canção intitulada "Get It Over With", que fez bastante sucesso no Japão. Na verdade, Angie Gold tem uma relação bem íntima com o público japonês, pois a maioria de suas canções sempre foram bem conhecidas por lá.

Em 1985, a cantora lançou "Eat You Up", que teve um bom desempenho na “Billboard Disco Chart”, e sendo um de seus mais memoráveis trabalhos. Nesse ano, ela também se destacou com uma versão em inglês para um hit japonês, intitulado de "Dancing Hero" (cover de Yōko Oginome), e conquistando quatro semanas consecutivas no topo dos charts.

Com o passar dos anos, Angie Gold lançou dezenas de singles de relativos sucessos, além realizar também várias parcerias com alguns grupos, como People Like Us, Girlfriends, Illusive, Stepsisters, Suns Of Shiva, e etc... mas aqui no Brasil, a britânica só se tornou conhecida mesmo graças à linda versão de "I Finally Found Someone":

Paul Parker & Angie Gold - "I Finally Found Someone"
Indicação na coluna "Dance Floor", em junho de 1997


Angie Gold cantou várias músicas de Dance Music, lançadas aqui no Brasil pela Building Records



Outras músicas de Angie Gold também chegaram por aqui, como as regravações de Madonna, "Into The Groove" e "You'll See", mas distribuídas sob o nome de Prima... Lembraram dessas tracks, né?? 
Inclusive, a sua versão para "Into The Groove" é maravilhosa e também está na coletânea "Maxi Pan Vol. 2".

Prima - "Into The Groove /  You'll See"
Indicação na coluna "Dance Floor", em setembro de 1997

Prima - "Into The Groove" (1997)
Desculpe Madonna, mas eu prefiro a sua prima!

Outro projeto que tem a sua voz é Princess Paragon, que possui faixas conhecidas como "Kiss The Rain" (1998), regravação dance de Billie Myers e que chegou a tocar nas danceterias brasileiras, assim como algumas rádios. Sobre esses variados pseudônimos, ela justifica:

"Ao mesmo tempo em que eu trabalhava como Angie Gold, estive envolvida na gravação de muitas outras produções, então a minha gravadora decidiu usar diferentes nomes para mim, como PRINCESS PARAGON e PRIMA. Os dois também tiveram muito sucesso, e o Prima teve um hit Nº 1 na Billboard dos EUA com "DONT CRY FOR ME ARGENTINA", e PRINCESS PARAGON, com "ANGEL OF MINE" e "KISS THE RAIN", além de outras canções. Todas essas músicas foram produzidas pelo meu amigo e talentoso Ian Anthony Stephens."
-Angie Gold

Princess Paragon - "Kiss The Rain" (1998)
Indicação na coluna "Dance Floor", em julho de 1998

Além de se simpatizar com o público japonês, a vocalista tem uma boa relação com o público LGBT do Reino Unido, que a reverencia como uma "Diva - Gay". Angie Gold sempre esteve colaborando com as causas desse grupo, assim como participando de campanhas solidárias e doando parte de seus rendimentos às instituições que tratam de soropositivos.
Ela está atualmente com 61 anos de idade e morando em Marbella, na Espanha. 

Sobre a sua colaboração (à distância) com Paul Parker, surgiu pois seu produtor também trabalhava com o cantor (nessa época), e para Stephens, ela foi a voz ideal para cantar com Paul.
Ao todo, Angie Gold lançou 5 álbuns oficiais e dezenas de singles, numa carreira que continua à todo vapor, sempre realizando shows e participações em eventos pelo mundo afora.

Veja um vídeo de 2012 da artista, onde canta absolutamente ao vivo:

Angie Gold - "Eat You Up" (Live In Blackpool Gaypride 2012)



PAUL PARKER

Se Angie Gold é um ícone gay, o cantor Paul Parker também não fica muito atrás... já que ele é assumidamente gay e ativamente participante da cena LGBT americana. 
Assim como Angie Gold, ele praticamente não menciona o sucesso de "I Finally Found Someone" pois este só foi um projeto isolado da dupla, fora que ambos possuem músicas bem mais sucedidas em suas carreiras...

Aliás, o seu maior sucesso é "Right On Target" (1982), que alcançou o primeiro lugar nas paradas Hot Dance Music / Club Play:

Paul Parker - "Right on Target"  (1982)
Ótima canção e muito tocada na rádio holandesa de ítalodisco Stad Den Haag 

"Right on Target" é uma canção de 1982 e lançada pela Megatone Records. Foi produzida e escrita pelo lendário Patrick Cowley, um compositor e multi-instrumentista norte-americano de disco music, que ao lado de Giorgio Moroder, é considerado um dos pioneiros da música eletrônica.
Patrick Cowley queria uma voz que soasse como a de um homem negro, mas como Paul Parker era seu amigo, ele cantou tentando atingir a esse objetivo e foi um sucesso total. Foi o primeiro single do álbum "Too Much To Dream", e também o seu primeiro e mais bem-sucedido single nos charts, sendo #1 por duas semanas.

