sexta-feira, 15 de novembro de 2024

TIME RECORDS COMPLETA 40 ANOS!

TIME RECORDS, UMA DAS MAIS IMPORTANTES GRAVADORAS DA ITALODANCE, COMPLETA 40 ANOS DE HISTÓRIA


HÁ 40 ANOS, NASCIA UMA DAS MELHORES DA DANCE!!

Tudo começou no dia das bruxas, 31 de outubro de 1984, quando o produtor e empresário italiano Giacomo Maiolini fundou o seu selo TIME Records, uma empresa independente que marcou de forma indelével a história da Dance Music feita na Itália e distribuída no mundo.

Foi na cidade de Bréscia, na sede da Time, que nasceram as músicas mais icônicas, os grandes híts internacionais, os remixes, os contratos, e os licenciamentos que fizeram o delírio dos milhares de fãs da Dance Music Mundial, sobretudo a Eurodance tocada no rádio, nos clubs e distribuída nas coletâneas.

Giacomo Maiolini no início da Time

Aqui no Brasil, a Time começou a ganhar reconhecimento dos notívagos em meados dos anos 90, graças justamente às coletâneas de Eurodance da Paradoxx Music e Spotlight Records, além das transmissões dessas músicas em rádios como a Jovem Pan 2, 97 FM, Nova FM, Cidade FM, Metro FM, e claro, não podemos nos esquecer da força dos DJ's, que as executaram nos inesquecíveis clubs Kripton, Ilha de Capri, Toco, OverNight, Rivage, Atlanta, Resumo da Ópera, Limelight, Pacha, Broadway, entre muitos outros.

MUITA ITALO DISCO EM 1984:

Giacomo Maiolini nasceu no dia 08 de março de 1963 e sempre foi um menino apaixonado por música, de frequentar às discotecas só para ouvi-las. Quando ele ouviu pela primeira vez uma música que gostou sendo tocada, foi perguntar ao DJ qual era o seu título e quem cantava, e na semana seguinte já foi comprar o tal disco. Ele sempre estava nas discotecas e levava também consigo um bloco de notas para anotar as canções que mais chamavam a sua atenção. Noite após noite, ele criou a sua playlist perfeita de "Dance Matadora", assim dando início na sua carreira como Produtor executivo e empresário do ramo fonográfico.

Não, em seu início ele não virou DJ, mas pensou nisso. O desejo que se instalou forte no italiano era em produzir, e Giacomo Maiolini consequentemente ficou alimentando essa ideia, até que perguntou à um amigo: "Porque não gravamos um disco?" 

Em Brescia, cidade onde Giacomo Maiolini nasceu, tinha um pessoal que havia acabado de gravar um disco, então o jovem Maiolini se uniu a dois deles (em 1984), e juntos fizeram dois discos. Estou falando de ninguém mais que a lendária dupla da S.A.I.F.A.M. - Mauro Farina e Giuliano Crivellente - que ajudaram a produzir as primeiras músicas da Time, produções estas, mais voltadas à italo disco. 

Iniciando nessa experiência, o novato produtor disse a si mesmo que, se ele quisesse seguir em frente com este sonho, precisaria criar um logotipo próprio, algo que fosse a sua marca. Então, Giacomo Maiolini olhou para o relógio e disse: 'Vamos de gravadora Time Records. Quatro letras, fáceis e compreensíveis na Itália e no resto do mundo'.

Mauro Farina, Giacomo Maiolini e Giuliano Crivellente

Com muito trabalho, viagens, colaborações, e visão de mercado, Giacomo Maiolini transformou a Time Records num dos selos mais proeminentes da Italo Disco dos anos 80, lançando artistas / projetos como Atrium, Danny Keith, Riky Maltese, Aleph, Alan Barry, Virgin, Gipsy & Queen, De Niro e Sophie. O selo foi responsável ainda por lançar alguns nomes clássicos da Italo Disco, como Fred Ventura, Albert One, Jock Hattle, Stylóo, Rudy & Co., Max Coveri, Rose, Topo & Roby e Silver Pozzoli.

Mauro Farina, além de ser conhecido pelos fãs da Eurodance como um excelente produtor, é também um eficiente cantor e fez vários vocais masculinos para a Time em muitos projetos, até que chegou um dia que ele resolveu se desligar da gravadora (juntamente com Giuliano Crivellente, no final de 1988) para começar a sua Asia Records

Já a cantora Clara Moroni (que se juntou à Time no final de 1986), foi uma das principais vozes femininas do selo, fazendo muitos backing vocals e cantando refrões harmoniosos em muitos singles do estúdio.

Clara Moroni gravou inúmeros singles para a TIME

DE OLHO NO EUROBEAT / HIGH-ENERGY:

Giacomo Maiolini sempre foi visionário e praticamente inventou um gênero musical na segunda metade dos anos 80. Tudo começou quando ele sentiu o potencial de um mercado ainda a ser descoberto e compreendido: O mercado japonês - que adorava as músicas no estilo dançante, cantado e "acelerado". 

O produtor executivo então investiu altamente em produções neste formato e vendeu aos japoneses várias compilações com centenas de faixas criadas em Bréscia. Foram 100 mil cópias vendidas por mês em variadas coletâneas, e assim, catapultando de vez o nome de Giacomo Maiolini como uma forte referência ao estilo "High-Energy". 

O mercado japonês foi inundado com produções da Time até 2002, com ao todo 1954 produções no estilo, e com cinco prêmios Grammy concedidos à três compilações “Super Eurobeat apresenta Initial D – D Non stop Megamix”, “Super Eurobeat vol.100” “Super Eurobeat vol.110”

Ann Sinclar - "Help Me" (1993)
 Annerley Gordon na Time Records

A EURODANCE CHEGA NO INÍCIO DOS ANOS 90:

Com o nascimento da House Music no final dos anos 80, Maiolini decidiu embarcar nesta nova onda, fazendo da Time uma das melhores no segmento da Euro-House, Eurodance e Italo Dance. 

Dessa tendência que abria os anos 90, nasceu um novo subselo da Time em 1990, intitulado de Italian Style e que foi, sem dúvidas, um dos melhores ”labels” italianos no que diz respeito à Italo-house e Italo-dance. Você ficaria surpreso com quantos hits saíram deste selo, sendo produções inesquecíveis de projetos como USURA, Aladino, Ruffcut Feat. Carol Jones, Silvia Coleman, Copernico, Andromeda, Quasimodo, Nevada, Jinny, Carol Bailey, Antares, Discover, Orange Blue, Lullaby, Gorky, Humanize, Trivial Voice, Kina, Phase Generator, entre muitos outros.

O primeiro single lançado pelo selo Italian Style foi DJ Pierre - "Move Your Body" (1990), uma ótima produção e muito inspirada em Technotronic - "Pump Up The Jam" (1989). Os singles seguintes foram House Corporation "Jammin On The Dance Floor" (1991) e Jinny"Keep Warm" (1991), com este último conseguindo um bom destaque nos charts das pistas de dança e ganhando outros futuros singles pelos próximos anos.

