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domingo, 10 de novembro de 2024

DESIRELESS DE "VOYAGE, VOYAGE" (1986) SE APOSENTOU E LARGOU A MÚSICA

DESIRELESS - "VOYAGE, VOYAGE" (1986) - CANTORA FRANCESA SE AFASTA DE VEZ DA MÚSICA

Boa aposentadoria, Desireless!!

O assunto de hoje não é Eurodance, mas está ali, lado-a-lado, fazendo você dançar em qualquer festa onde executado. É um Euro-Pop de grande excelência, dono de um sintentizador hipnotizante e com aquela atmosfera mágica que só a década de 80 poderia nos oferecer!

Estou falando do clássico imortal de Desireless - "Voyage, Voyage" (1986), um mega sucesso entre 1986/1988 e que chegou ao número um em muitas paradas de singles europeias e asiáticas. O videoclipe foi dirigido por Bettina Rheims e mostrou ao público uma cantora com um estilo andrógino, semelhante a uma onda de outras cantoras contemporâneas, como Annie Lennox e Grace Jones.

O nome real dessa cantora é Claudie Fritsch-Mentrop, ela é francesa, nascida numa data natalina (25 de dezembro de 1952), cresceu ouvindo música clássica e jazz, além de ser fã de David Bowie, Bob Dylan e de Joni Mitchell (se influenciando muito nestes três quando começou a cantar profissionalmente). 

Lembro-me com muita exatidão de ouvir "Voyage, Voyage" num programa de flashback da Dumont FM nos anos 90 (enquanto eu trabalhava com meu pai), e nessas ouvidas sempre conectava a sonoridade da música ao movimento LGBT, e detalhe que eu nem tinha visto ainda a imagem ambígua da cantora, apenas ouvia o seu sintetizador cativante, a voz sisuda e a sua poética melodia.

O olhar sempre gélido de Desireless

O COMEÇO DE DESIRELESS

Antes de fazer sucesso como cantora, Claudie Fritsch-Mentrop teve uma breve carreira como designer de moda (lançando uma coleção com o amigo Claude Sabbah). Ela também já havia feito algumas viagens à Índia em 1980, então, assim como a cantora do projeto Randy Bush (Emy Berti), ela se encontrou numa nova filosofia de vida com meditações, mantras, adorações à divindades e yogas. Logo Claudie descobriu também que o seu lugar era na música, e passou a cantar em alguns grupos musicais franceses. 

Claudie conheceu em seguida o produtor Jean-Michel Rivat (em 1984), que futuramente escreveria e produziria todas as músicas de seu primeiro álbum. Já no ano seguinte, 1985, Claudie conheceu François Tabah, com quem se relacionou amorosamente por 18 anos (ela não era lésbica, como eu presumia na minha adolescência).

Antes de ser Desireless e antes gravar "Voyage, Voyage"

Após gravar algumas canções com o grupo Air 89, que também era produzido por Jean-Michel Rivat, Claudie recebeu um convite para gravar o seu single solo - "Voyage, Voyage", e assim o fez, em 1986.

Desireless foi o nome artístico batizado para iniciar a sua carreira solo, um nome escolhido por ela mesma - "Sem desejo" - já envolvida em toda a filosofia indiana. Há quem diga que, para criar este nome, ela se inspirou no livro "The Stranger" do filósofo francês Albert Camus, mas há também rumores de que ela se inspirou no livro "O Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry

O NASCIMENTO DO HINO

A letra de "Voyage, Voyage" foi escrita por Jean-Michel Rivat e Dominique Dubois, dupla que inicialmente queria que um cantor mais popular a gravasse, então foi oferecida à Michel Delpech, este que recusou gravá-la. 

Em seguida, "Voyage Voyage" então foi oferecida à Claudie, que já era uma artista que trabalhava com Jean-Michel Rivat e que estava buscando por uma carreira solo. 

O resultado disso? Claudie fez um trabalho majestoso e que sobrevive aí até hoje, sendo uma das músicas mais célebres de toda a década de 80 e ainda muito tocada em festas, rádios, jingles publicitários, e etc.

Desireless - "Voyage, Voyage" (1986)
Video Official
A introdução da faixa com o vibrante sintetizador já é arrepiante por si só, mas aí entra a voz e o estilo melancólico de cantar da Desireless e tudo se transforma nessa obra de arte atmosférica e viajante!

"Voyage, Voyage" tem uma letra inteligente, elogiada e reflexiva. É tudo sobre viajar, mas não apenas no sentido físico de se locomover de um lugar para outro, é também no sentido de mudar de conceitos, conhecer novas pessoas, se aperfeiçoar, crescer com novas experiências, sair de uma zona de conforto, arriscar e tentar a sorte no desconhecido.

Desireless com "Voyage, Voyage" alcançou altas posições nas paradas europeias e foi um sucesso instantâneo nas boates e FM's, inclusive aqui no Brasil. 

Foi também uma das músicas temas de um seriado teen muito famoso na década de 80: Voyagers- Os Viajantes do Tempo, transmitido aqui no Brasil no SBT. A série era sobre um menino e um jovem que possuíam um medalhão mágico que lhes permitiam viajar no tempo para resolver problemas. É considerado por muitos como um dos melhores seriados para adolescentes que já passou na televisão brasileira.

Desireless - "Voyage,Voyage" (vinil francês)
Recentemente a música "Voyage, Voyage" chamou a atenção por alcançar 208 milhões de streaming no Spotify

Demorou um pouco, mas Desireless lançou o seu segundo single, "John" (1988). Esta nova produção fez um significativo sucesso europeu, contudo, aqui no Brasil não teve nenhum impacto e passou despercebido. Aliás, Desireless não voltou a ter mais nenhuma outra faixa de sucesso em terras brasileiras além de "Voyage, Voyage", infelizmente.

Em 1989, a cantora lançou o terceiro single chamado "Qui Sommes Nous", sempre cantando em francês e mantendo o seu estilo tão marcante.

LANÇAMENTO DO ÁLBUM DE DESIRELESS:

Geralmente quando uma música explode nas paradas, os produtores e a própria gravadora colocam o cantor para gravar um disco completo com várias faixas o mais urgente possível, e ainda pressionam para que ele faça isso o mais rápido que puder - justamente para aproveitarem todo o embalo do primeiro hít  -  mas, estranhamente demorou três anos para que o primeiro álbum de Desireless ficasse pronto

Eis que no ano de 1989, finalmente é lançado "François", o primeiro álbum solo de Desireless e que trazia este título em homenagem ao seu namorado, François Tabah.

O primeiro e clássico álbum de Desireless - "François" (1989 - edição japonesa)
Músicas de fato construídas, cada detalhe rítmico e harmônico altamente calculado.

O álbum foi distribuído em muitos lugares do mundo, chegando inclusive a ser lançado no Brasil em vinil, no ano de 1990 - pela Discos CBS (que era um subselo da Columbia / Sony). Só é uma pena a versão CD não ter saído por aqui também.

Desireless lançou depois dois singles em 1990: "Elle Est Comme Les Étoiles" e "Hari Ôm Ramakrishna". Passaram longe da popularidade de "Voyage, Voyage", obviamente.

DESENTENDIMENTOS COM A GRAVADORA E NASCIMENTO DA FILHA

Ainda em 1990, nasceu a primeira filha de Claudie e com isso a cantora deixou a vida artística para se dedicar à sua família. Existia também alguns rumores que apontavam que a cantora não aceitava algumas decisões de sua gravadora, a CBS (Sony), e que a empresa queria tomar a frente de tudo, inclusive queria fazer ao seu modo toda a produção do segundo disco. Claudie já não estava satisfeita com a divisão de lucros das vendas de seu primeiro álbum, então rompeu com todos estes profissionais da CBS.

