segunda-feira, 17 de novembro de 2025

MAXX DE "GET-A-WAY" E "NO MORE" SOFRE RUPTURA

MAXX - A HISTÓRIA E AS POLÊMICAS DO GRUPO DE EURODANCE 
O grupo que é referência “máxima” em Eurodance tem mais uma ruptura em seu currículo 

Primeiro de tudo, não devemos nos confundir com os Maxx's da Dance Music. Quando eu era adolescente confundia o Maxx com o The Maxx (este último é aquele projeto belga que lançou em 1988 a épica "Cocaine"), mas são apenas nomes similares de dois grupos diferentes.

Maxx é um projeto alemão de Eurodance que alcançou sucesso internacional em meados da década de 90 com "Get-A-Way", "No More (I Can't Stand It)" e "You Can Get It". Seu nome deriva-se da palavra "maximum xstasy" (êxtase máximo) e foi formado em Berlim, na Alemanha, pelo executivo musical David Brunner (The Hitman) e pelo produtor Jürgen Wind (um dos músicos colaboradores do Real McCoy). 

"Get-A-Way" foi o single de estreia do Maxx e contou com os vocais do rapper Gary Bokoe (Boris Köhler) e da cantora Samira Besic. A faixa alcançou um enorme sucesso (dizem que até influenciou Ice MC com sua “Think About The Way”), e ainda hoje é referenciada como um grande hino da Eurodance. 

O single de "Get-A-Way" foi lançado em outubro de 1993 e rapidamente se tornou um estouro no Top 10 da Alemanha, Suíça e Noruega. Posteriormente, alcançou também o Top 5 no Reino Unido, Áustria, Suécia e Holanda. "Get-A-Way" ainda foi #4 na Inglaterra e recebeu um certificado de Ouro na Alemanha e um certificado de Prata no Reino Unido. Já em meados de 1994 atingiu a marca de 1,1 milhão de cópias vendidas na Europa (!).


Maxx -“Get-A-Way” (1993)
Video Official

Parecia tudo perfeito: música cativante, videoclipe rolando na MTV, integrantes com desenvoltura, imagem cool, hit total nos charts dos clubs, e uma letra escrita em colaboração com O-Jay do Real McCoy (creditado como Dawhite), mas, também havia um segredo sujo no Maxx que não tínhamos acesso... 

No lugar de Samira, colocaram injustamente a dançarina e modelo Alice Montana (nome verdadeiro: Eliz Yavuz) para dublar as partes femininas, tanto no vídeo como nas primeiras performances do Maxx, e Samira nunca foi associada oficialmente ao projeto - sendo completamente ignorada pelos produtores. 

No vídeo, a modelo foi inserida sentada num banco traseiro de um carro (ela também circula por um cemitério) num clipe metafórico, complexo, e que dava a entender que era a verdadeira cantora. Só que… Não!!!


Samira Besic: A verdadeira cantora de “Get-A-Way

Em entrevista exclusiva ao Blog, Samira nos contou em 2021: 

"Um dia me pediram para ir ao estúdio de Jürgen Wind, o produtor do MAXX, para trabalhar com eles. Eu só me lembro que o estúdio estava lotado de pessoas, e eu estava tãããão doente naquele dia, mas ainda assim consegui cantar as minhas partes e ainda adicionar algumas improvisações legais na música ... E então, de repente, boom! A música foi tocada em todos os lugares ... e a pequena Samira também se viu maravilhada com todo esse sucesso conquistado, mas infelizmente, ela nunca foi devidamente creditada pelo trabalho...”.(Samira Besic)


Maxx: Alice Montana substituiu Samira e depois foi substituída por Linda Meek

O lindo vocal de Samira ajudou a projetar "Get-A-Way" ao estrelato mundial, mas a talentosa vocalista não foi reconhecida por isso e nem creditada no single. 

Em resposta ao sucesso comercial de "Get-A-Way", foram feitos planos para um segundo single, novos videoclipes, um álbum e uma grande campanha de marketing por toda a Europa, mas Samira ficou de fora de tudo isso. Os produtores do Maxx dispensaram também a modelo (que ficou por pouco tempo no projeto) e buscaram por uma substituta para os próximos singles…

Linda Meek, britânica de nome verdadeiro Linda Carmen Maria Meek, foi adicionada ao Maxx no início de 1994 e gravou os vocais para o segundo single, "No More (I Can't Stand It)", mais uma fantástica Dance Music que tornou-se um novo sucesso no Top 10. 

É totalmente perceptível que este segundo single segue a mesma estrutura sonora do trabalho anterior, incluindo, é claro, a volta do mágico som criado no instrumento de sopro. 

Para concluir, diferente de Samira Besic, Linda Meek participou de todos os materiais promocionais, tais como os videos oficiais, as entrevistas, as turnês, as aparições em TV... tudo que era referente ao Maxx ela esteve em envolvida fisicamente e devidamente creditada!


Maxx - “No More (I Can’t Stand It)” (1994)
Video Official

O videoclipe continua com o mesmo tom sério, dramático e com aquela áurea emblemática do anterior. Nada de muita alegria e festividade. É como se fosse um vídeo tradicional de rap contando a tragédia de alguém. Gosto dessa compostura levada na Dance Music da primeira metade da década de 90.

Sobre a nova vocalista, ela nasceu e cresceu em Manchester, Reino Unido, e sua mãe era dona de um restaurante. Consta também em sua biografia que Linda Meek estudou em uma escola católica comandada por freiras, e como queria muito ser uma cantora, teve aulas de canto clássico. Sua primeira experiência musical foi em 1984, como tecladista e integrante do coro de um grupo de funk chamado Chantal. Este grupo mudou de nome e de estilo para Low Profile, e em 1985, Linda se tornou a vocalista principal. Eles também conquistaram uma boa popularidade na região devido as suas apresentações ao vivo. 

Saindo do Reino Unido, Linda Meek acompanhou o marido, Jason, que era um oficial do Exército Britânico, para Frankfurt, na Alemanha. A partir daí surge a oportunidade de trabalhar no Maxx…


Linda Meek e Boris Köhler (Gary Bokoe)

Linda Meek foi descoberta pelos produtores do Maxx enquanto participava de um concurso de canto, e assim tornou-se uma integrante de forte presença no Maxx.

No auge da popularidade dos dois singles, em meados de 1994, Linda Meek e Bokoe fizeram turnês por toda a Europa Ocidental e Canadá como uma dupla ao vivo. A formação do Maxx se apresentou em programas de TV, como os conhecidos Top of the Pops, Bravo TV, Dance Machine, Superclassifica Show e vários festivais da MTV na Europa. 

Não podemos deixar de reconhecer que Linda Meek fez um excelente trabalho no Maxx com a sua encantadora voz e inegável talento, mas, assim como ela obteve o seu destaque no projeto, é inevitável não pensar que Samira Besic também merecia ter o seu...