A carreira de Paul Parker é bem semelhante com a de Angie Gold, eles basicamente cantam no mesmo gênero musical (Hi-NRG Disco) e se iniciaram profissionalmente na mesma época. Ele também é conhecido por sua entrega energeticamente masculina, por sua voz forte e potente, e por ter um comportamento bem-humorado, tais características que conquistaram fãs leais na Europa, Austrália e alguns países americanos.

Em 2019, por exemplo, ele esteve se apresentando na Argentina, onde é muito conhecido e respeitado: "Fui convidado para vários programas de rádio e fiz uma aparição na TV num dos programas matinais. Pediram-me para cantar em todos os lugares que eu ia e, felizmente, minha voz resistiu, mesmo com a viagem cansativa ... Viagem maravilhosa! Obrigado novamente à todos os meus amigos de Buenos Aires!"
-Paul Parker

Ele tem mais músicas conhecidas pelo mundo, mas aqui no Brasil é somente lembrado pela versão dance de “I Finally Found Someone”...

Se o italiano Ken Laszlo é uma lenda da Italodisco, considere Paul Parker uma das lendas vivas da Hi-NRG americana!! Ele também é muito querido no México e está sempre indo à América Central realizar seus shows, onde é muito aplaudido. 
Uma curiosidade, é que não existem informações sobre a sua data de nascimento, o que é uma pena... (é sempre muito bom saber a idade atual dos nossos vocalistas favoritos dos anos 90), mas pelas contas ele deve estar na casa dos 70 anos. 
Paul Parker continua morando nos EUA, na Califórnia.

Ao todo, o cantor lançou 4 álbuns oficiais e dezenas de singles, numa carreira que continua firme e forte até hoje. Ou melhor, "Pushing too hard", como diz uma de suas músicas.


PAUL PARKER E ANGIE GOLD ATUAMENTE
Paul Parker em 2019 e Angie Gold em 2020

Sucesso e vida longa à esse casal que tanto embalou as nossas festinhas nos anos 90, as melhores de nossas vidas!!! E obrigado à eles por nos conceder tantas emoções!!

quinta-feira, 27 de maio de 2021

DEBRA MICHAELS - "HOW DO I LIVE" (1997)

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


DEBRA MICHAELS - "HOW DO I LIVE" (1997)

"Sem você, não haveria sol no meu céu"


Tem músicas que ficam eternizadas em nossas vidas e não tem jeito. Por mais que o artista se ausente e não apresente novos materiais, ele ainda continua rendendo boas lembranças através de sua arte e do que nos foi proporcionado em sua época de lançamento.

Assim podemos enquadrar "How Do I Live" de Debra Michaels, uma faixa que causa sensações nostálgicas em quem viveu e curtiu as baladas de 1998, tudo graças ao seu vocal que emociona, sua construção melódica e suas batidas, que te levam direto àquela boa fase da adolescência... 

Cada elemento sonoro e grooves inseridos em "How Do I Live" estão em perfeita sintonia e no seu tempo correto, reativando e brincando com o nosso cérebro instantaneamente. É uma proposta parecida com Kriss Grekò - "Surrender", que também nos apresenta vocais quentes e poderosos, além de uma instrumental envolvente que se conecta de um jeito sensível com o ouvinte:


Debra Michaels - "How Do I Live" (1997) Live In USA
A música foi lançada em 1997, mas se destacou em 1998

Assim funciona e acontece a mágica em "How Do I Live", que é, na verdade, um cover "dance" de um sucesso romântico cantado por LeAnn Rimes, lançado também em 1997. A BMG distribuiu no Brasil a versão de Debra Michaels, que foi muito exitosa nas danceterias e rádios brasileiras, além de entrar para a trilha sonora de uma novela global chamada "Corpo Dourado". 

Houve uma compilação para essa novela com "How Do I Live" no repertóriomas tivemos também outras coletâneas trazendo esta linda track, como "Dancenet Hits", "As 14 + Do Brasil", "H - Love Hits", e etc.

Nessa época, além da versão original e da versão cantada por Debra Michaels, houve ainda uma outra interpretada pelo projeto britânico Rochelle (Almighty Records), quem lembra? Saiu pela Paradoxx Music em vários CDs... mas aqui no Brasil - merecidamente - a versão da Debra foi a mais popular de todas!!!