Desireless demorou 4 anos para retornar à cena musical. Seu segundo álbum "I Love You" foi lançado em 1994, e como no primeiro trabalho quem obteve grande parte dos lucros foi o produtor Jean-Michel Rivat (ele foi o produtor, compositor, letrista e arranjador), então Claudie resolveu escrever muitas das faixas de seu novo disco. O estilo do álbum também foi alterado, afinal, agora estavámos em 1994 e aquele sintentizador, apesar de avassalador, estava totalmente fora de moda.

Desireless - "I Love You" (1994)
O aguardado segundo álbum saiu por uma gravadora pequena da França: Pense À Moi

É lógico que jamais Desireless conseguiria superar o sucesso do álbum anterior, que trazia o hino "Voyage, Voyage", mas, apesar da pequena distribuição do novo disco (apenas França e Alemanha receberam este lançamento), ainda assim "I Love You" foi elogiado pelo público. Com o fim da promoção do novo trabalho, a cantora resolveu dar uma pausa na carreira em 1995.

DESIRELESS FOI SE AFASTANDO DAS PARADAS

Desde que deu uma pausa em sua carreira, em 1995, Desireless adotou um estilo de vida longe dos holofotes, contudo, ainda fazia alguns festivais retrô pela Europa. A artista foi se desconectando aos poucos da fama e focando mais em seus hobbies particulares, como cultivando jardins e buscando explorar a sua espiritualidade.

Com o passar dos anos, Desireless se tornou uma artista para um público menor, sendo totalmente independente e sem caráter comercial, mas apesar de seu declínio em popularidade, a vocalista ainda lançava alguns discos. O seu último álbum, por exemplo, teve lançamento em 2017 (ela lançou ao todo 11 discos após o primeiro "François").

Depois disso, poucas notícias de Desireless surgiram na imprensa, e sua última aparição registrada num palco é de 2018.

No mesmo ano de 2018, um ano após lançar o seu último disco, Desireless afirmou: “Eu sobrevivo cantando 'Voyage, Voyage' em meus shows. Se eu fosse a produtora e compositora, seria muito rica, no entanto, eu sou apenas a intérprete”

Após 2018, Desireless desapareceu totalmente da mídia, dos shows retrôs (que costumava fazer), e boatos sobre o seu completo afastamento começaram a circular pela impresa francesa...  Mas, seria verdade que ela abandonaria de vez os estúdios e palcos?? 

Desireless em 2018
Ela trocou aquele corte de cabelo exuberante por simples flores em sua cabeça

VIAJOU DEMAIS

Ao meu ver, a Desireless do primeiro disco foi apenas um projeto controlado e comandado pela gravadora e por seus produtores... Já a Desireless do segundo disco (em diante) é a artista real, sozinha e sem cordões. Tem uma boa voz e de fato nasceu para ser artista, no entanto, apenas isso não é o suficiente para se manter. Aquela união de talentos e pensamentos artísticos do primeiro álbum foi insuperável e fez toda a diferença, trazendo até a ela o reconhecimento mundial. Mas, aí também vem aqueles questionamentos inevitáveis: Ela está feliz assim? Vale a pena você ser reconhecido, e ver sujeitos enriquecendo às suas custas?

DESIRELESS SE APOSENTOU E NÃO QUER MAIS OUVIR FALAR SOBRE MÚSICA

A cantora, que hoje está com 71 anos de idade, infelizmente não quer mais cantar e nem estar conectada ao mundo dos famosos, conforme relatou uma de suas melhores amigas no último dia 08 de novembro em um programa de TV francês chamado “Chez Jordan”.

Amiga de Desireless informou seu afastamento da música: "Ela não quer mais ouvir falar sobre música"

Chantal Richard, mais conhecida como Sloane, é uma cantora popular na França e muito amiga de Desireless, então ela levou essas tristes novidades à TV francesa: 

"Desireless não quer retomar à música, quer apenas cuidar das coisas dela... Ela tem um pouco de dificuldade para andar, pois quando você envelhece, às vezes você precisa perder peso, e o peso afeta bastante quando se tem problemas de saúde... Mas ela é uma mulher maravilhosa, tem um talento incrível. E é puro amor!"

Sloane já havia falado sobre Desireless anteriormente na TV francesa, em 2023, e disse que a cantora queria se afastar do entretenimento, dos palcos e da música, e agora apenas reforçou que isso já está acontecendo. Sloane também mencionou que Desireless sofreu uma queda durante uma turnê quando ia para o hotel: "Ela estava muito cansada e cortou a boca". 

A cantora e amiga de Desireless continuou: "Ela se aposentou, não quer mais falar sobre música, quer se manter distante. À medida que envelhecemos vamos nos cansando e foi isso que aconteceu com ela. Desireless estava muito exausta, não aguentava mais... estava muito farta de tudo....e nesses casos é preciso ter uma mente de aço. Se Desireless tem outros planos em mente, que a agradem mais do que fazer turnês e cantar, ela partiu em direção à eles”.

Desireless dezembro de 2023
Créditos: instagram oficial de Desireless


CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Hoje a Desireless não tem nada a ver com aquela Desireless estilosa e com aquele seu semblante pesado e penetrante que conquistou o mundo. É uma artista com saúde debilitada, sentindo o reflexo do tempo em seu corpo limitado e em sua mente exausta; no entanto, DESIRELESS marcou uma época estupenda e se tornou um grande ícone dos anos 80, algo supremo e absoluto que o tempo e nem ninguém poderá apagar.

Excedeu décadas, e viverá eternellement.


sábado, 3 de fevereiro de 2024

DJ JUANITO, PRODUTOR DA LINA SANTIAGO (FEELS SO GOOD)

ENTREVISTA EXCLUSIVA COM DJ JUANITO (EX-PRODUTOR DE LINA SANTIAGO)

DJ Juanito atualmente 
"O maior risco da vida é não correr um" (citação favorita)

Essa é mais uma entrevista que o Blog teve muito orgulho em realizar! Trata-se de um bate-papo com um dos meus primeiros ídolos dos anos 90: DJ Juanito

Bom, nos anos 90, como vocês sabem, os produtores não tinham tanta fama e reconhecimento como vemos hoje em dia, os destaques ficavam 100% com os cantores (ou modelos - no caso de projetos fakes como Whigfield, Corona, Randy Bush...), mas DJ Juanito teve uma considerável fama entre os fãs de Dance Music, e talvez seja um dos primeiros produtores a ter este reconhecimento que muitos tem atualmente.

Bora para mais uma??


Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


RIKARDO: DJ Juanito, quem foram os músicos que te inspiraram a se tornar um produtor musical? 

DJ JUANITO: Não comecei como produtor, comecei como DJ... mas, acho que a música que me inspirou a ser músico foi o FREESTYLE dos anos 80! Todos aqueles sucessos! 

RIKARDO: Em 1995 você fez o maior sucesso com Lina Santiago na música "Feels So Good" e agora lançou uma versão nova deste grande clássico. Como seus fãs responderam a esta nova versão? 

DJ JUANITO: As pessoas que ouviram gostaram muito, mas ainda temos que ver o que os fãs acham! Eu mal divulgo os meus novos trabalhos ao público!

RIKARDO: Nesta versão nova de “Feels So Good” temos a voz de Christina Marie... Como você a conheceu? 

DJ JUANITO: Eu a conheci há alguns anos, ela é uma garota de São Francisco aqui onde moro. Ela também vem do estilo FREESTYLE... 