Já em 1997 Maiolini criou o selo Rise Records, que tinha um objetivo de mostrar outras sonoridades dos clubs, além do famoso ítalo. Este selo logo foi inaugurado e um de seus primeiros registros foi a faixa "Feel It" do The Tamperer, que ficou pronta em dezembro de 1997.

Giacomo Maiolini afirmou na época que os produtores ficaram 3 meses trabalhando no single "Feel It", e enfatizou: "foram dias e noites trabalhando nesta façanha". Fora o fato que ele teve que enfrentar vários problemas relacionados a direitos autorais, todos referentes aos samples que foram retirados (aparentemente sem autorização) de outras produções alheias e incluídos em "Feel It".

The Tamperer featuring Maya -  "Feel It" (1997)
Selo: Rise Records

Na verdade, "Feel It" nasceu de uma mescla da instrumental de "Can You Feel It" dos Jacksons com o vocal gravado de 1995 da cantora americana Heather Leigh West. Ouça aqui essa música original - "Drop a House (on that bitch)" para o projeto inglês Urban Discharge feat. She

Neste single há também um pequeno trecho masculino que fica repetindo "Is It Sex, Or Is It Love", que no caso foi retirado de uma obra de Danny Vitale And Family - "Sex Or Love" (1995).

O resultado disso tudo? Surreal!! The Tamperer com sua "Feel It" detonou nos charts mundiais e ficou 6 semanas em 1º lugar na Inglaterra. Aliás, Giacomo Maiolini foi o único produtor italiano a conseguir este feito, com quatro músicas no topo dos charts ingleses:

The Outhere Brothers - "Don't Stop" (1994)

The Outhere Brothers - "Boom Boom Boom" (1995)

The Tamperer - "Feel It" (1998)

Black Legend - "You See The Trouble With Me" (2000)

CD "ALL NIGHT DANCE" (1995)
Uma das coletâneas da brasileira Paradoxx Music dedicada apenas às músicas da Time

Além da Clara Moroni (que acompanhou a Time desde os tempos da Italo Disco até a Italo Dance), tivemos muitos outros artistas que participaram vocalmente nas produções da gravadora, como Asher Senator, Taleesa, Melanie Thornton, Jenny B, Sandy Chambers, Debby French, Simone Jay, Annerley Gordon, Maria Capri, Nancy Sexton, Nathalie Aarts, Ken Laszlo (Gianni Coraini), e etc.

Confira aqui uma lista quase completa, contendo os nomes de quem gravou nos gêneros Italo Disco e Eurobeat da Time.

Sandy Chambers de volta no Brasil, depois de 18 anos (10/08/2024)
Sandy Chambers também atuou na Time Records e um de seus sucessos foi com Aladino - "Stay With Me". Mas, engana-se quem pensa que Sandy não gravou mais na gravadora de Giacomo Maiolini... A estrela da DWA e do projeto Corona ainda gravou para os excelentes Jinny - "Wanna B With You", Dream Project - "Take A Chance", entre outros...

Com o nome "Time", houve ainda um departamento que licenciava as produções de outros estúdios para o mercado italiano, embora a Style Italian também tenha distribuído alguns singles de terceiros, como “Cannibal” do Black 4 White (em 1995 - a produção era 100% da DWA), “To Be Free” do Prime (também em 1995 - a produção era de Riccardo Menichetti) e “Dreaming” do Ruffdrivers (em 1998 - a produção era do selo britânico Inferno).
Outras distribuições realizadas pela Time (para produtos que não eram deles) continuaram acontecendo, como os petardos do 20 Fingers, Vengaboys, O-Zone, ATC, Bob Sinclar, Chris Willis, Deal ("Maybe One Day" e "Shine"), Alice DeejayRihanna ("Disturbia" e "Don't Stop The Music"), Lady Gaga ("Just Dance"), Robyn With Kleerup ("With Every Heartbeat") entre centenas de outros, além da brasileira Luka com seu mega-hit "Tô Nem Aí"

Inclui-se ainda nesse mesmo selo os grandes artistas próprios e que se tornaram sucessos europeus, como DJ Dado, Taleesa, Molella, Billy More, Magic Box, Erika, DJ Ross, Prezioso Feat. Marvin, e etc... sendo literalmente produções que "moraram" nos nossos clubs e FMs dos anos 90 e 2000. 


Taleesa na festa de Halloween da rádio Energia 97 (02/11/2024)
 Taleesa - assim como Sandy Chambers - também cantou com Aladino, e seu vozeirão magnífico se encontra em faixas clássicas como "Brothers In The Space", "Make It Right Now" e "Call My Name", além de muitos outros projetos. Fora isso, a vocalista ainda fez carreira solo na Time com seus hits "I Found Luv", "Let Me Be" e "Burning Up".


MEU TOP 10 DE SINGLES DA TIME

40 ANOS DA TIME
Prontos para um passeio num meteorito?

Quanto aos singles citados abaixo, são clássicos atemporais que nunca deixarei de ouvir, e sempre quando coloco algum CD contendo essas canções dá aquela vontade de ligar os alto-falantes no volume máximo para que toda a vizinhança possa ouvir e dançar também! 

São hinos avassaladores que não devem ficar confinados a um canal do YouTube! É um dever social compartilhar todos estes tesouros dos anos 90, mas, como temos que respeitar a lei do silêncio e a privacidade alheia, venho até aqui então para subdividir este TOP 10 com vocês:

1- ALADINO - "Make It Right Now" (1993)

Música muito atmosférica, dá até para sentir aquela fumaça artificial da boate chegando ao seu rosto enquanto você ouve "Make It Right Now" do Aladino... Um dos pontos fortes é o vocal grave e belo da cantora Taleesa imperando sobre a instrumental, porém, infelizmente é uma faixa não muito conhecida do público brasileiro, tanto é que a cantora, apesar de gostar muito da música (é a favorita dela), prefere não cantá-la em seus shows aqui no Brasil e dar prioridade às suas outras canções mais populares.

2- NEVADA - "Take Me To Heaven" (1994)

Aqui já se trata de um grande hit na voz de Giovana Bersola, a Jenny B. Aliás, se um dia ela vier ao Brasil, tem que interpretar "Take Me To Heaven" ao vivo e nos levar, finalmente, a tão aguardada "morada dos bem-aventurados"! "Take Me To Heaven" é sem dúvidas uma música perfeita para ser dançada num sábado à noite, rodeado dos bons e verdadeiros amigos numa discoteca -ambiente mágico que cura a inércia. O Nevada depois seguiu com outras cantoras, todas talentosas e com músicas também excelentes. Indico todas!

3- NEVADA - "Feels Like Heaven" (1995)

E o Nevada quer, de qualquer jeito, que seus ouvintes sintam-se no paraíso! Neste 2º trabalho eles vieram com uma outra incrível e adorável vocalista, a Deborah French. É uma música extremamente envolvente, base que aguça as boas lembranças dos anos 90 e um vocal doce e carismático que, pode parecer exagero, mas tem a capacidade de fazer muito marmanjão chorar (sim, experiência própria)!