Muitas vezes o DJ estava tocando uma certa música que nem sequer estava agradando o público, mas quando ele colocava "How Do I Live" de Debra Michaels, você avistava o grande diferencial e sentia toda a empolgação na pista por parte da plateia. 

Literalmente você assistia muitos braços sendo levantados, olhos brilhando ao reconhecer aquela harmonia sendo construída, e sorrisos eram lançados quando o DJ abaixava o volume, para que todos pudessem cantar juntos o vibrante refrão. Isso que era curtir uma noite nos anos 90! Isso que era se sentir dentro da música e fazer parte de uma festa!!!

Mas, e Debra Michaels? Quem é ela? 

Ela fez um grande sucesso em 1998, porém não tínhamos nenhum conhecimento sobre a imagem da artista, e também não sabíamos se ela tinha outras músicas, e tal... Quem era essa cantora, afinal?


A partir do 2º single, descobrimos finalmente a imagem de Debra Michaels


No mesmo ano de 1998, uma luz no fim do túnel foi lançada quando saiu um novo trabalho da cantora  "Don't You Wanna Fly?", que trazia na capa do single o rosto de uma moça loira. Seria ela, a vocalista? 

A música tocou pouco nas noites e em alguns programas de mixagens (lembro até hoje, quando estreou no "Super Pista" da Radio Educadora FM - Campinas SP-  sendo uma indicação do DJ Carlinhos), mas depois a cantora despareceu e não trouxe mais novidades.

 O QUE ACONTECEU COM DEBRA MICHAELS?

Bom, nada melhor que a própria cantora para nos responder algumas dúvidas e dizer mais sobre a sua enigmática trajetória, certo? Então fiquem com ela, a vocalista que causou fascínio e levou magia aos clubs naquele ano de 1998:


DEBRA MICHAELS 

Entrevista para o Brasil

Entrevista realizada em 06 de maio de 2021

Debra, muito obrigado por aceitar essa entrevista. A versão de “How Do I Live” tocou muito no Brasil e foi ótimo dançar com a sua espetacular voz.

1) Rikardo: Em que cidade e país você nasceu?

Debra Michaels: Eu nasci na Filadélfia, PA, nos EUA.

2) Rikardo: Sua voz é muito contagiante e linda. Como você começou a cantar?

Debra Michaels: Tudo começou aos 4 anos de idade, eu sempre cantei com meus avós, tínhamos um grupo musical e viajávamos pela comunidade se apresentando em reuniões de idosos e asilos. Isso me ajudou muito a cantar como uma adulta, ao invés de soar como uma garotinha, e colaborou com que eu colocasse mais alma e emoção em meus vocais. 

3) Rikardo: Seus pais a incentivaram a seguir a carreira artística?

Debra Michaels: Sim, eles me ajudaram desde cedo e estive até na Broadway, no Alvin Theatre, no musical “Annie”. Eu era um talento-mirim, desempenhei alguns papéis, especialmente no National Tour. Também fiz alguns programas de TV e filmes na minha juventude para obter experiência, assim como estive num programa chamado "The Al Albert's Show" (um programa divertido de variedades para a família). Foi onde passei grande parte da minha juventude atuando na TV. Todas as quartas-feiras à noite, filmávamos para as exibições na manhã de domingo. Foi uma ótima experiência. Também me apresentei no cruzeiro "Walt Disney Cruise Line - Premier Cruises", no navio Majestic, por 7 dias por semana durante meses. Eu também estive em “Star Search” e “Big Break” de Natalie Cole, e foi aí que então comecei a gravar demos para artistas novos e conhecidos. Eu realmente ganhei muita experiência até gravar “How Do I Live”, e estava preparada! 


CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels


4) Rikardo: Você cantou a regravação de “How Do I Live”, que foi muito bem nas FMs e Club's. Como você teve a ideia de regravar essa balada romântica de LeAnn Rimes?

Debra Michaels: Na verdade, eu fui escolhida para cantá-la como uma demo para a cantora de freestyle Rockell, mas acho que fiz um ótimo trabalho com essa demo, e Cory Robbins me contratou para a Robbins Entertainment, num contrato que dizia ter um possível segundo single. Não tive tempo nem para revisar meu contrato. Foi enviado por fax no mesmo dia em que gravei “How Do I Live” e tive que assiná-lo. Meu empresário, na época, estava na costa oeste, era uma bagunça! Tudo aconteceu tão rápido que não tive tempo nem de tirar uma foto para a capa do single, então alguns blocos coloridos e um ponto de interrogação (?) se tornaram a capa de "How Do I Live". A música foi lançada dois dias depois, e nas rádios após mais dois dias. 

