HINO DO VERÃO - "COCO JAMBOO" DE MR. PRESIDENT COMPLETA 26 ANOS
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-RIKARDO ROCHA
Um summer-dance-hit e um visual provocativo, mas o melhor ninguém podia ver...
Tá aqui um hino soberano do eurodance que ainda ecoa nas lembranças de quem curtiu os anos 90...
É meus amigos, estou falando de "Coco Jamboo" do grupo alemão Mr. President, do qual está completando hoje o seu 26º aniversário, e ainda sendo um verdadeiro patrimônio da Dance Music!!
Apesar de ter várias tracks muito bem sucedidas, "Coco Jamboo" é de longe o maior sucesso alcançado pelo Mr. President. O single foi lançado oficialmente em 29 de março de 1996 ese tornou rapidamente num estouro das pistas e FMs mundiais - além de impulsionar a vinda do trio ao Brasil pela 1ª e única vez em 1997, há 25 anos!
Single: Mr. President - "Coco Jamboo" (1996)
Letra: Delroy Rennalls, Rainer Gaffrey
Produção: Kai Matthiesen, Rainer Gaffrey
Se alguém lhe pedir para classificar uma vertente para "Coco Jamboo", com certeza você deve dizer que é a Euro-ragga, estilo que deu muito certo também com o Ace Of Base, Pandera, Randy Bush, DJ Bobo, entre outros importantes nomes da cena. Aliás, o estilo trouxe tantos resultados positivos para o grupo que eles não pensaram duas vezes em lançar a sua próxima novidade - o single "Jojo Action" (1997, do álbum "Night Club") - também surfando numa "onda" parecida.
As modelos do Mr. President mostrando os seus atributos
Ainda hoje, "Coco Jamboo" é um dos híts de verão mais populares de todos os tempos! Um Big Tune avassalador e com um refrão matador... Inclusive, é sempre bom recordar que este tal refrão é cantado pelo cantor e compositor William "Billy" King, e não pelo integrante que aparecia frente ao Mr. President - o rapper Lazy Dee (Delroy Rennalds) - como muitos imaginam.
Lazy Dee apenas fez os raps do grupo, mas todos os versos masculinos das músicas do Mr. President foram cantados por William "Billy" King, que não aparecia nos videos, shows e nem nas capas dos discos.
William "Billy" King cantou com sua voz mas nunca apareceu frente ao Mr. President.
Enquanto Lazy Dee teve uma participação apenas nos raps, pelo menos ele participou de algo nos estúdios, né? Já aquelas duas garotas lindas e estilosas...
Como já falamos no artigo especial sobre o Mr. President, a loira T-Seven e a ruivinha Lady Danii não cantaram uma nota sequer nos sucessos do grupo... Elas estavam ali apenas para fazer a decoração visual e causar uma impressão cool aos olhos dos adolescentes e ouvintes da Dance Music.
O hit que comemora hoje os seus 26 anos de aniversário não tem as vozes, composições, ou qualquer outro tipo de mão-de-obra envolvendo essas duas beldades… Literalmente, a dupla apenas enfeitou os vídeos e palcos!
A voz feminina que ouvimos em "Coco Jamboo" e em inúmeros hits do Mr. President é dela: Caren Miller
Enquanto umas se mostravam até demais, a verdadeira artista do Mr. President era o oposto e bem "recatada"
Para conhecer a verdadeira cantora - Caren Miller - clique aqui e descubra mais sobre essa incrível artista alemã, que até assumiu em 2014 que foi a verdadeira vocalista do Mr President, além de justificar que nunca teve vontade de aparecer no grupo e que achava cansativo ter que ficar viajando e fazendo turnês.
Voltando ao desempenho do nosso single aniversariante, "Coco Jamboo" ficou basicamente 9 meses do ano de 1996 em várias paradas ao redor do mundo.
Conquistou também 2 Discos de Platina, 7 Discos de Ouro e 2 Discos de Prata.
ECHO AWARDS' 1997
Quem recebia os prêmios e todo o prestígio do Mr. President eram os integrantes visuais
Em 1997 o grupo alemão ganhou o prêmio BMI Awards por "Coco Jamboo" , que era a faixa europeia mais tocada nas estações de rádios americanas. Em 06 de março de 1997 venceu ainda a categoria de "Melhor Single Dance" - na premiação Echo Awards.
Com esse auge e grande ascensão, o Mr. President logo lançou o seu 2º álbum intitulado de "We See The Same Sun", considerado um disco de bons hits coloridos e festivos, além de ter uma excelente e elogiada produção. É claro que "Coco Jamboo" foi incluso nesse disco, engrandecendo ainda mais este memorável álbum.
A animada "Coco Jamboo" ainda obteve excelentes posições em diversos charts mundiais, sendo os mais notáveis:
Suíça nº 1
Áustria nº1
Suécia nº1
Alemanha nº2
Holanda nº 2
Noruega nº2
Finlândia nº 3
Irlanda nº 3
Austrália nº 7
Reino Unido nº 8
Nova Zelândia nº8
Japão nº 8
Bélgica nº 11
EUA nº 21
França nº 28
A faixa ainda se destacou em países como Hungria, Polônia, Romênia, Grécia, Luxemburgo, Brasil, México, Chile, Argentina... e etc.
"Coco Jamboo": Um dos vários prêmios conquistados
Atualmente todos já sabem da farsa envolvendo as integrantes visuais, mas mesmo assim T-Seven nunca tocou sobre o assunto e jamais citou o nome de Caren Miller, a verdadeira vocalista que gravou os hits que conhecemos.
Hoje a loira canta ao vivo em sua carreira solo (antes só fazia playback), então é muito claro e perceptível que sua voz nada tem a ver com aquela que tanto escutamos nas músicas do Mr. President, além de ser uma voz bem fraca e nada convincente.
Porém, nada disso impede de T-Seven de se apresentar em alguns palcos pela Alemanha, então ela realiza esses shows e se auto identifica ao público como uma "ex-integrante" do Mr. President. Como os anunciantes sabem de toda a verdade, então nunca citam-na como "a cantora do grupo", já que essa função realmente nunca foi exercida por ela:
No dia anunciado acima rolou uma apresentação da ex-Mr. President e também uma apresentação com AVOZdoMasterboy. Sentiram a diferença e toda a sutileza?
Críticas e polêmicas de lado, "Coco Jamboo" é sem dúvidas, competindo com "Macarena", um dos grandes hinos do verão já dançados da história... É uma faixa para ser ouvida e admirada ainda por muitas gerações, pois potencial e alto astral continua tendo de sobra.
