quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

CD TV DANCE: 30 ANOS DO MAIS PURO EURODANCE

 TV DANCE: FAMOSA COLETÂNEA DE EURODANCE COMPLETA 30 ANOS

CD TV DANCE: Há 30 anos você estava antenado com o melhor da tecnologia e assistindo ao sucesso de "Santa Maria"


Esta publicação orgulhosamente tem o intuito de relembrar e enaltecer o volume 1 da trilogia "TV DANCE", uma série de discos da sempre saudosa gravadora Paradoxx Music.

Este primeiro volume foi lançado em dezembro de 1995 (há exatos 30 anos) e foi um grande sucesso comercial, fazendo com que a gravadora Paradoxx retornasse com outras sequências, sendo "TV Dance Vol.2" (1996) e "TV Dance Vol.3" (1998).


Imagem do CD "TV Dance" em execução no microcomputador 486. Vemos o clipe de "Santa Maria" sendo tocado. Essa imagem foi capturada por Rikardo.Rocha em seu PC antigo.
A tecnologia era mínima, mas a satisfação era imensa!


Na minha opinião, "TV Dance" (1995) é uma das melhores coletâneas de dance music dos anos 90, pois além de trazer a faixa multimídia (clipe de Tatjana - "Santa Maria"), que era algo tão revolucionário para aquela época, ainda trazia um excelente repertório de hits daquele fantástico e produtivo ano. Aqui é a dance music raíz, nada parecido com a cena eletrônica que a geração Alok costuma ouvir atualmente, que passeia pelo sertanejo, reggaeton e até funk (!!). Simplesmente é a DANCE MUSIC dos anos 90 em sua essência mais pura!

Até aqueles "covers" enfadonhos que a Paradoxx Music adicionava em suas coletâneas estão ótimos aqui, inclusive, alguns até melhores que as próprias versões originais, como Minie Mine - "Dub I Dub" (um cover das meninas dinamarquesas do Me & My).


Imagem da tela "Mixed Mode CD" de "TV Dance" . Se clicasse sobre a imagem de Tatjana, você acessaria ao clipe da música "Santa Maria", mas se clicasse sobre o CD à esquerda, teria acesso ao menu para ouvir as faixas do disco (veja abaixo como era esse menu). Essa imagem foi capturada por Rikardo.Rocha em seu PC antigo.


TRACK LIST DE "TV DANCE": FAIXA A FAIXA

Em dezembro de 1995, a revista DJ Sound destacou "TV Dance" 


Bom, este clipe era a grande cereja do bolo, certo? Mas não se engane, pois essa era uma novidade um pouco "problemática", se é que você me entende...

Esta faixa número 1 não rodava em seu aparelho de som, então você tinha que pulá-la rapidamente em seu cd-player para ouvir a faixa 2 em diante. Caso não fizesse isso, existia até o risco de suas caixas de som serem deterioradas, como já ocorreu comigo. Uma certa vez, eu apertei "play" sem querer e emitiu um ruído ensurdecedor, que fez com que minhas caixas de som queimassem completamente. Pensa num prejuízo!

Você apenas conseguia acessar esta faixa em seu computador (a configuração 486 era o auge naqueles áureos tempos) e assim, conseguíamos visualizar o video de Tatjana - "Santa Maria", música cantada pela deliciosa loira e que também era sucesso com seus filmes adultos. Recomendo a leitura do artigo sobre Tatjana Simic (disponível aqui no Blog), para saber mais sobre a sua curiosa carreira de cantora e atriz.

Segue o vídeo oficial de "Santa Maria", agora numa qualidade bem melhor que aquela apresentada na tal faixa mixed mode:


FAIXA 01 - Vídeo oficial: TATJANA / SANTA MARIA


  • Depois da faixa multimídia, temos na sequência a faixa nº2, que é "Tell Me" do projeto Tenessee. Este foi um outro grande hít das pistas e FM’s, trazendo batidas fortes e empolgantes, além de um vocal feminino poderosíssimo. A vocalista é a italiana Giada Masoni, embora na capa do CD-single italiano vemos uma outra mulher desconhecida. Essa produção me traz memórias de um tempo que não volta mais, pessoas queridas que a cantarolavam na época de escola, e que, com o tempo, fomos perdendo o contato;