5) Rikardo: No Brasil, “How Do I Live” também foi trilha sonora de uma famosa novela (“Corpo Dourado”). Você sabia desse sucesso aqui no Brasil?

Debra Michaels: Eu não estava nem um pouco ciente disso. Estou muito feliz em saber disso agora! 

6) Rikardo: Quais artistas você gosta de ouvir? E quais artistas te influenciaram a cantar?

Debra Michaels: Naquela época eu diria Donna Summer, Whitney Houston, Mariah Carey, Barbra Streisand, Cher, Judy Garland, Patti Labelle, Toni Braxton, Regina Belle, Teena Marie, Sheena Easton, Taylor Dayne e muito mais.

7) Rikardo: Na Dance Music, muitos vocalistas gravavam nos estúdios mas não mostravam seus rostos nas performances e nas capas dos discos ... Os produtores colocavam modelos para fazer sincronismo labial ... o que você acha dessa prática?

Debra Michaels: É horrível isso, mas infelizmente ainda continua...e é muito triste, sabe? O público é enganado por falsos cantores.

8) Rikardo: Qual é a sua maior lembrança de “How Do I Live”?

Debra Michaels: Foi quando eu abri o show para o *NSYNC para a estação de rádio de minha cidade natal (Q102), foi o grande show "Monster" de primavera, na frente de 25.000 pessoas!

Debra Michaels com o pessoal do *NSYNC, em 1998
Nessa época, eles estavam no topo das paradas
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels

9) Rikardo: Nessa época, eu lembro que eles estavam super estourados com "I Want You Back", que tocava muito nos club's e rádios, e era o primeiro dos muitos sucessos do *NSYNC que vieram depois...retrata muito bem o ano de 1998. Mas você, depois de “How Do I Live” lançou um freestyle chamado “Don't You Wanna Fly?” ... Como foi o processo de produção desse single ??

Debra Michaels: Foi incrível! Os produtores eram mundialmente conhecidos e residiam na Inglaterra, eram chamados de Cosgrove/Clark Productions. Eles apoiaram muito a minha voz de 5 oitavas e também produziram para mim algumas dance musics que ficaram excelentes, mas que nunca foram lançadas porque a minha gravadora estava pagando para um outro produtor produzir minhas faixas, e essas depois também nunca viram a luz do dia. 

10) Rikardo: Você trabalhou com o produtor Adam Marano, como foi trabalhar com ele?

Debra Michaels: Ele era um compositor e produtor muito profissional de dance music naquela época. Honestamente, eu aprendi alguma coisa? Não, mas ele teve muitos sucessos, principalmente no gênero Freestyle. 


Debra Michaels com Rita Ora
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels

11) Rikardo: Como foi trabalhar com o selo Robbins Entertainment? Eles sempre a apoiavam quando você precisava? Ou houve alguma música que eles não queriam lançar?

Debra Michaels: Hmm ... agora estamos chegando na parte mais particular da questão lol. A Robbins deu muito apoio para “How Do I Live” como para qualquer outra faixa... nessa época, quando “How Do I Live” de LeAnn Rimes foi um hit nacional, eu já tinha uma versão dance muito poderosa e muito amada que estava subindo rapidamente nas paradas, então a gravadora viu que eu ia fazer um verdadeiro hit e eles contrataram um remixer bem conhecido no mercado de dance. Eles conseguiram também um grande anúncio na rádio quando eu estava impactando. Essa foi a nossa corrida com "How Do I Live". Se a Robbins não tivesse lançado a sua versão dance, poderíamos estar tendo uma conversa muito diferente agora. Ainda sou muito orgulhosa da versão que gravei e ainda sou muito questionada sobre.

12) Rikardo: Debra, que música você lançou depois de “Don't You Wanna Fly?” ? Por que demorou tanto para acontecer?

Debra Michaels: Hmm ... Chama-se “Voices” e é sobre a conscientização da nossa saúde mental e prevenção do suicídio. Eu tinha acabado de perder meu noivo naquela época para o suicídio. Ele não foi diagnosticado por 17 anos e, aos 44, foi diagnosticado com transtorno bipolar e transtorno depressivo. Ele literalmente ouviu vozes dizendo para se matar, e assim, infelizmente o fez depois de 30 tentativas anteriores. A música e o vídeo foram feitos para ajudar, a defender e a educar, mas também para PARAR o estigma referente à saúde mental. 


Debra Michaels em radio norte-americana
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook de Debra Michaels

13) No Brasil sempre ouvíamos a sua voz em rádios e club’s em 1998, mas era difícil conseguir qualquer informação sobre você. O que aconteceu com a cantora Debra Michaels nos últimos anos?