Álbum do Maxx - “To The Maxximum” (1994)

O álbum de estreia do Maxx, "To The Maxximum", foi lançado em junho de 1994 e foi um sucesso na Escandinávia, alcançando o 10º lugar na Suécia, mas “deixou a desejar” no restante da Europa, demonstrando baixas vendagens.

O disco também lançou o terceiro sucesso do Maxx - "You Can Get It", que ficou em 21º lugar no Reino Unido e em 13º na Finlândia. Singles posteriores como "I Can Make You Feel Like" e "Move Your Body" foram classificados como fracassos, e devido a desentendimentos internos, o grupo se desfez em 1995.

Linda Meek chegou a desabafar sobre o término do Maxx: 

“Eu costumava acreditar que era preciso ser extremamente talentoso para fazer sucesso na indústria da música. Em 1994, tive a minha chance ao alcançar dois hits no top 10 na Europa e no Canadá com o MAXX. Mas durou pouco. Me culpei pelo sucesso alcançado não ter durado nem dois anos, sentia que não tinha o perfil para a indústria e que, talvez, eu fosse muito fraca, muito sensível e nem fosse mesmo talentosa o suficiente. Isso me fez duvidar muito de mim mesma. Então o meu empresário e a gravadora me disseram, de forma indireta, que eu não era sexy o suficiente e que o que vende é o sexo.” (Linda Meek)


"O término do Maxx me fez duvidar de mim mesma" - Linda Meek

Em 1997 Linda Meek se lançou em carreira solo como Linda M., mas não obteve muito destaque com seu single de estreia -  "Rhythm Of Love"

Depois disso, em 2000, ela se formou em Programação Neurolinguística, alem de cursar Nutrição, entre outras especializações. 

Em 2008, Linda Meek casou-se novamente e mudou seu sobrenome para Rogers. Já em 2013, mudou seu primeiro nome para Elyse, e hoje responde por Elyse Rogers.


O RETORNO DO MAXX AOS PALCOS

No final de dezembro de 2016, o site oficial do Maxx surgiu online anunciando a reunião entre Elyse Rogers e os fundadores do Maxx (Brunner e Wind), após quase duas décadas. Finalmente, em 25 de agosto de 2017, Elyse fez sua apresentação de retorno como Maxx no festival We Love the 90's (na Estonia). 

Gary Bokoe não se juntou a Elyse por motivos desconhecidos, mas ele não desapareceu totalmente da cena (como Jay Supreme do Culture Beat). O rapper original é fotografado casualmente com algum artista da Alemanha, como vemos na imagem abaixo, posando com a galera do Masterboy

Ele nasceu em 17 de outubro de 1974 e tem atuais 51 anos de idade. Como não se interessou em fazer parte do Maxx nos shows atuais, então os produtores resolveram buscar por um outro rapper para fazer dupla com Elyse Rogers, e em 2018 encontraram Michael Latham, de nome artístico Twitch.


Gary Bokoe de camisa verde com o trio do Masterboy

Elyse Rogers trabalha, desde então, com o total apoio e consentimento dos fundadores originais do Maxx e tem viajado em turnês mundiais com Twitch desde 2018. 

Twitch tenta seguir o mesmo estilo raggamuffin do rapper original Gary Bokoe, mas no último dia 14 de novembro ele colocou a "boca no trombone" para justificar o seu desligamento repetino do Maxx, pegando todos de surpresa!


Twitch e Elyse Rogers

Twitch anunciou no instagram da conta oficial do Maxx o seu desligamento do grupo e os reais motivos que o levaram a isso, mas alguém (certamente Elyse Rogers) apagou essa postagem na sequência. Segue abaixo o texto salvo completamente traduzido, dando a entender que Elyse Rogers é uma pessoa de temperamento difícil:

"Eu tomei a decisão de me afastar do MAXX.

Isso já vinha se acumulando há muito tempo, e a verdade é simples: o ambiente de trabalho se tornou impossível para mim. Sempre levei meu trabalho a sério e sempre levei profissionalismo para cada show -  mas isso precisa ser correspondido. Não foi.

Não vou entrar em todos os detalhes, mas lidar com comportamentos caóticos, irreais e profundamente antiprofissionais teve seu preço. Trabalho nesta indústria há mais de 15 anos e nunca experimentei nada parecido.

Então, pela minha própria sanidade, integridade e respeito pelo meu ofício, acabou para mim.

Obrigado à todos que me apoiaram ao longo do caminho. Este capítulo termina, mas não estou indo embora - ainda estou me apresentando, ainda criando e ainda fazendo parte da cena.

Em frente.

Twitch x"

Ruptura no Maxx
Clique na imagem para dar o zoom

Twitch ainda usou a mesma conta maxxmusic90s para continuar com seu desabafo em comentário abaixo da sua postagem:

"Olá, sou eu, Twitch. Como alguns de vocês devem ter percebido, a Elyse decidiu me remover do Maxx sem a menor consideração de sequer falar comigo! Anos jogados no lixo. Então, decidi fazer este post. Chega. Não vou mais trabalhar com essa pessoa tóxica, cheia de ódio e ressentimento. Boa sorte sendo backing vocal do @laboucheofficial @elysemusicuk, que vergonha." (Twitch)


Esperamos profundamente que o Maxx volte a brilhar em cena e que toda esta situação sirva de aprendizado e reflexão à todos os seus integrantes (cantores, produtores, compositores, investidores, e etc). A Eurodance não pode parar, e nós, fãs, ficamos no aguardo de notícias positivas envolvendo este importante projeto que marcou a nossa história.

domingo, 2 de novembro de 2025

ASTROLINE - "CLOSE MY EYES" (2000) - A HISTÓRIA

ASTROLINE - "CLOSE MY EYES" (2000) COMPLETA 25 ANOS!

O Astroline lançou há 25 anos o single “Close My Eyes” (2000), sendo o maior sucesso do projeto em território brasileiro!! 

O Astroline foi um projeto belga fundado em 1997 e que obteve o seu devido reconhecimento na cena Dance dos anos 2000. Eles lançaram sete singles na linha Vocal Trance e se manteve ativo de 1997 até 2001. 

Na verdade, o Astroline não teve um fim definitivo, pois voltou a se apresentar nos festivais de "revivals" alguns anos após o seu término e estão até os dias atuais performando nestes eventos que celebram os anos 90 e 2000, contudo, o seu trabalho criativo e produtivo em estúdios durou de 1997 até 2001.

Os realizadores do Astroline são Bart Smolders (conhecido também como DJ Bart), Peter Luts (um dos produtores do Lasgo), Gert Corvers (um dos produtores de Esther), Christophe Chantzis (produtor do Absolom e Ian Van Dal), Stefan Wuyts (DJ Jimmy Goldschmitz & Heliac) e também, é claro, temos a presença da compositora, dançarina, frontwoman e vocalista Kathleen Goossens.