KASINÃO, ICONE DA DANCE MUSIC E DAS PISTAS DE DANÇA, TROCA AS BALADAS PELAS IGREJAS?
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-RIKARDO ROCHA
Vem aí o Gospel Eletrônico do Fher
O cantor carioca Fernando "Fher" Biscaia, mais conhecido por ser o performer do famoso projeto Kasino, deu uma 2ª entrevista ao Youtuber mineiro Erik Rizzatto (do conhecido canal "O Som do K7") e declarou aos fãs que NÃO faz mais parte do projeto que o lançou à fama.
Na 1ª entrevista cedida ao canal (em 2020), Fher revelou que estava voltando ao projeto Kasino e que estava super animado com este retorno, além de mencionar a estreia de uma nova música para 2021.
Só que os meses foram se passando e até hoje não tivemos um menor sinal dessa nova faixa prometida do Kasino... Na nova entrevista - realizada depois de quase dois anos - Fher fala que os produtores ficaram adiando esse lançamento, e com isso, a sua empolgação foi diminuindo cada vez mais...
Fher ainda cita que ele até comprou parte do projeto, se tornando sócio junto com Fabio Almeida para tentar agilizar o processo da nova música, mas que nada disso adiantou. Para Fher, o Kasino parecia não ser mais uma prioridade do produtor que criou hits inesquecíveis como "Can’t Get Over", "Stay Tonight" e "Shake It", e isso consequentemente o fez desanimar em continuar no projeto, o nacional mais bem sucedido dos anos 2000.
O astro da Dance Musicdisse também que teve depressão e desejos suicidas, além de confessar que o meme (que ele se tornou) sempre o deixava muito irritado, e que não aceitava bem as brincadeiras feitas pelo apresentador Gilberto Barros (grande responsável pelo meme).
Então, numa dessas fases deprimidas, Fher leu uma publicação muito inspiradora de Justin Bieber (um de seus grandes ídolos e que hoje é cristão), colaborando imensamente para que o artista carioca se convertesse a igreja evangélica, assim encontrando a sua paz e encarando melhor todas essas situações que antes o aborrecia.
“Foi um dia em que eu estava em casa e não estava bem. Abri o Instagram e li esse texto de Justin Bieber. Ele é um dos meus maiores ídolos na música, sou muito fã. Quando li aquilo, parecia que tinha sido escrito para mim, e me bateu muito forte. Passou dois dias, senti vontade de rezar para Deus, para Jesus, e era uma coisa que eu não fazia há muito tempo, porque seguia outra religião completamente diferente”. - Fher (que abandonou de vez também o "sobrenome" Cassini)
ADEUS AO KASINO...
Fernando, ex-Kasino, se torna a partir de agora apenas Fher, e assume uma nova carreira como DJ Gospel. Ele reforça que realmente deixou o Kasino, que não se importa mais com o futuro do projeto e sobre quem será o novo integrante substituto, mas deseja boa sorte à todos os envolvidos.
“-Entendi que era para deixar o Kasino. Acho que foi bom eu ter voltado para o projeto neste tempo porque pude fazer as pazes com o meu passado e fechar um ciclo, mas não quero mais continuar no Kasino. Peço desculpas aos fãs, quando fui chato, e também ao Gilberto Barros, por não ter aceitado as brincadeiras”. - Fher
Perguntei ao Fher se ele será apenas DJ nesta fase gospel, então ele disse:
"-Eu vou cantar em alguns singles mas meu foco será em tocar e produzir."
A SENSAÇÃO DAS PISTAS DE DANÇA: UM PROJETO BRASILEIRO CHAMADO 'KASINO'
Fabio Almeida, Fernando Biscaia e Ian Duarte: Kasino
Tudo aconteceu em 1996, quando um grupo nacional de Dance Music estava fazendo sucesso com músicas altamente dançantes, como "Celebration" e "The Shining Light". Era o icônico Mr. Jam, que até lançou um álbum muito bom chamado "New Love Dimension", pela Spotlight Records. Nessa época, Fernando Biscaia era um grande fã do Mr. Jam, tinha até um fã-clube e os conhecia pessoalmente.
Anos mais tarde, o vocalista e produtor do Mr. Jam (Fábio Almeida) se tornou o produtor do Kasino, convidando então Fernando Biscaia - o seu fã - para se tornar parte integrante desse novo projeto.
Consequentemente, em 2005, as rádios de todo o Brasil se entregaram à primeira música do projeto - "Can’t Get Over", hit que tocava muito nas rádios e clubs, inclusive também na novela global "América".
Muitos achavam que essa era uma música internacional, mas "Can't Get Over" era na verdade uma produção totalmente nacional e muito parecida com "If You" do italiano Magic Box.
Kasino - "Can't Get Over"
Programa SuperPop (2006)
O som foi claramente inspirado no projeto italiano Magic Box
Depois vieram outros grandes sucessos do Kasino, como "Stay Tonight" e "Shake It", que ajudaram a colocá-lo entre os artistas mais executados de todo o Brasil nos anos de 2005, 2006 e 2007.
Com a devida aclamação do público e com vários resultados positivos, Fabio Almeida e Ian Duarte (que também foi um grande colaborador do projeto) aceleraram na produção do álbum do Kasino - "Light Of Love", lançado em parceria com a Max Pop e a Building Records. E adivinhem? Mais um produto muito bem aceito pelos ouvintes da boa e velha Dance Music!!
Em relação aos dias atuais, existem muitos questionamentos do público sobre a voz real do Kasino (alguns dizem que a voz é de Fábio Almeida), então, achei interessante perguntar ao Fher sobre quem era o verdadeiro cantor das músicas:
"-Lógico que os vocais eram meus, isso é viagem, tanto que gravei depois a 'So Free' e a nova versão do 'Light Of Love' quando ele (Fábio Almeida) não estava no projeto" - Fher
Kasino - "Stay Tonight"
Programa SuperPop (2006)
Kasino - "Shake It"
Programa Viva A Noite (2007)
Kasino esteve em muitos programas de TV, como o "Superpop" da Luciana Gimenez, "Viva a Noite", e claro, o famosíssimo "Sabadaço" de Gilberto Barros, onde originou um dos memes televisivos mais populares de todos os tempos (e é uma pena ele não tirar proveito disso de maneira positiva!).
Em 2008 Fher "Cassini" se desligou do Kasino, então os produtores colocaram um novo vocalista chamado Bo Sanders, mas que não vingou...