Debra Michaels: Por onde começo??? Já que minha gravadora não apoiou totalmente o segundo single “Don't You Wanna Fly?”, minha gravação naquela época foi completamente interrompida. Minha mãe morreu de câncer no cérebro depois de uma batalha de quase 8 anos e meu pai morreu de um forte derrame. A vida real me atingiu com força, então tive que me virar e cuidar do meu irmão e da minha família. Eu peguei um emprego na área de hospedagem e no ramo de restaurantes, mas continuei cantando e me apresentando por todo o país em eventos corporativos e cassinos com minha banda chamada “The Debra Michaels Project”. Praticamente fiz isso até que gravei "Voices". Depois disso, continuei me apresentando e comecei a trabalhar como treinadora de desempenho vocal em tempo integral. 

Em 2017, eu fui diagnosticada com câncer de ovário em estágio inicial e os últimos 3 anos tratei com cirurgias, quimio, medicamentos e fisioterapia. Eu passei também a administrar meu estúdio e minha fundação para saúde mental chamada “Yo Cuz kidz4Cuz Foundation”. Nossa missão é conscientizar sobre a saúde mental, e também enviar sempre uma mensagem positiva através da plataforma de vozes infantis, Kidz4Cuz! É uma vitrine onde dou aos meus alunos a oportunidade de mostrar os seus vocais em diferentes temas e é sempre por uma grande causa. 

Debra Michaels com Backstreet Boys
CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook pessoal de Debra Michaels

14) Rikardo: Você tem algum sonho que ainda não se tornou realidade?

Debra Michaels: Sim! Eu adoraria voltar a fazer TV e cinema algum dia, e cantar no Apollo Theatre no Harlem, NY. Também quero fazer minha agência de talentos crescer mais ainda, na qual estou trabalhando agora. 

15) Rikardo: Quais são seus planos para o futuro?

Debra Michaels: Quero continuar cantando, atuando nos palcos, treinando jovens talentos e representar o talento fenomenal, quando eu o encontrar. Eu ainda fico animada e sei o quanto EU AMO ser mentora de nossas futuras estrelinhas! Eu também ADORARIA fazer uma turnê no Brasil e agradecer à todos vocês por todo o amor e apoio! 

CRÉDITO DA IMAGEM: Facebook pessoal de Debra Michaels

16) Rikardo: Muitos DJs brasileiros tocaram “How Do I Live” e “Don't You Wanna Fly?” em Clubs e FMs ... Você poderia deixar um recado para esses profissionais, que acreditaram na força da sua voz?

Debra Michaels: Eu quero enviar um MUITO OBRIGADO de coração!! Sem TODOS VOCÊS, eu não estaria fazendo o que estou fazendo hoje. Eu realmente aprecio todo o amor e apoio de vocês em “How Do I Live”. Tenho muito orgulho da minha voz e dessa oportunidade que me foi dada. Desejo tudo de melhor em saúde, sucesso e prosperidade à vocês!

Fiquem protegidos, saudáveis e que Deus os abençoe sempre.

AGRADECIMENTOS:
Finalizamos aqui essa entrevista e espero que vocês tenham gostado de mais um conteúdo exclusivo, com outro artista da cena dance dos anos 90.

O meu Muito Obrigado à Debra Michaels, por seu tempo cedido, à sua atenção e imensa gentileza!! Foi emocionante conhecer a sua história de superação e toda a sua trajetória dentro da música. Obrigado por nos mostrar o seu brilho, Debra!

Abraços à todos!


terça-feira, 25 de maio de 2021

MORRE JOHN DAVIS DO MILLI VANILLI, UM DOS VOCALISTAS REAIS

ADEUS À JOHN DAVIS, CANTOR DO MILLI VANILLI

Todo mundo conhece um pouco da história do grupo Milli Vanilli, famoso por ser uma das maiores farsas da música mundial.

Depois de 31 anos que o grupo ganhou o Grammy de "Melhor Artista Revelação" (tendo que devolvê-lo após a descoberta de fraude), um de seus verdadeiros vocalistas, John Davis, infelizmente veio a falecer nessa noite (24/05/2021).