4- JINNY - "Wanna B With You" (1995)

Olha aí o projeto Jinny de volta! Este foi o primeiro projeto da Style Italian a fazer um grande sucesso comercial, lá em 1991, com o single "Keep Warm". Já o single "Wanna B With You" foi lançado no segundo semestre de 1995, na voz inconfundível da Sandy Chambers, a cantora que é um dos maiores patrimônios da Eurodance dos anos 90. Tocou muito, tanto nas pistas como nas rádios! Com a vinda da Sandy Chambers no Brasil em agosto deste ano (para duas apresentações), é claro que ela teve que incluí-la em seu vasto e impecável setlist.

5- MOLELLA - "I's a Real World" (1997)

Espetacular trabalho de Molella e Phil Jay que chegou em 1997 e foi muito bem tocado nas danceterias e FM's daquele ano. Não tem uma vibe "alegrezinha", pois era um outro momento que a música dance atravessava... No entanto, sentíamos algo reflexivo que pairava sobre a sua sonoridade e sobre os vocais circunspectos da bela Nancy Sexton. Foi um dos frescores da rádio Jovem Pan, que buscava exclusividade para a sua programação, e assim, sempre tocava os grandes lançamentos antes de todas as outras rádios. Que época!

Os charts da Billboard com as mais tocadas da Time!!
Ano: 1995

6- ANTARES - "Ride On A Meteorite" (1995)

O teclado vibrante e os vocais irresistíveis dão vida à este acelerado Italodance de 1995. Taleesa escreveu a letra, mas também gravou a faixa em estúdio com sua amiga Clara Moroni (os vocais principais são da Clara). O rap é do britânico Asher Senator, que também abrilhantou em vários outros hits da Time, inclusive é dele a voz no rap em "Let Me Be" da Taleesa. "Ride On A Metorite" é uma das músicas que sonho um dia ver voltando às paradas, tipo aquela redescoberta recente da geração atual pela Kate Bush, sabem? 

7- THE TAMPERER - "Feel It" (1997)

Essa música tem um valor sentimental muito grande para mim. A primeira vez que a ouvi foi no programa "Super Pista" da rádio Educadora FM, comecinho de 1998, e naquele momento senti que seria uma das mais tocadas nas rádios e clubs do Brasil. Não demorou muito e a invasão do The Tamperer deu-se início. A dançante "Feel It" era uma das mais aguardadas da noite, e quando o DJ iniciava a sua introdução com "Is it sex, Or is it love" a galera simplesmente entrava em êxtase!! Encontrei-a depois em sua versão estendida no CD "Hot Nine Seven 7" (Paradoxx Music) e se tornou o meu vício por longos meses. A cantora Maya Days, que representava o projeto, era muito talentosa mas tenho sérias dúvidas se ela cantou realmente neste primeiro single do projeto, visto que os produtores Mario Fargetta e Alex Farolfi samplearam vários sons de diversas produções, e parece que eles samplearam a voz de Heather Leigh West, uma cantora e compositora americana que gravou a sua parte vocal em 1995 (!).

8- MOLELLA - "If You Wanna Party" (1995)

Mega executada no Brasil no final de 1995. Chego até me lembrar agora do meu primeiro minisystem, recém comprado no Carrefour, double deck, onde gravava várias modas dance que bombavam na Jovem Pan, inclusive gravei "If You Wanna Party" numa dessas fitas K7 (em dezembro de 1995). Os vocais animados da dupla The Outhere Brothers e a produção contagiante do Molella colocavam todos para dançar numa época que fervia criatividade e talento nas produções.

9- TALEESA - "I Found Luv" (1994)

Taleesa foi uma das artistas que mais emprestou o seu talento às produções da Time, mas aqui a cantora italiana foi colaborar com os produtores alemães do La Bouche - a equipe Le Click Productions. Apesar disso, o single foi distribuído na Itália pela empresa de Giacomo Maiolini, que permaneceu sendo o "Produtor Executivo" deste trabalho. "I Found Luv" foi uma faixa bem disputada pelos DJ's e entrou, é claro, na programação de muitas rádios. Vale lembrar ainda que Taleesa gravou "I Found Luv" em Frankfurt, nos incríveis estúdios que produziram o Milli Vanilli; além de trazer a participação do ótimo rapper Michael Romeo (do Le Click - "Tonight Is The Night"). Um clássico!

10- ORANGE BLUE - "If You Wanna Be (My Only)" (1994)

Mais uma track fantástica da Time / Style Italian que fez parte das nossas adolescências!! Interessante que, no single "I Found Luv" da Taleesa, a italiana foi produzida pela mesma equipe que produzia o La Bouche, enquanto que, no mesmo ano de 1994, a cantora do La Bouche foi trabalhar com quem? Com os produtores da Taleesa! Melanie Thornton gravou "If You Wanna Be (My Only)" para o projeto Orange Blue, que inclusive traz os raps de Gianfranco Randone, o super vocalista do Bliss Team e Eiffel 65. Taleesa ainda relatou: "Melanie foi uma boa amiga, e nós ajudamos ela com seus shows na Itália. Ela também foi uma boa amiga de Simone Jay, a cantora (minha irmã :)) que produzimos!". "If You Wanna Be (My Only)" é de fato uma Eurodance fascinante, e muito de suas qualidades se deve ao talento da inesquecível Melanie Thornton.


AS VISÕES DE GIACOMO:

GIACOMO MAIOLINI
Um visionário, ligado em moda, e louco por música

A grande capacidade de Maiolini em compreender o sucesso comercial de um produto - antes de outros profissionais  - foi reforçada em 2004, quando o fundador da Time decidiu adquirir os direitos autorais de "Dragostea Din Tei" dos garotos romenos do O-Zone. Com essa negociação, a Time vendeu mais de dez milhões de singles e dois milhões de álbuns, fora ainda os resultados alcançados no Japão e que não foram contabilizados nestes números. 

O single "Dragostea Din Tei" atingiu o topo das paradas mundiais de maneira grandiosa, porém, infelizmente não fez o devido sucesso aqui no Brasil, talvez pela falta de compreensão e visão de algum empreendedor fonográfico brasileiro (características enfatizadas acima em Maiolini). Na verdade, "Dragostea Din Tei" chamou a atenção de uma pessoa errada aqui no Brasil, e que quis aproveitar a sua melodia para fazer uma versão em português: Latino - "Festa no Apê" (2005). Tristemente, a maioria dos brasileiros conheceram antes a versão do Latino, e assim, muitos deduziram erroneamente que a original é que era a cópia.

O-Zone foi febre total com "Dragostea Din Tei" (2004)

O sucesso global do O-Zone levou ainda, em 2008, o rapper americano T.I. a solicitar à empresa sediada em Brescia, os direitos para gravar "Live Your Life" com a cantora barbadiana Rihanna. A versão da dupla foi número 1 nos Estados Unidos com cinco milhões de singles vendidos. 

Os híts mundiais da Dance Music continuavam. Através do selo Rise, foi lançado o single de Alex Gaudino"Destination Calabria" (2006) que foi um marco na cultura clubber em meados dos anos 2000, trazendo uma letra escrita pela cantora Sharon May Linn (a vocal do Blizzard), mas gravada pela icônica voz de Crystal Waters. O resultado de "Destination Calabria" foi enorme (principalmente na Europa), além de vencer um disco de ouro na Inglaterra e outro na França.