A vocalista do Astroline: Kathleen Goossens

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


Kathleen Goossens nasceu em Lier, Bélgica, no dia 23 de maio de 1976, e tem atualmente 49 anos de idade. Quem conhece a história de Kathleen diria que, no mínimo, a música está em seu sangue  como se fosse algo hereditário. De fato, os avós eram proprietários de uma editora musical e de uma gravadora (Rainbow Records), além de seu avô ser um produtor musical, empresário de vários artistas belgas, e um acordeonista da banda "The Rainbows". Já a sua mãe era dona de uma loja de discos da qual a filha, Kathleen, não saía de lá. Bom, com essa “árvore genealógica musical” não teria como Kathleen deixar a sonoridade de lado, certo? 

Errado! A loira resolveu se formar em Marketing, uma área que foge um “pouquinho” das nossas queridas melodias belgas...


Kathleen Gossens atualmente (49 anos de idade) com seu filho 

Kathleen Goossens começou a trabalhar depois de se formar em Marketing, conseguindo um emprego de meio período numa agência de artistas dirigida por sua irmã (Sabrina Goossens, falecida em 2023) e, como resultado, acabou indo parar no projeto Astroline, já que esta agência tinha o Astroline entre seus clientes.

O projeto de Vocal Trance ofereceu à Kathleen uma grande experiência em sua carreira de vocalista, lançando sete singles e realizando diversas turnês. Kathleen, consequentemente embarcou em outros projetos da música eletrônica e emprestou a sua linda voz ao Airplay, ao Orion Too, ao Third Bass, além de ter colaborado com o também belga DJ Philip. 

Aqui em São Paulo, a música “You And Me” do Orion Too chegou a ser executada em algumas FMs (agosto/ setembro de 2002), além da viajante “The Music Is Moving” do Airplay assumir o topo da Energia e Metropolitana FM (em meados de 2001). 

No segundo semestre de 2001 foi a vez de “Close My Eyes” do Astroline emplacar em nossos charts, um feito extremamente positivo que se prolongou até os primeiros meses de 2002, inclusive, essa foi a quinta música mais tocada nos clubs de São Paulo em janeiro de 2002.


Astroline: Christophe Chantzis, Peter Luts e Kathleen Goossens, entre dançarinos como Cindy De Visschere (atualmente administradora comercial), Ellen Kempenaers (atualmente gerente de uma empresa que trabalha com modelos/recepcionistas/anfitriãs para eventos), Ann Houben (ainda trabalha como dançarina), e etc. Peter Luts também subia aos palcos para performar com seus teclados, assim como já fez Gert Covers algumas vezes...Além da vocalista, produtores e dançarinas, na foto temos Feront Pascale (vocal do Absolom - que atualmente trabalha numa acessoria financeira e ainda atua como cantora). 


A vocalista Kathleen Goossens (jaqueta jeans) com a dupla de dançarinas - que visualmente também eram personas importantes para a imagem do Astroline

Kathleen Goossens foi a cantora oficial do Astroline, mas o projeto costumava apresentar, além da vocalista, duas dançarinas "imagens" que apareciam bastante frente ao grupo: An Hoube e Katarina Vincente.

Curiosamente, esta ideia de mostrar três garotas sexy's frente a um projeto continuou no início do também belga Ian Van Dahl, onde tínhamos Annemie Coenen e as dançarinas Jeanine e Diana. Na realidade, este era um conceito habitual em outros projetos trance da época - como o holandês Alice Deejay - que visava a "vocalista" mas não deixava de jogar holofotes de igual para igual nas duas dançarinas (principalmente nas imagens promocionais).


OS SINGLES DO ASTROLINE

Em resposta a uma pergunta que fiz à vocalista (via instagram), Kathleen Goossens contou que gravou a maioria das músicas do Astroline, e que algumas delas foram gravadas por cantoras de estúdio (!!).

Confira algumas imagens capturadas da conversa que tivemos, onde ela destaca que gravou todas as músicas do Orion Too e a maioria das músicas do Astroline:



Kathleen Goossens confirmou que gravou com a sua voz as canções do Astroline -"Close My Eyes", "Angels", "Take Care Good", "Smiling Faces" e que também foi a backing vocal em "Feel The Fire" (temos uma outra vocalista principal em sua maior parte). Já as canções "No Way Out" e "Happy Christmas, War Is Over", estas foram totalmente gravadas por cantores de estúdio. Numa outra conversa, Kathleen confirmou que gravou "The Music Is Moving" do Airplay e complementou que adoraria receber um convite de algum produtor de eventos para se apresentar no Brasil (quando eu informei à ela sobre as Tours de Evi Goffin por aqui): 

 "Faça chegar no ouvido dos managers, por favor, eu iria adorar!"


TODOS OS SINGLES DO PROJETO (1997-2001)

“Take Good Care” (1997)

-Vamos começar do começo. A primeira produção do Astroline foi "Take Good Care" (1997), escrita e produzida pela dupla Bart Smolders / Christophe Chantzis, e com trechos cantados por Kathleen Goossens, como vemos nos créditos do vinil belga: ''Vocais de Kathleen G.". E claro, a própria Kathleen nos confirmou que é a voz dela neste 1º single do projeto.

Sobre a produção de "Take Good Care" (1997), esta é uma viagem potente e lasciva do Trance noventista, de uma época que era "radical" demais para ser tocada no "As 7 Melhores" da Jovem Pan. Foi originalmente lançado em 1997 e apresenta um "featuring" em sua capa: Astroline Feat. DJ Bart;


"Smiling Faces" (1998)

-No segundo single "Smiling Faces" (1998), os créditos para compositores e produtores estão direcionados para Bart Smolders, Peter Luts e Gert Corvers. É mais um trance que não chegou ao Brasil, infelizmente...

Para a vocalista, o crédito está informado como ''Vocais de Kathleen G.", e de fato, é a voz dela que ouvimos neste single;


"Feel The Fire" (1998)

-O trabalho seguinte foi "Feel The Fire" (1998), escrito e produzido por Christophe Chantzis, Bart Smolders, Gert Corvers e Peter Luts

Se saiu muito bem nas paradas belgas, principalmente no Ultratop Dance Chart - onde conquistou o 1º lugar. É uma das minhas favoritas do Astroline, e sem dúvidas, é uma track extremamente eletrizante até hoje! O single anuncia que possui remixes produzidos pela equipe do Absolom, que é um projeto liderado por ninguém mais que Christophe Chantiz.


Astroline - "Feel The Fire" (Live - Year: 1999)
Kathleen Goossens é muito bem articulada em cima do palco, provando ser, sem dúvidas, uma das melhores vocalistas do Vocal Trance Belga. 