  • Ondas se quebram e anunciam o verão de 1995. Este é o som que ouvimos na introdução de "Santa Maria", num perfeito contraste com repetitivos sussurros angelicais que são adicionados logo em seguida. Como temos o seu clipe na faixa nº1, é claro que teríamos a sua faixa de áudio para ouvirmos naquele nosso microsystem Aiwa ou Cougar, não é mesmo? Bom, quanto a cantora croata Tatjana Simic, ela gravou vários singles de Dance Music nos anos 90, porém, aqui no Brasil "Santa Maria" foi o seu maior sucesso (apesar de "Feel Good" também ter sido conhecida pelo público brasileiro uns dois anos antes). O que pouca gente sabe, é que no refrão de "Santa Maria" ouvimos a voz de uma outra cantora, e não a voz de Tatjana. No refrão ouvimos a norueguesa Kirsti Johansen — a compositora de "Santa Maria" (enquanto que, nos versos cantados realmente ouvimos a voz de Tatjana);

  • "Macarena" é a faixa 3, mas não se trata da conhecida versão do Los Del Rio — o grupo que explodiu com esse hino latino. Aqui temos um cover feito por Carlos Oliva & Los Sobrinos, no entanto, essa versão deles foi super elogiada por George Rizov —  um dos músicos que criaram a versão original (ele gostou muito dos arranjos dessa versão). Aliás, em 2026 pretendo fazer uma matéria contando quem foi a verdadeira vocalista da versão em inglês do Los Del Rio;


Sannie Carlson em 1995


  • "Sexy Eyes" foi um dos grandes sucessos do projeto Whigfield e aqui ela também não poderia ficar de fora. Muito tocada no segundo semestre de 1995, "Sexy Eyes" entrou em outras inúmeras coletâneas da gravadora Paradoxx, como "As 7 Melhores Vol. 4" (outra série de discos que marcou demais os anos 90). A cantora verdadeira do Whigfield é Annerley Gordon, inclusive, além da voz nas canções ser totalmente sua, o nome do projeto ainda foi batizado por ela, que impulsionada resolveu homenagear a sua querida mãe: Gwendoline Wighfield. A loira que aparecia nos videos, capas de discos e shows? Ah, essa daí todo mundo está careca de saber que era apenas uma modelo que dublava...;

  •  A próxima música é "Dub I Dub" do projeto Minie Mine, que como já citado, é um cover que soou muito bem. Essa produção é da lendária gravadora S.A.I.F.A.M., um grande grupo italiano que investiu fortemente nas criações de Italodance e que "copiou" aqui a dupla do Me & My, representado oficialmente pela gravadora internacional EMI. O curioso, é que os italianos batizaram este projeto cover de The Twins ("As Gêmeas", uma alusão às irmãs do original, hahaha), mas a Paradoxx trocou este nome por simplesmente "Minie Mine"... muito provavelmente pela pronúncia soar parecidamente com "Me & My", né? Enfim, gosto mais dessa versão que da original. Sorry girls;

  • "Diana" é uma produção do Andrew Sixty, projeto de eurodance que também estourou no ano de 1995 com vários outros singles, como "Oh Carol" e "Caterina" (quantos nomes femininos, não?). O vocalista Andrea Alberghi gravou essa cover de "Diana" em 1995, mas em 1994 já havia gravado a mesma música para um outro projeto chamado Perfect Style (no disco havia uma versão gravada com sua voz e uma outra versão com um outro vocalista). O resultado desta gravação de 1994 foi positivo, então seus produtores (Max Moroldo e Gianluca Mensi) resolveram investir em um futuro projeto, nascendo na sequência o Andrew Sixty (que conhecemos em 1995);


Imagem da tela onde selecionávamos as músicas de "TV Dance" para ouvirmos no microcomputador. Foi capturada por Rikardo.Rocha em seu PC antigo


  • O Playahitty fez um "arregaço" em 1994 com o hino dos verões "The Summer Is Magic", e através dessa feliz experiência resolveu voltar no verão seguinte e trazer a mesma vocalista, Jenny B, para o novo sucesso do Playahitty: "1,2,3! (Train With Me)". Este segundo single traz um ingrediente muito animado, sendo o famoso som da Maria Fumaça, um apito clássico que foi adicionado logo após ao refrão cantado lindamente por Jenny B (lembrando que ela também foi a verdadeira cantora do Corona - "The Rhythm Of The Night", além de vários outros hinos da Eurodance). É óbvio que "1,2,3! (Train With Me)" se tornou em mais um trabalho bem sucedido do Playahitty, sendo bem executado tanto nas FMs quanto nos clubs, além de ser a faixa nº7 desta excelente coletânea que está completando 30 anos;