Depois disso, Fher foi grosseiro com alguns fãs, não queria falar sobre o Kasino e respondia com rispidez às pessoas que o encontravam no Facebook. Teve até uma certa vez, que Fher me enviou uma mensagem pedindo de maneira rude para que eu apagasse todos os vídeos que havia postado (os inseridos acima). É claro que não apaguei nada, mas senti ali também que algo não estava bem e respeitei o seu momento.
Agora, com a nova fase cristã, Fher garante que levará o meme numa boa:
“Essa fase tem uma importância na minha vida. Me proporcionou tudo o que sou hoje. É a parte da minha vida da qual eu escreveria uma biografia, e este meme seria um capítulo da biografia, apenas o capítulo chato. Mas o Kasino me trouxe muitas coisas boas e sou grato por isso. Tenho ainda meus fãs, que são ótimos, e os quais tento sempre me manter em contato”. - Fher
Parabéns e obrigado ao Erik Rizzatto por mais esse material exclusivo aos fãs da Dance Music!
Obrigado também ao Fher por esclarecer alguns fatos! Desejo que seja muito feliz nesta sua nova jornada!! Sucesso sempre! E não deixe de cantar!
ATUALIZAÇÃO 04/07/2023: A AFIRMAÇÃO DO FHER, ONDE DIZ “É LÓGICO QUE A VOZ É MINHA” NÃO É VERDADEIRA. OS CANTORES REAIS DO KASINO NO ÁLBUM “LIGHT OF LOVE” FORAM OS PRODUTORES FÁBIO ALMEIDA (JAMM’) E IAN DUARTE. FHER APENAS DUBLOU, ASSIM COMO FAZIA MILLI VANILLI E TANTOS OUTROS.
Você gosta do gênero Italo Disco? Ahhh, então com certeza você já ouviu "U.S.S.R." do cantor inglês Eddy Huntington, não é mesmo?
Bem, eu não sei dizer se essa canção tocou muito aqui no Brasil - pois eu era bem criança nessa época - mas me lembro que a ouvia tocar muito em festas de casamentos (que eu ia com meus pais), ao lado de outras Italos empolgantes, como a estrondosa e já citada Baltimora - "Tarzan Boy".
EDDY HUNTINGTON - UM INGLÊS CANTANDO ITALO DISCO NUMA HOMENAGEM À ANTIGA RÚSSIA
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-RIKARDO ROCHA
Single de 1986: Eddy Huntington - "U.S.S.R."
A música "U.R.S.S." do cantor inglês Eddy Huntington - que tem um astral leve e dançante - apresenta em seu título a antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (U.R.S.S.), que para quem não se lembra, foi territorialmente o maior país do mundo, unificando várias nações e tendo 11 fusos horários diferentes (!). Esse enorme país foi ainda uma superpotência durante décadas, “dividindo” o mundo com os EUA.
Já no ano de 1991, houve o fim dessa união e com isso várias nações conquistaram a sua independência, como a Rússia, Ucrânia, Estônia, Letônia, Lituânia, Armênia, Geórgia, entre outros.
Quanto ao single "U.S.S.R." de Eddy Huntington, foi lançado oficialmente no ano de 1986, sendo claramente uma homenagem à essa antiga Rússia e conhecido por muitos como um hino daquele país até os dias atuais.
Porém, é bom ressaltar que essa ingênua música não traz nenhuma tonalidade política em sua letra, e muito menos faz referência às lutas armadas, já que essa área geográfica sempre teve um histórico com diversos embates e brigas pelo poder, como voltamos a vivenciar mais recentemente com a lamentável invasão russa na Ucrânia.
Video Oficial: Eddy Huntington - "U.S.S.R" (1986)
"O tempo pode passar, mas as garotas russas
Nunca parecem sair da minha mente"
"U.S.S.R." é apenas uma homenagem à Rússia dos anos 80, principalmente às garotas russas. Na letra ele ainda cita a cidade de Moscou; que está bebendo vodca gelada (a bebida mais tradicional daquele país); e menciona as balalaicas, que é um instrumento musical muito usado por lá (aqui no Brasil virou nome de uma marca de vodca bem barata e vagabunda, hahaha).
É interessante esclarecer que "U.S.S.R." é uma faixa alegre como muitas dos anos 80, e com o único propósito de fazer as pessoas se divertirem e serem felizes, ou seja, muito distante de causar discórdia, ódio ou o caos, como muitos sensacionalistas e inventores de teorias podem pregar por aí.
Assim como “Tarzan Boy” explorava o grito do Tarzan, “U.S.S.R” também demonstra um “Oh-Oh-Oh” bem comercial, exalando muita harmonia em sua construção sonora e promovendo boas articulações nas pistas de dança… Além é claro, de possuir um simpático refrão que fixa em nossas mentes!
QUEM É EDDY HUNTINGTON?
Pop, descolado e cantor de Italo Disco
Seu nome completo é Edward Huntington, nasceu em 29 de outubro de 1965 em Peterlee, no nordeste da Inglaterra. Sua ligação com a música foi despertada na escola, onde estava aprendendo violino, embora a música clássica não fosse o seu gênero favorito...
Consta em sua biografia que Eddy tinha uma preferência por artistas como Eurythmics, Phil Collins e principalmente - Cliff Richard.
VIRANDO CANTOR DE ÍTALO DISCO
Quando completou 18 anos, Eddy Huntington saiu de casa e começou a trabalhar no Pineapple Dance Studios de Londres, mas como modelo. Opa!! Será que Eddy é mais uma farsa da música?? Muito suspeito, não?
Existem muitas fraudes na Italo Disco...e essas fazem com que fiquemos em alerta...
Mas a voz era realmente dele nas músicas! Embora há poucos vídeos do artista cantando realmente ao vivo, estes nos provam que a voz gravada é a mesma apresentada nesses eventos. No vídeo em que ele canta com Silvio Pozzoli, postado em nosso artigo sobre o projeto Baltimora, é possível sentir a legitimidade vocal de Eddy Huntington. Aqui temos apenas uma rara coincidência de um rosto bonito que sabia cantar o que era proposto dentro de suas limitações. Ele modelava aos seus 18 e 19 anos de idade, embora gostasse muito de cantar também…
A mesma gravadora da farsa Den Harrow, a Baby Records, quis investir em Eddy Huntington e o convidou para cantar "U.S.S.R", que já tinha uma letra escrita pelo mestre Tom Hooker. Depois de gravada e pronta, essa música acabou se tornando num dos grandes sucessos de 1986 em vários países da Europa, incluindo a Rússia, é claro!
