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sexta-feira, 10 de setembro de 2021

CANTORA GALA DE "FREED FROM DESIRE" E "COME INTO MY LIFE"



Olá amigos da Dance Music! Estamos aqui nesse espaço novamente para homenagear mais um importante artista do nosso mais amado gênero musical... E digo mais, pode passar 10, 20, 30, 40 anos...mas seguiremos fãs inveterados do estilo!

Hoje falaremos brevemente sobre uma cantora que é mais que especial: GALA RIZZATTO!!


Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

GALA: Os anos 90 te convidaram para "entrar na vida" da Gala, e assim, você conheceu os seus maiores hinos da Dance Music!

A primeira vez que tive o privilégio de ouvir a voz da Gala foi no início de 1997, quando o DJ tocou uma música sua numa festinha (que rolou na Escola Gandra - Jundiaí-SP). Era a fenomenal "Freed From Desire" (1996), que tomou de assalto todas as rádios e clubs do Brasil nos meses seguintes. 

Nesse momento de absorção, achei aquela sonoridade interessantíssima, e assim como a revista DJ Sound descreveu na coluna 'Dance Floor', me remeteu muito ao estilo de cantar de Eartha Kitt - "Where's My Man", que havia se consagrado nas pistas uns 2 anos antes:


Indicação de Gala - "Freed From Desire" em março de 1997, na coluna "Dance Floor" da revista DJ Sound. A música estreou nos night-clubs em janeiro de 1997

Eartha Kitt com o seu clássico "Where Is My Man" (versão 1994)


Gala Rizzatto é o nome dessa famosa cantora que nasceu na metrópole moderna da Itália - Milão, no dia 06 de Setembro de 1975. Com apenas 16 anos ela rodou pela Europa estudando os diversos tipos de culturas, como fazendo dança flamenca na Espanha e fotografia em Londres; mas foi voltando à Itália que ela recebeu o seu verdadeiro chamado da vida: fazer música.

Devido ao curso de fotografia que fez em Londres (se especializando ainda em Nova York), a bela milanesa de olhos azuis passou a atuar como uma fotógrafa profissional, até que conheceu uma dupla de produtores mais que prestigiada e talentosa... E o resultado disso, todos vocês já sabem...

Esses músicos eram ninguém mais que DJ Molella e Phil Jay, que trabalharam com a vocalista em 1995 na empolgante "Everyone Has Inside". Sim, esse na verdade foi o primeiro single oficial da Gala:


Indicação do single Gala - "Everyone Has Inside" em julho de 1997, na coluna "Dance Floor" da revista DJ Sound.

Gala - "Everyone Has Inside" (1995)
Infelizmente, a música não ganhou um video oficial


Muitos fãs de eurodance (das antigas) se perguntam: "Mas, espera aí... essa música não é de 1997?"

Então meus amigos, originalmente "Everyone Has Inside" é de 1995 e foi lançada inicialmente apenas na Itália... Mas quando "Freed From Desire" bombou no mundo todo, então a tal canção "incompreendida" ganhou um relançamento mundial em 1997. Foi uma estratégia bem pensada, afinal, agora Gala era um fenômeno no mundo todo... portanto, havia também uma nova chance de mostrar o potencial de "Everyone Has Inside" ao público, agora mais maleável e rendido ao sucesso de Gala.

Consequentemente a isso, a gravadora Paradoxx resgatou para nós essa primeira gravação da artista, tornando-se bastante tocada em 1997, ao lado de "Freed From Desire" e "Let A Boy Cry" - que pensávamos ser antecessoras de "Everyone Has Inside".


Créditos da foto: Instagram oficial da Gala


A própria Gala disse à DJ Sound, na edição de Nº77 - Junho de 1997: 

"Minha aventura começou em 1995, quando DJ Molella e Phil Jay me apresentaram uma produção que faltava apenas a inserção de vocais. A música era 'Everyone Has Inside' e foi lançada pelo selo Nitelite", Gala relembrou isso numa época que a música citada nem era ainda muito conhecida no Brasil, apenas conhecíamos "Freed From Desire" e "Let A Boy Cry" (sua nova arrasa-quarteirões).

Gala ainda concluiu: "Na verdade tudo começou quando Molella me encontrou num estúdio fotográfico, onde fui procurada para fazer apenas o trabalho de fotos para a capa do seu álbum que ele estaria lançando na Itália: 'Originale+Radicale+Musicale'. De um papo informal veio o convite...e topei a experiência".

Gala - que só iria fazer o trabalho visual - acabou gravando a primeira faixa desse disco de Molella, intitulada como "XS". Confira esse resultado:


Molella - "XS" (1995)
Infelizmente, a música não ganhou um video oficial

Esse álbum de Molella teve a produção da maravilhosa Time Records, e contava ainda com o mago Giacomo Maiolini - como produtor executivo. Reparem na linha de teclados e em toda a sua produção que nos lembram outros singles da casa, como "Burning Up" da também italiana Taleesa, uma faixa lançada no mesmo ano. É exatamente a mesma equipe que trabalhou por trás do som popular da Taleesa, como a conhecidíssima dupla Giuliano Sacchetto e Giuliano Trivelatto.

"XS" e "Everyone Has Inside" foram as primeiras gravações de Gala, embora só a última conseguiu algum sucesso mundial. Seu single solo "Everyone Has Inside" também marcou por ser a primeira produção do selo Nitelite, e em seu vinil consta o enunciado: "Deixe-me apresentar à vocês a primeira produção da Nitelite!". 

Acho trágico que, na época, poucos deram o devido valor para a música, mesmo ela sendo ótima e promissora. O que faltou para "Everyone Has Inside" fazer o merecido sucesso e obter a aceitação que conseguiu dois anos depois? Teria sido, a cantora Gala, subestimada pela indústria por ser uma artista novata?


GALA -"FREED FROM DESIRE" 
ESSE SINGLE ESTÁ COMPLETANDO 25 ANOS E CONTINUA ATUAL COMO NUNCA!


A parceria da cantora com Molella e Phil Jay apenas se consagraria de vez em 1996, com o lançamento do single seguinte: "Freed From Desire". Gala ainda se mostrou uma ótima compositora nesse novo trabalho, que a propósito, explodiu nos charts mundiais rapidamente. 

"Freed From Desire" saiu em single em junho de 1996 e atingiu o topo das paradas da Itália, França, Inglaterra, Bélgica, Holanda, Alemanha, Grécia e, claro, no Brasil. 