  • "No More I Love You's" é uma canção original da cantora Annie Lennox, lançada em 6 de fevereiro de 1995 e que se tornou num sucesso enorme em todos os charts mundiais, além de ter virado um tema de novela aqui no Brasil — "A Próxima Vítima" (1995). Na onda da Eurodance, é claro que alguns produtores tiveram a brilhante idéia de criar suas variadas versões da premiada música, e diante de tantos covers que recebemos, creio que a versão euroragga do projeto Betty Blue tenha sido a melhor. Trata-se de um lançamento do selo Blanco & Nero, e a vocalista é a italiana Beatrice Baccarini. É a faixa nº8, bem reggaezinha, bem clima praia, bem no rítmo do verão — justamente a estação que recebeu o lançamento de "TV Dance" em 1995;

  •  "Back For Good" é outra cover emocionante e ao mesmo tempo dançante. As "vítimas" da vez agora são os garotos britânicos do Take That, que haviam lançado a original em 27 de março de 1995. Essa cover que está em "TV Dance" é mais uma produção italiana, lançada como East Side Beat feat Max. Há algumas controvérsias por parte da gravadora (Media Records), pois a empresa lançou essa regravação como se fosse uma produção do já conhecido East Side Beat, mas que não tem nenhuma relação com eles (que já eram conhecidos através de seus vários singles, como "Ride Like the Wind"). Foi uma jogada de marketing da gravadora, com a finalidade de usar um nome já conhecido e consagrado para vender essa regravação do Take That. O vocalista dessa versão dançante é o italiano Max Sensioni, e sua excelente voz ecoa muito bem em "Back For Good", faixa nº9 de "TV Dance";

  • Aqui no Blog já falamos muito sobre Melody Castellari, uma das vocalistas por traz do projeto A.D.A.M. Feat Amy e seu arraso "Zombie". Sim, aqui é mais um cover, desta vez do grupo de rock The Cranberries. No refrão, assim como em "Santa Maria", temos uma outra vocalista desconhecida oferecendo os seus fortes vocais (não se trata de Melody Castellari). De qualquer forma, Melody cantou lindamente nos versos e fez uma animada versão dance, apesar das críticas que os produtores receberam na época, já que a original é bem triste e retrata uma tragédia que tirou a vida de algumas crianças, então, fazer uma versão dance para as pessoas se divertirem nas baladas...?? Essa não pareceu ser uma das ideias mais adequadas. Mas, enfim, a música explodiu nas dance floors do mundo inteiro e mereceu o seu sucesso;


“Ridin’ High”: Serenamente dançante

  • O que falar de "Ridin' High" de Serena? Cara, essa música é super nostálgica, né? Lembra as produções do italiano Whigfield, apesar de ser uma produção britânica criada por Matt Aitken e Mike Stock, dois do genial trio que criou alguns dos primeiros hits de Kylie Minogue. Há 5 anos consegui localizar duas das artistas apontadas como as verdadeiras cantoras do projeto Serena, contudo, essa história teve uma reviravolta tremenda há um 1 ano e meio, e agora terei que alterar algumas informações na postagem que criei em 2020 sobre o projeto e seus dois únicos singles: "Ridin' High" e "Denis";

  • Taleesa era uma máquina de fazer sucesso nos anos 90, e quando você pegava em mãos alguma coletânea que tinha uma faixa dela, então você já ficava aliviado pois sabia que ali, um sucesso (ao menos) já estava garantido. Depois de "Let Me Be" (que foi licenciada no Brasil pela Sony Music), Taleesa lançou "Burning Up" pela Paradoxx Music, faixa que foi adicionada em diversas coletâneas clássicas da gravadora, como "As 7 Melhores Vol.3". É uma música original escrita pela própria artista Emanuela Gubinelli (nome real dela) e lançada pela icônica Time Records. Está disponível na coletânea "TV Dance" em sua faixa nº12;