Mas antes de todo o processo de gravação no estúdio, Eddy fez uma espécie de audição por telefone, cantando aos executivos. Ele estava na Inglaterra e os músicos se encontravam na Itália, e tudo foi demonstrado via telefone. Logo após ser aprovado pela gravadora, Eddy então voou para Milão, onde foi apresentado à Roberto Turatti e Miki Chieregato, os conhecendo pessoalmente ali no estúdio de gravação da Baby Records.
Cara de ressaca de vodka
O single inicialmente foi lançado sem contrato nenhum, e somente depois de atingir ao sucesso que Eddy assinou com a Esquire (selo da Baby), e gravando mais um trabalho: "Up & Down" (1987).
Os produtores de Eddy Huntington foram ninguém mais, ninguém menos que os já citados Miki Chieregato e Roberto Turatti, duas lendas da Italo Disco e que estavam trabalhando com muitos artistas desse gênero.
O time italiano começou a trabalhar em diversas músicas para o jovem inglês, e assim como foi feito com "U.S.S.R.", a maioria dessas faixas foram escritas por Tom Hooker - um dos cantores reais do Den Harrow e que viveu um pé de guerra com o modelo Stefano Zandri por anos (ele ainda dá algumas cutucadas no modelo com muito humor em suas redes sociais, hahaha).
Eddy Huntington define esses profissionais como pessoas fantásticas e ainda tem uma grande consideração por Roberto Turatti.
Tom Hooker e Miki Chieregato produziram Eddy Huntington, ao lado de Roberto Turatti
O cantor também se considera um sujeito de muita sorte por ter gravado "U.S.S.R." como a sua primeira música:
"Foi um sonho realizado. Eu amava a música Italo e os sons do Eurobeat (Disco, HNRG, como Modern Talking etc.). A demo de 'USSR' foi mostrada para mim por telefone e eu adorei instantaneamente, gravando-a em uma semana. Depois eu soube que a música estava nas paradas italianas e eu nem sabia que tinha sido lançada!!" - Eddy Huntington disse ao site Italo Interviews
Com o grande sucesso, inevitavelmente foi produzido um videoclipe para a música, este que garantiu uma promoção massiva de "U.S.S R" por toda a Europa. É lógico que Eddy também se apresentaria na TV de diversos países, como na Itália, Portugal, França, Espanha, Bélgica, Alemanha... além de participar de diversos festivais prestigiados, como o conhecido “Festival Bar”.
Consequentemente, Eddy Huntington lançou o seu segundo single "Up & Down", além das boas "Meet My Friend" e "May Day", mas nunca conseguiu repetir o sucesso de seu primeiro trabalho.
Eddy Huntington - É, ele parece amar a Rússia mesmo
Devido a aceitação no mercado japonês dessas músicas, foi lançado o primeiro e único álbum do artista: "Bang Bang Baby", de 1988. Depois o vocalista sumiu de cena, mas voltou com uma regravação de "Future Brain" de Den Harrow, em 1997, numa época que a Italo Disco já tinha dado espaço à Eurodance. Pouco então se foi falado sobre Eddy Huntington.
Em 2009 ele declarou o seu amor pela Rússia mais uma vez, com "Love For Russia" (2009), e depois lançou "Rainy Day In May" (2013)e "Warsaw In The Night" (2017).
“A COISA TÁ RUÇA”: Expressão muito usada aqui no Brasil no final dos anos 80. Ruça significa grisalho, fios brancos…
Professor Eddy: Ele saiu da Baby Records para lidar com Kids
Atualmente com 57 anos de idade, Eddy Huntington afirma ter uma vida extremamente ocupada, e que deixou o mundo da música para virar professor. O cantor dá aulas em uma escola primária, mais especificamente para crianças de 9 e 10 anos, embora ele não tenha abandonado a cena musical por completo...
Eddy Huntington também toca como DJ em pequenos clubes, além de se apresentar ao vivo em festivais que comemoram a década de 80, cantando suas músicas antigas e sempre contando com um público fiel à sua espera.
Com 57 anos de idade, ele ainda se apresenta em diversos países, principalmente na Rússia, onde é bem querido
Sem dúvidas, “U.S.S.R.” de Eddy Huntington é uma das músicas mais queridas do gênero Italo Disco, marcando profundamente uma geração de jovens que viveu intensamente a década de 80, com muito amor, alegria, bem-estar e paz.
Que a Eurodance dos anos 90 foi uma grande "safada" com o seu público, no que se diz respeito a artistas reais e modelos, isso ninguém pode negar! Mas é importante acentuar também que essa prática maldita começou há muitos anos, mais basicamente na década de 70, bem lá nos primórdios da Dance Music... E aqui está mais um desses casos que "brincou com os nossos sentimentos", o mega-clássico da Italo Disco que você, com certeza, ouviu muito:
BALTIMORA - "TARZAN BOY" (1985) - DAS SELVAS PARA AS DISCOTECAS
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-RIKARDO ROCHA
Video Oficial: Baltimora - "Tarzan Boy" (1985)
Letra: Naimy Hackett
Arranjos: Maurizio Bassi
O refrão de "Tarzan Boy" é literalmente o grito do mitológico personagem Tarzan, e essa é uma das ítalos mais cativantes que eu já ouvi em toda minha vida! Preste atenção na energia positiva que esse som nos proporciona, um astral elevado que ainda mexe com as nossas emoções - mesmo depois de quase quatro décadas após o seu lançamento!!
Solicito também que concentre-se na guitarra, no sintetizador e no baixo, e veja como eles parecem ganhar vida própria já na sua fantástica introdução! Não tem como não se mexer... pelo menos os ombros, ah, você vai!!
O que me chama muito a atenção em "Tarzan Boy" é a produção. Cada instrumento em seu devido lugar, tudo tocando em harmonia. Os grooves parecem entrar em nossas mentes com antecedência, pois automaticamente já sabemos que eles irão se manifestar depois daquela parte vocal favorita, ou depois do contagiante refrão. No meu caso, o momento favorito é quando o vocalista se expressa: "Night to night, Gimme the other, gimme the other, Chance tonight, Oh yeaah!!", com o destaque mais uma vez para os sintetizadores... Ahh, como são mágicos!
O NASCIMENTO DO FENÔMENO "TARZAN BOY"
"Aqui você não vai sentir falta da sua casa,
Aproveite a chance,
Deixe tudo para trás,
Venha à selva e junte-se a mim!"