No instagram, Gala falou a respeito da capa do vinil deste seu primeiro grande sucesso: "Eu estava estudando fotografia na Tisch School Of The Arts em NY, esse foi um autorretrato que eu mesma fiz. O filme teve apenas 16 fotos! Escolhi esta foto para ser a capa do single, porque, por acaso, o policial saiu nela e olhou para a câmera ..." - Gala Rizzatto (Fonte: Instagram oficial da Gala)

Por aqui, a versão de "Freed From Desire" que saiu nas coletâneas e que tocou nas rádios entre a "playboyzada" era a avassaladora "The Soundlovers Remix", que possui batidas extremamente fortes e uma atmosfera especial que só vai crescendo, e de repente, quando parece que vai morrer… entra novamente o beat e o baixo... Que delírio! Para mim é a melhor versão! (embora eu também goste da que está no vídeo oficial)

Até hoje, "Freed From Desire" é uma das músicas mais lembradas da carreira da Gala, e muito tocada nos estádios de futebol como aconteceu na "Copa do Mundo" de 2018, onde eu me deparei com uma grande torcida vibrando ao som do hit em plena TV Globo (Gala sempre se orgulha disso e publica em suas redes sociais). 

Na verdade, os brasileiros não tem muito a dimensão dessa grandiosidade, mas "Freed From Desire" virou um verdadeiro hino na Europa, tão grande e popular que não só toca nos estádios de futebol, como nas paradas LGBTQI+, nas marchas pelos direitos feministas, protestos contra a violência, passeatas... Enfim, não existe um público definido, apenas vibram em vários eventos. Eu vejo que há muitas músicas específicas para determinadas comunidades, mas "Freed From Desire" vai além e abrange a todos, não é destinada apenas para um nicho... Simplesmente funciona para vários grupos! É o poder de uma música que já chegou ao seu 25º aniversário e que continua emocionando mais que muitos lançamentos por aí...


Gala divulgou esse vídeo em seu instagram e comentou a respeito da força dessa canção - que já é um HINO -  "Freed From Desire" (1996):

"Estou postando esse vídeo depois de ver uma entrevista com um dos meus artistas favoritos - NINA SIMONE - sobre a definição de um artista, que é ser alguém que deve "refletir nos tempos". Eu estou honrada em ver que minhas letras e minha música ainda são relevantes ao longo dos últimos anos em esportes, marchas feministas, eventos lgbtq..."  - Gala Rizzatto (Fonte: Instagram oficial da Gala)

Gala fala sobre "Freed From Desire", um hit que ainda continua vivo na boca do público!


"DEIXE O MENINO CHORAR"

Eis que em janeiro de 1997, é lançada na Itália uma de suas mais queridas canções: "Let A Boy Cry". Sem trocadilhos, mas essa é realmente de fazer chorar! Que produção fantástica... Minha favorita da Gala, onde ela mais uma vez ataca de compositora!

Este seu 3º single tornou-se uma nova sensação nas danceterias e rádios de todo o Brasil ainda no 1º semestre de 1997, embora seu furor permaneceu resistente até o final deste ano. 

Na época, Gala ainda descreveu um pouco essa sua obra e tentou passar o seu significado... Leia mais abaixo: 


Indicação do single Gala - "Let A Boy Cry" em maio de 1997, na coluna "Dance Floor" da revista DJ Sound.

Gala - "Let A Boy Cry" (1997)

"A melodia um pouco mais lenta e até melancólica traduz um pouco do que penso na educação dos meninos e meninas. Esse negócio de que meninos não podem chorar é uma estupidez. A emoção tem que estar viva no indivíduo desde a infância". - Gala Rizzatto (Fonte: Revista DJ Sound Nº 80)

Gala co-dirigiu o video de "Let A Boy Cry" em 1996, com Philippe Antonello. Esse belo registro ainda teve uma colaboração muito importante, a do diretor de fotografia Luca Bigazzi, que obteve o seu reconhecimento no filme vencedor do Oscar "A Grande Beleza", de 2013 (Melhor Filme Estrangeiro).

No video, Gala introduz alguns temas que são polêmicos hoje em dia, imaginem então como não foi confuso para quem assistia a MTV, nos anos 90? Temas como binário, não binário e queer, hoje "estão na moda" e super discutidos no twitter ou facebook, mas Gala entregou isso para a sociedade lá em 1996, antes de qualquer pessoa pública se arriscar a falar sobre. Segundo ela, na época era obcecada por esses assuntos e tentou se expressar sobre os papéis de gênero que ela via na sociedade. Gala diz ainda que até hoje recebe mensagens de diversas pessoas do mundo, que dizem que "Let A Boy Cry" mudou suas vidas. Sem dúvidas, uma mulher a frente de nosso tempo.

É meus queridos, nesse começo de carreira da Gala, já sentíamos algo de diferente emergindo sobre essa grandiosa vocalista-compositora. Existiam diversos projetos na Dance Music, mas ali existia uma verdadeira artista e conseguíamos distinguir isso naturalmente, sem muitas explicações. 

Gala não era descartável como muitos nomes da cena Dance, que apenas preenchiam diversas coletâneas de CDs. Isso era notório... até quem era pré-adolescente e não entendia muito do assunto, conseguia captar todo esse seu diferencial.


GALA - CHOREM MAIS


Gala gostava de passar uma mensagem ao público, de mostrar concepções, ideias e de atingir a faculdade intelectiva das pessoas em seus trabalhos musicais. Gala não queria ser apenas mais um mero produto da indústria. 

A nova estrela da Dance Music ainda deixava claro que gostava da discrição, que o importante não era ter uma vida badalada e cheia de luxos... Seu objetivo estava longe de ser apenas uma imagem atraente (embora fosse, e ainda é, muito bonita). Gala se preocupava em apresentar alguma mensagem ao seu público, e isso bastava para ela.

"Tome como exemplo, na Itália, quase ninguém me reconhece nas ruas, mesmo com os clipes... Neste mercado, a massificação do visual não é tão importante para mim. É até indiferente, pois mesmo sem uma imagem estabelecida acho que já estou escrevendo o meu nome em parte da história." - Gala Rizzatto (Fonte: Revista DJ Sound - Nº 80)

Então os amantes da Dance Music começaram a traduzir melhor essa fascinante figura, e perceberam ainda que o modo de pensar da cantora era totalmente o oposto dos produtores, que sempre prezaram pela imagem em seus projetos. Vejam só, casos de produtos pré-fabricados e forjados, como Whigfield, Corona, Randy Bush, Technotronic, Fun Factory... Gala era completamente o oposto dessa turma toda, e creio que se sentia até um peixe fora d'água quando retratada como uma "cantora de eurodance".

Sobre a música "Freed From Desire", ela disse à revista DJ Sound (Nº 80 - Setembro de 1997) que as pessoas nem se importaram com a mensagem que ela quis passar:


Gala - "Freed From Desire" (Legendado)

"As pessoas no estúdio nem ligaram para a mensagem da letra de 'Freed From Desire'. O que importava para elas era apenas a sonoridade da palavra 'desire' (desejo). Mas na letra, ao contrário do que possa parecer, já que é muito frequente na Dance Music, não falo do desejo físico ou pessoal, mas do crescente desejo de posse que as pessoas tem na nossa sociedade. Percebo que, quanto mais coisas possuímos na vida, mais queremos possuir... Daí a importância de ser feliz com o estritamente necessário. É um pensamento budista, algo que estudei muito. Tudo que escrevo, aliás, vem das minhas leituras. Adoro poesias e biografias. Quando se ouve ou se dança 'Freed From Desire', sem prestar atenção na letra, pode-se pensar que se trata de uma canção ‘Dance’ como outra qualquer."  - Gala Rizzatto (Fonte: Revista DJ Sound Nº 80)

Creio também que, a partir daí Gala percebeu que a Dance Music não combinava muito com o seu estilo de fazer arte, pois é um gênero conhecido mais por fazer as pessoas dançarem, e não por fazê-las pensar / refletir. E as pessoas, incluindo os produtores, não estavam preocupadas com nenhuma mensagem.