RIKARDO: Hoje em dia muitos produtores vêm regravando músicas dos anos 90, ou inserindo samples desses antigos sucessos em produções atuais. Qual a sua opinião sobre isso? Os anos 90 estão de volta? 

DJ JUANITO: Oh sim! Muitas músicas hoje têm sons e inspirações dos hits dos anos 90! Acho que os anos 90 foram ótimos para o House e os produtores da atualidade sabem disso! Começamos neste movimento, que hoje é chamado de EDM! Para nós era apenas House Music ou Nu Freestyle.


Outdoor com anúncio do álbum de Lina Santiago, nos EUA (1996)

RIKARDO: Como você conheceu a cantora Lina Santiago? 

DJ JUANITO: Eu a conheci em Hollywood, Califórnia (Los Angeles). Meu amigo Tony Ramirez a trouxe para o meu selo, Groove Nation Records. 

RIKARDO: Quando foi a última vez que você conversou com a Lina Santiago? Vocês continuam sendo amigos? 

DJ JUANITO: Nos conversamos pela última vez nos anos 90! Infelizmente a gente se desentendeu.


Lina Santiago - "Feels So Good" (Video Official)
Na época, a cantora não tinha nem 18 anos de idade...

RIKARDO: DJ Juanito e Lina Santiago fizeram um grande sucesso ao redor do mundo, mas nunca mais lançaram nada juntos. Por que a dupla não colaborou novamente? 

DJ JUANITO: Essa questão é muito complicada! O que eu digo para as pessoas que me perguntam sobre isso é que leiam o livro que irei lançar! Um dia detalharei tudo e muito mais sobre a minha vida musical! Não escreverei o meu livro por enquanto porque ainda não terminei a minha missão, acho que estou apenas começando.

RIKARDO: Os charts americanos são bem difíceis de serem alcançados, principalmente quando se trata de artistas latinos, mas nos anos 90 você, DJ Juanito, quebrou essa barreira e conquistou as paradas americanas junto com Planet Soul e Angelina. Como foi isso para você? 

DJ JUANITO: Naquele momento eu não raciocinei direito sobre esta conquista, então não senti nada, pois estava muito focado na música e queria permanecer neste meu objetivo... Só mais tarde é que vi o que fiz! Senti muito orgulho deste meu feito. Nunca na minha vida pensei que a UNIVERSAL RECORDS iria lançar o meu primeiro álbum! Com certeza foi um sonho realizado!


DJ Juanito e Lina Santiago chegaram ao #35 da Billboard Hot 100 com o hit "Feels So Good (Show Me Your Love)", e segundo o produtor, a faixa foi lançada pela primeira vez em outubro de 1994. Em novembro/94 Juanito assinou um contrato com a Universal Music, que então passou a distribuir oficialmente o seu single e posteriormente o seu álbum "Lina Santiago - Feels So Good".

RIKARDO: Como surgiu a ideia de produzir "Feels So Good"? Qual foi a sua inspiração? Você pode descrever aos seus fãs brasileiros o processo de produção deste grande e inesquecível hít mundial? 

DJ JUANITO: Eu tinha uma gravadora chamada BUST A GROOVE, era uma gravadora de loops puros e batidas feitas de samples puros... então um dia eu disse ao meu amigo que era hora de produzir e lançar músicas originais. Esse amigo me apresentou a Lina em Hollywood e imediatamente comecei a escrever FEELS SO GOOD. Lina me deu ideias para a música, mas não gostei das ideias. Como eu tinha a batida que eu gostava, gravei em fita cassete e um dia, voltando do estúdio para a minha casa, comecei a ouvir esta batida no som do meu carro e também fui escrevendo a letra ao mesmo tempo! Quando cheguei em casa já tinha a música escrita! Foi a batida, que criei primeiro, que me inspirou a criar FEELS SO GOOD. 

RIKARDO:  Nos anos 90 você também fez outras parcerias que se destacaram, como "A Mover La Colita". Como foi trabalhar com Artie The One Man Party? 

DJ JUANITO: Na verdade, eu não trabalhei com o Artie, ele me deu uma pequena ideia de "A Mover La Colita" mas eu produzi totalmente a música, é simples assim. Mas é claro que ele disse para todo mundo que produziu a música, e eu só dou risada!!


"A Mover La Colita" é um dos maiores sucessos de DJ Juanito e também está na trilha sonora do filme "Nunca Fale com Estranhos" (1995), com Antonio Bandeiras e Rebecca De Morney

RIKARDO: DJ Juanito, você foi o produtor executivo do álbum "Feels So Good" de Lina Santiago, lançado aqui no Brasil pela Universal Music em 1996. Por que a música "Dale que Dale" não foi lançada em CD-Single? Essa música foi muito ouvida em club's e rádios, então o público ainda se pergunta o por que disso... 

DJ JUANITO: Essa foi uma decisão da Universal, eu apenas produzi a música. A gravadora que decidia quais faixas virariam singles.


Lina Santiago e bailarinos, em 1995

RIKARDO: O grande hit “Feels So Good” pertence ao gênero Freestyle/Electro, mas muitas das músicas do álbum de Lina Santiago são românticas e pertencem ao gênero R&B. Essa ideia foi de Lina Santiago, sua ou da gravadora? 

DJ JUANITO: É CLARO QUE NÃO FOI MINHA DECISÃO!! Essa foi a decisão do presidente da Universal Records de Nova York, Daniel Glass! Neste caso, eu insisti que tínhamos que fazer um álbum de DANCE PURO, mas ele insistiu que tínhamos que usar compositores consagrados da indústria (Diane Warren, Emilio Esteban, etc.)! Eu disse a ele que era uma má ideia! Eu tentei fazê-lo entender sobre isso e não concordei sobre ter que criar músicas românticas / lentas para uma cantora que tinha explodido com um hit dançante... mas Glass não me ouviu! No ano seguinte, a Universal o demitiu!

Eu tinha dado uma outra ideia para ele, que também não gostou... Contei para ele se poderíamos colocar o meu nome na capa do disco, como "DJ JUANITO APRESENTA", mas ele me disse que isso nunca iria funcionar... agora é tudo o que mais vemos por aí: David Guetta, Tiesto, John Summit...apresentando vários artistas! Tive essa ideia nos anos 90, quando ninguém estava fazendo isso! 


Daniel Glass (ex-presidente da Universal Music)

RIKARDO: O gênero freestyle teve uma fusão perfeita com a música House/Electro. Você acha que um dia esse mix poderá ter o mesmo efeito que teve nos anos 90? 

DJ JUANITO: NÃO. Mas um dia farei outro Mix Freestyle/EDM para meus fãs! O que vocês do Brasil acham?


RIKARDO: DJ Juanito, para finalizarmos esta entrevista  você poderia deixar uma mensagem aos fãs brasileiros, por favor? Aqui no Brasil muitos DJs começaram a tocar graças aos seus discos...

DJ JUANITO: Sim, eu fiquei sabendo sobre isso...muitos DJ's brasileiros me contaram e eu fico feliz de saber! Hermanos, eu gostaria de fazer um agradecimento muito especial a todos vocês! Eu sei que a maioria dos meus fãs estão aí no Brasil! Muito obrigado a vocês! Tenho trabalhado em muitas músicas novas e espero que vocês possam ouvir e gostar.


"A maioria dos meus fãs estão no Brasil" - DJ Juanito

RIKARDO: Quer deixar suas mídias sociais para que seus fãs brasileiros possam te seguir? 

DJ JUANITO: É claro!