  • "El Tiburón" é mais uma outra cover, desta vez feita pelo projeto italiano Los Locos para a música de 1993 do grupo de origem dominicana Proyecto Uno. Essa cover foi lançada em 1995 e é sensacional, super dançante, lembrando bastante também as produções do The Outhere Brothers. Se você gosta de "merenhouse" (fusão de merengue e house), com certeza dançou muito essa. Uma pena que a gente não conheceu os verdadeiros vocalistas, creditados no single como F. Ponte e Willie Ortiz Berdecia;

  • Ih, lá vem outra cover..."La Solitudine" é uma balada cantada em italiano que chegou no Brasil em 1995, apesar de seu lançamento e sucesso inicial ter sido em 1993. A cantora Laura Pausini então caiu nas graças do público brasileiro, e até o cantor Renato Russo fez uma versão para aquela que era a música mais tocada no segundo semestre de 1995. A gravadora da Laura era a internacional Wea, que obviamente não liberaria os fonogramas originais para a pequena Paradoxx lançar em suas coletâneas, então a empresa de pequeno porte teve que recorrer à sua fiel e escudeira amiga, a italiana S.A.I.F.A.M., que já havia preparado no jeito a sua cover para Laura Pausini: Milena K - "La Solitudine". A Paradoxx adquiriu essa produção italiana mas, estrategicamente, a lançou nas suas coletâneas como Lara P (para confundir o público e este achar que é a Laura Pausini, hahaha). A versão ficou bem parecida com a original, totalmente lenta, apesar da cantora ter uma voz bem longe da grandeza e da potência de Laura Pausini. Quebrou o galho, vai!


30 anos depois, "TV Dance" ainda continua a nos emocionar com suas interpretações, melodias, arranjos, super vocais, composições... No ano em que comemora-se o seu 30º aniversário, eu tive que comprar este vinil. O CD? Tenho também, e faz só três décadas que está na coleção!!

Obs.: O vinil NÃO tem as duas últimas faixas citadas (Los Locos e Lara P.)


"Tell Me", "Santa Maria", "Macarena","Sexy Eyes", "Dub I Dub", "Diana", "1,2,3! (Train With Me)", "No More I Love You's", "Back For Good", "Zombie", "Ridin High", "Burning Up", "El Tiburón" e "La Solitudine", todas foram sucessos e marcaram a vida de muitas pessoas. Músicas divertidas, dançantes e inesquecíveis! Hits que estão guardados nas nossas memórias, sendo eternas trilhas sonoras de momentos felizes!

Obrigado à todos estes artistas/vocalistas e à extinta Paradoxx Music por este presente de natal que já dura 30 anos!!!


domingo, 21 de dezembro de 2025

ATC - "AROUND THE WORLD (LA LA LA LA LA)" (2000) A HISTÓRIA

ATC - "AROUND THE WORLD (LALALALA)": A HISTÓRIA DO GRUPO DE BUBBLEGUM DANCE
ATC: Músicas politicamente corretas, mas mesmo tendo uma imagem inofensiva e letras "bonitinhas", eles se meteram numa confusão...


ATC foi um projeto alemão de Eurodance que trazia essa sigla em seu nome, que significava: A Touch Of Class (Um Toque de Classe). 

Os nomes de seus quatro integrantes eram: Joseph "Joey" Murray (nascido em 5 de julho de 1974) da Nova Zelândia, Livio Salvi (nascido em 25 de janeiro de 1977) da Itália, Sarah Egglestone (nascida em 4 de abril de 1975) da Austrália, e Tracey Elizabeth Packham (nascida em 30 de julho de 1977) da Inglaterra. Como vocês podem ver, cada membro era de um país diferente, assim como o Vengaboys também se apresentava ao público (embora isso fosse apenas marketing, pois Kim Sasabone não é brasileira coisa nenhuma, sendo nascida na Holanda e com raízes molucanas).

O ATC é classificado como um grupo da vertente Bubblegum Dance, subgênero "fofinho" da Dance Music que teve iniciação com Whigfield e Me & My, embora, eu prefira associá-los a um tipo de som mais suave e um pouco mais "maduro", algo que nos lembra o A*Teens e Alcazar. Como diz também a sua sigla, algo com mais "classe". Pronto!


Ao redor do mundo com ATC

Algumas de suas músicas mais conhecidas são "Around the World (La La La La La)", "My Heart Beats Like a Drum (Dum Dum Dum)", "So Magical" e "I'm In Heaven (When You Kiss Me)", que infelizmente não foram muito exploradas em território brasileiro (diferente dos hits do Aqua e Vengaboys).