Sua filha, Jasmin, informou o triste ocorrido através de uma postagem no facebook do cantor:


"Aqui é a Jasmin, filha de John. Infelizmente meu pai faleceu nesta noite por causa do coronavírus. Ele fez muita gente feliz com seu sorriso, espírito alegre, amor e principalmente através de sua música. Ele deu tanto para o mundo! Por favor, dê a ele a última salva de palmas. Sentiremos muita falta dele ♥ ️ ♥ ️"


Frank Farian (produtor) com os cantores do Milli Vanilli em estúdio (John Davis é o que está de pé e camiseta prateada)

Johnny Davis Lewis foi um grande vocalista, além de compositor e baixista. Nascido nos Estados Unidos, na Carolina do Sul, ele se destacou musicalmente na Alemanha quando começou a cantar por trás do Milli Vanilli. Antes ainda, ele chegou a gravar vários discos sob diferentes nomes e em muitos grupos. 

John Davis também tocou e cantou com diversas estrelas do showbusiness, como Luther Vandross, Babyface (produtor de Toni Braxton), Eric Burdon, Robin Beck, Uwe Ochsenknecht, Marianne Rosenberg, Sasha e muitos outros.


Descanse em Paz, John Davis!


RELEMBRE A HISTÓRIA DO MILLI VANILLI - A MAIOR FARSA DA MÚSICA

Rob Pilatus e Fab Morvan foram apenas os modelos do Milli Vanilli

A ideia de colocar modelos para dublar as músicas cantadas por John Davis, Charles Shaw Brad Howell (os verdadeiros artistas do Milli Vanilli) partiu do próprio produtor Frank Farian, que gostou do visual da dupla Robert Pilatus e Fabrice Morvan, transformando-os em componentes visuais do polêmico grupo de pop-dance.

Mas.. se eles cantavam alguma coisa?? Não cantavam uma nota sequer! Eram como Sannie Carlson do Whigfield, ou Olga de Souza do Corona, que vieram anos depois com esse mesmo propósito: fingir aos fãs e decorar palcos e capas de CDs.


O MAIOR CULPADO É FRANK FARIAN

Frank Farian com a imagem do Milli Vanilli

O controverso produtor Frank Farian já havia feito sucesso com um outro grupo dançante nos anos 70: Boney M. Ele era experiente nessa prática de "enganar" o público com falsos cantores, e o próprio Boney M era interpretado por artistas nos estúdios, porém, nos palcos eram os modelos performáticos que faziam o show acontecer. 

Boney M lucrou com 100 milhões de discos vendidos, graças a boa qualidade das músicas e também pelo físico e gingado dos membros decorativos, os “cantores” que o público tanto se simpatizou.

Devido à este grande sucesso de Boney M, Frank Farian continuou apostando nessa prática, nascendo então, anos depois, o Milli Vanilli (embora ele tenha produzido, ao longo de sua carreira, gente também talentosa, como La Bouche, No Mercy, Jayne Collins...)


"GIRL YOU KNOW IT'S TRUE" FOI O PRIMEIRO SUCESSO MUNDIAL DO MILLI VANILLI

Os performáticos Fab Morvan e Rob Pilatus já eram conhecidos nos clubs em Munique, por seu estilo chamativo e por seguirem a tendência fashion da época, além de serem dançarinos oficiais da cantora Sabrina (simbolo sexual da Italo Disco dos anos 80).

Então Frank Farian viu uma dessas apresentações e se interessou pela dupla. O produtor pediu à eles que fizessem algumas performances em discotecas com a finalidade de apresentar ao público a sua mais recente produção... 

A música? "Girl You Know It’s True"!!

 Sim, um hino até hoje, e que já estava pronta e gravada, apenas esperando por alguém com uma boa imagem para representá-la:


Milli Vanilli - "Girl You Know It’s True" (1988)
Essa dancinha e essas ombreiras ainda são muito épicas!

A dupla de modelos passou o ano de 1988 promovendo a canção em discotecas e casas de shows, até levá-la ao topo dos charts de 14 países, além de atingir o #1 na Alemanha, Áustria e Espanha.  

Frank Farian, o idealizador da farsa, ganhou milhões com o Milli Vanilli, e a canção "Girl You Know It’s True" foi lançada nos Estados Unidos em janeiro de 1989, tendo um grande sucesso comercial. Pronto, não tinha mais como voltar atrás e desmentir, pois todos já estavam encantados com os talentos vocais e com as performances da dupla.


A canção "Girl You Know It’s True" vendeu 21 milhões de cópias e até ganhou um Grammy, que, no entanto, foi retirado quando descoberto posteriormente que as vozes originais não eram dos dois integrantes visuais, Rob e Fab.

Mesmo com algumas desconfianças vindo à tona (devido ao sotaque da dupla, além de nunca cantarem ao vivo), os novos singles foram sendo lançados, como "Baby Don’t Forget My Number", "Girl I’m Gonna Miss You" e "Blame It On The Rain"

Eram poucas as pessoas que estavam se atentando à essas pequenas divergências...a maioria estava embalada no sucesso e no visual da dupla, que conseguia convencer a grande massa. 