"Tarzan Boy" foi lançada originalmente em alguns países no ano de 1984, mas foi em 1985 que conseguiu se destacar mundialmente, inclusive aqui em nosso país, a terra do samba e da bossa nova. Esse hino italiano foi tocado em muitas discotecas, festas de casamentos (eu era criança, mas me lembro), foi trilha sonora de uma novela global chamada "De Quina Pra Lua" (1985/1986), e também se tornou uma música de abertura do famoso "Perdidos Na Noite" (programa de TV muito conhecido dos anos 80, e que tinha o Faustão como apresentador).
Essa animada faixa foi o single de estreia do italianíssimo Baltimora, que muita gente nos anos 80 acreditava ser uma banda musical de New Wave americana, mas na verdade era um simples projeto produzido pelo compositor, arranjador e produtor milanês Maurizio Bassi.
Maurizio Bassi, o criador do projeto Baltimora
O time robusto desse espetacular projeto foi composto por Maurizio Bassi (teclados e produção executiva), Giorgio Cocilovo (guitarra principal), Claudio Bazzari (guitarra rítmica), Pier Michelatti (baixo), Gabriele Melotti (bateria), Naimy Hackett (compositora) e Jimmy McShane (performer).
Esse último integrante citado era ojovem desinibido e expansivo que aparecia nos shows, vídeos e capas dos discos. Seu nome real era James Harry McShane, um dançarino contratado apenas para dublar e fazer as performances de "Tarzan Boy", embora que, alguns de seus fãs ainda insistem em dizer que ele fazia também os backing vocals para as produções do Baltimora (fãs fazem de tudo para aliviar a barra de seus ídolos, né?).
Além de ser o cabeça (líder intelectual) do Baltimora, Maurizio Bassi foi, ao que se acredita, um dos vocalistas do mega-hit "Tarzan Boy". Quanto àNaimy Hackett -uma cantora e compositora americana - foi ela que colaborou na escrita da letra. Naimy escreveu a letra de "Tarzan Boy" e Maurizio preparou os arranjos... quando eles mal sabiam que este se tornaria um dos maiores hinos dos anos 80.
Maurizio Bassi era também Mau Bassi, além de cantar em outros grupos, como em sua banda Roger B. Band
Um fato interessante, é que Maurizio Bassi já era um cantor de dezenas de músicas na Itália, porém, nunca conseguia se destacar nos charts. No início de 1981, o músico se lançou como cantor novamente, agora sob o pseudônimo de Mau Bassi, e mais uma vez falhou e não trouxe aquele "impacto" à plateia. Então, em 1984, Maurizio Bassi - já "calejado" - conseguiu criar uma melodia harmoniosa e promissora em sua cabeça, mas faltava-lhe ainda uma letra para acompanhá-la.
Inspirado, foi aí que ele contratou a autora Naimy Hackett, que em suas palavras escritas deu vida à um jovem Tarzan que buscava sobreviver na selva, e ainda convidava outras pessoas a viver com ele em suas aventuras. Maurizio achou o resultado espetacular, então gravou a "demo" com sua voz.
O que poucos sabem, é que o italiano da cidade de Rimini, Silvio "Silver" Pozzoli, também colocou os seus vocais para essa fenomenal canção. Se você conhece o clássico de Den Harrow - "Mad Desire" (1985) e o seu trabalho solo Silver Pozzoli - "Step By Step" (1985) irá sentir essa mesma familiaridade vocal no hit "Tarzan Boy", visto que ambas as canções foram cantadas oficialmente por Mr. Pozzoli.
Silver Pozzoli: Uma das vozes mais imponentes da Italo Disco
Outra coincidência, é que "Mad Desire" e "Step By Step" também foram compostas por Naimy Hackett, ou seja, a mesma compositora por trás de "Tarzan Boy" (1985), denunciando que Pozzoli e Hackett já estiveram juntos em outras parcerias naquele mesmo período.
Sobre o que foi mencionado a respeito do modelo Jimmy McShane, ele realmente proporcionou apenas a sua dança, sincronização labial e imagem nas apresentações do Baltimora. É um assunto muito discutido na internet, embora muitas páginas ainda se sentem solidárias ao dançarino (que teve uma vida bem dramática), então atribuem à ele a função de "cantor" ou de "backing vocal", mas "Tarzan Boy" é uma mistura das vozes de Maurizio Bassi e Silvio Pozzoli (uma das maiores lendas da Italo Disco dos anos 80 e um competente backing vocal para muitos artistas).
Os verdadeiros donos das vozes que ouvimos em "Tarzan Boy"
Quanto a Maurizio Bassi ser o vocalista em "Tarzan Boy", você poderá verificar sua legitimidade vocal em outros trabalhos musicais, como os vídeos postados abaixo. Mas na minha humilde opinião, tem mais características vocais de Silvio Pozzoli em "Tarzan Boy" que de seu idealizador. Eu diria que Pozzoli foi o cantor principal e Bassi fez a voz de fundo, mas não quero me comprometer com achismos… É complexo estabelecer uma ordem sequencial desses fatos. Pode ser considerado também que, talvez a demo original da música foi gravada somente com a voz de Bassi, e depois foi regravada com o apoio vocal de Silvio Pozzoli a pedido da gravadora (como aconteceu também com o Connie Nice - "Dancing In The Night").
Roger B. Band - "Love Is The Air" (John Paul Young Cover)
Sobre os vocais de Silvio Pozzoli, você poderá reconhecê-lo em diversas músicas espalhadas em projetos italianos, como Silver Pozzoli,Club House, Silver, Billy'S Gang, I Cavalieri Di Silverland, Den Harrow ("Mad Desire"), entre outros variados. E o melhor de tudo, é que Pozzoli regravou "Tarzan Boy" e o relançou em 2009 sob o seu nome solo "Silver Pozzoli". Ouça e sinta a sua voz! (Embora ele nunca tenha confirmado isso oficialmente)
Silver Pozzoli - "Tarzan Boy" (2009)
E se você prefere assistir lives reais de seus artistas favoritos, recomendo que veja esses registros abaixo onde Pozzoli canta "Tarzan Boy" nos palcos, totalmente ao vivo, igualmente como fez Annerley Gordon com o mega-hit "Saturday Night" mais recentemente:
Silver Pozzoli ao vivo cantando "Tarzan Boy" - Créditos do Vídeo: GIOVANISTESI
Aqui, Mr. Pozzoli se junta com Eddy Huntington (outro ícone da Italo Disco) e cantam "Tarzan Boy" em 08 de novembro de 2008 - Créditos do Vídeo: GrethaSolina
Só lembrando que Annerley nunca mencionou nada sobre ser a cantora real do Whigfield, assim como Silvio Pozzoli também nunca comentou o seu envolvimento em "Tarzan Boy".