Parabéns TIME!!

A Time seguiu apostando em novos produtos Dance, como Yolanda Be Cool - “We No Speak Americano” (2010) e Dynoro & Gigi D'Agostino -“In My Mind” (2018), e este último ganhou até uma platina dupla! 

Mas, infelizmente, muitos dos singles produzidos e apoiados pela Time de uns anos para cá não tem se destacado no Brasil, como acontecia antigamente. Ficam conosco as boas lembranças que essas trilhas sonoras nos trouxeram, toda a dança, a despreocupação juvenil, as risadas, os amigos... Foram anos maravilhosos que nunca mais voltarão. 

Contudo, a gravadora que "quarentou" segue firme na Itália, trabalhando e apostando as suas fichas em produções voltadas à Dance Music atual.

Parabéns à Giacomo Maiolini pelo 40º aniversário da Time Records, um dos maiores símbolos da Italo Dance de todos os tempos! 

Para àqueles que também contribuíram, principalmente cantando os grandes sucessos da gravadora, o nosso muito obrigado por tantas alegrias e emoções propiciadas!

Assinado: Todos os fãs do Brasil.



LEIA MAIS SOBRE O QUE JÁ FOI PUBLICADO SOBRE A TIME:

domingo, 10 de novembro de 2024

DESIRELESS DE "VOYAGE, VOYAGE" (1986) POR ONDE ANDA?

DESIRELESS - "VOYAGE, VOYAGE" (1986) - CANTORA FRANCESA SE AFASTA DE VEZ DA MÚSICA

Boa aposentadoria, Desireless!!

O assunto de hoje não é Eurodance, mas está ali, lado-a-lado, fazendo você dançar em qualquer festa onde executado. É um Euro-Pop de grande excelência, dono de um sintentizador hipnotizante e com aquela atmosfera mágica que só a década de 80 poderia nos oferecer!

Estou falando do clássico imortal de Desireless - "Voyage, Voyage" (1986), um mega sucesso entre 1986/1988 e que chegou ao número um em muitas paradas de singles europeias e asiáticas. O videoclipe foi dirigido por Bettina Rheims e mostrou ao público uma cantora com um estilo andrógino, semelhante a uma onda de outras cantoras contemporâneas, como Annie Lennox e Grace Jones.

O nome real dessa cantora é Claudie Fritsch-Mentrop, ela é francesa, nascida numa data natalina (25 de dezembro de 1952), cresceu ouvindo música clássica e jazz, além de ser fã de David Bowie, Bob Dylan e de Joni Mitchell (se influenciando muito nestes três quando começou a cantar profissionalmente). 

Lembro-me com muita exatidão de ouvir "Voyage, Voyage" num programa de flashback da Dumont FM nos anos 90 (enquanto eu trabalhava com meu pai), e nessas ouvidas sempre conectava a sonoridade da música ao movimento LGBT, e detalhe que eu nem tinha visto ainda a imagem ambígua da cantora, apenas ouvia o seu sintetizador cativante, a voz sisuda e a sua poética melodia.

O olhar sempre gélido de Desireless

O COMEÇO DE DESIRELESS

Antes de fazer sucesso como cantora, Claudie Fritsch-Mentrop teve uma breve carreira como designer de moda (lançando uma coleção com o amigo Claude Sabbah). Ela também já havia feito várias viagens à Índia em 1980, então, assim como a cantora do projeto Randy Bush (Emy Berti), ela encontrou uma filosofia de vida com meditações, mantras, adorações à divindades e yogas. Logo Claudie descobriu também que o seu lugar era na música, e passou a cantar em alguns grupos musicais franceses. 

Claudie conheceu em seguida o produtor Jean-Michel Rivat (em 1984), que futuramente escreveria e produziria todas as músicas de seu primeiro álbum. Já no ano seguinte, 1985, Claudie conheceu François Tabah, com quem se relacionou amorosamente por 18 anos (ela não era lésbica, como eu presumia na minha adolescência).

Antes de ser Desireless e antes gravar "Voyage, Voyage"

Após gravar algumas canções com o grupo Air 89, que também era produzido por Jean-Michel Rivat, Claudie recebeu um convite para gravar o seu single solo - "Voyage, Voyage", e assim o fez, em 1986.

Desireless foi o nome artístico batizado para iniciar a sua carreira solo, um nome escolhido por ela mesma - "Sem desejo" - já envolvida em toda a filosofia indiana. Há quem diga que, para criar este nome, ela se inspirou no livro "The Stranger" do filósofo francês Albert Camus, mas há também rumores de que ela se inspirou no livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry

O NASCIMENTO DO HINO

A letra de "Voyage, Voyage" foi escrita por Jean-Michel Rivat e Dominique Dubois, dupla que inicialmente queria que um cantor mais popular a gravasse, então foi oferecida à Michel Delpech, este que recusou gravá-la. 

Em seguida, "Voyage Voyage" então foi oferecida à Claudie, que já era uma artista que trabalhava com Jean-Michel Rivat e que estava buscando por uma carreira solo. 

O resultado disso? Claudie fez um trabalho majestoso e que sobrevive aí até hoje, sendo uma das músicas mais célebres de toda a década de 80 e ainda muito tocada em festas, rádios, jingles publicitários, e etc.

Desireless - "Voyage, Voyage" (1986)
Video Official
A introdução da faixa com o vibrante sintetizador já é arrepiante por si só, mas aí entra a voz e o estilo melancólico de cantar da Desireless e tudo se transforma nessa obra de arte atmosférica e viajante!

"Voyage, Voyage" tem uma letra inteligente, elogiada e reflexiva. É tudo sobre viajar, mas não apenas se locomover de um lugar para outro, mas também é sobre mudar de conceitos, conhecer novas pessoas, se aperfeiçoar, crescer com novas experiências, sair de uma zona de conforto, arriscar e tentar a sorte no desconhecido.

Desireless com "Voyage, Voyage" alcançou altas posições nas paradas europeias e foi um sucesso instantâneo nas boates e FM's, inclusive aqui no Brasil. 

Foi também uma das músicas temas de um seriado teen muito famoso na década de 80: Voyagers- Os Viajantes do Tempo, que foi transmitido no SBT. Era sobre um menino e um jovem que possuíam um medalhão mágico que lhes permitiam viajar no tempo para resolver problemas. É considerado por muitos como um dos melhores seriados para adolescentes que já passou na televisão brasileira.

Desireless - "Voyage,Voyage" (vinil francês)
Recentemente a música "Voyage, Voyage" chamou a atenção por alcançar 208 milhões de streaming no Spotify

Demorou um pouco, mas Desireless lançou o seu segundo single, "John" (1988). Esta nova produção fez um significativo sucesso europeu, contudo, aqui no Brasil não teve nenhum impacto e passou despercebido. Aliás, Desireless não voltou a ter mais nenhuma outra faixa de sucesso em terras brasileiras além de "Voyage, Voyage", infelizmente.