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INSTAGRAM

www.djjuanito.com 

www.streamagroove.com 

Estou sempre procurando por artistas talentosos, se você é um artista e procura por um produtor experiente, aqui estou eu! Envie-me uma demo por email ou envie-me uma mensagem, e não se esqueça de me deixar os seus dados. Obrigado!

 E-mail: djjuanitopresents@gmail.com 

Obrigado Rikardo!


AGRADECIMENTOS:

Agradeço ao DJ Juanito por participar desta entrevista, a única feita a um site brasileiro. Definitivamente, um cara talentosíssimo, acessível e muito atencioso!

Espero que os fãs do Freestyle-Eletro dos anos 90 tenham gostado destas informações exclusivas - que mais uma vez conseguimos! Obrigado a todos pela leitura e até a próxima matéria sobre a boa e velha Dance Music!!!

Leia também: 

ANGELINA CAMARILLO (Matéria sobre a cantora de "Release Me", "I Don't Need Your Love", "Tide Is High", entre outros.)

ENTREVISTA COM LAURA MARTINEZ (Das músicas "Ritmo Latino" e "Te Quiero Amar")

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

ACE OF BASE - "ALL THAT SHE WANTS" (1993) A HISTÓRIA

"ALL THAT SHE WANTS: A INACREDITÁVEL HISTÓRIA DO ACE OF BASE" 

Ace Of Base: Eles não eram artistas "fakes" como Milli Vanilli, Whigfield e Corona, mas a história da banda sueca de Eurodance é cheia de polêmicas...


O Ace of Base foi um quarteto sueco constituído pelos irmãos Jonas "Joker" Berggren, Malin "Linn" Berggren, Jenny Berggren, e pelo amigo do trio, Ulf "Buddha" Ekberg

Na verdade, a banda - que é popularmente conhecida como um símbolo dos anos 90 - foi formada originalmente no ano de 1986, mas com um outro nome, Tech Noir. Neste início o grupo contou apenas com três integrantes, Jonas Berggren e seus dois colegas Johnny Lindén e Nicklas Tränk, que também eram músicos. 

Com o tempo, as duas irmãs - Jenny e Linn - foram adicionadas para fazer os vocais e depois acabaram se tornando integrantes fixas. O amigo Ulf Ekberg entrou depois, logo com a saída dos dois colegas de Jonas, restando então na banda: Jonas, Linn, Jenny, e claro, Ulf. Não demorou muito também para que o Tech Noir trocasse o seu nome de batismo para o conhecido Ace Of Base (em 1990), e assim, os suecos escreveram a sua história no Hall da Pop / Dance dos anos 90, com muitos singles, prêmios e reconhecimento mundial.

A história do Ace Of Base é tão relevante para os anos 90 que a banda irá ganhar um documentário intitulado de "All That She Wants: The Unbelievable Story of Ace of Base", uma produção que seguirá os moldes do recente e bem sucedido documentário sobre Milli Vanilli.


Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA



Ace Of Base - "All That She Wants" (1992)
Este single foi o divisor de águas na carreira do Ace Of Base e influenciou diversos outros nomes do Eurodance, como Randy Bush, DJ Bobo, Sect, Mr. President, Jessica Jay, e etc...


A canção "All That She Wants" foi lançada em 1992 e se tornou rapidamente uma grande sensação mundial. Os quatro integrantes realmente acreditavam no potencial desta música desde o seu início, mas não achavam que seria algo tão gigantesco... Para o Ace Of Base, eles poderiam conquistar os charts de alguns países escandinavos, e só...mas o single se tornou num grande hit global, surpreendendo até a própria banda.


O DOCUMENTÁRIO TRARÁ OS ALTOS E BAIXOS DO ACE OF BASE

Denniz PoP - Há 25 anos perdíamos este incrível produtor... Praticamente, o pai do "Euroragga" 

No dia 30 de agosto de 2023 completou-se vinte e cinco anos da morte do lendário produtor Denniz PoP, um dos grandes responsáveis pelo sucesso do Ace Of Base, e com certeza, um dos caras que elevou a popularidade do subgênero EuroRagga. Ele foi diagnosticado com um câncer de estômago em 1997, não resistiu e veio falecer no ano de 1998, aos seus 35 anos de idade. Uma grande perda para o Eurodance, o Ragga, e o Pop.

Nos anos de 1990 e 1991, Denniz PoP produziu alguns artistas Ragga antes mesmo de trabalhar com o Ace Of Base, e dentre estas produções podemos citar os primeiros hits do Dr. Alban, Kayo (que também foi a voz do Le Click - "Call Me") e Leila K. A propósito, ouça a música “Another Mother” da cantora Kayo, de 1990, e sinta toda a inspiração que ela foi para “All That She Wants”.

Denniz PoP já apostava na sonoridade "reggae-pop" nestes três artistas mencionados acima, ou seja, ele simplesmente deu uma continuidade em seu bom trabalho iniciado em 1990.


Linn é a única vocalista creditada em "All That She Wants" do Ace Of Base

Outra curiosidade, é que no single de “All That She Wants” há apenas créditos vocais para a Linn, ou seja, a Jenny não gravou no estúdio esta faixa icônica! 

Realmente não há nenhum registro vocal da Jenny nesta gravação, e eu fiquei bem surpreso quando olhei para o verso do cd-single (que adquiri recentemente) e não encontrei o nome da morena nos créditos. É meus amigos, definitivamente foi uma grande perda para o Ace Of Base o desligamento da Linn, afinal, a loira sabia se virar sozinha, tinha uma presença e um talento que engrandecia exuberantemente as faixas e o visual do Ace Of Base. Linn ainda foi creditada sozinha em "Happy Nation" como vocalista principal, e assim como em “All That She Wants”, o nome da Jenny não aparece nem entre os backing vocals (!).

Lógico que a Jenny tinha um papel muito importante, incluindo uma excelente voz, mas a Linn tinha algo a mais… Ela era a essência; a própria alma do Ace Of Base!


Ace of Base - "All That She Wants" (1992)
Um clássico arrebatador da Dance Music e dono dos principais charts de 1993!


Voltando a falar sobre Denniz PoP, ele também firmou uma parceria com ninguém mais que Max Martin, uma outra grande referência das produções musicais, principalmente às músicas voltadas ao Pop, e juntos assinaram vários sucessos mundiais.


Denniz PoP com Jonas "Joker" Berggren em ação no estúdio

A BMG / Arista lançou o primeiro ábum do Ace Of Base - "Happy Nation" em 1992 e obteve sucessos bombásticos como a citada "All That She Wants", "The Sign", "Happy Nation", "Wheel Of Fortune" e "Don't Turn Around". Em 1995 o grupo retornou com o álbum “The Bridge” e apresentou os novos híts "Beautiful Life", "Never Gonna Say I'm Sorry" e "Lucky Love". Já em 1998, o Ace Of Base tornava a agradar o público e desta vez foi com um cover de "Cruel Summer" (uma canção original do Bananarama), faixa presente no álbum “Flowers”, tal qual, em alguns países intitulado como “Cruel Summer”.


Ace Of Base - "Cruel Summer" / "Flowers"" (1998)
Linn se despede dos fãs em imagens desfocadas e distante dos demais integrantes...

Foi mais ou menos nessa época que Linn começou a ficar estranha e se afastar cada vez mais da banda, até se desligar totalmente algum tempo depois. Nessa Era “Cruel Summer” Linn estava praticamente de fora do grupo, mesmo com os demais membros não falando oficialmente sobre o assunto... 