Disco de Ouro no Reino Unido para "Freed From Desire" - Uma consagração nas pistas, há 25 anos!


Gala sempre foi muito silenciosa em sua vida privada, então isso na época colaborou ainda com o surgimento de alguns boatos no show-business... 

Diante da ascensão de suas músicas, e da sua característica de não se expor, muitos jornalistas começaram a acreditar que a Gala havia...falecido! Tudo isso porque a cantora quase não falava nem com a equipe de sua gravadora, e para piorar, foi anunciada a morte de uma mulher que trabalhava no setor do entretenimento... e adivinhem... Ela também se chamava Gala! 

Os fãs desesperados começaram a pedir por informações à Do It Yourself (gravadora da cantora), mas quem havia falecido, na verdade, era uma apresentadora da MTV nos EUA... 

E além de ser inteligente, talentosa e bonita, Gala também era conhecida, nessa época, por ser uma pessoa "durona" e complicada de se conviver. No instagram e nas entrevistas ela parece ser bem diferente e gentil, mas a revista DJ Sound ainda escreveu: "Seus produtores contam que seu temperamento é díficil de lidar e que a mesma já abandonou algumas vezes o estúdio, irritada por mínimos detalhes."

Eita...eu me recuso a acreditar nisso. Gala, para mim, é só luz!


"Gala, Cadê o álbum?"


Nessa altura do campeonato, Gala também era muito cobrada para oferecer um álbum completo com todas as suas canções, então ela sempre falava que o material iria sair na hora certa, e que não estava preocupada com a rapidez do seu lançamento, mas sim com a qualidade dele. 

Gala, no meu ponto de vista inicial, tinha tudo para ser uma cantora de estúdio assim como tantas outras vocalistas do gênero 'dance', tais como Jenny B, Annerley Gordon, Melody Castelari, Sandra Chambers... pois elas simplesmente se sentiam mais confortáveis nos estúdios e não faziam questão de estar sob os holofotes. A única diferença de Gala com essas outras artistas, é que não a vejo sendo controlada por nenhum produtor e nem sendo remunerada para cantar qualquer coisa que lhe pedirem. Gala quer exprimir a sua verdadeira arte, não terceirizá-la... Imaginem só, por exemplo, alguém colocando uma modelo para dublar as músicas da Gala (??). Acho que ela jamais aceitaria isso.

"Me considero uma business girl, tanto é que a direção do vídeo de "Let A Boy Cry" ficou ao meu cargo. Não estou preocupada apenas com o dinheiro que venha a ganhar. Meu sonho é financiar a minha música, gravar, viajar e encontrar as pessoas pelo mundo afora. Desde pequena sempre tive muita cabeça no lugar para guardar o meu dinheiro. Não vai ser agora que isso vai mudar".  - Gala Rizzatto (Fonte: Revista DJ Sound - Nº 80)


Gala se tornou uma das maiores referências da Dance Music entre 1996 e 1998

Nessa metade de 1997, Gala já era um nome forte na Dance Music em todo o mundo e se destacava muito ao lado do Techno, vertente que crescia assustadoramente na cena dançante. Inclusive, o nome da italiana figurava entre os artistas mais importantes do movimento, como o Prodigy, Chemical Brothers e Orbital

Diante dessa imensa popularidade, o selo Nitelite resolveu então relançar aquele seu single esquecido de 1995, e adivinhem, conseguiu atingir o público em diversos países! "Everyone Has Inside" saiu aqui pela Paradoxx Music (assim como os hits anteriores da Gala) e foi muito tocada nos clubs e rádios (aqui em São Paulo, pelo menos, eu sei que foi!). Você também poderá encontrar essa faixa no CD "As 7 Melhores Vol.7".

Mais tarde, é anunciado um novo single - "Come Into My Life" (1997), que já chegou assumindo os primeiros lugares nas listas de rádios e clubs mundiais. Acredito que esse foi o maior ápice da artista aqui no Brasil, quando a música tocava em todas as rádios, casas noturnas, era ouvida nos carros, festas de aniversário, na casa do vizinho... Um fenômeno! Não havia uma pessoa que não conhecia e não cantarolasse o refrão melancólico: "Come, come, come into my life, come, come, stay with me, Nobody loves me, nobody loves me enough , Enough to save me, oh no!" 


Indicação do single Gala - "Come Into My Life" em novembro de 1997, na coluna "Dance Floor" da revista DJ Sound.

Gala - "Come Into My Life" (1997)

A forma como esse hit fluía em nossas mentes era absurda!!!

"Come Into My Life" ainda foi uma das músicas mais tocadas na Jovem Pan durante o ano todo de 1997 -  só perdendo para uma outra dance-star italiana que também explodiu no mesmo ano: "Uh la la la" de Alexia

Aliás, em entrevista para a DJ Sound (edição Nº 76), Alexia citou que Blackwood e Gala eram as artistas iniciantes da Dance Music que ela gostava de ouvir. 

O single de "Come Into My Life" atingiu excelentes posições nos charts mundiais, principalmente na Espanha e Itália, onde assumiu o nº 1 nesses países. 


Disco de Ouro no Midem, em Cannes, França, em 1998. "Eu era um bebê. Eu tive que usar uma “armadura” para navegar pelos mares perigosos do mundo da música por conta própria". -Gala Rizzatto (Fonte: Instagram oficial da Gala)


O videoclipe de "Come Into My Life" foi lançado e pudemos visualizar uma vibe sinistra, mas encantadora ao mesmo tempo. Não era comum aquela temática na Dance Music de rádio, com certeza nos clipes do Prodigy, ou em alguma banda de rock... mas na Dance Music comercial? Era novidade!

Mas no geral esse visual dark atraiu o público, que aprovou o resultado. O video foi popularmente conhecido no Brasil devido ao seu adicionamento na VHS "TV Dance Vol.3", via Paradoxx Music.

Gala disse ainda que “Come Into My Life” é baseada em sua primeira viagem à Espanha, quando era uma garotinha no banco de trás do carro de seus pais à noite. Ela lembra que nesse passeio "a lua permanecia constante no céu e parecia seguir o passeio". Já o vídeo foi filmado em um castelo na Itália e com vários dançarinos profissionais de flamenco (tipo de dança que a cantora parece saber dominar muito bem).

Enfim, já eram tantas faixas conhecidas da Gala, que o esperado álbum da cantora tinha que sair logo... ninguém se aguentava mais de tanta ansiedade... Então, isso finalmente se concretizou!!