Apesar do trecho animadinho "Da dum da da di da oh eh" ser cantado por Kathleen Goossens, ouvimos ainda uma voz diferente na maior parte em "Feel The Fire", e quando vamos verificar os créditos no verso do disco constatamos que estes apresentam a informação: "Vocais de Kathleen G. & Cindy". Ou seja, tem essa outra participação feminina em "Feel The Fire", de alguém chamado Cindy.

Perguntei à Kathleen Goossens se ela lembra do nome completo da vocalista principal de "Feel The Fire", mas ela disse não se lembrar, então, o que me restou a fazer? Recorrer por outros meios, é claro...  

Pois é, meus amigos! Agora vamos de mais uma exclusividade deste Blog:


Cyndi ainda sente o fogo da música...

No perfil de Peter Luts (facebook) encontrei várias mulheres com o nome de Cindy, e depois de checar diversas dessas contas, encontrei a cantora de "Feel The Fire"!! 

Coincidiu da pessoa ter o mesmo nome daquela que foi creditada no single, além do fato de ser uma cantora:

Cindy Buckenberghs foi uma das vocalistas do Astroline, nunca mostrada antes, mas que você fica conhecendo aqui...


O nome da vocalista é Cindy Buckenberghs, nasceu no dia 05 de agosto de 1975, tem atuais 50 anos de idade. Ela canta atualmente músicas no estilo Rock.

Não precisei perguntar para a cantora se ela gravou "Feel The Fire" do Astroline, pois escutando a sua voz em seus vídeos ao vivo, pude perceber facilmente o quanto a sua voz continua inconfundível... mas, ainda teve um outro motivo plausível para que eu tivesse a certeza de que era ela… Vasculhei o Facebook de Cindy Buckenberghs e encontrei uma materialidade muito importante, onde ela cita a canção do Astroline, inclusive, ainda não fica muito contente com o crédito minúsculo que lhe deram:


Cindy relembra "Feel The Fire" numa postagem de 2022: "Memórias com Ilona Gybels... Tirando algumas músicas de gavetas antigas... 'Feel The Fire' com Astroline, estou referida como Cindy (7)??? Não tem graça!" (algo como "só isso", "que chato")



"Não, 'Feel The Fire' foi a única canção..."

Mesmo assim surgiu uma oportunidade de conversar com a vocalista e ela confirmou-me que gravou apenas "Feel The Fire" para o Astroline, e que "Happy Christmas, War Is Over" não é com ela nos vocais, como deduzi inicialmente que pudesse ser.


"No Way Out" (1999)

-"No Way Out'' (1999) foi o quarto single e apresenta uma letra composta por Kathleen Goossens e Elfi Strackx. Segue o mesmo estilo extasiante das produções anteriores e não há vocais mencionados no single. A voz da cantora, percebemos que está diferente... não é a voz de Kathleen (apesar da própria ter sido uma das compositoras da faixa).

Quem seria a cantora, afinal? Outra exclusividade que você só vê aqui:


A cantora de estúdio da música "No Way Out" do Astroline

A cantora aqui é Elfi Strackx! Sim, uma das compositoras da música! Rastreei seu nome e percebi que hoje ela atende por Elphy Strackx (às vezes é encontrada como Elfi) e trabalha desde 2014 numa empresa chamada "Positive Vibes" - voltada ao ramo de coaching / treinamento, com foco motivacional / habilidades pessoais. Indo mais a fundo, alcancei também o seu perfil artístico. Ela é realmente uma compositora / vocalista e ainda está ativa na Bélgica, cantando principalmente em casamentos (foto acima). 

Elphy cresceu em uma família musical. Seu pai era guitarrista / cantor amador e possuía uma extensa coleção de discos, que Elphy começou a explorar desde cedo. Aos 9 anos ela espontaneamente começou a cantar esses discos. O talento de Elphy também não passou despercebido na escola e ela logo foi selecionada para o coral local. Pouco depois, quando tinha apenas 14 anos, participou do show VTM Soundmix regravando a música "Queen For Tonight" de Helen Shapiro, que lhe rendeu uma considerável visibilidade. Logo depois ela se juntou ao grupo feminino Secret Fantasy, junto com Linda Mertens (sim, ela mesma, do Milk Inc., também em seu início de carreira). 


Elphy escreveu e cantou para o Astroline na faixa "No Way Out", além de outros projetos de Trance da época...

Através de algumas apresentações de sucesso na TV, Elphy teve contato com vários compositores e produtores conhecidos, incluindo Miguel Wiels, Peter Gilis, Daniël Moerenhout e Peter Luts. Foi aí que ela gravou algumas faixas de Dance Music, como:

- "The Music"Fiocco (1999, Antler-Subway, EMI Music Belgium)

- "No Way Out"Astroline (1999, Antler-Subway)

- "Virtual Love" - Requiem feat. Chiara Gio (2002, Antler-Subway)


Escrevi uma mensagem na página da Elphy (onde ela oferece seus serviços como cantora de casamentos), e depois de algumas semanas ela me respondeu por e-mail:

"Oi Rikardo. Obrigada por sua mensagem. Sim, eu fui a cantora de 'No Way Out' do Astroline. Saudações da Bélgica! Elphy" - 14/04/2024


Depois disso, Elphy fez muitos trabalhos de estúdio para álbuns de outros artistas, e hoje continua cantando e se apresentando, embora também tenha uma outra profissão, como mencionado.

E para concluir de vez, Kathleen Goossens fez apenas as apresentações ao vivo de "No Way Out", já que as gravações no estúdio aconteceram com Elphy Strackx;


"Angels" (2000)

-"Angels'' (2000) foi o quinto single do Astroline. Possui uma vibe que vai te levar aos céus e teclados mais que ensandecidos! É mais uma belíssima faixa que merece ser endeusada pelos fãs em todas as dimensões possíveis:


Astroline - "Angels" (Live - Year: 2000) 


Os créditos da letra de "Angels" são de Peter Luts, Kathleen Goossens e Gert Covers, no entanto, sem vocais creditados no single. Esta é uma das faixas que eu mais gosto do Astroline, e a própria Kathleen Goossens afimou que, não apenas a compôs, como também a gravou com sua voz;


"Close My Eyes" (2000)

- "Close My Eyes" (2000) completa agora 25 anos e foi o maior sucesso do Astroline aqui no Brasil. Foi muito tocada nas FMs, danceterias, e entrou ainda em diversas compilações de Dance Music. Foi também classificada na época pelos DJ's como uma "música de Paty". 

A voz não nos deixa dúvidas que é pertencente a Kathleen Goossens, mas mesmo assim podemos checar o seguinte crédito no vinil: ''Vocais de Kathleen G."