Produzidos por Alex Christensen — um dos mais conhecidos produtores da Eurodance dos anos 90  o ATC obteve uma grande popularidade na Europa com seu primeiro single, principalmente na Alemanha.

"Around the World (La La La La La)" levou o quarteto do ATC ao estrelato mundial, além de fazê-los viajar para diversos países que eles não esperavam fazer sucesso, incluindo o Canadá, Reino Unido e Estados Unidos. Uma curiosidade (e que muita gente não sabe), é que essa música é uma versão em inglês da original "Pesenka" do grupo russo Ruki Vverh!.

Com a fama alcançada, Alex Christensen tratou de lançar outros singles do ATC, além de dois álbuns: "Planet Pop" (2000) e "Touch The Sky" (2003).


LÁ NOS PRIMÓRDIOS DO ATC

Tudo começou em 1997, quando os quatro membros se conheceram em Hamburgo, na Alemanha, sendo eles quatro integrantes do elenco do Musical da Broadway "Cats" (uma produção alemã de Andrew Lloyd Webber), mais especificamente entre outubro de 1997 e abril de 1998. 

Sarah Egglestone interpretou a personagem Bombalurina, Livio Salvi interpretou Mungojerrie, Tracey Packham interpretou Syllabub e Joseph Murray interpretou Munkustrap. Os quatro rapidamente se tornaram amigos e decidiram formar um grupo de Dance Music. 

Sarah Egglestone chegou a comentar para a imprensa alemã: "Um dia estávamos sentados assistindo televisão, vendo grupos se apresentando, e pensamos: 'Não há razão para não fazermos isso também'".


ATC: Eles formaram uma amizade no musical "Cats", e depois criaram um grupo para irem além das fronteiras do teatro. Que bom que deu certo!

Até então, eu não tinha certeza ainda sobre a legitimidade vocal do grupo nas canções gravadas, visto que a Eurodance era cheia de truques e marketing mentiroso para vender os seus projetos ao público da época, mas, como os integrantes trabalhavam e tinham uma certa experiência com os espetáculos e musicais, então passei a enxergar uma grande possibilidade dos quatro membros realmente terem gravado os dois álbuns do ATC. Sempre houve um forte indício de terem sido os artistas reais. 

Experiência com o canto aparentemente eles tinham, embora isso também não signifique muito, já que os produtores de Eurodance/Europop eram acostumados a contratar modelos ou até mesmo cantores mais jovens para se apresentarem ao vivo (enquanto cantores de estúdio gravavam nos bastidores escondidamente). Havia exceções, é claro, e o ATC parecia ter sido um destes casos raros (assim como o Alcazar, o Aqua, o Me & My e o A*Teens).


Kristin Hölck & Tracey Packham -  1998
Um trecho que está disponível no Youtube do Musical "Cats", a referida versão alemã onde a galera do ATC participou entre 1997 e 1998. No vídeo, Tracey Packham canta ao vivo.


Os quatro membros conheceram os produtores Alex Christensen e Thomas M. Stein em 1999, e logo se empenharam num projeto sob o nome de ATC. Estes dois produtores optaram em mesclar os vocais masculinos e femininos nestas produções iniciais, e o resultado desta experiência agradou aos fãs de Europop, Eurodance e Bubblegum Dance:

 "Os produtores não costumam misturar as vozes em suas produções, e isso nos deu um diferencial", comentou o membro Joseph Murray, que aparece creditado como um dos compositores de "Notte D'Amore Con Te" e "Star" (abrindo mais uma possibilidade de não serem apenas "membros visuais" e dando a entender que trabalhavam também criativamente nos bastidores).


ATC em seu primeiro single, ano 2000. Há 25 anos...

O single mais famoso do ATC, "Around the World (La La La La La)", foi lançado em 1º de abril de 2000 e alcançou o #1 na Alemanha por seis semanas no verão de 2000. Quando o ouvi pela primeira vez (por volta de 2001) jamais imaginava que este som, parecido com uma canção de ninar e embalado por um pianinho, se tratava de um cover de uma canção russa… Mesmo não sendo uma faixa original, posso dizer que o resultado ficou ótimo e que a música recebeu uma sonoridade bem pop e agradável para a sua época. 