É LANÇADO O ÁLBUM "COME INTO MY LIFE" 

Lembro-me que era dezembro de 1997, quando entrei num hiper-mercado chamado Pão de Açúcar (que nem existe mais) para dar uma olhada nas prateleiras dos CDs e conferir as novidades (antes de ir à escola, que era no mesmo percurso)…Foi quando me deparei com este álbum chamado "Come Into My Life" e com uma capa totalmente diferente da que eu esperava. 

Fiquei louco com o que estava vendo, afinal era o mais aguardado CD do ano... Não pensei duas vezes e comprei-o no ato. Não queria pensar em perder aquela oportunidade, né? Vai que no dia seguinte, aquelas unidades estivessem esgotadas?


A gravadora ficou com "nojinho" e limpou a capa de "Come Into My Life" (1997) - na versão francesa


Recentemente, Gala até postou em seu instagram dizendo que os executivos da Do It Yourself alteraram a capa desse álbum (lançado na França), pois eles não entenderam o conceito da imagem que ela criou...mas, eu confesso que também não gostei muito dessa arte (naquele momento), pois esperava ver algo mais atraente e que remetesse a beleza da artista em seu álbum de estreia... Aqueles "dedos suados e de unhas sujas", para mim, não representavam a cantora. Eu estava acostumado, até então, com um outro tipo de concepção, então, definitivamente eu não havia compreendido aquela imagem.

O conteúdo do disco e suas faixas? Olha, eu também posso dizer que não gostei muito (em 1997). Não parecia ser um CD de dance music, e isso me decepcionou. Tem o fato triste da música "Everyone Has Inside" ter ficado de fora também... Achei um tremendo desperdício, ainda mais para um álbum que só tinha 11 faixas. 

Gala justificou na época, dizendo que "Everyone Has Inside" foi concebida em um outro momento de sua vida, e que a faixa não fazia parte da mesma vibração dos outros frutos, então, achou melhor não misturar o trabalho de 1995 com os demais. 

Outra frustração que tive, era em relação ao ritmo das músicas. Com a exceção de "Keep The Secret""Dance Or Die" (e dos singles já conhecidos), achei a maioria das faixas muito lentas, tanto é que uma das versões de "Freed From Desire" (que está neste álbum) se chama "slow version". Achava-a muito depressiva e nada a ver com aquela Gala que havia escutado na festinha da escola.

Atualmente eu posso dizer que consegui entender a essência desse trabalho, assim como sinto toda a entrega, interpretação e originalidade de Gala Rizzatto em seu 1º disco de inéditas, mas admito que só fiquei fã da cantora por conta dessa sua parceria com os mestres Molella e Phil Jay. Acho que foi uma excelente colaboração entre o trio, que soube mesclar perfeitamente todos os seus talentos em produções que são grandes referências até hoje.

Sobre a faixa "Suddenly", virou o 4º single de trabalho da Gala em janeiro de 1998. Nem preciso dizer que a canção se consagrou nas pistas de dança e em diversas rádios brasileiras... Foi também uma das faixas da coletânea "As 7 Melhores Vol. 8" da Jovem Pan.


Single "Suddenly" e Album "Come Into My Life" sendo indicados pelo DJ Ronaldinho, em dezembro de 1997. Nessa época "Suddenly" já tocava na Jovem Pan 2


É interessante mencionar também que, quando surgiu em 1995, Gala não atraiu tanta atenção do público e dos demais artistas da Dance Music, mas quando explodiu no cenário musical com pedradas alucinantes como "Freed From Desire", "Let A Boy Cry", "Come Into My Life" e "Suddenly", foi elogiada e influenciou diversos veteranos da cena. Por exemplo, em sua primeira experiência num estúdio de gravação - na música "XS" (Molella) -  percebemos que a produção lembra até a popular "Burning Up" de Taleesa, mas em 1997, quando Gala estava no ponto máximo de sua carreira, Taleesa ressurgiu com "You And Me" e fazendo agora os papéis se inverterem pois a sonoridade é tão influenciada por Gala, que mais parece uma cópia da novata que a Taleesa estaria fazendo. 

Outros variados projetos também surgiram “surfando na onda” de Gala, como exemplo Fidaleo - "Play With My Body" (na voz da australiana Michelle), tivemos ainda a mudança de estilo do projeto Chase ("Obsession" e "Stay With Me"), General Base trouxe um vocal bem "Gala" em "On & On", entre muitos outros.

Gala, infelizmente, nunca veio ao Brasil na década de 90. Se tivesse vindo, com certeza iria arrebatar multidões, justamente porque o seu sucesso com o público jovem brasileiro sempre foi intenso, tipo "selvagem" mesmo. O jovem dos anos 90 sabia que Gala era um sinônimo da nova Dance Music, cena que ela moldou com maestria no final daquela década. Ouvir os hits da Gala era estar antenado com a última tendência dos clubs, era ser cool, descolado, era ter o privilégio de sentir o frescor e a exclusividade em primeira mão.

A cantora só veio ao Brasil em 2010 e 2011, e ainda assim conseguiu atrair um bom número de fãs, mesmo depois de mais de uma década longe das paradas de sucesso. Confesso que eu só fiquei sabendo desses shows por volta de 2012, infelizmente... 

Há um tempo atrás até escrevi uma mensagem para a cantora, que respondeu-me dizendo que adoraria voltar ao Brasil, e que fazer shows em São Paulo e Rio de Janeiro foi uma experiência única, já que o público foi muito receptivo e caloroso. Numa entrevista muito detalhada e interessante ao site Gay Blog BR, a artista também voltou a elogiar os brasileiros:

"Os melhores. Em todas as conversas que tenho sobre os shows que fiz, conto que o melhor público que eu já tive foi no Brasil. As pessoas aí não brincam quando o assunto é diversão. Elas suam, gritam, dançam, vivem. Elas amam. Lembro que no Rio, em uma boate pequena, e em São Paulo, no Sambódromo, as pessoas sabiam todas as letras das minhas músicas e gritavam com vontade, sem pudor. Eu detesto aquele tipo de público que não se diverte e fica preocupado com a própria aparência para as outras pessoas ao redor. Gosto quando as pessoas perdem o controle, no bom sentido. A vida é curta. A música é uma celebração. O Brasil sabe disso." (Fonte: Gay Blog BR)


Gala - "Suddenly" (1997/1998)
Infelizmente, a música não ganhou um video oficial

O último hit da Gala nas rádios e pistas brasileiras foi "Suddenly", que estreou em janeiro de 1998 e foi muito tocada durante o 1º semestre do ano. Infelizmente não ganhou um videoclipe...

No ano de 1998, a Paradoxx Music ainda lançou uma compilação chamada "Gala Remixes", que até ganhou uma propaganda muito veiculada na TV. Algumas dessas versões novas ganharam destaques nas pistas, como “Freed From Desire '98”.

Depois disso, Gala conheceu o gerente de produções Steven Fargnoli, e saiu da Do It Yourself com a intenção de fazer algo mais ligado à sua identidade musical, ou seja, nada de eurodance ou de músicas que não pudesse expressar suas mensagens.