O single de "Close My Eyes" foi lançado no verão europeu do ano 2000 pelos produtores David Vervoort e Peter Luts (que juntos produziriam no ano seguinte o fenômeno Lasgo). É praticamente o último sucesso do Astroline, aliás, o projeto foi finalizado no momento exato em que conquistavam outros países com este seu sexto single, como o Brasil e o Canadá (simplesmente outros projetos iriam prosseguir com seus trabalhos e apenas finalizá-lo após uma sequência de singles mal sucedidos… o que não era o caso aqui). 


A letra de “Close My Eyes” é simples e romântica 

A letra de "Close My Eyes" é sobre uma promessa de amor eterno, funcionando também como uma declaração de amor carregada de emoção à pessoa amada. A expressão 'Let me be your destiny' (deixe eu ser o seu destino) sugere que o apaixonado quer pertencer /fazer parte da vida de sua alma gêmea, transparecendo ainda que é um relacionamento predestinado  reforçando novamente a ideia de um amor eterno. Ouvimos também 'I'll never let you go', que desta vez enfatiza a promessa de nunca abandonar o seu amante, transcendendo o tempo e as circunstâncias.

A melodia aqui está perceptivelmente mais comercial que os singles anteriores, mas o poder dos sintetizadores progressivos continuam servidos deliciosamente aos fãs do Astroline neste single fundamental da Dance Music dos anos 2000. Ouça também a versão de Regi Penxten (Milk Inc.) que é excelente!

Ah, e não estranhe se este sexto single do Astroline se assemelhar muito com os singles do Lasgo, tenha apenas em mente que a letra de "Close My Eyes" foi composta simplesmente pela dupla David Vervoort e Peter Luts (a dupla do Lasgo), além da produção ser totalmente de Peter Luts;


"Happy Christmas, War is Over" (2001)

-Enquanto aqui no Brasil os jovens “viajavam” nas danceterias com a viciante "Close My Eyes", na Bélgica o Astroline lançava o seu último single "Happy Christmas, War Is Over" (2001), um trabalho que foi distribuído em coletânea belga natalina no ano de 1999, mas ganhando um registro oficial em single no ano de 2001. 

"Happy Christmas, War is Over" trata-se de uma regravação de John Lennon e serviu também como uma mensagem de paz e de conforto às pessoas  -  que estavam chocadas e amedrontadas após aos ataques terroristas do fatídico 11 de Setembro.

Não há créditos vocais informados no single, mas é sabido que a cantora aqui não é Kathleen Goossens. A voz é bem diferente da voz da vocalista oficial, e foi a partir desta divergência que resolvi entrar em contato com a loira e perguntar se ela sabe quem gravou a faixa. Como vimos acima, Kathleen respondeu-me que não sabe quem a gravou e que apenas a performou ao vivo nos shows (assim como também fez com "Feel The Fire" e "No Way Out"). 

Ainda neste single natalino foi adicionada uma outra faixa inédita aos fãs: "Sensations";


Kathleen Goossens com Christophe Chantzis (um dos produtores do Astroline, Absolom e Ian Van Dahl). Ela foi a cantora verdadeira na maioria dos singles do Astroline, e sempre interpretou todas as músicas do projeto de maneira satisfatória e plausível nos palcos!!


Vale lembrar que o Astroline não lançou nenhum álbum em sua trajetória, nenhum videoclipe, e focou apenas em singles e apresentações ao vivo. Estes singles foram lançados pela gravadora A&S (Antler-Subway), que nos anos seguintes apoiaria também outros projetos fervorosos do trance, como Lasgo e Ian Van Dahl.


ASTROLINE NO BRASIL

Aqui no Brasil o Astroline ficou mais conhecido entre 2001 e 2002 através do hit "Close My Eyes", título licenciado pela Building Records e muito tocado em nossas pistas e FM's - embora a canção tenha sido lançada oficialmente no dia 3 de julho de 2000 (na Bélgica). 

A empresa brasileira deu atenção total à "Close My Eyes" a inserindo em várias coletâneas "dance" da época - como "Comando 97 FM" (ano: 2001 - talvez a primeira aparição da música para o público brasileiro num CD) e a bem sucedida "As 7 Melhores 2002" (quase dois anos após o seu lançamento oficial!). 

Fora isso, a Spottlight (em parceria com a Som Livre) também trabalhou com "Close My Eyes" e a distribuiu em suas compilações de música eletrônica, como "dance.com - Jovem Rio 94,9 FM" (2001) e "Trance Party" (2002).

Spottlight e Building competiram-se e lançaram "Close My Eyes" em suas coletâneas, mas inexplicavelmente não investiram em nenhum outro single do Astroline...
 Ao centro da imagem, um TOP 10 dos singles mais vendidos em março de 2002 e publicado na revista brasileira DJ Sound #107 (clique na imagem para ver em melhor resolução)

Só foi uma pena nenhuma destas companhias brasileiras terem aproveitado as outras faixas do Astroline, como as estupendas "Take Good Care", "Feel The Fire" e "Angels", produções que mereciam um reconhecimento muito maior por aqui, inclusive, são canções até mais conhecidas que "Close My Eyes" em muitos países europeus. 

Aqui no Brasil "Close My Eyes" foi o maior hit do Astroline, mas na Europa (em especial na Belgica), essa música não se destacou tanto quanto as anteriores. No Canadá, o desempenho de "Close My Eyes" soou positivo como aqui no Brasil.


OS ASTROS SE COLIDIRAM

Ian Van Dahl e Lasgo

Quanto ao término do Astroline, muito foi se falado em sites da época que os produtores encerraram o projeto para focar fortemente nas produções do Ian Van Dahl e Lasgo. Christophe Chantzis precisava de mais tempo para se dedicar ao Ian Van Dahl e produzir o seu álbum de estreia "Ace", assim como Peter Luts se empenharia em absoluto para o projeto Lasgo -  ambos em bastante ascensão naquele ano de 2001. 

Sobre Stefan Wuyts, ele também foi trabalhar no Lasgo em 2001 e se tornou um dos produtores executivos do álbum "Some Things", assim como Gert Covers criou e produziu a bela e viajante faixa "Cloud Surfers*" deste álbum. Já Bart Smolders (DJ Bart), deixou de lado as produções e tem em seu currículo apenas os singles do Astroline (embora muita gente confunda-o com o DJ Bart de "Message" de 2001).


Kathleen Goossens foi gravar no projeto trance Orion Too...

Enquanto estava no Astroline, Kathleen Goossens gravou em 1999 a faixa "Harmony" de DJ Philip, e em 2001 realizou mais alguns trabalhos vocais para DJ's e produtores belgas, como a música já citada do Airplay - "The Music Is Moving" e Third Bass“Maid Of Orleans”. 