E é aí que eles foram impulsionados a iniciar uma turnê americana, onde ocorreu o grande e fatal erro...


Milli Vanilli - "Girl I’m Gonna Miss You" (1988)
Essa meu pai tinha numa fita K7 de "internacionais românticas", quando eu era criança... Impossível não se lembrar disso!


Na verdade, uma hora eles iriam ser pegos de qualquer jeito, mas essa turnê nos Estados Unidos apenas facilitou para que a verdade fosse revelada antecipadamente. Os modelos Fab e Rob faziam uma apresentação na cidade de Bristol, em Connecticut, em 21 de julho de 1989, quando a bomba relógio "explodiu". 

MILLI VANILLI: DA ASCENSÃO À QUEDA

Enquanto a dupla performava a gravação de "Girl You Know It’s True", o CD enroscou e começou a tocar repetidamente apenas o trecho “Girl, you know it’s”. Desesperado e sem saber o que fazer, Rob deixou o palco correndo, diante de um público de 80.000 pessoas, numa ironia perfeita: o CD enroscou justamente antes da palavra “true” (verdade):


O momento em que o mundo caiu sobre o Milli Vanilli

Depois dessa "tragédia", Charles Shaw (um dos artistas reais do Milli Vanilli) começou a espalhar entre os jornalistas que ele era o rapper original de "Girl You Know It’s True", com isso, depois desse playback desastroso, ainda tiveram que enfrentar essas acusações de Charles Shaw...  Iniciava então, o pesadelo na vida dos modelos do Milli Vanilli.

Logo depois de pagar 140.000 euros para esse rapper manter a boca fechada, Farian deu uma entrevista coletiva e resolveu contar toda a verdade, que Pilatus e Morvan eram somente os modelos que dublavam no Milli Vanilli, e que os cantores reais não apareciam.

Frank Farian ainda tentou justificar (de maneira desleal e incoerente), dizendo que Madonna, Janet Jackson, Village People, entre outros popstars também faziam playback e que isso era normal, mas todos esses artistas citados usavam de suas vozes nos estúdios...podiam fazer playback nos shows sim, com a finalidade de entregar coreografias impecáveis à plateia, mas estes artistas cantavam de verdade em seus discos, ao contrário de Pilatus e Morvan. 

A verdade é que Frank Farian tentou ser fraudulento até em suas justificativas! Apresentou um argumento de má fé, duvidoso, e acusando até mesmo outros artistas, que nada tinham a ver com aquele escândalo que ele próprio criou.


A academia solicitou que o Grammy fosse devolvido, afinal, a dupla só enganou o público, a crítica, e não eram artistas

Outro fato que chamou a atenção na época, é que muitos fãs processaram o Milli Vanilli nos tribunais, exigindo a devolução de seu dinheiro gasto com discos, ingressos de shows e produtos de merchandising (e aqui no Brasil vemos fãs de modelos ameaçando de processar cidadãos honestos, rsrs literamente, o famoso "poste mijando no cachorro", rs).

Pilatus e Morvan ficaram com a eterna fama de mentirosos e enganadores, mas havia todo um esquema por de trás envolvendo muitas pessoas, não somente a dupla. Os dois afirmavam que, além de Frank Farian, todos da gravadora Arista sabiam da mentira, incluindo o seu presidente, Clive Davis

Depois de tanto vexame e de carregarem toda a culpa sozinhos, a dupla de dançarinos tentou voltar à música, e desta vez cantando de verdade sob o nome artístico de Rob e Fab. O disco foi lançado em 1993, mas foi um grande fracasso, vendendo apenas 2.000 cópias. Afinal, quem iria acreditar neles depois de tudo? (aqui no Brasil sim, existem fãs de modelos, mas lá fora o pessoal é mais exigente...).

Já o produtor Frank Farian, ele também quis continuar lucrando e trouxe ao público The Real Milli Vanilli, com os vocalistas originais (Brad Howell e John Davis) mas que também foram super rejeitados pelo público.

É aquela velha história de "Pedro E O Lobo"... justo quando as pessoas se cansam de acreditar nas mentiras de Pedrinho, o Lobo resolve aparecer de verdade... E aí? Como Pedrinho faz para convencer as pessoas, que agora ele está dizendo a verdade??

E no caso de Frank Farian? Será que ele ainda continuava com algumas mentiras? Surpreendentemente sim... Acontece que as capas dos discos do "Real Milli Vanilli", e até no relançamento do 1º álbum, informavam que a backing vocal das músicas era Gina Mohammed, mas essa garota não cantou uma nota sequer nestas gravações. 