Em 1989, a cantora lançou o terceiro single chamado "Qui Sommes Nous", sempre cantando em francês e mantendo o seu estilo tão marcante.

LANÇAMENTO DO ÁLBUM DE DESIRELESS:

Geralmente quando uma música explode nas paradas, os produtores e a própria gravadora colocam o cantor para gravar um disco completo com várias faixas o mais urgente possível, e ainda pressionam para que ele faça isso o mais rápido que puder - justamente para aproveitarem todo o embalo do primeiro hít  -  mas, estranhamente demorou três anos para que o primeiro álbum de Desireless ficasse pronto

Eis que no ano de 1989, finalmente é lançado "François", o primeiro álbum solo de Desireless e que trazia este título em homenagem ao seu namorado, François Tabah.

O primeiro e clássico álbum de Desireless - "François" (1989 - edição japonesa)
Músicas de fato construídas, cada detalhe rítmico e harmônico altamente calculado.

O álbum foi distribuído em muitos lugares do mundo, chegando inclusive a ser lançado no Brasil em vinil, no ano de 1990 - pela Discos CBS (que era um subselo da Columbia / Sony). Só é uma pena a versão CD não ter saído por aqui também.

Desireless lançou depois dois singles em 1990: "Elle Est Comme Les Étoiles" e "Hari Ôm Ramakrishna". Passaram longe da popularidade de "Voyage, Voyage", obviamente.

DESENTENDIMENTOS COM A GRAVADORA E NASCIMENTO DA FILHA

Ainda em 1990, nasceu a primeira filha de Claudie e com isso a cantora deixou a vida artística para se dedicar à sua família. Existia também alguns rumores que apontavam que a cantora não aceitava algumas decisões de sua gravadora, a CBS (Sony), e que a empresa queria tomar a frente de tudo, inclusive queria fazer ao seu modo toda a produção do segundo disco. Claudie já não estava satisfeita com a divisão de lucros das vendas de seu primeiro álbum, então rompeu com todos estes profissionais da CBS.

Desireless demorou 4 anos para retornar à cena musical. Seu segundo álbum "I Love You" foi lançado em 1994, e como no primeiro trabalho quem obteve grande parte dos lucros foi o produtor Jean-Michel Rivat (ele foi o produtor, compositor, letrista e arranjador), então Claudie resolveu escrever muitas das faixas de seu novo disco. O estilo do álbum também foi alterado, afinal, agora estavámos em 1994 e aquele sintentizador, apesar de avassalador, estava totalmente fora de moda.

Desireless - "I Love You" (1994)
O aguardado segundo álbum saiu por uma gravadora pequena da França: Pense À Moi

É lógico que jamais Desireless conseguiria superar o sucesso do álbum anterior, que trazia o hino "Voyage, Voyage", mas, apesar da pequena distribuição do novo disco (apenas França e Alemanha receberam este lançamento), ainda assim "I Love You" foi elogiado pelo público. Com o fim da promoção do novo trabalho, a cantora resolveu dar uma pausa na carreira em 1995.

DESIRELESS FOI SE AFASTANDO DAS PARADAS

Desde que deu uma pausa em sua carreira, em 1995, Desireless adotou um estilo de vida longe dos holofotes, contudo, ainda fazia alguns festivais retrô pela Europa. A artista foi se desconectando aos poucos da fama e focando mais em seus hobbies particulares, como cultivando jardins e buscando explorar a sua espiritualidade.

Com o passar dos anos, Desireless se tornou uma artista para um público menor, sendo totalmente independente e sem caráter comercial, mas apesar de seu declínio em popularidade, a vocalista ainda lançava alguns discos. O seu último álbum, por exemplo, teve lançamento em 2017 (ela lançou ao todo 11 discos após o primeiro "François").

Depois disso, poucas notícias de Desireless surgiram na imprensa, e sua última aparição registrada num palco é de 2018.

No mesmo ano de 2018, um ano após lançar o seu último disco, Desireless afirmou: “Eu sobrevivo cantando 'Voyage, Voyage' em meus shows. Se eu fosse a produtora e compositora, seria muito rica, no entanto, eu sou apenas a intérprete”

Após 2018, Desireless desapareceu totalmente da mídia, dos shows retrôs (que costumava fazer), e boatos sobre o seu completo afastamento começaram a circular pela impresa francesa...  Mas, seria verdade que ela abandonaria de vez os estúdios e palcos?? 

Desireless em 2018
Ela trocou aquele corte de cabelo exuberante por simples flores em sua cabeça

VIAJOU DEMAIS

Ao meu ver, a Desireless do primeiro disco foi apenas um projeto controlado e comandado pela gravadora e por seus produtores... Já a Desireless do segundo disco (em diante) é a artista real, sozinha e sem cordões. Tem uma boa voz e de fato nasceu para ser artista, no entanto, apenas isso não é o suficiente para se manter. Aquela união de talentos e pensamentos artísticos do primeiro álbum foi insuperável e fez toda a diferença, trazendo até a ela o reconhecimento mundial. Mas, aí também vem aqueles questionamentos inevitáveis: Ela está feliz assim? Vale a pena você ser reconhecido, e ver sujeitos enriquecendo às suas custas?

DESIRELESS SE APOSENTOU E NÃO QUER MAIS OUVIR FALAR SOBRE MÚSICA

A cantora, que hoje está com 71 anos de idade, infelizmente não quer mais cantar e nem estar conectada ao mundo dos famosos, conforme relatou uma de suas melhores amigas no último dia 08 de novembro em um programa de TV francês chamado “Chez Jordan”.

Amiga de Desireless informou seu afastamento da música: "Ela não quer mais ouvir falar sobre música"

Chantal Richard, mais conhecida como Sloane, é uma cantora popular na França e muito amiga de Desireless, então ela levou essas tristes novidades à TV francesa: 

"Desireless não quer retomar à música, quer apenas cuidar das coisas dela... Ela tem um pouco de dificuldade para andar, pois quando você envelhece, às vezes você precisa perder peso, e o peso afeta bastante quando se tem problemas de saúde... Mas ela é uma mulher maravilhosa, tem um talento incrível. E é puro amor!"

Sloane já havia falado sobre Desireless anteriormente na TV francesa, em 2023, e disse que a cantora queria se afastar do entretenimento, dos palcos e da música, e agora apenas reforçou que isso já está acontecendo. Sloane também mencionou que Desireless sofreu uma queda durante uma turnê quando ia para o hotel: "Ela estava muito cansada e cortou a boca". 

A cantora e amiga de Desireless continuou: "Ela se aposentou, não quer mais falar sobre música, quer se manter distante. À medida que envelhecemos vamos nos cansando e foi isso que aconteceu com ela. Desireless estava muito exausta, não aguentava mais... estava muito farta de tudo....e nesses casos é preciso ter uma mente de aço. Se Desireless tem outros planos em mente, que a agradem mais do que fazer turnês e cantar, ela partiu em direção à eles”.