Posteriormente, “Around the World (La La La La La)” tornou-se um sucesso também no Top 40 do Reino Unido e nos charts dos Estados Unidos — coisa rara de se acontecer!


FIM DAS DÚVIDAS. ELES REALMENTE CANTAVAM!

Afinadíssimos!!
ATC faz uma palinha de “Around The World”, onde podemos constatar que realmente eram eles que gravavam nos estúdios, sendo os mesmos e reconhecíveis vocais que escutamos nestes 25 anos! 

Anos mais tarde, este primeiro sucesso do ATC viralizou, recebeu diversas homenagens, remixes, covers..., inclusive, a cantora pop americana Ava Max também sampleou a melodia contagiante deste clássico para a sua faixa "My Head & My Heart" (2020).


ATC - "Around the World (La La La La La)" 
(Official Video)

Ainda em 2000, foi lançado o single de uma das minhas músicas favoritas do ATC: "My Heart Beats Like A Drum (Dam Dam Dam)". Esta foi a segunda música de trabalho do quarteto e seguiu praticamente com a mesma estrutura sonora da música anterior, provavelmente para garantir-lhe o sucesso que ainda batia na porta.

A nova música estreou na Europa em 2 de setembro de 2000 e atingiu o Top 10 em vários países do continente. Inicialmente apresentado ao público com o título de "My Heart Beats Like a Drum (Dam Dam Dam)", este single do ATC foi lançado com uma pequena variação em seu título na América do Norte e na Austrália: "My Heart Beats Like a Drum (Dum Dum Dum)" .

O álbum de estreia deles, "Planet Pop", com músicas de Alex Christensen e Clyde Ward, foi lançado em 6 de fevereiro de 2001 pela Sony BMG Music Entertainment e Republic Records, pelo qual receberam um prêmio ECHO de Melhor Artista de Dance.


ATC - "My Heart Beats Like A Drum (Dam Dam Dam)" 
(Official Video)
Neste ano de 2025 o ATC está comemorando 25 anos de carreira, e coincidentemente, o seu canal no Youtube está disponibilizando alguns vídeos antigos remasterizados aos fãs... O video acima foi postado há cerca de 3 meses.

Em 2001, o grupo lançou o single "I'm In Heaven (When You Kiss Me)", que obteve um sucesso mediano em algumas partes da Europa. Já em 2002, "Set Me Free" foi lançado como single, mas não vingou nos charts e nem obteve apelo popular.

Em 2003, as coisas foram ficando mais difíceis para o ATC...

O DJ e produtor ATB (também alemão) — que estava estourado com seus híts "Hold You" (2001) e "You're Not Alone" (2002) — processou o grupo alegando fortes semelhanças no nome deles com a sua sigla artística, e forçando o quarteto a abandonar formalmente as iniciais "ATC". 

ATB venceu nos tribunais, então o ATC deixou de se apresentar com este nome para se lançar apenas como A Touch Of Class

Com a mudança de nome, o grupo lançou um último single, "New York City" (2003), e também o seu segundo álbum, "Touch the Sky" (2003), mas ambos não alcançaram a mesma popularidade dos trabalhos anteriores. 

Em 2004, o grupo se desfez, com os membros decidindo seguir caminhos diferentes. 


Um Toque de Classe: Adeus ao ATC! 


Em 2022 surgiu ainda uma nova formação do ATC. Sim, este novo quarteto foi formado por "quarentões", simplesmente para dar a impressão ao público de que são os mesmos membros antigos, agora 25 anos mais velhos. Estes "impostores" chegaram a se apresentar em alguns festivais da Alemanha, mas não agradaram em nada aos fãs mais assíduos, que queriam mesmo era ver a formação original de volta aos palcos. Óbvio!

Foi uma estratégia elaborada pelos empresários do projeto que estavam apenas visando lucros. Recuso-me em postar aqui qualquer material sobre esta fraude.


OS INTEGRANTES DO ATC ATUALMENTE

Joseph Murray é o mais velho dos integrantes do ATC, tendo atualmente 52 anos de idade. Conhecido também como Joey, em suas redes sociais você o encontra divulgando algumas de suas peças, já que  ocasionalmente trabalha no teatro. Ah, Murray também está no ramo imobiliário. 