Tudo parecia que ia dar certo para a Gala nessa sua nova jornada, pois este manager trabalhava com artistas conceituais como Prince e Sinead O' Connor, que faziam um trabalho nivelar ao que Gala gostaria de apresentar. Acontece que, Steven Fargnoli acabou falecendo em setembro de 2001, então os projetos que Gala sonhara nunca foram concretizados.

Gala só conseguiu lançar um trabalho novo em 2005: "Faraway", pela EMI e Matriach Records, esta última, a sua própria gravadora.

A partir de sua gravadora independente, lançou também o seu EP "Tough Love" de 2009, contendo 5 faixas e mais uma versão do hit "Freed From Desire". 

Em 2012 Gala trabalhou em seu single "Lose Yourself In Me", depois lançou "Taste Of Me" (2013 / 2014), "The Beautiful" (2014), e também duas trilhas sonoras de um filme chamado "Favola": "Nameless Love" (2018) e "Happiest Day of My Life" (2018).


GALA ATUALMENTE



Atualmente, Gala vive entre a Itália e EUA, e é praticamente uma artista independente. O som que ela produz está mais para um pop sofisticado, e às vezes, nos surpreende com algum som bem dançante como "Lose Yourself In Me", "Taste Of Me" e "The Beautiful". E é lógico, ela continua prezando bem pela qualidade em seus trabalhos.

A colaboração da cantora com os produtores da Dance Music deram à ela a chance de seus singles se espalharem pelos clubs do mundo todo e, assim, se tornarem famosos... o que não vimos mais acontecer desde o fim da década de 90, quando a cantora rompeu com os mestres da italo-dance. Embora a artista apresente algum remix - uma vez ou outra - sabemos também que não é a mesma coisa. 

Quem vê alguma foto atual dela, percebe também que Gala não mudou muito fisicamente nos últimos 25 anos. Continua bela, inteligente, com os seus mesmos ideais e muito fiel a si própria. Aliás, Gala, ao meu ver, é um ser humano evoluído em todos os sentidos e que sempre soube o que queria (desde pequena).

Esperamos que essa grande artista possa realizar todos os seus SONHOS e "DESEJOS" artísticos, e que um dia volte a nos visitar para que possamos cantar e dançar juntos os seus maiores hits dos anos 90. Foi muito bom ouvi-la nos night-clubs, nas rádios e nos CD’s... mas gostaríamos também de vê-la mais vezes aqui, em cima de nossos palcos!

VALEU GALA, por ajudar a transformar os nossos anos 90 mais estimulantes e vitoriosos!!

NA-NA-NA-NA...


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

REBECA - MAS QUE UN ENGAÑO (1995)


O LATIN HOUSE DE REBECA FOI REPRESENTADO NO BRASIL PELO HIT "MAS QUE UN ENGAÑO" 

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

O nome completo dessa espanhola de Barcelona é Rebeca Pous del Toro e aos 21 anos de idade conseguiu lançar o seu 1º single "Corazon Corazon" (1995). Era uma época incrivelmente favorável para a música cantada em castelhano, principalmente após ao estouro mundial de "Macarena" do Los Del Rio

Ainda em 1995 - mais precisamente em 31 de julho - foi lançado na Espanha o single de "Mas Que Un Engaño", uma canção vigorosa e que ficou muito conhecida nas rádios e clubs brasileiros no ano de 1996:


"Mas que Un Engaño" de Rebeca: A força do Latin House nos anos 90

"Mas Que Un Engaño" foi licenciada aqui no Brasil pela saudosa gravadora Paradoxx Music, saindo também em diversas coletâneas, como a popular "As 7 Melhores Vol.5" (1996), que trazia ainda os hits de Nicki French, Undercover, Angelina, Newton, Fiorello, Obsession, entre outros "stars" da eurodance daquele ano. Com certeza, este é um CD clássico, da época que a Jovem Pan e a Paradoxx Music eram sinônimos de "dance music", "balada" e "juventude".

Rebeca, que também é produtora, compositora e dançarina, nasceu em Barcelona, Espanha, no dia 1 de novembro de 1974, tendo atuais 46 anos de idade - embora alguns sites afirmem que ela nasceu em 1978 (leia mais abaixo sobre esse “mal entendido”). 

A artista também é filha de uma cantora famosa na Espanha chamada Franciska, que ficou grávida de Rebeca depois de 10 anos estando casada com o pintor José María Pous (o pai de Rebeca). A loira Rebeca também é sobrinha de um cantor de bolero, além de ser prima do premiado e famoso ator Benicio Del Toro

Bom, com tantos artistas assim em sua família, Rebeca provavelmente não teve muitas dificuldades em demonstrar seus dons artísticos, não é mesmo? 


Eles são primos: Benicio Del Toro e Rebeca Pous Del Toro

Rebeca começou a trabalhar em seus primeiros singles no ano de 1995, porém, conseguiu alcançar a fama internacional apenas no ano seguinte, com o primeiro álbum que levava o seu nome: "Rebeca" (1996). 

Este álbum vendeu mais de 300.000 cópias apenas na Espanha e também obteve um sucesso considerável por todo o México. Aqui no Brasil, este disco chegou pela Paradoxx Music e impulsionado à popularidade do single "Mas Que Un Engaño"

Sobre as composições do álbum “Rebeca”, todas levam a assinatura de um velho amigo de infância da cantora - Toni Ten, e também tiveram a direção de Francisco Pellicer. Em seu país, o tema escolhido para iniciar a divulgação deste trabalho foi "Duro de Pelar", ou sejamuito diferente daqui do Brasil que apostou todas as suas fichas no hit “Mas que Un Engaño”. 

Já em novembro de 1996, a revista brasileira DJ Sound mencionou o auge de Rebeca nos charts: 

"Rebeca conseguiu a façanha de passar à frente de nomes como Gloria Estefan, Eros Ramazotti, Alanis Morissette e Luis Miguel nos charts das principais revistas de música pop da Europa. No Brasil ela foi descoberta pelos DJ's através do single "Mas Que Un Engaño". 

(DJ Sound - Nº 70)


Na música "Mas Que Un Engaño", Rebeca demonstra insegurança e medo das decepções amorosas

Após ao grande êxito de "Mas Que Un Engaño" nas rádios e danceterias brasileiras, outro single que ameaçou a fazer sucesso por aqui foi "Callate Ya", que até foi tocada no ano de 1996, porém, ficou longe de ter o mesmo impacto da faixa anterior.

Sobre o álbum "Rebeca", a DJ Sound ainda mencionou: 

"Praticamente todo o álbum é recheado de poderosas produções bem elaboradas, com certo apelo para a intensa marcação do pedal e bons ataques de teclados eletrônicos. Rebeca se aventura um pouco pelo lado romântico em algumas baladas, mas fica claro que sua voz funciona bem melhor na levada mais Dance que predomina em seu álbum. Mas as letras de suas músicas praticamente falam sobre sua sensibilidade, sobre amor e a noite. Ou seja, ela é romântica mesmo nos hits acima de 120 bpms". 