De 2001 até 2005 Kathleen gravou no ótimo projeto Orion Too e lançou diversos singles, incluindo “You And Me”


Third Bass - “Maid Of Orleans” (2001)

E é interessante observar que Kathleen Goossens assumiu o pseudônimo de "Caitlin" enquanto atuava no Orion Too e Third Bass, muito provavelmente por conta de seu contrato de exclusividade com os produtores do Astroline (talvez o mesmo motivo de não ter sido creditada no Airplay e na música com DJ Philip).

Para ler sobre o projeto Airplay e seu sucesso "The Music Is Moving" (2001), clique aqui


A RESPOSTA DO PÚBLICO JOVEM DOS ANOS 2000

Kathleen Goossens -   A voz do Astroline, Airplay, Orion Too…

Tanto “Close My Eyes” do Astroline, quanto "The Music Is Moving" do Airplay são dois exemplos do gênero Vocal Trance que ressoaram positivamente entre os entusiastas brasileiros da música eletrônica naquele início de século XXI. 

Com suas batidas pulsantes, melodias hipnotizantes, vocais quentes e teclados que "soltavam chamas", estas duas faixas tornaram-se verdadeiros hinos noturnos para os baladeiros e principalmente para os fãs de Lasgo, Ian Van Dahl, Fragma, Paul van Dyk, Kriss Grekò, Deal, Dee Dee...

Quem viveu, saboreou tudo isso com muita vontade e proveito!!


KATHLEEN GOOSSENS - APÓS A FASE DE OURO DO TRANCE

Kathleen Goossens atualmente: Ela continua envolvida na música, mas também se concentra em outros empreendimentos...


Com o encerramento do Astroline, a cantora e compositora Kathleen Goossens foi vista também atuando como atriz na TV belga. Sim, além de continuar escrevendo e gravando para outros projetos, Kathleen se tornou uma atriz a partir de 2001 e participou de algumas produções televisivas da Bélgica, além de um longametragem chamado "Meisjes" (2009).

Já em outubro de 2009, Kathleen apareceu em um reality show que buscava por uma cantora para um grupo musical chamado K3, porém, a voz de "Close My Eyes" não conseguiu passar para a sexta fase do reality. Foi também nessa época que Kathleen engravidou e teve um filho.


ASTROLINE - Filmagem de 2022

Kathleen Goossens continua a frente do Astroline e cantando os seus sucessos, como "Smiling Faces", "Close My Eyes" e "Feel The Fire".

Neste momento atual, Kathleen se apresenta como uma integrante do Astroline em diversos festivais pela Europa, além de ser a proprietária de uma loja chamada "Barnature" - que vende produtos naturais (suplementos, alimentos orgânicos, sem glúten, sem lactose, e etc). 


Barnature - Loja de produtos naturais de Kathleen Gooseens

A cantora de Trance Music se especializou também em 2022 em Hipnoterapia, e hoje aplica a técnica da hipnose em seus pacientes. 

Com certeza, uma mulher que continua linda, talentosa e acima de tudo muito determinada em seus projetos profissionais.


Agradecimentos: Kathleen Goossens, Elphy Strackx, Cindy Buckenberghs.


Para ler sobre o projeto Airplay - "The Music Is Moving" (2001):

https://rikardomusic.blogspot.com/2024/03/airplay-music-is-moving-2001-e.html



quinta-feira, 31 de julho de 2025

TEEKI - COLOURS IN MY EYES (1997) - A HISTÓRIA

TEEKI - "COLOURS IN MY EYES" (1997)

AS CORES AINDA ESTÃO VIVAS NA NOSSA MEMÓRIA


Chegou o momento de exaltar mais um vocal "dance" dos anos 90!! É o hit "Colours In My Eyes" do projeto Teeki, lembram-se dele?

Pois é... Essa música foi originalmente lançada em 1997, porém, começou a fazer sucesso aqui no Brasil no primeiro semestre de 1998, onde se destacou ao lado de outros clássicos da Eurodance, vide "Suddenly" da Gala, "You And Me" da Taleesa, "You're Not Alone" do Olive, "When I Fall In Love" do Ken Laszlo, e etc. 

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


OS COLABORADORES PRODUTIVOS

Há sete anos, quando conversei com Matteo Cremolini (um dos principais idealizadores do projeto Teeki), observei que ele ficou muito feliz pela minha lembrança a este seu trabalho. Cremolini ainda foi gentil em revelar em primeira mão o nome da vocalista — Sara Grimaldi — que, até então, era uma grande incógnita para nós, os fãs da Eurodance. 


A vocalista Sara Grimaldi

A letra de "Colours In My Eyes" foi, na verdade, escrita pela irmã de Matteo Cremolini, Chiara Cremolini, que hoje é uma oncologista de renome internacional. Naquela época, Chiara tinha apenas 13 anos de idade e Matteo pediu que ela imaginasse uma letra simples para a sua futura "Colours In My Eyes"

A música foi construída por Matteo Cremolini em parceria com seu amigo Davide D'Ambrosio.


Dra. Chiara Cremolini 

Chiara Cremolini graduou-se em Medicina em 2008, e em 2011 concluiu um mestrado em Desenvolvimento de Medicamentos. Em 2014 especializou-se em Oncologia Médica. 

Dra. Chiara Cremolini é especialista em oncologia gastrointestinal e já escreveu mais de 200 artigos sobre câncer colorretal. 


INSPIRAÇÕES COLORIDAS

A poeta Wisława Szymborska

Matteo Cremolini tinha lido o poema "Lovers" de Wisława Szymborska, onde é mencionado um arco-íris na noite, então pediu à sua pequena irmã que incluísse essa ideia na letra. 

Cremolini também contou ao blog que o refrão da música foi inspirado em um fragmento da canção "I Don't Know How to Love Him" ​​do musical Jesus Cristo Superstar (1972).


Jesus Christ Superstar - "I Don't Know How to Love Him" (1972)

Como Matteo Cremolini e a cantora Sara Grimaldi moravam na mesma cidade, isso facilitou para que se conhecessem pessoalmente e fossem trabalhar juntos. Ele ainda disse que, na época, também conheceu a professora de canto de Sara, e como a cantora já havia gravado em outros projetos de Dance dos anos 90, então acabou envolvendo-a no projeto Teeki.


Sara Grimaldi 

"Colours In My Eyes" do Teeki foi lançada na Itália e, acredita-se que em outros países europeus também, mas, como Cremolini mencionou, ele não tinha nenhuma evidência de sua distribuição comercial.

"Tive algumas noites de trabalho em estúdio, e depois não recebi nenhuma novidade sobre a música... até me encontrar com você na internet. Obrigado!"  (Matteo Cremolini)


A HISTÓRIA DE TEEKI NO BRASIL

A música “Colours In My Eyes” brilhou no primeiro semestre de 1998, principalmente no mês de fevereiro/98. Em agosto de 1998 (mês referente ao chart da imagem acima), ainda era tocada nos principais clubs de São Paulo.