Apesar de ter nascido na Nova Zelândia, Murray mora atualmente na Itália e canta numa banda chamada Demodé. Aliás, Murray continua muito próximo de seu ex-colega de ATC  Livio Salvi  que também participa vocalmente desta mesma banda, sendo um trio de artistas musicalmente inspirados pelo jazz, swing, pop, e pelo glamour da era dourada de Hollywood.


A dupla masculina do ATC continua em ação e soltando o seu gogó; Eles estão na banda Demodé, onde formaram um trio com uma cantora chamada Yvette

Livio Salvi ainda participou de um projeto de italodance em 2005, chamado S.L.U.M., que produziu e lançou o single "Paradise"

Falei com Livio Salvi via facebook sobre essa música de 2005, se realmente é ele quem gravou ou apenas um outro artista com um nome parecido, mas Livio confirmou que realmente é ele quem esteve envolvido neste projeto:


"Olá Ricardo! Sim, sou eu! Foi há algum tempo, depois do ATC, um pequeno projeto com um produtor romano. Abraço." - Livio Salvi


O músico atualmente está com 48 anos de idade e continua atuando como um artista, em Brisbane, na Itália. 

Além de cantor, Livio Salvi atua como um Decorador freelancer e fotógrafo na sua empresa "Livio Salvi Photography". O italiano se formou também em Literatura na Universidade de Milão.

Sobre a australiana Sarah Egglestone, ela é bem discreta nas redes sociais e não fornece detalhes sobre sua carreira de cantora, nem sobre a sua atual ocupação. Quem visita o seu perfil no Facebook nem imagina que ela já foi uma cantora, e principalmente que já gravou dois álbuns para o ATC. 

Sarah Egglestone se encontra casada há 23 anos, e aparentemente, desde 2004, resolveu se dedicar apenas a sua família (ano em que ficou grávida de seu primeiro filho). 

Sarah Egglestone atualmente tem 51 anos de idade, mora na Austrália, tem dois filhos, e o mais velho (de 21 anos) é jogador de futebol.


Os membros do ATC atualmente. Muito provavelmente, eles não tem o direito de cantar nenhuma das músicas do ATC.


Quanto a quarta integrante, Tracey Elizabeth Packham, ela foi a vocalista feminina principal do ATC, com sua voz presente com bastante enfase nas músicas do grupo (embora todos os quatro participem bastante vocalmente em diferentes músicas). Infelizmente eu não consegui encontrá-la nas redes sociais, aparentando que prefere uma vida mais reservada, porém, há no youtube um vídeo gravado em 2020 onde ela interage e deseja um feliz natal aos fãs.

Acredito que foi uma talentosa artista dentro do grupo ATC, pois Tracey frequentou o Doreen Bird College em Londres conhecida também como a capital mundial da música — onde se formou em balé, dança moderna e sapateado. Após finalizar seus estudos, a inglesa iniciou sua carreira em diversas produções, atuando em "Graduation Ball" no Churchill Theatre em Londres e aparecendo como a Princesa Jasmine em "Disney's Magical Moments" em Roma e no Royal Albert Hall em Londres. 

Além disso, Tracey Elizabeth Packham fez uma turnê pelo Reino Unido em 1995/1996 como a esposa de Gad em "Joseph and the Amazing Technicolor Dreamcoat", além de outros musicais, como podemos vê-la no vídeo acima, esbanjando competência em seus vocais na peça musical "Cats" (1998).

Em 2021 Tracey Packham fez também uma live com os outros três membros do ATC, sendo um vídeo com mais de uma hora de duração (disponível ainda no youtube) e o último registro público dela.

Atualmente, Tracey Elizabeth Packham tem 48 anos de idade, e esperamos que esteja bem, assim como estão os demais membros do inesquecível ATC.


Tracey Elizabeth Packham. Aqui ela tinha 43 anos de idade; hoje está com 48.

No fim das contas, o ATC, mais do que um projeto de Eurodance, é um símbolo de uma época em que as rádios e as danceterias apresentavam sons mágicos para toda uma geração, além dos vídeos bem feitinhos, dos figurinos que estavam na moda e que Christina Aguilera, Britney Spears e Justin Timberlake poderiam usar facilmente. Havia também aquela imagem futurística que era a cara dos anos 2000, as coreografias perfeitamente sincronizadas pelo quarteto… E nós, ouvíamos e dançávamos sem restrições, sem censura, sem vergonha, e sem receio em desagradar os pais. Tudo sem imaginar que estávamos criando uma nostalgia que duraria décadas. 