(DJ Sound - Nº 70)


O QUE IREMOS ENCONTRAR NO ÁLBUM "REBECA"?

12 faixas dançantes e algumas baladas românticas,
 mas o que "manda" é a Dance Music!!!


A voz de Rebeca chama a atenção logo no início da audição de suas primeiras faixas, pois tem ali uma potência notável e uma energia que é extremamente vibrante! Quando eu tinha 15 anos de idade ficava impressionado ouvindo "Mas Que Un Engaño" tocar no rádio. É uma voz empolgante e que sabe mexer com nossas emoções!!!

Neste seu álbum de estreia, lançado na Espanha em 19/08/1996 (há 25 anos!) tem ainda outros singles de trabalho como "Corazon Corazon", "Duro de Pelar", "Piano, Piano", "Solo Amante" e "Callate Ya". Ou seja, das 12 faixas do disco, 6 foram singles!! Metade do álbum "Rebeca" foi sucesso na Espanha, e com certeza a Max Music comemorou muito por lá! 

"Duro de Pelar" é um dos carros-chefes do álbum, além de ser uma canção que tem muitos fãs até hoje. Inclusive, muitos deles ficam inconformados quando mencionamos que a track não foi bem nos charts brasileiros.

Alguns DJ's até introduziram esse single nas pistas de dança, mas sucesso mesmo, só foi com "Mas Que Un Engaño"… Mas recomendo à todos que conheçam!!

O mesmo se aplica à excelente "Corazon, Corazon", que tem uma vibe explosiva e aquele vocal super delirante...mas infelizmente, não foi trabalhada nas rádios como merecia. Um desperdício! 


ÁLBUM "REBECA" - 1996

Outra que indico para ser ouvida é "Espera Chico, Espera", que a revista DJ Sound destacou bem: "soa algo como 'Gimme Gimme' - novo trabalho da já conhecida Whigfield"

E segundo a página de fãs da cantora, este 1º disco superou a marca de 300.000 cópias vendidas apenas na Espanha. 

No México, Venezuela, Argentina, Porto Rico, Peru e Estados Unidos vendeu 250.000 cópias, enquanto que a edição publicada no Brasil pela Paradoxx Music vendeu outras 250.000 cópias.

Enfim, é um álbum bem produzido, com muitas músicas cativantes, além de nos apresentar um encarte caprichado com várias fotos, letras de músicas, agradecimentos de Rebeca aos colaboradores e à sua família... Só acho que deveria ter sido mais explorado na sua época, ao invés das rádios e do público “cultuarem” apenas o hit "Mas Que Un Engaño"...


Rebeca - "Rebelde" (1997)

Seu segundo álbum, "Rebelde", foi lançado na Espanha em 22/12/1997 e não atingiu as vendas de seu antecessor, mas mesmo assim foi premiado com um Disco de Ouro naquele país. 

Aqui no Brasil, a cantora já não era mais representada pela Paradoxx Music, pois nessa época havia sido instalada uma sede da Max Music em São Paulo - um selo internacional que representava oficialmente a Rebeca na Espanha e no México - então a cantora passou a ser uma artista da Max Music brasileira. No entanto, a empresa recém inaugurada não obteve uma boa estreia com o 1º single "Todos Los Chicos Son Iguais"... A música foi muito mal recepcionada naquele início de 1998, embora tenha sido indicada pelos DJ's Ronaldinho e Torrada em revistas de Dance Music, como a DJ World (a dupla era contratada da Max Music).

Creio que a moda da música cantada em castelhano já havia passado, sem falar que a música tecno estava em alta nesse fim de década, e poucos eram os DJ's que estavam tocando algum som comercial. Até os projetos mais comerciais estavam se adaptando e adotando um estilo menos "alegre" nesse período, como Vestania, Gala, Olive, Fidaleo, Fabrica, Chase, Maria Montell...

Então, devido a essa baixa aceitação do mercado, o álbum "Rebelde" não foi lançado no Brasil, assim como todos os seguintes produzidos por Rebeca (ela já lançou mais de 6 álbuns / compilações ao todo, de 1996 até 2021). 

Ah, e a Max Music brasileira não durou nem 6 meses depois de sua inauguração... A empresa conseguiu lançar apenas algumas coletâneas, como aquelas da série “Maquina Total”, e depois fechou as portas.


CURIOSIDADES DE REBECA

Entre 1994 e 1996 era comum encontrarmos algumas versões no estilo "batucada", como "I Feel You Tonight" do G.E.M. "Let Me Take" do New System, então a faixa "Mas Que Un Engaño" de Rebeca também recebeu uma versão bem parecida ("batucada mix", postada no vídeo acima), porém, a que fez sucesso aqui no Brasil é a "Spanish Dub", que felizmente é a que está em seu álbum e nas coletâneas da Paradoxx;

Após ao álbum "Rebelde", Rebeca trabalhou em 1998 num disco de parcerias, numa espécie de tributo ao filme "Grease", onde cantou com outros cantores espanhóis. Além do álbum, ela ainda participou de um musical de "Grease", assim como as peças "The World of Abba" (2014) e "Broadway on Ice" (2015);


"Mas Que Un Engaño" esteve em muitas coletâneas, como a já citada "As 7 Melhores Vol.5", além de "United Club Hits", "Fiebre Latina", "Só Se For Dance - Vol.2", "Domingo Legal Dance Vol.2" (Gugu anunciava muito este CD no programa e o sonoplasta sempre tocava um trecho da música), mas Rebeca foi introduzida no Brasil pela 1ª vez como "Rebecca", quando "Mas Que Un Engaño" saiu num promo lançado em 1995 (para DJ's) e distribuído pela Paradoxx Music (Repertório by DJ Ricardo Guedes e Marquinhos Boss). Aí foi o começo, antes de ganhar as rádios e as coletâneas.

Aqui no Brasil, Rebeca ficou conhecida com a canção "Mas Que Un Engaño", certo? Mas o seu maior sucesso nos charts mundiais foi com "Duro de Pelar", que não foi popular por aqui. Não tenho certeza, mas creio que Rebeca nem fez um vídeo oficial para "Mas Que Un Engaño" (eu nunca o encontrei, e olha que sempre procurei por este vídeo). Já no caso de seu maior hit - "Duro de Pelar" -  você o encontra facilmente no Youtube…


25 ANOS DE “MAS QUE UN ENGAÑO”

Em comemoração aos 25 anos de "Mas Que Un Engaño", Rebeca lançou aos seus fãs em 2020 uma versão em inglês do hit, que poucas pessoas conheciam, até então. Você conhece? 

Ouça "Lonely Nights":

Rebeca - "Lonely Nights"
A versão em inglês veio à tona, depois de 25 anos

Ao todo, Rebeca lançou mais de 50 singles, seis álbuns e dois EP's digitais, vendeu mais de 1.500.000 cópias vendidas, obteve vários discos de ouro / platina e foi Nº 1 em vários países latino-americanos com o citado sucesso "Duro de Pelar".