Quando estiveram aqui no Brasil, em 1998, a loira não veio com eles, então Jenny disse no antigo programa "H" que Linn não estava participando daquela tour porque "tinha medo de viajar de avião". Os fãs estranharam isso, porque, apesar da cantora realmente ter declarado que não gostava de voar, ela estava sempre viajando em turnês…  aliás, já havia comparecido no Brasil anteriormente (em 1994). Será que a fobia por viagens aéreas estava evoluindo para um grau maior? 

No entanto, o que mais chamou a atenção dos fãs nessa época, é que na capa do álbum "Cruel Summer" (1998) a imagem da cantora estava praticamente "desfocada", e ela parecia estar de "escanteio" em várias imagens promocionais. Ou seja, aquele foi o penúltimo álbum contendo a participação da bela loira de olhos azuis, e essas imagens seriam um "preview" deste seu desligamento.


Ace of Base - "Never Gonna Say I'm Sorry" (Official Music Video)
A formação clássica do Ace Of Base teve uma vida curta... Usando e abusando da fórmula bem sucedida do Euro-Ragga

Ao todo, o Ace Of Base vendeu um pouco mais de 32 milhões de álbuns, tornando-os o terceiro maior grupo sueco de todos os tempos (depois do Roxette e Abba), e sem dúvidas, o documentário focará nestes impressionantes resultados e em todas as conquistas alcançadas pelo grupo, porém, também é muito justo e esperado que reconstruam toda a história sobre o afastamento de Linn Berggren. 

Para quem não sabe, Linn teve a sua casa invadida por um fã alemão enquanto estava com seus familiares e isso gerou uma situação muito traumática para a cantora, que por consequência passou a não mais conseguir lidar com a vida pública, preferindo ter uma vida totalmente "reclusa" (longe dos fãs e da imprensa). 

É claro que aguardamos uma explicação muito mais detalhada sobre este seu afastamento, e também ficamos na torcida de que Linn "Malin" Berggren faça alguma aparição neste documentário, como fez recentemente a cantora Annemie Coenem no doc. "Belpop" (2023). 


"É FÁCIL PERDER O EQUILÍBRIO"

Atualmente ninguém sabe do paradeiro de Malin "Linn" Berggren. A cantora sueca resolveu desaparecer para viver em seu anonimato... Mas, será que há chances de Linn reaparecer agora, neste documentário??

O documentário irá se chamar "All That She Wants - A Inacreditável História do Ace Of Base" e será dividido em três partes. A empresa de streams que fará a sua transmissão -  Viaplay - informou que os espectadores terão uma visão não apenas focada nos sucessos, mas também nas partes mais sombrias do Ace Of Base. 

A Viaplay está prometendo detalhes de quando Jenny Berggren foi atacada com uma faca por este fã em sua casa, além de outras polêmicas, como o passado nazista de Ulf Ekberg e também de quando ele foi ameaçado de morte por extremistas de direita (tendo que usar coletes à prova de balas nos palcos e de andar acompanhado de guarda-costas).

A vocalista Jenny Berggren comentou recentemente sobre essa produção de vídeo:  "Alguns momentos me machucam em relembrar, outros já me deixam feliz, e será algo bem próximo da realidade que vivenciamos. Nós lutamos, perdemos, amamos e perdoamos. Fizemos uma carreira mundial e nela fomos à Lua e depois voltamos. De repente, a vida em casa passou a ter seis vezes mais gravidade e era fácil perder o equilíbrio quando estávamos trabalhando. Mas nos mantivemos com os pés no chão e muitas vezes carregamos os fardos um do outro. Talvez seja disso que mais me orgulho hoje."


O Ace Of Base é um dos nomes mais premiados e respeitados da Eurodance dos anos 90

Ulf Ekberg (o "Buddha") é o membro mais envolvido nesta produção documental, e informou num comunicado para a imprensa:

 "Se tratará de uma visão profunda, autêntica e honesta da nossa jornada através dos nossos altos e baixos."  - Ulf Ekberg

Ele também apareceu num programa de TV sueco e falou mais sobre a futura produção, porém, o que mais surpreendeu aos fãs do Ace Of Base foi quando Ulf afirmou não ter contatos com Linn há 20 anos

Os fãs não esperavam que fizesse tanto tempo assim (que "Malin" e "Buddha" não se viam), afinal, foram integrantes da mesma banda e se consideravam amigos... Ele ainda conta que Linn optou em sair de cena para ter uma vida totalmente desligada dos holofotes, e que ela está feliz assim. Então, com essa afirmação do músico, infelizmente podemos deduzir que será muito difícil de vermos Linn dando o seu depoimento nesta produção, pois, se nem o próprio Ulf tem visto a sua antiga parceira nas últimas décadas... quem irá convencê-la de ressurgir agora, para este registro documental?


MINI ENTREVISTA - ULF 'BUDDHA' EKBERG SOBRE O DOCUMENTÁRIO "ALL THAT SHE WANTS" (2024) - LEGENDADO
Ulf "Buddha" Ukberg sempre está divulgando os lançamentos de compilações e edições especiais do Ace Of Base. Agora, o músico está se esforçando para divulgar o documentário "All That She Wants: The Unbelievable Story of Ace of Base"


Outro ponto que o documentário irá abordar será em torno dos conflitos internos entre os integrantes, muitos destes envolvendo os direitos autorais das músicas, e outros simplesmente por causa de dinheiro, gerando mais tensão e colaborando lentamente com o fim da banda. 

Será que é por isso que Ulf não tem visto a Linn nos últimos 20 anos? Estão brigados? Há muitos mistérios nos bastidores, e provavelmente só saberemos da verdade quando este documentário ganhar a sua estreia.


HAPPY NATION NAZI

Ulf não fala no vídeo acima sobre o seu passado nazista, mas qualquer fã do Ace Of  Base sabe de seu envolvimento com uma banda chamada Commit Suicide, onde cantaram nos anos 80 algumas letras racistas, defendendo a supremacia branca e a xenofobia.


'BUDDHA' FAZENDO UMA SAUDAÇÃO NAZISTA
Este é um CD chamado 'Uffe was a Nazi!', ou "Uffe era um nazista!", traduzido em português. 
O disco contem algumas letras racistas e também conta com a participação do músico pop Ulf "Buddha" Ekberg (Ace Of Base)


Em março de 1993, logo após ao sucesso do single "All That She Wants", o jornal sueco "The Express" publicou uma reportagem de capa revelando que, em sua adolescência, Ulf "Buddha" Ekberg havia sido um membro de uma gangue de skinheads com crenças neonazistas/supremacistas brancas. Embora o Ace of Base continuasse a ter uma carreira normal para uma banda de Eurodance, as acusações perseguiram Ekberg durante anos depois que a história foi divulgada.


Ulf "Buddha" Ekberg sendo exposto na década de 90 por ter sido um nazista nos anos 80 (de 1982 até 1987)

Em 1998, uma independente gravadora sueca chamada Flashback Records lançou um CD chamado "Uffe Was a Nazi!" (Ulf foi um nazista), que era uma coletânea "pirata" em edição limitada com apenas 1.000 unidades, hoje sendo uma raridade e um importante item de colecionador. O tal produto contem cinco músicas, como “Rör inte vårt land”, que se traduz como “Não toque em nosso país” e “Vit makt, svartskalleslakt!” que se traduz como “Poder Branco, Massacre de Caveira Negra”.

As faixas deste disco são atribuídas às primeiras bandas de Ekberg, Commit Suiside e MRP; e uma das faixas é um cover da música "Smash the IRA", da banda nazista inglesa Skrewdriver.