Esses foram os 25 anos de ATC e sua obra pop "Around The World (La La La La La)".



LEIA TAMBÉM ARTIGO SOBRE O PRODUTOR ATB, QUE ANUNCIOU QUE NÃO LANÇARÁ MAIS ÁLBUNS:

https://rikardomusic.blogspot.com/2024/05/produtor-atb-um-dos-melhores-da-dance.html


quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

CANTORA LINA SANTIAGO - "FEELS SO GOOD" (1995) - A UNÂNIMIDADE DAS PISTAS

 LINA SANTIAGO - "FEELS SO GOOD" (1995): POR ONDE ANDA?


Lina Santiago - "Feels So Good" (Album/Universal Music)

E aqui temos uma outra estrela "perdida" da Dance Music, a adorável Lina Santiago. Procurei informações sobre ela há alguns anos, mas sem sucesso... Em um novo rastreamento, em 2023, alguns vestígios sobre o seu atual paradeiro começaram a surgir, e por fim, em 2024 localizei-a, tentei um contato, e adivinhem??... 

Ela me respondeu!!

Lina Santiago foi descoberta por DJ Juanito em 1995, e assim, ela lançou o seu primeiro single como La Bala'95 - "Pirates Of The L.A. River", inclusive, foi tocada por DJs brasileiros em janeiro de 1996. Depois de se mostrar uma faixa promissora, seu produtor retrabalhou novamente nesta primeira música e criou outras novas versões, relançando este trabalho agora como DJ Juanito feat. Lina Santiago - "Feels So Good", que se tornou um sucesso nas rádios e pistas americanas em novembro/dezembro de 1995, ou seja: Há exatos 30 anos!

Depois de conquistar vários charts mundiais, incluindo a Billboard americana, Lina Santiago e DJ Juanito lançaram pela Universal Music o seu primeiro e único álbum "Feels So Good", em  setembro de 1996. A gravadora multinacional apostou todas as suas fichas na garota, pois a música freestyle também ressurgia com muito sucesso justamente nessa época, e Lina Santiago, com até então 17 anos de idade, viu tudo reluzir!!!

Seu disco entrou nas lojas e chamou a atenção devido ao sucesso do primeiro single, "Feels So Good", que entrou no Top 40 da Billboard e também foi um estrondo nas paradas de música dance em todo o mundo, inclusive no Brasil. 


Lina Santiago - "Feels So Good" (1995): Ela comandou o reinado do "Freestyle-Eletro" dos anos 90

Aqui no Brasil, o single de "Feels So Good" reinou junto com "Set U Free" do Planet Soul e "Release Me" da Angelina no primeiro semestre de 1996, sendo três poderosos hits que trouxeram o gênero freestyle de volta às paradas, embora, na verdade, fossem algo mais para o electro-house do que para um freestyle clássico. Seja como for, Lina Santiago fez muito sucesso – por um breve momento; mas fez!

Mas, logo o estilo musical de Lina Santiago começou a mudar, e então, ela nunca mais alcançou os charts como havia conseguido antes. Seu álbum "Feels So Good" tinha poucas músicas que seguiam o mesmo estilo de seu hit "Feels So Good", fazendo com que as pessoas se decepcionassem um pouco.

Segundo DJ Juanito, a gravadora Universal tinha uma visão musical diferente e o obrigou a gravar um álbum composto principalmente por baladas românticas e músicas com influência hip-hop (incluindo um ótimo remake do clássico funk "Cutie Pie", do One Way). 

Seu segundo single, a balada "Just Because I Love You", chegou ao Top 100 da Billboard, mas não alcançou o Top 40. Depois disso, Lina Santiago desapareceu, apesar de sua música super dançante "Dale Que Dale" fazer um relativo sucesso em alguns países, como o Brasil. Provavelmente, músicas dançantes mais animadas a teriam mantido em evidência (embora o movimento freestyle também tenha passado rápido como um foguete). 

Logo após ao boom de sua carreira, Lina Santiago entrou para a lista das Dance Stars desaparecidas dos anos 90, se juntando com seus contemporâneos Angelina, Planet Soul Laura Martinez. Aliás, que belo time!


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