Cremolini ficou sabendo do lançamento de "Colours In My Eyes" aqui no Brasil através do primeiro contato que tive com ele, em 2018. A partir daí, o músico me solicitou mais detalhes dos feitos de sua obra conquistados em terras brasileiras, incluindo as posições alcançadas nos charts, os nomes dos clubs que tocaram-na, os títulos das coletâneas de discos em que foi inserida... entre outros dados interessantes ao seu criador, pois segundo Cremolini, foi uma grande surpresa descobrir que a música havia sido tocada por aqui.

"Olá Rikardo, espero que tudo esteja bem!!

Estou tentando reconstruir a história da nossa querida canção 'Colours In My Eyes' e minha agência (SIAE) me perguntou se eu sei os lugares (os mais importantes) onde a música foi tocada. Você acha que pode me ajudar? (Matteo Cremolini)


TEEKI: UM SUCESSO DA DANCE MUSIC QUE MERECIA TER IDO MUITO MAIS LONGE

Pelos registros buscados, não encontrei nenhuma evidência da música ter sido trabalhada em outros países (além do Brasil), mas sei que na Romênia "Colours In My Eyes" tem alguns fãs, e se tem fãs, é possível que tenha chegado por lá também. Na Itália, a música foi distribuída em dois vinis 12": um white label e posteriormente em um single de capa azul  —  ambos com três versões e pelo selo Volumex.

O que podemos afirmar, é que na década de 90 as informações não eram registradas pontualmente como hoje, então, pode ser que a música tenha sido tocada em mais países, no entanto, seguiu com pouco deste histórico registrado. 

Também já é sabido com absolutismo que nenhum outro país do mundo destacou tanto Teeki - "Colours In My Eyes" como o Brasil. Aqui tocava-se muito nas boates e nas FMs, além da faixa ter sido inserida em seis compilações oficiais (fora os piratinhas que também traziam a track).

Quando a ouvi pela primeira vez, eu tinha 16 anos de idade e no ato reconheci a beleza e a qualidade de "Colours In My Eyes" do Teeki. Acredito que foi no programa "Ritmo da Noite" da Jovem Pan 2, no final de 1997 ou início de 1998 — um período que dava início a saturação das produções da Eurodance e também onde crescia com força a onda da Axé Music e seus derivados. 


TEEKI - "COLOURS IN MY EYES" (1997) 
Imaginem agora os adolescentes de 1998 descobrindo essa preciosidade nas rádios ...  Involuntariamente de boca aberta e olhos brilhando!!

Lembro ainda que, a Paradoxx Music publicou um TOP 10 de músicas novas licenciadas em uma das páginas da revista DJ Sound. Ou seja, muito provavelmente a gravadora paulistana estava negociando com o selo Volumex para licenciar a faixa aqui no Brasil, porém, algo deve ter acontecido no meio desse caminho e a negociação não se concretizou. Na sequência, a carioca Spotlight Records acabou licenciando Teeki - "Colours In My Eyes" com eles. Esta foi a primeira vez que vimos Teeki entrar num chart brasileiro, numa divulgação da Paradoxx Music em novembro de 1997:

Novembro de 1997 na Paradoxx Music. 
Há exatos 28 anos…

Outra recordação marcante: Quando o DJ tocou "Colours In My Eyes" na abertura do show da Taleesa, em Itatiba /SP, ao lado de outras canções que marcaram aquela época, como Alexia "Gimme Love"Dario G - "Sunchyme"Gala -"Suddenly"O.M.C - "How Bizarre"Debra Michaels - "How Do I Live?", e etc. Não tem como se esquecer da energia do público itatibense ao dançar e cantar essa música! Uma vibe positiva e contagiante sem igual!!

"Colours In My Eyes" de Teeki também foi muito executada em outras rádios além da Jovem Pan 2, como a 97 FM (São Paulo-SP), Metropolitana (São Paulo-SP), Educadora FM (Campinas-SP), Dumont FM (Jundiaí-SP), e etc. Uma curiosidade é que, quando os locutores informavam o nome do projeto, eu logo imaginava que se tratava de uma cantora coreana — devido a pronúncia do nome ("tiqui"), mas às vezes também idealizava uma cantora negra  devido a voz ser bem característica, potente, forte, daquelas que chamam a atenção logo na primeira ouvida.

Nos charts anexados à revista DJ Sound é possível presenciar também o sucesso que a música atingiu entre dezembro-97/ maio-98, sendo tocada nos mais conhecidos clubs do Brasil, como os icônicos Moinho Santo Antonio, Krypton, Atlanta, Queop's, Florestta, Shampoo, Ilha de Capri, Ludovico, e etc...

No endereço abaixo você pode visualizar todos estes charts, além dos vídeos e fotos da cantora Sara Grimaldi:

https://rikardomusic.blogspot.com/2018/12/a-vocalista-do-projeto-teeki-e-seu-hit.html (copie e cole pois essa url não está linkada).

Mesmo com o crescimento do Axé Music no cenário brasileiro, essa música do Teeki se destacou bastante por aqui em 1998, mas, em muitos países não obteve a mesma sorte... 

Teeki - "Colours Im My Eyes" - Em fevereiro de 1998 foi uma das mais tocadas das noites brasileiras

Mundialmente, "Colours In My Eyes" foi ofuscada por um mar de produções de Techno e Trance que começaram a emergir em 1997/1998, o que é uma grande pena pois a faixa tinha muito potencial para explodir mundo a fora, justamente por ser uma produção classuda, original, envolvente, e por nos apresentar uma linha melódica profunda e uma vibe misteriosa, tudo isso combinado a um vocal pra lá de poderoso. 

Para completar, Teeki teve o azar de ter sido lançada por uma gravadora que não fazia marketing nenhum de suas produções, dando a "Colours In My Eyes" uma divulgação totalmente inexistente e, consequentemente, fazendo com que a faixa nunca ganhasse uma exposição realmente merecida. 

A música não ganhou um vídeo-clipe, uma performance ao vivo, e nem uma edição em CD-Single sequer! 

No Spotify??? Nada também, até hoje!!!

Definitivamente, um completo descaso e uma infeliz subestimação por parte da gravadora para com Teeki e sua fantástica, mas desvalorizada, "Colours In My Eyes".


TEEKI - "COLOURS IN MY EYES"

VOCAIS NÃO CREDITADOS: SARA GRIMALDI

ANO DE PRODUÇÃO: 1997

ANO DE LANÇAMENTO: FINAL DE 1997

ATINGIU AS PARADAS DE SUCESSO: 1998

LABEL: VOLUMEX (ITALY) - SPOTLIGHT RECORDS (BRASIL)

PRODUTORES: A. KASERER, G. VIGNALI

COMPOSITORES: M. CREMOLINI, D'AMBROSIO, RANEAR

LETRA: CHIARA CREMOLINI


Chiara Cremolini e Matteo Cremolini: Com 13 anos de idade ela escreveu a letra de “Colours In My Eyes” para o projeto de seu irmão
(Foto de Carlo Antonio Carcangiu)


A GRAVADORA SPOTLIGHT RECORDS AJUDOU A ESPALHAR AS CORES DE TEEKI PELO BRASIL

Em suas redes sociais, Matteo Cremolini disse: "Essa é a minha faixa de estreia no mundo da Dance dos anos 90 e não vi nenhum centavo de retorno. Teeki: 'Colours in my eyes' teve uma colaboração de meu amigo Davide D'Ambrosio e depois recebeu alguma divulgação no Brasil. 