Desireless dezembro de 2023
Créditos: instagram oficial de Desireless


CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Hoje a Desireless não tem nada a ver com aquela Desireless estilosa e com aquele seu semblante pesado e penetrante que conquistou o mundo. É uma artista com saúde debilitada, sentindo o reflexo do tempo em seu corpo limitado e em sua mente exausta; no entanto, DESIRELESS marcou uma época estupenda e se tornou um grande ícone dos anos 80, algo supremo e absoluto que o tempo e nem ninguém poderá apagar.

Excedeu décadas, e viverá eternellement.


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

ALEXIA - “I FEEL FEELINGS” NEW SONG 2024

ALEXIA ANUNCIA VOLTA À DANCE MUSIC COM "I FEEL FEELINGS" (2024): NOVÍSSIMO SINGLE EM INGLÊS 

Alexia lançará novo single cantado em inglês: "Recomeçar cantando nesse idioma é, para mim, como voltar para onde tudo começou"

Mais uma vez o olhar saudosista deste Blog descansa as suas asas peregrinas sobre um dos maiores símbolos da Eurodance dos anos 90. Sim, meus prezados amigos, informamos através desta publicação - com muito prazer e orgulho - o retorno de uma das gigantes da Dance Music noventista: ALEXIA!!!!

Para quem não se lembra, Alexia gravou canções de Eurodance entre 1990 / 1999 e explodiu nas pistas de dança e FMs com vários híts triunfais, inserindo a sua poderosa voz em muitos projetos aleatórios do selo DWA, assim como nas conhecidas produções de Double You "Part-Time Lover" "I Got To Love". Outra colaboração bem sucedida aconteceu com o mago Ice Mc"Think About The Way", "Dark Night Rider", "It's A Rainy Day", "Russian Roulette" "Run Fa Cover", além de sua carreira solo iniciada em 1995 com seus sucessos próprios, como "Me And You" (aqui com Double You retribuindo o featuring com ela), "Summer Is Crazy", "Number One", "Uh La La La", "Gimme Love", entre outros.

A título de curiosidade, apenas o seu primeiro álbum "Fan Club" (1997) foi totalmente direcionado ao gênero Eurodance, embora os discos “The Party” (1998) e “Happy” (1999) nos apresentaram algumas tracks animadinhas em Dance-Pop. A verdade é que, depois que Alexia assinou com a Sony Music ela passou a se dedicar mais ao gênero pop. Já no início dos anos 2000, Alexia deixou a música cantada em inglês e embarcou para o romantismo e pop cantados em italiano, mantendo uma carreira até comparada com a de sua compatriota Laura Pausini

ALEXIA HOJE 

E agora, depois de exatos 20 anos sem gravar em inglês (sua última música foi "You Need Love", que está no álbum "Gli Occhi Grandi Della Luna") finalmente chegou o momento em que Alexia irá presentear seus fãs e orfãos dos anos 90 com este seu tão aguardado "comeback"...

Alexia com o figurino que usou recentemente no Tomorrowland (em agosto/24)

Quem acompanhou a nossa recente matéria sobre Alexia e suas novidades, conseguiu perceber que a cantora está muito animada para voltar à música, e não apenas isso, mas também captou que ela, na verdade, quer é voltar às suas origens. Alexia se expressou assim: "Sinto que quero voltar com músicas novas, mas quero fazer o que sempre fiz no passado: ser provocadora e fora da caixa. Vou tentar surpreender vocês novamente". Essa sua frase já deixava uma dica valiosa aos fãs (ao menos aos mais atentos), pois se Alexia quer fazer algo voltado ao passado, imaginamos automaticamente em algo dançante e cantado em inglês!! 

Nessa mesma matéria, a italiana ainda falou sobre a onda dos flashback’s, mencionando que nunca viu os anos 90 tão em alta como agora, e que as festas com essa temática estão acontecendo com muito mais frequência ao redor do mundo. Essa foi uma outra pista concedida, nos dando a entender que a cantora quer fazer o seu público dançar como nos velhos tempos. 

E a novidade oficial vem agora: Alexia anunciou recentemente uma nova música, a sua primeira gravada em inglês em 20 anos! O novo single desta nova fase (ou seria velha?) da talentosa e inesquecível Alexia se chama "I Feel Feelings", e marca o retorno da artista à cena que a projetou mundialmente: A Dance Music. 

"I Feel Feelings" será lançada no próximo dia 15 de novembro de 2024 (sexta-feira da próxima semana) e foi escrita pela cantora canadense Dragonette, aquela mesma do hit “Hello” (em colaboração com o DJ francês Martin Solveig), lembraram-se deste sucesso de 2010?

Martin Solveig & Dragonette - Hello (Official Short Video Version HD)

Alexia disse para a página italiana "New Sic":

"Quando recebi e ouvi a demo de 'I Feel Feelings' de Dragonette, soube imediatamente que era a música perfeita para o meu retorno na música Dance em inglês. Recomeçar cantando nesse idioma é, para mim, como voltar para onde tudo começou, e eu só poderia fazer isso com uma canção enérgica, corajosa, simples, mas com uma mensagem clara que diz: 'vamos enfrentar as emoções sem medo e vivê-los plenamente'".

Alexia complementou ainda à imprensa italiana: "'I Feel Feelings' é um convite para compartilhar sentimentos, um lindo hino à vulnerabilidade e à sinceridade que vê beleza e força em todas as conexões humanas. A letra, eficaz na sua simplicidade, é focada na experiência íntima e profunda da ligação emocional que temos com a outra pessoa. Na letra há ainda uma metáfora da 'melodia perfeita' que ressoa nos corações. O refrão 'Do you feel it too?' (Você também sente isso?) é um convite à toda essa cumplicidade emocional, além de ser um apelo para superar o medo de ser vulnerável e aceitar a autenticidade da própria passionalidade."

Alexia - "I Feel Feelings" (2024)
Uma arte simples, lembrando aqueles singles de eurodance despretensiosos e sem nenhuma figura humana na capa

OUTRAS CURIOSIDADES:

Os compositores de "I Feel Feelings" são: Martina Sorbara (Dragonette), Paul Harris e Carl Ryden.

 estranho não ver o nome de Alexia entre os compositores da nova música, já que a cantora escreveu muitos sucessos (você vê o nome dela nos créditos de seus grandes clássicos da eurodance - Alessia Aquilani);

-Gravadoras: Garbo Dischi / Daylite Records ("Hello" Spottlight Record!! Que tal licenciar essa novidade da Alexia para o público brasileiro?).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Alexia estaria em busca de suas raízes perdidas, de seu público realmente fiel, ou tentando apenas se aproximar da audiência do "flashback"?

É difícil dizer com certeza, mas o que fica é que este novo single está sendo lançado finalmente, depois de tanto a cantora assistir o próprio "Fan Club" solicitar em suas redes sociais uma música voltada puramente às pistas de dança (como nos velhos tempos). Assim, apenas por esta feliz escolha, já ficamos extremamente satisfeitos por ver Alexia atendendo ao nosso antigo pedido.

Esperamos que "I Feel Feelings" seja exatamente isso, algo que faça-nos dançar, cantarolar aquele refrão chiclete, vibrar com as batidas, emocionar com toda a sua potência vocal...  algo à altura de uma megastar como Alexia.