Outro feito admirável que compõe o currículo de Rebeca, é que ela cantou no Eurovision por diversas vezes: em 2006, 2007, 2009 e 2010. Em 2007, representou a Espanha como co-autora da canção "I Love You Mi Vida" do grupo D'Nash. Ela já trabalhou no cinema, fez parte de vários programas de TV como "Me lo dices ou me cantas" da Tele5 (2017), foi artista convidada de "Tu Cara Me Suena" da Antena3, "Cazamariposas" na Divindade, já participou de dois reality shows "Aventura en Africa" na Antena3 (2005) e "Survivientes" na Tele5 (2014), entre muitos outros.


Rebeca (recém-nascida) com sua mãe, a cantora Franciska, e seu pai, o pintor José Maria Pous, em revista publicada em 1974
Créditos da imagem: Vivasoraya

Chega a ser cômico isso, mas Rebeca diz em sua biografia oficial que nasceu em 1978, mas a verdade mesmo, é que ela é nascida em 1974. Se você fizer um levantamento de informações e comparações cronológicas com vídeos e páginas de revistas antigas, você percebe claramente que há esse erro intencional. Com uma mãe que já era famosa antes de seu nascimento, fica difícil driblar as materialidades que encontramos em revistas, jornais, internet...Rebeca nasceu no Dia De Todos Os Santos, em 01 de novembro de 1974. Mas isso não é problema nenhum, o que importa é que ela continua linda e talentosa!

Acho legal citar também o seu envolvimento na música, quando mais jovem. No começo de sua carreira, por exemplo, Rebeca dançava e fazia participações para outros artistas, então foi assim que ela conseguiu chamar a atenção de alguns produtores na época e se tornando depois numa cantora solo profissional.


COMO ESTÁ REBECA?

Rebeca em fevereiro 2021
Créditos: Facebook de Rebeca

E Rebeca continua com muita voz e fôlego na Dance Music!! Ela regravou “Total Eclipse Of The Heart” (Bonnie Tyler) em 2011 em parceria com Diego Miranda, e em 2019, “Because The Night”, dois grandes hinos que já receberam versões icônicas nos anos 90, através das vozes conhecidas de Nicki French e Taleesa.

Rebeca também tem realizado diversos shows e apresentações em festivais na Europa, assim como em outros continentes… Em março de 2019, por exemplo, Rebeca esteve no Peru onde participou do Festival "Yo Amo Los 90". Assista ao vídeo disponível abaixo e aprecie toda a presença de palco da artista, aos irmãos peruanos, e veja como está a sua aparência física atual:


REBECA ATUALMENTE - 25 ANOS DEPOIS
Rebeca - Live in Peru - Março de 2019
"Mas Que Un Engaño"





Então pessoal, eu vou finalizando por aqui e esperando que tenham curtido essa pequena homenagem à essa grande voz da Espanha!

ATÉ MAIS!!!

Fontes: Material de acervo pessoal, revista DJ Sound e páginas / links já postados acima

sábado, 4 de setembro de 2021

CAMARCO - "BOOM BOOM (LET'S GO BACK TO MY ROOM)" - VOCÊ SE LEMBRA?



SÉRIE: BRASILEIROS NA EURODANCE - CAMARCO

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


A Dinamarca foi um país que projetou vários artistas famosos da cena europop, como Aqua, Me & My, Cut 'N' Move, Ida Corr, MØ... e entre eles, é claro, podemos incluir ele: Camarco

Pois é amigos, entre o final de 1996 e início de 1997, esse cantor radicado na Dinamarca balançou as pistas de dança e rádios com a sua música dançante "Boom Boom (Let's Go Back To My Room)", licenciada aqui pela Sony Music - mais especificamente através do selo Dance Pool.

Publicidade da Sony / Dance Pool para Camarco e seu álbum de 1997, via revista DJ Sound


Tom "Camarco" Andkjær - Um modelo que representava a Dinamarca, e realmente cantava Dance Music
A HISTÓRIA REAL DE CAMARCO


Olhem só a história de Camarco, que interessante... Seu nome real é Tom Camargo Andkjær e nasceu no Rio de Janeiro. Sim, ele é um brasileiro que foi adotado por pais dinamarqueses quando tinha apenas 6 meses de vida.

A mãe biológica do cantor, dona Adozina Camargo, trabalhava como doméstica na casa de um médico no Rio de Janeiro. Mãe de cinco filhos, ela ficou grávida novamente e estava sem condições de manter a família, além de preocupada com o futuro do novo bebê. 
Foi quando o patrão disse à Dona Azonina que um casal de médicos dinamarqueses voltaria para a Dinamarca em breve, e queriam muito adotar uma criança brasileira. Então, no dia 27 de março de 1970 nasceu o pequeno Tom, que foi adotado pelo casal e levado por eles para morar na cidade dinamarquesa de Kolding.

Tom Andkjær então cresceu longe do Brasil e de sua família genealógica. 

A VIDA SEGUIU NA DINAMARCA
Ainda adolescente, Tom Andkjær começou a carreira de modelo, mas também aprendeu a cantar e a tocar instrumentos musicais, como o piano e a bateria.
O brasileiro também teve uma carreira de ator na Dinamarca. Em 1994 ele atuou como bartender numa produção televisiva, e depois passou a ser o apresentador de um programa de namoros chamado "Party Uartig". 


O brasileiro entrou na música e lançou dois álbuns, em 1997 e 2000, sob o nome artístico de Camarco


Na música, o seu primeiro sucesso foi a canção "Boom Boom (Let's Go Back To My Room)" de 1996, quando tinha 26 anos de idade e assumindo o nome artístico de Camarco, que é uma alusão ao seu sobrenome brasileiro: "Camargo"

Nessa época, a pessoa que vos escreve nem imaginava que se tratava de uma regravação de um antigo hit de Paul Lekakis, datado do ano de 1986:


Camarco - "Boom Boom (Lets Go Back To My Room)" (1996)
A música também possui um outro video que destaca mais a coreografia 


Folheando recentemente uma de minhas revistas antigas da DJ Sound, achei um trecho em que até ensinam a coreografia da música, que tocava muito nas danceterias. E nessa mesma página, o cantor ainda comenta à revista: "Sempre gostei da boa música; ela deve ter bom ritmo e boa melodia". Então talvez seja por isso que ele escolheu regravar mais um clássico melódico - "I Promise Myself" -  de Nick Camen, cantor falecido (recentemente) no dia 04 de maio de 2021, aos seus 59 anos de idade (ele sofria de um câncer na medula óssea).


Camarco foi um dos lançamentos da Sony Music aqui no Brasil (selo Dance Pool) tendo o seu espaço nas pistas e FM's no início de 1997



O DESEMPENHO NAS PARADAS

"Boom Boom (Let's Go Back to My Room)" conquistou boas posições nos charts europeus, apesar de ter sido lançado inicialmente apenas na Espanha, Suíça e Grécia, surpreendendo o cantor, que filmou dois videos para o seu sucesso. 

A popularidade da canção foi se espalhando pelos demais países europeus, principalmente na Dinamarca, onde alcançou o Top 5. 