Alguns anos atrás um blogueiro brasileiro (nostálgico) se lembrou deste trabalho como uma música mágica de um verão que marcou as noites (e que noites... ).

Graças a web também achei uma coletânea brasileira que continha a faixa, comprei e meses depois chegou.

Então, recapitulando, este foi um projeto de dance music antigo, mas que, mesmo depois de todos estes anos, ainda causa emoções nas pessoas, traz sonhos e descobertas, ou seja: isso é algo que não tem preço. Posso dizer que eu participei disso!" Matteo Cremolini em seu facebook.


Matteo Cremolini comprou o CD brasileiro "Ritmo da Noite Volume 7". Ele mesmo tirou a foto do CD e postou em seu facebook

"Colours In My Eyes" do projeto Teeki marcou presença em algumas coletâneas brasileiras de Dance Music, e abaixo estão elas, num total de seis títulos — todos lançados no mercado no ano de 1998 (via Spotlight Records):

-Spotlight Project - "Radio/DJ": Na verdade, este é um CD Promo distribuído aos DJs, não teve venda direta para o público. No CD encontram-se duas versões de "Colours In My Eyes": Radio Vocal Mix (Radio Edit) e Long Mix. Como não existe o CD Single oficial da música (saiu apenas em vinil 12"), vale a pena ter esse promo lançado pela Spotlight;

-Spotlight Dance Hits: Coletânea com 14 faixas variadas, incluindo "Colours In My Eyes" na "Long Mix" de 6 minutos;

-Ritmo da Noite Volume 7: Mais um CD muito bom da Spotlight que traz diversos hits da Dance Music, e é claro, entre as dezenas de faixas, lá está ela: "Colours In My Eyes" ("Radio Vocal Mix");

-Dance Hits: Esta é mais uma compilação nota 10 que foi lançada nas lojas brasileiras, mais precisamente no início de 1998. "Colours In My Eyes" é a faixa #8 ("Radio Vocal Mix");

Terceiro Milênio Vol. 2: Este é um CD bem raro...creio que a Spotlight lançou em tiragem reduzida. Teeki com sua implacável "Colours In My Eyes" está presente na versão "Radio Vocal Mix" de 3 minutos e 42 segundos.

Teeki - "Colours In My Eyes" sendo indicada na coluna "Dance Floor" (quadro de lançamentos) da Revista DJ Sound (Fevereiro / 1998). Este belo Dance marcou  também os melhores anos do programa “Super Pista” da Educadora FM, comandado na época por Lui Mazini e DJ Carlinhos… Que saudades!!


SARA GRIMALDI - A VOCALISTA DO TEEKI 

Aqui está ela: Sara Grimaldi, conhecida também como Sarah Gee

Sara é cantora / compositora, além de ser uma treinadora vocal. Sara nasceu em 20 de novembro de 1966, ou seja, completará seus 59 anos de idade nos próximos dias. 

A artista nasceu na cidade de La Spezia (a mesma em que nasceu Alexia) e sua poderosa voz está classificada como soprano, se estendendo em 4 oitavas. Quando criança, Sara começou a cantar no coral da igreja e seguiu aulas de piano e dança em sua cidade natal. Com apenas 14 anos de idade, começou a praticar como DJ e poucos meses depois, passou a colaborar em algumas rádios regionais, gravando jingles publicitários.


Sara Grimaldi gravou muitas faixas de Eurodance


Sara Grimaldi trabalhou ainda para uma produtora de vídeos na área de filmagem e edição, e assim apareceu em alguns vídeos de artistas italianos e internacionais, como KC & Sunshine Band, Pino Daniele, Gianni Morandi, e etc.

Em 1994, Sara lançou um single solo chamado "Did You Love Me" sob o nome Sarah e em ritmo de Dance Music, a grande moda da época. A canção foi escrita por S. Tubelli, M. Franciosa e Sarah (a própria). Ela também gravou para diversos outros projetos de Eurodance, como XL"Fluxland" (1994), Wild $"Forever Love" (1995), Sinny"Give Me Your Love" (1995) e Queen Of Heart "All Of Your Love" (1997).

Depois, Sara Grimaldi se tornou backing vocal de alguns artistas conhecidos da Dance Music, como Jenny B, Tony Di Bart e Double You, além de contribuir como compositora em diversos trabalhos. 

Mas, se você pensa que Sara Grimaldi só trabalhou na Dance Music, está enganado. Sara também cantou Pop, Blues, Ópera, e participou de shows Gospel com artistas como Leona Laviscount.

Nestes diversos trabalhos no segmento da Eurodance, está o projeto Teeki com a nossa aclamada "Colours In My Eyes", talvez o único hit da cantora aqui no Brasil, embora não tenha sido creditada (estamos aqui para isso).

Sara Grimaldi apenas gravou um single para o projeto Teeki...

No início dos anos 2000 ela gravou para os projetos Sarah Nelson - "The One" (2000) e Valery Verga - "Higher" (2001). Foi em 2004 que Sara Grimaldi fez os vocais para os novos singles de Ice MC, "It's A Miracle" e "My World", além de contribuir nas demais faixas do novo álbum deste veterano da Eurodance.

Sara Grimaldi ainda colaborou em um disco com renda destinada às crianças do Paquistão e também gravou um single solidário para uma associação italiana contra a leucemia.

A talentosa Sara continua até hoje em atividades. Atualmente ele segue realizando performances ao vivo e gravando novas músicas de Eurodance, como as últimas Sarah & Sbeng Allstars"Heart Of Fire" (2024) e Sarah & Sbeng Allstars"Je T'Adore" (2025), que são dois lançamentos da Revamp (gravadora nova que está investindo em Italo Dance).


Matteo Cremolini continua como músico, mas criando sons e trilhas sonoras para a área do cinema e TV:

"Hoje em dia eu componho músicas para filmes e televisão, e esse projeto Teeki é apenas uma lembrança querida que ainda me encanta!!!" (Matteo Cremolini)

 Matteo Cremolini Atualmente - Insolito Stage Live (Novembro / 2025)


AGRADECIMENTOS:

Ao italiano Matteo Cremolini por ter colaborado com seus relatos e por ter cedido o nome da vocalista aqui nesta singela homenagem. 

Grazie!