IN MEMORIAN: Artigo dedicado ao amigo Paulo Beraldo, que sonhava muito com este lançamento de Alexia (ele era um desses fãs que pedia por uma nova faixa dançante à Alexia via instagram).


domingo, 27 de outubro de 2024

BILLY MORE - "UP & DOWN" (2000) A HISTÓRIA

BILLY MORE DE "UP & DOWN" (2000) FALECEU EM 2005 E NÃO GRAVOU NENHUMA MÚSICA

"Up & Down" - Mais um clássico dos anos 2000 para você recordar!

Aqui no Blog já ficou bem claro que sou muito fã das produções do italiano Roberto Gallo Salsotto, e este artigo apenas reforça mais uma vez toda a minha admiração por seus trabalhos.

"RECORDAR É VIVER": 

Ano 2000. Club Grêmio C.P. Jundiaí - SP. Já são 23h da noite e a "balada" está apenas começando com os hits do momento. 

Na fresta do passado, hoje o meu olhar refugia-se para uma canção que fazia os jovens celebrarem suas vidas naquele ano de 2000, "Up & Down" do Billy More, música perdida naquela gaveta secreta e que o Blog faz questão de exibir a sua silhueta. 

Billy More foi um projeto italiano que nasceu em maio de 2000, quando o DJ e produtor da cidade italiana Abruzzo, Roby Santini (também conhecido como RSDJ) conheceu um jovem gay chamado Massimo Brancaccio na boate milanesa "ZIP" (onde Roby era o DJ residente), surgindo assim a ideia inicial de apresentar um personagem totalmente excêntrico ao seu projeto. 

{Leia aqui mais sobre Roby Santini}


Billy More - "Up & Down" (2000)
Video Oficial
O performer Massimo Brancaccio do Billy More apenas dublava, com todo o respeito a sua memória...

Massimo Brancaccio nasceu em Milão, no dia 3 de Fevereiro de 1965, e apesar de ser um grande artista dos palcos, não foi ele quem gravou "Up & Down" com sua voz real - como todos imaginavam naquela época. Brancaccio foi um artista mais visual e voltado para impressionar os olhos do público, por outro lado, o verdadeiro cantor ficava centrado mais nos bastidores - afastado da plateia.

Massimo Brancaccio foi capa também de outros discos...

Antes ainda de ser o visual do Billy More, o performer Massimo Brancaccio já havia trabalhado com o pseudônimo de Massimo Maglione e foi o "rosto" nos singles do projeto Max Coveri (iniciado em 1986 com a voz de Mauro Farina e continuado depois em 1996, com o vocalista Maurizio De Jorio).

Apesar de ser creditado em alguns sites como o cantor do Max Coveri, creio que Brancaccio atuou apenas com sua imagem, assim como tornou a fazer aqui no projeto Billy More.

Danceteria paulistana FUI - Agosto de 2000
Você foi na Fui? Só hinos meu pai...

Billy More fez sucesso no Brasil no final do ano 2000 - através do selo Building Records - e seu hit "Up & Down" foi muito tocado nas nossas pistas e FMs. Segundo os gráficos da revista DJ Sound, a faixa começou a ser executada pelos DJs brasileiros em agosto de 2000, e entrou na programação da Jovem Pan 2 em outubro de 2000.

24 anos já se passaram e hoje podemos afirmar o seguinte: Felizes são àqueles que envelheceram e não perderam a doçura e o mesmo brilho no olhar ao escutar um sucesso como esse. Do seu tempo...


BILLY MORE REINOU EM 2000 COM "UP & DOWN"
A melodia cativante e o visual 'drag' de Billy More foi sucesso imediato

Como vimos acima, a ideia de Roby Santini era dar vida a um novo e ambicioso projeto musical com o excêntrico Brancaccio atuando como uma Drag Queen no palco e nos vídeos; porém a parte vocal seria gravada no estúdio por John Biancale, um cantor ítalo-canadense muito talentoso e com uma flexibilidade vocal muito capacitada. Sua voz incomum era também muito adequada para ser interpretada (dublada) por um personagem "drag queen", e por isso o projeto deu certo, fazendo sucesso nas pistas de dança e atraindo o público dos palcos e videoclipes.

Chart da Itália divulgado na revista DJ Sound (agosto de 2000)

Foi no verão italiano de 2000 que o single "Up & Down (Don't Fall in Love with Me)" explodiu e alcançou a posição #4 na parada musical italiana, #14 na parada austríaca e #21 na parada alemã, além de vender 25.000 cópias na Itália! O single foi lançado em muitos outros países europeus, e também no Canadá, além de uma "tour" com centenas de shows em discotecas italianas, várias aparições em programas na TV italiana e uma performance memorável no evento italiano Festivalbar - com mais de 30.000 pessoas - que definiram "Up & Down" como o  hit do verão do ano 2000. 

Devido ao êxito conquistado, um videoclipe então foi filmado para "Up & Down", mostrando homens tentando realizar tarefas domésticas e um Massimo Brancaccio "montado" como Drag e dançando entre eles. 

Billy More foi indicação na revista DJ Sound em agosto de 2000 (edição com Whitney Houston na capa, nº99)

"INDISCUTIVELMENTE A MELHOR" (DJ Sound, ago/2000)

Este bombástico single teve letra escrita por Roberto (Roby) SantiniRoberto Gallo Salsotto e Alessandro Viale, responsáveis também pela produção da música. Diante da fama crescente do (a) Billy More, em novembro de 2000 foi lançado o segundo single do projeto,“The New Millenium Girl”, que foi bem na Europa mas não repetiu o mesmo sucesso aqui no Brasil. 

Outros singles consequentemente foram lançados, como "Come On And Do It" (2001),“Loneliness” (2001) e "I Keep on Burning" (2002), garantindo a popularidade do projeto e da drag queen.

John Biancale - o cantor verdadeiro, esteve envolvido ainda em outros projetos dançantes da época, como Souvenir d'Italie - "Boys And Girls (Fashion Night)" (2001), outro sucesso aqui no Brasil entre 2001 / 2002 e igualmente licenciado pela Building Records. Perceba que a voz é a mesma, além de conter o mesmo time de produtores!

Souvenir d'Italie - "Boys And Girls" (2001)
Música escrita, produzida, arranjada e mixada por Alessandro Viale, Roberto Gallo Salsotto e Roby Santini
A pista ficava tomada, é claro!!

Outro projeto com sua voz é o Temple Pleasure - "Dance", lançado em 2003 e com uma sonoridade muito parecida com a de Billy More, além de trazer uma imagem de "drag" na capa do single.

Em 2003 o projeto Billy More volta com a faixa "Weekend”, mas sonoramente ficou bem diferente dos singles anteriores, tendo apenas uma única coisa em comum: a presença do cantor -  John Biancale. O mesmo vale para “Try Me” e “My Rhythm Of the Night” de 2004, com a marca “Billy More” mas com John Biancale cantando completamente fora dos moldes do personagem "drag".