Esse tipo de atitude (ou melhor: falta de atitude) é muito natural porque esses projetos NÃO pertencem à estes artistas… Soaria antiprofissional e antiético, se divulgassem à todos que essas músicas foram gravadas originalmente com suas vozes. Sem falar na sensação que causaria nas demais pessoas, de que querem se autopromover em cima dos produtores, os verdadeiros "chefões" que detém legalmente os direitos dessas marcas. Resumidamente: Os cantores foram remunerados para exercer um trabalho, gravaram, fizeram o que estava no contrato, e acabou.
Por este motivo, muitos segredos acabam ficando mantidos apenas nos backstages, pois a outra parte é quem determina o que deve ser revelado. Estes cantores não podem sair por aí, comentando sobre um projeto sem a devida aprovação de seu detentor legal. Por isso, em sã consciência existe o silêncio dessa classe, pois ninguém quer ser aborrecido com a lei e enfrentar na justiça alguns processos de indenização.
De qualquer forma, alguns fãs mais assíduos da Italo Disco já tem essas informações secretas há anos, e agora, você - estimado leitor - também sabe de quem são os verdadeiros vocais em "Tarzan Boy".
E se você pensa que o mérito dessa descoberta é meu, engano seu! Há poucas páginas italianas que indicam que Silvio Pozzoli é o vocalista do Baltimora (a maioria cita apenas Maurizio Bassi), mas você pode encontrar facilmente estas informações… Veja abaixo, algumas das fontes que expõem o nome do artista:
"Tarzan Boy" de Baltimora, foi cantado por Silver Pozzoli, vendeu milhões de discos (inclusive nos EUA), mas o frontman foi o falecido Jimmy McShane." - Site: decadancebook.wordpress.com Data da publicação: 16 de abril de 2016.
“Pozzoli também cantou com Baltimora, Raf, Eros Ramazzotti e Edoardo Bennato” - Site: chartsurfer.de (Sem data de publicação disponível, mas é um site antigo fundado em 28/03/2003). Essas são só algumas das minhas referências, tenho outras e se alguém quiser, é só pedir.
Vinil "Tarzan Boy" de Baltimora - Edição brasileira lançada em 1985
Perceba que a 1ª tiragem do single de "Tarzan Boy" não nos mostra nenhum "artista real" em sua capa, apenas exibe um desenho simples para representar o projeto; inclusive, uma ocorrência que se tornaria bem rotineira nos anos 90 em diversas outras farsas da música europeia, como o Corona - "The Rhythm Of The Night", Randy Bush- "Sounds Like a Melody", Whigfield - "Saturday Night", Mr. President - "M.M", e etc.
Isso ocorria porque, na época, os produtores não imaginavam que suas músicas fossem ganhar tamanha projeção, então faziam um lançamento quase que "insignificante" para seus produtos. Para a surpresa desses músicos, muitas dessas faixas se transformavam em verdadeiros hits mundiais... e consequentemente as gravadoras tinham que correr atrás de um rosto para representar estes seus sucessos, já que a maioria dos cantores originais apenas trabalhavam como "freelancer's" de variados estúdios.
Os frequentadores das noites, já curiosos, clamavam por mais informações sobre o Baltimora... "Quem é ele?" e "Onde posso ver seus shows?", essas eram algumas das perguntas mais feitas pelos fãs naquele auge do projeto. E diante dessa situação, adivinhe quais foram os passos dados pelo produtor? Maurizio Bassi estava em busca de alguém que pudesse cativar o público visualmente, então, ele praticou o ato que a música Euro-pop sabe fazer muito bem: Inserir um modelo para atuar no projeto!
Modelos em alta na Itália: Jimmy McShane ao lado de Stefano Zandri (do projeto Den Harrow), dois rostos que não cantavam, mas que davam o visual que o público queria ver
A alegre e empolgante "Tarzan Boy" precisaria de alguém bem articulado e que definitivamente soubesse dançar, e não alguém que fosse parecido com um corretor da bolsa de valores (como o formal Maurizio Bassi lembrava bastante). Bom, pelo menos essa foi a maneira de pensar do produtor, num propósito de vender o seu produto ao público.
E assim surgiu o dançarino Jimmy McShane ao projeto Baltimora, sendo o frontman (ou se preferir, "performer") e com o intuito de fazer as promoções, turnês, videos e, quem sabe, aumentar ainda mais a fama de "Tarzan Boy"...
JIMMY MCSHANE
"TARZAN BOY": IMAGEM DE UM, TALENTOS VOCAIS DE OUTROS
Inicialmente "Tarzan Boy" estourou em países como a Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, Suécia, Holanda, Noruega e França; inclusive, ficou em primeiro lugar por cinco semanas consecutivas nas paradas francesas. Mas o sucesso estava apenas começando, e "Tarzan Boy" atravessaria ainda muitas outras fronteiras...
Logo "Tarzan Boy" chegou também no Reino Unido, onde atingiu o 3º lugar na principal parada britânica, ou seja, já era uma grande febre nas rádios e discotecas por toda a Europa!!!
Quanto a continuidade do sucesso do Baltimora em outros continentes, isso realmente foi possível, visto que as performances do modelo pelas emissoras de TV se tornaram numa grande vitrine para "Tarzan Boy".
Em 1986, o single obteve reconhecimento também nos EUA, onde esteve na Billboard Hot 100 por seis meses e atingindo a 13ª posição. Ainda nos EUA, a faixa conquistou a 6ª posição na "Hot Dance Music/Club Play" e a 12ª posição na "Hot Dance Music/Maxi-Singles Sales".
Baltimora era Jimmy McShane (para o público)
Com essa popularidade em alta, o projeto italiano esteve ainda num programa de TV americano chamado "American Bandstand", nesse mesmo ano de 1986.
Entrevistado pelo apresentador Dick Clark, Jimmy McShane explicou ao público americano como se tornou um "cantor", falou sobre as gravações na Itália e deu alguns detalhes sobre o álbum "Living in the Background", recém lançado nos EUA.
Tudo isso, é claro, sem deixar o público saber de toda a verdade, pois o efeito poderia ser devastador e o sucesso vir de maneira negativa, como ocorreu anos depois com o Milli Vanilli - a farsa mais famosa do mundo musical.
O sonho de virar uma estrela foi realizado, e embora não fosse a voz real nas músicas, Jimmy McShane dominava o palco com sua dança...