No encarte do CD, há também uma mensagem de um tal de Jan Axelsson (provalmente o cara que quis revelar a verdade sobre o passado sujo de "Buddha"):

"Este registro não tem a intenção de questionar as crenças políticas de ninguém. A intenção é provar que esse grupo de Ulf Ekberg é bem diferente desse que ele apresentou diante de 60 milhões de telespectadores americanos em março de 1993, enquanto ele nega de ser nazista.

Este disco está sendo lançado por causa de sua covardia em continuar negando isso, em 1998.

Este disco nunca poderá ser censurado, pois isso invalidaria seu propósito e ônus da prova. Portanto, o material é áspero e grosseiro em alguns lugares, e as pessoas sensíveis a isso devem tomar cuidado.

-Jan Axelsson

Estocolmo, junho de 1998"


Ulf Ekberg está bastante ativo nos negócios do Ace Of Base atualmente, inclusive, ele tem participado excessivamente nas divulgações do documentário do grupo, que ganhará estreia em 2024. Será que ele irá se poupar? Será que ele realmente falará toda a verdade sobre o seu passado, de quando era um skinhead nazista??

Ulf já pediu desculpas e disse que essa sua versão sombria não existe desde 1987, porém, é praticamente ímpossível desassociar este fato tão chocante da vida de uma pessoa, principalmente se ele é um cantor famoso de Eurodance que canta músicas fofinhas, como "Happy Nation" (1993). 


Ace of Base - "Happy Nation" (Official Music Video)


A capa do polêmico disco tem Ulf "Buddha" fazendo uma saudação nazista, e nas músicas ouvimos palavras de ódio aos afrodescendentes e imigrantes, como o perturbador trecho: "Homens de capuzes brancos marcham pela estrada, nos divertimos quando serramos cabeças de negros e imigrantes, nós odiamos vocês! Fora, fora, fora, fora! Povos nórdicos, acordem agora! Atire, atire, atire, atire!"

Ekberg se defendeu algumas vezes, dizendo que o grupo Commit Suicide foi uma banda de New Wave que produzia música eletrônica com sintetizadores, e que as músicas racistas não foram escritas por ele, mas ao mesmo tempo lamentou por ter se associado a estes grupos.

Em um outro momento, Ulf também divulgou um comunicado dizendo sentir muito, esclarecendo ainda que era muito jovem, e que hoje entende a decepção e mágoa que causou nas pessoas. Ele ainda reforçou que os demais integrantes do Ace Of Base nunca compartilharam destes mesmos pensamentos de ódio e intolerância. 

Se "Buddha" compôs as letras, ou não, isso não faz tanta diferença pois ele cantou, representou e compartilhou de todas aquelas mensagens de ódio. Ele não sofria de lentidão mental e entendia muito bem o que aquelas palavras estavam dizendo. Afirmar agora que não escreveu as letras, não ajuda muito, pois ele compactuou com aquelas mensagens e com quem as escreveu. A imagem na capa do CD também não mente e mostra claramente "Buddha" fazendo uma saudação nazista, então qualquer justificativa não irá safá-lo ou diminuir a gravidade de seu péssimo comportamento. Acredito sim na mudança das pessoas, mas tentar confundir o seu público não parece ser uma atitude muito honesta.

Jenny Berggren também disse ao jornalista brasileiro Braulio Lorentz que "Buddha" era muito jovem e que acredita na mudança de seu ex-colega:


"Eu acredito no perdão" - Jenny Berggren

"Eu acredito no perdão. Você pode dar passos errados quando é jovem e acredito que isso não deve destruir a vida inteira de uma pessoa, só porque você fez algo errado. Temos que aprender com as pessoas e foi o que fiz. As pessoas são lindas, pessoas normais. Ulf é normal, ele é incrível, ele é fantástico, e ele é uma outra pessoa hoje." - Jenny Berggren

Ou seja, ele teve um envolvimento com aqueles ideais neonazistas, mas merece uma segunda chance. O que incomoda, é que - em muitas das vezes - “Buddha” parece tentar "tirar o dele da reta" ao dizer que não escreveu as letras, sendo que ele participou destes grupos racistas de 1982 até 1987, demonstrando o seu fervor, disposição e apoio à violência que estes perfis escreviam e cantavam. 

Mas, é claro! As pessoas podem se regenerar, e tudo indica que “Buddha” está mudado e realmente arrependido. Além de que, ninguém merece ser julgado eternamente por um erro que cometeu em sua juventude. Por outro lado, também não dá para passar uma borracha e fingir que este seu passado asqueroso nunca aconteceu…

Sobre o documentário "All That She Wants - A Inacreditável História do Ace Of Base", Ulf "Buddha" ainda diz: Documentários sobre artistas e grupos costumam ser bastante polidos e seletivos, mas o nosso será muito honesto e mostrará os nossos sucessos mas também as nossas quedas. Os espectadores terão a chance de vivenciar a nossa história de uma nova maneira, e acho que todos os nossos fãs merecem ver a história real. Agora também estamos comemorando 30 anos desde que 'All That She Wants' foi descoberta mundialmente (1993), portanto, cabe muito bem este documentário para o momento."

Esperamos que Ulf Ekberg não tente se safar de seu passado utilizando-se deste documentário em benefício próprio, como exemplo, trazendo dramas da infância que o levaram a ser um racista, ou recriando qualquer roteiro novo com a intenção de gerar comoção ao público - com a finalidade de apagar ou tornar mais "leve" o seu erro. 

E será que a Linn se ausentou - de tudo e de todos -  devido apenas ao trauma que sofreu com o fã alemão? Ela nunca gostou da fama, mas será que a cantora também não sabe de mais histórias grotescas como esta?

Vamos abrir o leque de possibilidades e assistir, muito atentos, como essa história toda irá se deslanchar sobre a tela...


O POP NÃO POUPA NINGUÉM

O cantor Prince deu uma ignorada no Ace Of Base, mas Michael Jackson demonstrou carinho pelo grupo

Seria curioso se essa série documental mostrasse também mais da relação da banda com outros artistas consolidados da música, já que os suecos se tornaram uma banda "queridinha" entre vários cantores americanos. 

Michael Jackson, por exemplo, se declarou fã do grupo e já esteve pessoalmente com os integrantes. Quanto a cantora pop Britney Spears, ela disse amar o hit "All That She Wants" e ainda regravou um trecho deste hít... Maaaas, há também quem não "foi muito com a cara" do quarteto de Eurodance...

O cantor Prince nunca foi um sinônimo de simpatia, inclusive muitos são os relatos de artistas que se sentiram menosprezados por ele... e com o Ace Of Base, não foi muito diferente...


Ace of Base - "The Sign"- Premiação 'World Music Awards' (5/4/1994) 
Whitney Houston, Kylie Minogue e Prince são vistos na plateia

Em 1994, diante do auge do Ace Of Base, os responsáveis pela premiação "World Music Awards" convidaram o grupo sueco para se apresentar em seu palco, então a banda de Eurodance performou o single "The Sign". Na plateia, Whitney Houston e Prince pareciam se divertir com a apresentação do grupo, contudo, fora das câmeras, Prince não demonstrou muito "amor" assim pelo Ace Of Base...


Jonas "Joker" Berggren diz à revista francesa que "Prince ofendeu o Ace Of Base"


Jonas Berggren disse em 1994 à uma revista francesa: “Durante o 'World Music Awards', em Mônaco, conhecemos duas ótimas garotas: Claudia Schiffer e Helena Christensen. Depois do show, Ulf e eu jantamos com Kylie Minogue, e a achamos uma pessoa muito legal e inteligente. É emocionante participar de um show com outras estrelas como essa.”

