HEATHER LEIGH WEST: "QUANDO VI O VÍDEO DE 'FEEL IT' NA TV EU TIVE UM CHOQUE POIS APARECEU UMA GAROTA MAGRA E NEGRA DUBLANDO A MINHA VOZ!!"
Olá amigos da Eurodance, mais uma vez estamos aqui para dar continuidade em nossa última postagem sobre o projeto The Tamperer e a verdadeira cantora da música "Feel It", que no caso NÃO é a Maya, como já esclarecemos aqui.
Na matéria anterior eu apresentei uma Linha de Raciocínio baseada apenas na lógica e nos áudios comparativos contendo os vocais das duas cantoras, e agora nesse Artigo Definitivo (Parte 2) trago também outras esferas que comprovam melhor o que, e como, tudo aconteceu no universo dos samples em que colidiram as duas vocalistas: Heather Leigh West e Maya Days.
Para começar, quero deixar bem claro aos desavisados que a vocalista original de "Feel It" é, e sempre será, a loira Heather Leigh West. Quanto a essa questão, definitivamente não há nenhuma dúvida.
SINTA ESSA HISTÓRIA
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-RIKARDO ROCHA
A cantora Heather Leigh West gravou a música "Drop A House" para o projeto americano Urban Discharge em 1994, a música foi lançada oficialmente em 1995, e em 1997 teve o seu vocal sampleado pelos italianos do The Tamperer.
Mas quando "Feel It" do The Tamperer estava pronta e prestes a ser lançada na Europa, o The Tamperer - sem saber quem era a vocalista - apenas recorreu aos produtores americanos do Urban Discharge - que eram Jim Dyke e Steve Gittelman - e solicitou à dupla a autorização do sample vocal para o licenciamento do single. Os caras não só autorizaram o sample vocal, mas também foram creditados como colaboradores na produção de "Feel It" (1997). No entanto, quando a música começou ser tocada em todos os continentes, o The Tamperer percebeu que era necessário trazer também a cantora daqueles vocais ao projeto, solicitando consequentemente aos americanos a presença dela, pois queriam que ela gravasse o vídeo de "Feel It" e outras possíveis novas músicas.
Maya Days - que na época usava o nome de batismo Laura Dias - realmente havia trabalhado com Jim Dyke e Steve Gittelman no projeto Urban Discharge, porém, ela os "abandonou" (!) para tentar conquistar um sucesso maior com um outro time de produtores.
Desculpem pela minha sinceridade, mas sempre projetei a imagem de Laura como uma mulher muito ambiciosa, e até hoje percebemos isso vendo suas entrevistas, principalmente quando fala com uma certa pretensão, tentando se igualar (nas entrelinhas) a vários Pop-Stars.
Quando era mais jovem, Laura era muito fã de Whitney Houston e sonhava também em ser descoberta e fazer um grande sucesso como a estrela de "O Guarda Costas", então ela entrou em contato com Steve Gittelman (ele foi o primeiro empresário de Whitney) e lhe enviou uma fita demo onde cantava o hino nacional americano. Ele gostou do que ouviu e convidou Laura para fazer parte de seu time criativo. Laura ficou contente? Não por muito tempo...
Laura Dias encerrou rapidamente o seu contrato com Steve, pois não estava muito satisfeita e pulou fora do projeto Urban Discharge. Mas antes de pedir demissão, Laura chegou a gravar a emblemática "Drop A House", entretanto não deu tempo de ser lançada pois coincidiu justamente com o seu pedido de desligamento, alegando que havia recebido uma proposta melhor com uma outra gravadora e que queria fazer Pop e não Dance Music.
Com a ida de Laura Dias para outra gravadora, os produtores sem muita opção chamaram então a jovem Heather Leigh West para refazer a música. A loira fez o seu trabalho e regravou "Drop a House" em 1994, sendo este também o seu primeiro trabalho de gravação num estúdio. Os produtores gostaram do resultado e lançaram o single em 1995. E atenção: Só reforçando que foi através desta contribuição vocal de Heather Leigh West que nasceu o single “Drop A House” e que fez o The Tamperer gostar da sua linha vocal - resultando na mesclagem icônica que conhecemos anos depois em "Feel It".
Como eu havia mencionado, o The Tamperer queria imediatamente que a cantora de "Drop A House" fosse colaborar com eles, principalmente para gravar o vídeo de "Feel It", então, quando a dupla do Urban Discharge foi solicitada para que enviasse a cantora aos italianos, Jim e Steve recorreram à Laura Dias, a cantora que "vazou" para cantar música Pop em outra gravadora.
Pois é, a verdadeira vocalista Heather Leigh West foi deixada de lado pelos produtores. Na verdade, Heather nem sabia dessas negociações entre Laura e os produtores do projeto italiano, e como vocês bem sabem, praticamente foi a contribuição vocal da loira que levou Laura Dias à fama, algo que a morena buscava ambiciosamente a todo custo.