No verão italiano de 2004 foi lançado ainda o single "Boom Boom", que é uma regravação da canção de 1987 de Paul Lekakis e que já havia sido regravada em 1997 pelo cantor brasileiro Camarco

Este single foi produzido pelo lendário trio Roberto Turatti, Miki Chieregato e Tom Hooker (as mentes criativas por trás do projeto Den Harrow), e que de alguma forma nos remeteu a ambigüidade do personagem "Billy More".


O FALECIMENTO DA DRAG QUEEN 'BILLY MORE'

Morte prematura e luto na comunidade italodance

Era 14 de agosto de 2005 quando chegou a notícia da morte de Massimo Brancaccio por leucemia aguda. Na verdade, suspeita-se que o artista já lutava contra essa doença já há algum tempo (embora não há nada que comprove isso). Ele faleceu com apenas 40 anos de idade, bem na época que as rádios italianas estavam tocando o último single do projeto, “Gimme Love” (2005).

A morte de Massimo Brancaccio gerou uma grande comoção na cena gay e no entretenimento italiano, e desde então não houve mais nenhuma música nova do projeto Billy More, mesmo com o verdadeiro cantor ainda vivo e ativo nos estúdios (em respeito a memória do performer).

Obs.: Seu corpo foi enterrado em um cemitério em Castelletto sopra Ticino, Piemonte, na Itália.


JOHN BIANCALE

Quem é, afinal, John Biancale, a verdadeira voz do Billy More? 

Seu nome completo é John Michael Biancale e é conhecido como um "cantor de mil vozes", justamente porque tem a capacidade de combinar seu vocal com vários gêneros musicais, como o Jazz, Blues, Rock, Pop e Dance Music. 

Ele nasceu no Canadá, em 21 de janeiro de 1966 (às 00:05h), tendo atuais 58 anos de idade e ainda com "muita lenha para queimar".

Arquivo pessoal de John Biancale (facebook)

John Biancale foi o primeiro filho de imigrantes italianos em Toronto (Canadá), e viajou muito para aprimorar a sua técnica como compositor e intérprete ao vivo. Depois de inúmeras apresentações nas casas noturnas de Paris, nas discotecas da Grécia e nos clubes de praia da Costa Rica, John Biancale chegou à Itália, onde se mudou para Milão. Certa noite, durante uma apresentação em uma boate, John Biancale despertou o interesse de alguns produtores com quem passou a colaborar em canções como "Gimme Love" (projeto Kasto) e "Join the Party" (projeto Gans), mas a sua virada veio quando emprestou a sua voz ao projeto Billy More, gravando sucessos como "Up & Down", "Millenium Girl", "Come on and Do it" e, claro, gravando também "Boys and Girls" do projeto Souvenir di'Italie.


O COMEÇO DE BIANCALE NA DANCE MUSIC:

John Biancale com seu visual futurístico na banda Rockets

John Biancale começou a gravar na Dance Music a partir da segunda metade dos anos 90, mais precisamente a partir de 1996, lançando diversos singles com inúmeros produtores, como Daniele Tignino & Pat Legato (os caras do projeto Deal - "Maybe One Day"), Roberto Gallo Salsotto (Kriss Grekò - "Surrender"), Riccardo Piparo (Deja-Vu - "I Can't Stop"), e Roby Santini (The Soundlovers). Aliás, dá-se a entender que Roby Santini quis repetir com o Billy More algo que ele já havia começado em 1998, quando lançou um projeto semelhante chamado She-Male e que teve apenas um single: "No Glove, No Love".

She Male: Um projeto de Roby Santini lançado em 1998, que, aparentemente, tinha a participação de um travesti

Depois do sucesso com Billy More, John Biancale trabalhou com muitos produtores e cantores conhecidos, como Raffaella Carrá (gravou com sua voz a faixa "Keep On" e compôs "Fun Fun Fun" com a celebridade italiana - falecida em 2021), compôs também "U Got The Love" do DJ Ross (o início da música lembra muito "I Gotta Feeling" do Black Eyed Peas), além de gravar um backing vocal para o single "Stranger" do icônico Simple Minds em 2005. Essa última participação citada aconteceu porque os produtores Daniele Tignino e Pat Legato foram designados para co-produzir o álbum "Black & White" da banda escocesa, então, como sempre estavam em parceria com John Biancale, ele foi encaixado na produção dessa faixa (como backing vocal).

John Biancale, um grande vocalista dos estúdios 

John Biancale também gravou um ótimo cover dance de Michael Jackson em 2009, que saiu como Paul Luke feat. John Biancale - "Billy Jean", que inclusive está no CD "Superpop Volume 3" (2009), assim como gravou com sua voz diversas outras canções com Alex Gaudino, Guesta (projeto da S.A.I.F.A.M.), com a banda de rock eletrônico Rockets, entre muitos outros (confira aqui uma lista repleta de vários projetos com sua colaboração).

John Biancale cantando ao vivo atualmente

Além de cantor/compositor, John Biancale é professor de fonética inglesa para cantores que moram na Itália, dando aulas particulares de inglês há décadas e lecionando oficialmente em uma academia de artes em Milão chamada MAS (Musics Arts Show) - ensinando jovens cantores e atores como pronunciar letras de músicas e roteiros em inglês.

Idiomas falados: inglês (Nativo), italiano (Fluente)

Hobbies: Ele adora jardinagem

Mora em Pavia, Lombardia, Itália 


CURIOSIDADES FINAIS:

-"Up & Down" é um lançamento do ano 2000, mas... quem diz que essa música já tem quase 25 anos? 

É uma verdadeira relíquia, ainda cheia de frescor, glamour, além de ter uma melodia cativante que te obriga a dançar! 

E o disco de ouro veio em 2024!!

E em agosto de 2024 (mais recentemente), tivemos um Disco de Ouro concedido merecidamente aos produtores de "Up & Down", através da FIMI - (Federação da Indústria Musical Italiana) e causando uma comemoração do produtor Roberto Gallo Salsotto pelas redes sociais;

-"Up & Down" se tornou definitivamente um cult das pistas de dança e está mais que gravado na memória de muitos que a ouviram nas rádios, a dançaram nos clubs e à quem assistiu o seu videoclipe!! Inclusive, o tal vídeo foi incluso no DVD brasileiro "Planet Pop Vol.3" e contém muita extravagância, duplos sentidos, caras e bocas, dançarinos descoordenados... Uma mistura divertida que não precisou apelar para a vulgaridade ou o tão procurado conceito libidinoso da atualidade;

-Ah, quem dera se essas drags brasileiras também fizessem o mesmo, e nos poupassem de suas vozes horrendas e irritantes, apenas dublando grandes cantores... Quem sabe assim, não lançariam também obras-primas marcantes como essa!

-Ouvir "Up & Down" entre tanta porcaria atual, com certeza vai te fazer transportar para aqueles dourados, inocentes e despreocupados anos 2000!! 

Bora para essa viagem?? Você está pronto? 

Como diz a música:


AAAre-you- Re-a-dy????? ♬♪♩

O vocalista John Biancale atualmente!

OBRIGADO JOHN BIANCALE
RIP MASSIMO BRANCACCIO




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-RIKARDO ROCHA