“Já Prince, ele não quis apertar as nossas mãos...Quando estávamos frente a frente, Prince se aproximou de nós, nos olhou diretamente nos olhos e disse: 'Prince não quer conhecer o Ace Of Base'. Ele se virou e foi embora. Prince é um gênio como músico, ele fez muito pela música, mas a sua atitude é definitivamente indesculpável. Nós não tínhamos feito nada para ele! Isso nos deixou bem tristes.” - Jonas Berggren


Atrás de Whitney Houson temos Kylie Minogue, e na direita temos o polêmico cantor Prince, que parece se divertir bastante com a performance do Ace Of Base cantando "The Sign" - na premiação "World Music Awards'94". Mas, quando estiveram frente a frente (ao compartilhar um elevador), Prince demonstrou arrogância e insolência ao grupo sueco...

Ulf também disse algo a respeito sobre esta experiência com o cantor Prince, mas de maneira mais resumida. Em 2020, o Ace Of Base lançou um Box-Set contendo vários CDs e um livreto especial com um pouco da história do grupo. Entre essas páginas, Ulf Ekberg escreveu:

"Nós vimos o Prince tentando fugir de alguns jornalistas num hotel de muito prestígio, em Monaco, quando nos apresentamos no 'World Music Awards'. Sempre o considerei um cara legal, mas ele não ficou muito satisfeito em compartilhar um elevador com a gente." Jonas sorri “Também me lembro de ter gostado de conhecer os favoritos da minha infância, os Bee Gees, e eles foram muito legais conosco”, acrescenta.


Livreto com um pouco da história e curiosidades sobre a banda... Este item é parte integrante do Box-Set "All That She Wants: The Classic Albums" (2020)

Até a Linn já mencionou o nome de Prince, ao citar a admiração de Michael Jackson pela banda:

"Antes eu achava que ser famoso significava que você teria uma casa grande, um lindo carro e um homem bonito. Não é bem assim, mas acho que é bom ser uma estrela pop. Soa tão estranho para mim ser chamada de estrela pop. Ainda não consigo me acostumar com isso. O fato é que Michael Jackson é um grande fã da nossa música, e ele veio até nos conhecer... Ulf disse que Prince nunca entendeu a nossa música, mas Michael Jackson sim." (Malin "Linn" Bregger)

Em 1994, Prince ignorou o Ace Of Base na época da premiação "World Music Awards", mas em 1996, durante a mesma premiação, o astro Michael Jackson demonstrou um sentimento contrário ao de Prince. Ulf Ekberg disse que Michael Jackson se dirigiu pessoalmente até aos criadores do hít "Beautiful Life".

“Conhecê-lo pela primeira vez foi algo muito importante porque ele era uma lenda para todos nós da banda”, disse Ulf ao site DS.

"A primeira coisa que ele fez foi vir até a nós e dizer: 'Quer saber? Eu acho que 'Beautiful Life' é uma das melhores músicas que já ouvi e a ouço o tempo todo'. Ele estava tímido e agiu como se estivesse honrado em nos conhecer. Eu só pensei comigo 'Na verdade, somos nós que estamos honrados em conhecê-lo, e não o contrário'. Ele era tão humilde e sempre me lembrarei disso. Foi um grande momento." (Ulf "Buddha" Ekberg)


Ace Of Base @ World Music Awards 1996 (Live) "Beautiful Life"
Celine Dion, Shania Twain e Michael Jackson aparecem entre os espectadores na plateia. Percebam a empolgação do rei do pop durante a performance... Depois, ele foi até ao grupo se apresentar pessoalmente e ainda teceu elogios à eles.


"All That She Wants" do Ace Of Base também era uma das músicas prediletas de Britney Spears, e em 2006, a princesa do pop resolveu samplear o grudento refrão da faixa e criar a sua própria música que levava o mesmo título. Nos versos, Britney incluiu um poema escrito pela própria chamado "Remembrance Of Who I am". Ela planejou lançar a sua "All That She Wants" no quinto álbum ("Black Out"), porém, permaneceu inédita porque "acontecia aquele capítulo difícil na vida de Spears" (Segundo Ulf Ekberg).


Britney Spears - "All That She Wants" (2006)

Depois de trabalhar com o Ace Of Base, Denniz PoP também produziu e escreveu canções para diversos artistas internacionais, incluindo Backstreet Boys, N'Sync, E-Type, Britney Spears, entre muitos outros.

Depois da morte precoce do produtor, Britney Spears venceu o prêmio de 'Melhor Canção' para o seu single "...Baby One More Time" no MTV Europe Music Awards (1999) e dedicou o prêmio à Denniz PoP (falecido no ano anterior).

Quanto ao tão aguardado documentário de 3 partes do Ace Of Base, está sendo produzido por Nexiko e seus diretores são Jens von Reis e Daniel Andreasson, além de contar com Johan Wennberg como o produtor executivo. É claro que esperamos que Denniz PoP tenha também o seu merecido espaço neste registro, afinal, ele fez um excelente e incomparável trabalho para este importante grupo de Eurodance que é o ACE OF BASE.

RIP DENNIZ POP 🙌🏻🙏


Merry Christmas and Happy New Year!!
25/12/2017 - 25/12/2023
6th Anniversary of the Blog!!


Finalizo esta última postagem do Blog em clima de festa do nosso 6º aniversário, e desejando também um Feliz Natal e um próspero 2024 a todos os leitores e amigos!!

Obrigado pela companhia sincera neste ciclo que durou 6 anos!

FIM

:) Rikardo

sábado, 11 de fevereiro de 2023

JESSICA JAY (DORA NICOLOSI) - A HISTÓRIA DO PROJETO DE EURODANCE

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

O RETORNO DE JESSICA JAY À DANCE MUSIC ITALIANA

Ela voltou!!


Vocês se lembram de quando o Blog apresentou uma matéria completa sobre o produtor Dr. DJ Cerla e destacou o seu hit "Everybody Pom Pom"? Pois é, naquela ocasião foi necessário citar ainda o projeto "Jessica Jay", já que a vocalista também cantou nesse outro produto "made in Italy".

E sabem qual é a notícia da vez? O mesmo Jessica Jay dos anos 90 - que tanto usava e abusava da sua batida Euro-ragga  - está de volta com uma nova canção aos fãs da Dance Music! E o melhor disso, é saber que temos também o retorno de Dora Nicolosi nos vocais! Sensacional, não?
 
A música se chama "Memories" e foi lançada oficialmente no dia 25 de janeiro de 2023; cuja novidade obtive através da Radio Energia Dance.
 
 
Lino Nicolosi, produtor de inúmeros projetos (como Randy Bush), com sua esposa e cantora do Jessica Jay: Dora Nicolosi

 
Pois é pessoal, Dora Nicolosi continua trabalhando nos estúdios como nos velhos tempos, e a sua lindíssima voz está impecável como sempre! E digo mais... É sempre muito gratificante ver grandes artistas dos anos 90 ainda na ativa… Testemunhem casos semelhantes como os de Annerley Gordon, Sandra Chambers, Nathalie Aarts, Dr. Alban, Haddaway, Simone Jay, Double You, Miriam Stockley, Nicki French, Melody Castellari, e tantos outros que ainda se dedicam com muita garra à música...

Sobre "Memories" de Jessica Jay, a música tem duas versões interessantes, uma no estilo "Euro-ragga" (que sempre foi o forte do projeto) e uma mais direcionada à linha "Italodisco".