É hilariante citar também que, na época, já existia muitas teorias imbecis criadas pelo público conservador, então esse grupo começou a inventar uma história ridícula sobre "Tarzan Boy", especulando que havia uma intenção subliminar na letra da música. Devido ao fato de McShane ser gay, citavam que a "Tarzan Boy" era um convite aos homens para "irem à selva", e que nesse trecho o propósito da letra era transformar esses ouvintes em gays (!).
Entretanto, nada atrapalhou o sucesso de "Tarzan Boy", que conseguiu até um ótimo desempenho nos EUA (feito muito difícil de conquistar). O que os integrantes do Baltimora não sabiam, é que se tonariam também conhecidos por lá como um grupo "One Wonder Hit", pois não conseguiram repetir o mesmo êxito com nenhum outro single, embora na Europa o segundo trabalho "Woody Boogie" ganhou um notável sucesso, entrando no Top 20 da Alemanha, Suíça e Suécia.
A CURTA DISCOGRAFIA DO BALTIMORA
Apenas dois álbuns foram lançados oficialmente, e só o 1º álbum "Living In The Background" foi distribuído no Brasil.
Um fato estranho, é que estes álbuns não ganharam nenhuma edição oficial em CD, como se o produtor tivesse abandonado o projeto e não quisesse colher mais frutos nenhum com o Baltimora.
O Baltimora lançou o seu primeiro álbum, "Living In The Background", no final de 1985 na Europa, e chegou aos Estados Unidos em 1986 - assim como no Brasil (aqui saiu pelo extinto selo Itaipu - EMI).
E apesar da enorme notoriedade que conseguiram com o single "Tarzan Boy", infelizmente este 1º álbum só se tornou bem vendido em alguns países europeus. Foi distribuído ainda um terceiro single, a faixa que dava título ao álbum,mas não chamou tanto a atenção do público.
No ano seguinte, em 1987, o Baltimora resolveu reaparecer com um segundo álbum intitulado de "Survivor In Love", mas foi um grande fracasso de vendas e responsável por fazer Maurizio Bassi a desistir do projeto. Uma curiosidade sobre a música "Survivor In Love", é que esta contem créditos ao dançarino Jimmy McShane como compositor, sendo ainda uma faixa pouco conhecida do público. Desta nova safra, somente o single "Key Key Karimba" conseguiu entrar no Top 100 de alguns países e obtendo números bem abaixo da expectativa.
Um norte-irlandês cantando com sotaque italiano?
Mais um golpe musical... Cai quem quer!
O projeto Baltimora então foi finalizado precocemente, com apenas 3 anos de existência, mas ainda sobrevive nas mãos de inúmeros produtores, DJs, cantores e fãs que recriam e regravam o seu maior sucesso. Por exemplo, em 1993 foi lançado um remix de "Tarzan Boy" que levou o Baltimora de volta à Billboard Hot 100, mais precisamente em março de 1993, e pegando a 51ª posição. Esse grande clássico da Italo Disco também apareceu no longa-metragem "As Tartarugas Ninjas III" (1993) e depois ressurgiu em "Um Ninja da Pesada" (1997).
A canção foi regravada ainda por muitos artistas conhecidos, como Gazebo e Ken Laszlo, outros dois ícones da Italo Disco, assim como foi refeita também pelo ex-astro da Eurodance, o DJ Bobo. Este último, praticamente abandonou o estilo que o projetou nos anos 90 e nos trouxe uma versão fraca no pavoroso estilo reggaeton. Resumindo: Faça um bem para você mesmo e fuja dessa versão "boba"!
Já a italiana Laura Pausini cantou "Tarzan Boy" em seus shows, num medley só com os clássicos da música italiana (em 2012). Enfim, é imensa a lista de cantores que fizeram, e que ainda continuam fazendo covers desse imortal hino das discotecas...
Ken Laszlo - "Tarzan Boy"
Segue abaixo uma pequena lista com algumas diferentes releituras de eurodance para "Tarzan Boy":
Lawrence - "Tarzan Boy" (1996): Projeto italiano de italodance da fenomenal S.A.I.F.A.M.;
The Jungle Groover Featuring Mr. Z – "Tarzan Boy '99": Projeto holandês que mistura batidas e vocais ragga com Dance Music;
Amazonia – "Tarzan Boy" (2012): Projeto britânico da sempre competente Almighty Records;
One Hito – "Tarzan Boy" (1992): Mais um projeto italiano fazendo uma versão para esse clássico dos anos 80, dessa vez, lançado pela conhecida DigIt;
Bad Influence Feat. Dyce – "Tarzan Boy" (2008): Projeto sueco com uma versão eletro do mega-hit italiano;
Denise Lopez – "Tarzan Boy" (2005): Com pitadas de trance (é claro, olha só o ano desse lançamento), aqui temos mais uma versão dos suecos para "Tarzan Boy"...
Flipper – "Tarzan Boy" (1999): É, os suecos fizeram muitas versões para "Tarzan Boy"... E aqui temos uma releitura na onda do Aqua e Vengaboys;
Bandido – "Tarzan Boy" (2009): Abrimos com a S.A.I.F.A.M e fechamos novamente com eles... O projeto Bandido teve alguns hits nos anos 90, e em 2009 lançou também um remake para esse grandioso clássico italiano.
Eu ganhei uma coletânea em 2000 chamada "15 HITS" de um querido amigo chamado André Luís Green (Descanse em Paz), que tinha essa brilhante música em seu repertório ao lado de outras joias, como "Safety Dance" do Men Without Hats, "Another Brick In The Wall" do Pink Floyd, "Boys" da Sabrina, P. Lion - "Happy Children", entre outras tracks que eu e meus amigos amávamos ouvir. E "Tarzan Boy" era, com certeza, uma das nossas faixas mais ouvidas! Se alguém tiver esse CD e puder enviar-me o link para baixar, eu ficaria muito grato e emocionado... Não era um produto oficial, era criado por algum fã de música internacional, assim como aquela outra compilação famosa da mesma época: "Alternativo 2000". Será que mais alguém se lembra desse CD fan-made? (Espero que sim...)
Como vocês podem notar, "Tarzan Boy" do Baltimora é uma das Italos mais bem sucedidas de todos os tempos... e a sua história não fica por aí, muito pelo contrário, continua a encantar várias pessoas da nova geração.
Jungle Boy
Num desses casos, temos um dos lutadores de Luta Livre mais promissores da atualidade, Jungle Boy, que faz questão de usar a atemporal "Tarzan Boy" em todas as suas entradas aos ringues.
E devido a essa exposição dada pelo lutador americano, de apenas 24 anos, muitas pessoas surgem nos vídeos do Baltimora e comentam que se tornaram fãs da música assistindo as lutas de Jungle Boy. Extraordinário o poder desse sucesso, não é mesmo?