As vozes femininas do Milli Vanilli eram delas e continuavam sendo no Real Milli Vanilli:
LINDA ROCCO e JODIE ROCCO

"Frank Farian havia contratado Gina Mohammed para substituir Linda Rocco e Jodie Rocco, pela etnia. Frank queria fazer um grupo inteiro de negros apenas. Porém, o segundo álbum já estava pronto quando Gina se juntou ao projeto. Tudo o que ela fez foi dublar as vozes da Linda e Jodie, ou cantar sobre as vozes delas e receber os créditos por algo que ela nunca fez parte. Não sabemos porque creditaram ela no CD, sendo que no primeiro lançamento do álbum (em 1988) o nome dela não aparece nos créditos dos vocais, no entanto o nome de Linda e Jodie estão presentes. Gina nem era parte do grupo quando o primeiro álbum foi gravado e ela ainda recebeu créditos como uma das vocalistas...isso é ridículo"

Informou o fã, Miguel Santos.


O 1º álbum do Milli Vanilli foi relançado, mas...

Gina Mohammed não gravou no estúdio, as vozes eram apenas de Linda Rocco e Jodie Rocco

Devemos ressaltar que Gina Mohammed é cantora realmente, não só uma modelo como Pilatus, Fab, Olga de Souza, Sannie e tantos outros que não gravavam nada na Euro-pop. Gina é uma boa artista, gravou alguns singles famosos e que são bem conhecidos pelos fãs de eurodance... O problema é ela mentir sobre isso até os dias atuais e confirmar que gravou no Milli Vanilli, sendo que não é verdade (provavelmente faz isso para pegar carona e visibilidade no meio dessa polêmica, que é uma verdadeira vitrine para ela). Você pode ouvir a voz real de Gina Mohammed no projeto de eurodance Loft, por exemplo. 

No Milli Vanilli, Gina Mohammed não gravou nenhuma música embora tenha sido creditada por ser "a negra do grupo". A cantora também gravou em sua carreira solo, procure e ouça: Gina Mohammed - "Love Is All I See".


LINDA ROCCO SOBRE JOHN DAVIS

Linda Rocco, que também fez inúmeros trabalhos musicais (e até foi vocalista do Masterboy entre 1996/1998), escreveu em seu facebook um triste pesar sobre o falecimento de John Davis:

"Hoje acordei com a triste notícia de que meu amigo e colega Johnny Davis havia morrido. Estou chocada e profundamente triste com esta notícia. Minhas sinceras condolências para a sua filha Jasmin e toda a família. Conheci Johnny muito antes de fazermos Milli Vanilli juntos. Sempre achei que ele era o cara mais legal. A última vez que o vi foi quando fomos entrevistados por Oprah Winfrey, sobre nossos papéis no Milli Vanilli, há alguns anos. Ele deixou a sua marca na história da música "Girl I´m Gonna Miss You" que fizemos juntos com a minha irmã gêmea Jodie. Descanse em paz Johnny." - Linda Rocco


O DESTINO DOS MODELOS

Sobre os modelos do grupo, depois de tantas decepções e de carreiras arruinadas, uma fatalidade acontecia com um dos personagens centrais desta instigante história. 

Pilatus morreu em abril de 1998, aos seus 32 anos de idade, num hotel de Frankfurt por uma overdose de tranquilizantes misturados com álcool. Aparentemente Pilatus não soube lidar com o fracasso e com o desprezo que recebeu após o escândalo se tornar público... Deve ter sido doloroso e traumatizante para ele, sair do mundo do glamour e da fama para se tornar numa das maiores piadas mundiais. Ele, inclusive, já havia se autoproclamado à revista Time como mais talentoso que os astros Bob Dylan, Mick Jagger e Elvis Presley. Então, imaginem a cobrança e a vergonha em cima do modelo depois que toda a verdade veio à tona...

Fab Morvan com John Davis

Já Fab Morvan se aprimorou no canto e atualmente canta muito bem, além de atuar também como DJ. Ele ainda fez shows (ao vivo) em parceria com John Davis, com o nome de "Face Meets Voice: A True Milli Vanilli Experience" ("O Rosto se encontra com a Voz: uma autêntica experiência Milli Vanilli").

Morvan soube conduzir muito bem a sua carreira -  apesar das dificuldades- , usando de toda essa fama negativa como aprendizado. Ele até deu palestras motivacionais para as pessoas "não desistirem, apesar de seus problemas".

Confiram o belo espetáculo "Face Meets Voice: A True Milli Vanilli Experience" (realizado em janeiro de 2020), com a dupla John Davis e Fab Morvan:


RIP JOHN DAVIS
Obrigado!