Na sequência, foi lançado o 2º single "I Promise Myself", e depois, o 3º single "Love The Way".

Camarco - "Love The Way", recebendo indicação na revista DJ Sound (julho de 1997)


Mais tarde, Camarco fez uma rápida turnê pelo México e Espanha, mas ao que tudo indica não veio ao Brasil, como até chegou a anunciar que viria à revista DJ Sound. 

O cantor ainda disponibilizou o seu aguardado álbum "Camarco", que foi distribuído no Brasil através da Sony / Dance Pool no primeiro semestre de 1997.
O disco trouxe esses singles citados, além de várias faixas produzidas e compostas pelo próprio Tom Andkjær. 

Um detalhe interessante, é que a edição lançada no Brasil contem como bônus dois remixes produzidos pelo produtor brasileiro Memê Mansur (ele estava com tudo nessa época, e tinha acabado de emplacar seus remixes com Shakira).

Vejam algumas fotos publicadas na revista DJ Sound do Dance Pool Festival, realizado no México em 1997:

Memê, que remixou "Love The Way" de Camarco, também apareceu no festival

Camarco, aos 27 anos de idade, posando com suas dançarinas no Festival realizado no México


CARMARCO DEPOIS DA DANCE MUSIC
Lembram quando citei sobre a carreira de ator de Camarco? Pois então, em 1998 ele voltou para a televisão e estrelou 50 episódios de uma novela chamada "Hvide Løgne".

Já em 1999 ele retornou à música, assinando agora um contrato com a CMC Records, e um ano depois, lançava o seu 2º álbum "Based On a True But Simple Story". 
Como a Dance Music estava passando por uma fase totalmente diferente no Brasil (Axé, Pop, Pagode, Vocal Trance e Techno estavam em alta nesse período), então este seu disco acabou não chegando por aqui, o seu país natal.

Além de ator e cantor, Camarco atualmente é um DJ na Dinamarca, mas agora ele se apresenta usando o seu próprio nome: DJ Tom Andkjær

Em seu "release", que você pode conferir aqui, encontramos o enunciado: 

"Se você quer uma festa onde o setlist é principalmente de música dos anos 80 e 90, misturada com atuais sucessos, DJ Tom Andkjær é a escolha certa. Ele toca em todos os tipos de eventos e oferece um set sólido e festivo que vai animar toda a sua noite. Resumindo: um dos melhores DJ`s do mercado!"




E apesar de ter estrelado na música há 25 anos, muitos ainda o reconhecem pelo sucesso de "Boom Boom (Let's Go Back To My Room)" e por seus outros singles, como "I Promise Myself" e "Love The Way", que até chegaram a tocar e a entrar em algumas coletâneas brasileiras, embora não conquistando os mesmos feitos da antecessora. 

Ah, o cantor também é escritor (tem um livro publicado) e já foi locutor em várias estações de rádios dinamarquesas...É mole? O cara parece ser um verdadeiro show-man! E a pergunta que fica é a seguinte: Será que ele teria desenvolvido todos esses dons artísticos morando aqui no Brasil? 
Caso ele não tivesse sido adotado, e ido morar na Europa, como seria?

Tom Andkjær ainda se envolve em alguns discursos políticos na Dinamarca... Conhecido também como "Neger Tom" (Negro Tom, em português), ele está presente em vários vídeos fazendo discursos constitucionais; falando sobre cidadania, islamismo, imigração, racismo, liberdade de expressão, entre outros: 

Tom Andkjær, "Neger Tom" -  2021


Sinceramente eu não encontrei nenhum vídeo dele cantando ao vivo, para comprovarmos se ele realmente cantava no projeto "Camarco", ou se era apenas um modelo brasileiro indo pelo mesmo caminho de Olga de Souza (a modelo do italiano Corona).

Mas, ouvindo a sua voz nos vídeos citados - mesmo no modo discursivo - a sensação que temos é que se trata do mesmo vocal presente nas músicas. Outra pista sobre sua legitimidade, é que ele chegou a mudar de nome artístico, de gravadora e de produtores musicais, porém a voz continuou sendo a mesma nos singles. O seu projeto Chi Hua Hua, de 2005, é só um exemplo com a música "Uhh La La La".

E outra, geralmente os modelos de eurodance não escrevem letras de músicas, apenas são contratados para representarem os projetos em imagens e para fazerem as difamadas sincronizações labiais (depois com o tempo, alguns resolvem participar mais, como compor e cantar verdadeiramente. Vejam, por exemplo, os casos de Sannie, Olga de Souza, Patrizia Cavalieri e tantos outros que não mexiam uma palha sequer no quesito produção musical - só estavam ali mesmo para decoração). No caso de Tom Andkjær, ele compôs dezenas de músicas desde o seu primeiro álbum.

O REENCONTRO COM O BRASIL E SEUS FAMILIARES
Camarco no Brasil, com seu irmão ao centro e seu filho no lado direito

Em 2007, aos seus 37 anos de idade, finalmente "Camarco" pode conhecer o Brasil e seus familiares brasileiros. Você pode conferir a reportagem completa de 2015 publicada no site O Globo, que menciona que Andkjær se inscreveu em um programa de TV chamado "Traceles", responsável por buscar informações para pessoas adotadas. 

Teve toda uma investigação sobre o seu caso, e a produção do programa então localizou a família brasileira de Tom Andkjær, exceto a mãe biológica do artista que já havia falecido, e o pai, que nunca teve o paradeiro revelado. 

Desde então, Tom Andkjær sempre volta ao Brasil para visitar os seus 5 irmãos e outros familiares:

Tom Andkjær e sua família no Brasil


"Foi talvez o momento mais emocionante da minha vida. Desde que cheguei ao Rio de Janeiro, que o avião pousou, eu me senti em casa. Não sei o que dizer, é o sangue, não há como fugir disso. Minha vida na Dinamarca foi perfeita, tive educação, família, amigos, emprego, uma vida tranquila, não tenho o que falar. Na Dinamarca também nunca tive problemas por ser negro, nunca sofri racismo, mas sabe, sempre me senti diferente, sempre fui o único negro. Toda vida senti que eu era diferente, que eu não pertencia a tudo aquilo" - Disse o cantor ao site O Globo, que não fez referências as suas músicas dance dos anos 90.
Créditos das informações: O Globo

O brasileiro radicado na Dinamarca apareceu também numa matéria televisiva da TV Globo, onde está em cena torcendo para o time feminino brasileiro de handebol, que jogava na Dinamarca naquela ocasião. Vejam:

Entrevista à TV Globo (2015)


Atualmente Tom Andkjær está com 51 anos de idade, tem um casal de filhos (17 e 22 anos) e é bem ativo no instagram (onde você pode acompanhar suas novidades, postagens sobre sua família, e até ver uma pequena homenagem ao seu 1º álbum de 1997, onde diz que teve que buscar o CD no porão de sua casa).

Enfim, Tom Camargo Andkjær é mais um brasileiro que definitivamente escreveu a sua história na Dance Music, com seu talento, sua determinação e com sua emocionante história de vida.