Go Jungle Boy!!!
NÃO DEIXE DE VER: O lutador de 24 anos, Jungle Boy, e o seu grande tema "Tarzan Boy"
Mas, apesar de todas essas conquistas e da diversão que a música nos trouxe, há ainda uma história muito triste por trás do rosto do Baltimora...
O DECLÍNIO E O FIM
Jimmy McShane nasceu em Derry, na Irlanda do Norte, no dia 23 de Maio de 1957 e morreu em 29 de março de 1995, com apenas 37 anos de idade.
A família McShane era muito simples e de tradições muito rígidas, então o garoto teve que lidar com suas diferenças logo cedo, e começando essa batalha dentro da própria casa.
Quando criança, Jimmy já gostava do palco, de dançar, de se vestir exoticamente, e também sabia que existia algo nele que o diferenciava dos demais garotos.
Jimmy McShane se descobriu gay ainda bem jovem, mas quando resolveu se assumir perante a família teve que enfrentar a rigidez de seu pai, que o excluiu severamente. Apesar de todo o preconceito que sofreu entre familiares e vizinhos, Jimmy continuava com suas danças e com seu estilo de se vestir.
Devido ao talento na dança e pelo seu visual fashion, ele ainda conseguiu integrar a equipe de dançarinos da cantora Dee D. Jackson (por um curto período), e esteve na turnê da cantora pela Itália, em 1984.
"AE BALTIMORÃO", "O SOM DA NOITE", "AS BALADAS"
Jimmy McShane
Ele também foi um enfermeiro / paramédico, mas gostava mesmo é de estar nos palcos
Nessa sua viagem à Itália, Jimmy McShane conheceu a cidade de Milão e decidiu que queria morar por lá, não demorando muito para que se "esbarrasse" com o produtor italiano Maurizio Bassi.
Tudo o que queria para o seu projeto, Maurizio Bassi encontrou no jovem norte-irlandês, como a sua visível desenvoltura, o seu visual sempre brilhante e o indiscutível talento na dança, transformando-o então, na grande estrela do Baltimora (o maior acontecimento de sua curta vida).
Após ao rápido sucesso que obteve, Jimmy McShame também viu o "seu" projeto Baltimora ser finalizado pela gravadora, e consequentemente a isso, o artista não "gravou" mais nenhum disco e não trabalhou para nenhum outro produtor, ou gravadora.
Logo, a pergunta mais lógica que deve ser feita pelos fãs é a seguinte: Por que Jimmy McShane optou pelo silêncio, após ao término do Baltimora? Por que ele parou de gravar discos, se existem outras milhares de gravadoras e produtores dispostos a assinarem contrato com quem cantou um dos maiores hits dos anos 80?
Bom, o caso dele era diferente dos demais cantores, né? Afinal, o jovem norte-irlandês não era o vocalista verdadeiro, e somente isso já nos basta para entender a sua não continuidade na música.
Embora Jimmy McShane fosse carismático e expressivo nas danças, vamos combinar que isso não era o suficiente para que ele se mantivesse no cenário musical.
DANÇA, DOENÇA E MORTE
Jimmy McShane: Após o encerramento do projeto Baltimora
Depois de ficar um bom tempo longe das notícias, Jimmy McShane foi diagnosticado com AIDS em Milão, no ano de 1994. Poucos meses depois, o dançarino retornou para a Irlanda do Norte, seu país natal, com a intenção de passar os seus últimos dias de vida. Jimmy McShane voltou então a morar com seus pais, na antiga casa onde passou a sua infância, e onde voltou a sofrer preconceito da população local - sendo até espancado brutalmente por um grupo de homofobicos (!).
Jimmy McShane acabou falecendo de pneumonia em 29 de março de 1995, num leito de hospital, sozinho e esquecido até pelos supostos amigos.
Seu irmão informou recentemente ao site Derry Journal que Jimmy ligava para a polícia só para ter alguém com quem conversar, e agradeceu à essa pessoa que o ouvia pacientemente em seus últimos dias de vida. Link: aqui.
Um outro representante da família emitiu a seguinte declaração, após sua morte: "Ele enfrentou sua doença com coragem e morreu com grande dignidade."
Jimmy McShane faleceu por complicações da AIDS, em 1995
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Expecto que o espírito do dançarino Jimmy McShane esteja num lugar cheio de paz, com muito brilho, e acompanhado de excelentes faixas da Italo Disco - para que possa dançar majestosamente como sempre fez em vida.
Quanto a ter um único hit mundial, o Baltimora tem outras músicas incríveis e que merecem maiores reconhecimentos pelos fãs do gênero, como "Chinese Restaurant", "Woody Boogie", "Juke Box Boy", "Livin In The Background", "Key Key Karimba","Survivor In Love", e etc.
Não deixe de conhecê-las!!
Maurizio Bassi
Já Maurizio Bassi, o verdadeiro cantor e produtor do Baltimora, é um sujeito muito discreto e não há informações atuais sobre ele. Há esse perfil no instagram que acredito ser dele (o nariz é bem parecido), embora sem atualizações desde 2017.
Referente à Silvio Pozzoli, ele é bem mais ativo, realiza shows regularmente (vide videos acima) e também atualiza suas novidades aos fãs pelas redes sociais, como o instragam (link).
Silvio Pozzoli atualmente (foto de 2020)
E apesar desses cantores nunca terem aparecido frente ao Baltimora, e de nos sentirmos "enganados" perante a essa questão, “Tarzan Boy” continua sendo um verdadeiro bálsamo para nossos ouvidos até os dias atuais. Pérola melódica e consagrada que se sobressai em qualquer resquício de frustração ou decepção.
RIP JIMMY MCSHANE (*23/05/1957 +29/03/1995)
RIP ANDRÉ LUIS GREEN (*17/06/1985 +29/09/2019)
Obs.: Todas as fontes foram citadas, inclusive os links também foram inseridos. Caso surgir dúvidas nas informações sobre os vocalistas e afins, contate os responsáveis pelas informações originais;
Embora tenha analisado as duas vozes, e tenha ficado de acordo sobre os cantores de “Tarzan Boy” serem Maurizio Bassi e Silvio Pozzoli (principalmente este último, que é uma das vozes mais predominantes da Italo), todos os créditos eu deixo atribuídos a essas páginas linkadas;
Todo o texto foi elaborado e escrito por mim, Rikardo Rocha, assim como as edições feitas nos vídeos e imagens.