 
Lino Nicolosi

E é claro que esse é mais um trabalho envolvente do lendário produtor Lino Nicolosi, um dos veneráveis músicos do Novecento e conhecido também por ser o marido da Dora. 
Mr. Nicolosi é um grande defensor e controlador de suas produções, tanto que sempre está solicitando aos usuários do YouTube que apaguem seus vídeos compartilhados, inclusive, até requisita o “strike”  à plataforma caso seu pedido de exclusão não seja atendido.


UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE JESSICA JAY
O projeto Jessica Jay surgiu como uma parceria entre os irmãos Lino Nicolosi e Pino Nicolosi, lançando o primeiro álbum em 1994 e sem nenhuma figura humana em sua capa.
Depois a dupla entregou o projeto para a S.A.I.F.A.M. - a famosa "fábrica" de hits administrada pelo mago Mauro Farina, que deu sequência nos novos trabalhos do projeto.
 
Os maiores sucessos ficaram concentrados nas canções do primeiro álbum, mas os álbuns seguintes também ganharam novos admiradores...
No geral, o Jessica Jay foi bem sucedido em vários países asiáticos, e infelizmente nunca alcançou popularidade aqui no Brasil. Até mesmo na Itália, onde suas canções eram produzidas, não obteve muitos reconhecimentos. O país que mais consumiu o projeto foi a Tailândia, mas suas músicas também foram muito bem aceitas em Singapura, Malásia, Filipinas, Indonésia, China, Coréia do Sul e Taiwan, bem como em alguns países europeus, como a Rússia, Polônia e Alemanha.


Jessica Jay - “Broken Hearted Woman” (1993)
Um inesperado hit em diversos países!


Na Tailândia, a música "Broken Hearted Woman" foi a mais tocada do ano de 1993. Esse - que foi o primeiro single de Jessica Jay - ainda não trazia a modelo em sua capa, mas apenas uma arte "básica" sem maiores pretensões.
Outra curiosidade em torno de "Broken Hearted Woman", é que se trata de um cover da música "Rouge" (1979) da artista japonesa Miyuki Nakajima, e também é muito notável que Lino Nicolosi estava intensamente inspirado nas batidas de "All That She Wants" e "The Sign" do Ace Of Base ao produzir este single.

Devido ao auge do estilo, vieram outras faixas do Jessica Jay com essa mesma fórmula: regravação de clássicos e muita batida "euro-ragga".
Canções como “Casablanca”, “ Can’t Help Falling In Love”, “Always”, “Denpasar Moone”, “I Swear" foram alguns trabalhos que continuaram seguindo essa mesma tendência. 

Ao todo foram produzidos 3 Álbuns oficiais e dezenas de Singles & EPs, porém, como era muito habitual naquele período, a moça que passou a aparecer nas capas dos discos era apenas uma modelo contratada pela S.A.I.F.A.M... ela não era a verdadeira cantora... 


Jessica Jay
Loira, atraente, estilosa, cool... Mas não era a vocalista!


Outro fato intrigante, é que o "Jessica Jay" nem sempre foi cantado por uma única vocalista. Por exemplo, quando a S.A.I.F.A.M. passou a produzi-lo, Melody Castellari -  que era uma cantora de estúdio da gravadora - passou também a cantar alguns singles.
Ao todo, o projeto contou no mínimo com umas quatro cantoras diferentes, e sofreu também com algumas mudanças de estilos (na S.A.I.F.A.M. deixou de ser Euro-ragga e assumiu um lado mais Eurodance), mas no modo geral, o Jessica Jay sempre será lembrado pelas suas primeiras produções e na voz adorável de Dora Nicolosi.



A MODELO LOIRA SEGUIA O PADRÃO 'WHIGFIELD' E NUNCA GRAVOU NADA
Jessica Jay: Me engana que eu gosto! 
 
 
Jessica Jay lançou os álbuns "Broken Hearted Woman" (1994), "Chilly Cha Cha" (1998) e "My Heart Is Back" (2008). 
Neste último álbum do projeto, você percebe que a modelo não estampa mais a capa do disco, cujo trabalho apenas traz algumas imagens e desenhos mais simplistas. Acontece que, a bela loira já havia sido despachada por seus contratantes, assim como Marta Sinlat também foi desligada do J.K., e não deixando nenhum vestígio ou rastro aos fãs. 

Aliás, a identidade da loira do Jessica Jay sempre foi um grande mistério, e até hoje, ela continua sendo uma modelo "desconhecida" para a maioria dos estudiosos da Dance Music. 
 
 
 
Não se apegue ao que os seus olhos estão vendo... 
Esse registro no estúdio foi apenas para criar uma impressão aos fãs do projeto Jessica Jay


Seu nome real é Laura Fadzhotto, contudo, não existem muitos de seus detalhes pessoais revelados ao público.
Há essas duas fotos raras (acima) da bela loira "atuando" nos estúdios da S.A.I.F.A.M., no entanto, é apenas uma encenação da equipe para uma sessão promocional de fotos, onde queriam criar a ilusão de que o projeto Jessica Jay era uma pessoa real.

Jessica Jay ainda realizou alguns shows no leste europeu, mas como de praxe, sem músicas ao vivo. Nos palcos, a modelo Laura Fadzhotto apenas dançou e fez a tão difamada sincronização labial. Há também boatos de que ela nunca dava entrevistas, e a desculpa enviada aos jornalistas era de que a moça não conhecia outros idiomas, pois “era da Alemanha”.
 
Na verdade, Laura Fadzhotto é uma linda italiana que também trabalhou nas TVs da Itália, ou seja, ela tem o seu talento, mas não como cantora.
Na S.A.I.F.A.M. ela trabalhou por 3 anos e há registros de que chegou a fazer 3 shows como “Jessica Jay” na Rússia, em 1996.

Há também no You Tube uma apresentação ao vivo de uma moça chamada Simona Nae, onde ela faz um cover do hit "Casablanca". Mas muita atenção nessa apresentação, pois trata-se apenas de um cover, embora muitos fãs se confundem e pensam que essa é a verdadeira e oficial "Jessica Jay". Percebam que ela caprichou muito no visual, lembrando muito o estilo da modelo:

Simona Nae interpretou "Jessica Jay" na TV romena em março de 2013 e cantou ao vivo "Casablanca", um dos mais conhecidos hits do projeto.



O RETORNO INESPERADO COM "MEMORIES" (2023)
ELA É A VERDADEIRA JESSICA JAY!!
A voz de Dora Nicolosi continua a encantar…

E em pleno 2023, o Jessica Jay surpreendeu à todos com o seu retorno... Ainda mais com a volta de sua vocalista mais conhecida - Dora Nicolosi. 
Na imagem promocional deste novo trabalho, podemos ver também em destaque: "Original Vocals" e "New Single 2023" (apesar de ser um novo single, a melodia é totalmente idêntica com o do antigo sucesso "Casablanca").

Vale ressaltar ainda que a equipe da S.A.I.F.A.M. não participa aqui de "Memories", sendo uma produção totalmente realizada por Lino Nicolosi e lançada por seu próprio selo Dance 80 90.

Muito curioso esse interesse de Lino Nicolosi por um projeto tão antigo da Eurodance, não é mesmo? Nos coloca até para refletir sobre o que mais pode vir por aí... 
Já imaginou, no futuro, uma nova faixa do Randy Bush?


Jessica Jay - “Memories” 
Versão “Casablanca Remix”
(Euro-ragga)


Fica aqui a nossa dica aos fãs da legítima Dance Music dos anos 90. 

E para saber mais sobre Dora Nicolosi, se informar melhor sobre suas outras músicas mais expressivas dentro da cena Dance, veja aqui a nossa publicação completa de Dr. DJ Cerla - "Everybody Pom Pom".