No entanto, é preciso esclarecer também alguns pontos. Numa edição rara do single britânico da música "Drop A House", de 1995, aparece bem pequeno o crédito para duas vocalistas: Laura e Sharon. Ou seja, Laura Dias foi creditada equivocadamente por alguém que confundiu essa segunda versão feita pela loira com a anterior feita pela morena, antes da tal virar as costas para o projeto. Houve um erro aí, fator que pode ter levado o nome de Laura para o projeto The Tamperer, enquanto que a vocalista real não recebeu crédito algum ou qualquer outro tipo de reconhecimento.
Muito injusto, não?
Todo mundo sabe como é o mundo da música, né? Cheio de segredos, mentiras, podridão e injustiças que ficam escondidos nos bastidores, por este motivo creio também na possibilidade dos italianos do The Tamperer terem interferido ainda nessas escolhas, e terem optado pela Laura ao invés da Heather... Há uma forte possibilidade disso ter acontecido. Ao que parece, o The Tamperer gostou do visual exótico da Laura, viram que ela era muito boa no palco, tinha uma imagem carismática, e o principal, era uma atriz de teatro / musicais que conhecia bem as técnicas da apresentação e do improviso, além de ter uma ótima desenvoltura perante a plateia e as câmeras. Ou seja, ninguém se lembrou muito de Heather Leigh West, e ninguém se preocupou também como ela iria reagir quando descobrisse o que estavam arquitetando.
O que sabemos de concreto, é que os produtores do Urban Discharge solicitaram à Laura Dias que largasse tudo para ir colaborar com os italianos, então Laura Dias foi conhecer Giacomo Maiolini (fundador e presidente da Time Records) em Miami, para depois se iniciar no projeto The Tamperer.
Heather, sem saber de nada, continuou trabalhando duro nos EUA, se dedicando com muito amor à House Music voltada mais para um nicho, que era o público da cena gay americana.
Como o The Tamperer já estava usando há algumas semanas o nome fantasia The Tamperer Feat. Maya, Laura Dias resolveu então adotar esta identidade artística, e desde então passou a ser conhecida como Maya Days e não mais Laura Dias.
REFLEXÃO - NEM SEMPRE O BEM VENCE
Como vocês puderam perceber, Laura Dias começou a trabalhar com Steve Gittelman e Jim Dyke, mas rapidamente recebeu uma proposta de um outro produtor, então ela deixou a dupla. A jovem cantora também não gostava muito de cantar Dance Music e preferia o Pop - o gênero que este produtor estava propondo em fazer com ela, ou seja, para Laura tudo era muito promissor naquele momento.
O tal produtor contratou-a, mas logo dispensou-a alegando que a gravadora estava indo muito mal financeiramente, com isso Laura ficou desempregada por algum tempo, até que começou a trabalhar novamente desta vez com entrega de comida.
Foi quando Laura recebeu essa nova proposta de seus antigos produtores (Urban Discharge), por intermédio do The Tamperer, e assim, a americana foi trabalhar e fazer muito sucesso com os italianos. Ah, e detalhe, fez sucesso cantando justamente aquilo que ela não queria cantar: A Dance Music.
Aqui nessa outra entrevista de 2007, Maya disse:
Eu cantei "Feel It". Um grupo de produção chamado The Tamperer pegou meu vocal. Eu fiz essa outra música que originalmente se chamava "Want to Drop a House on That Bitch". . . . Era uma música sobre infidelidade. O básico é: "Você chega perto do meu homem, e eu vou derrubar uma casa em você!" [Risos.] Eles pegaram esses vocais e os colocaram na instrumental de "Can You Feel It?" dos Jacksons. Os italianos fizeram isso e depois enviaram para os ingleses. Na Europa, o que quer que esteja acontecendo em Londres geralmente toma conta de toda a Europa. É como se, o que quer que seja grande na América, o mundo inteiro acaba seguindo também. É o que acontece no mundo europeu. Foi número um no Reino Unido e em sete outros países. . . Eu fui muito abençoada. Eu tive muita sorte porque era algo que eu realmente não pretendia fazer. E então ir para Londres na esteira daquela história de ser Mimi (uma correlação com a peça "Rent" que ela também fez em Londres) foi o equivalente de ter Toni Braxton fazendo A Bela e a Fera aqui.
Primeiro de tudo, sobre infidelidade Maya entendia, né? Maya sempre foi muito hipócrita e mentirosa em suas entrevistas. "Eu fui muito abençoada". Whattt??? Conte outra, fia... subir nos outros é benção agora??!!
Encontrei este vídeo de 2010 da cantora original, Heather Leigh West, que naquela ocasião estava trabalhando no relançamento de "Drop A House", então ela também fala rapidamente sobre o assunto e reafirma que é a verdadeira vocalista (algo que a gente já havia discutido aqui no Blog, sem antes mesmo de conhecer esse e outros materiais a seguir):
Numa outra entrevista realizada em 2007, Heather Leigh West demonstrou descontentamento e decepção quando descobriu que seus vocais estavam em "Feel It" sem o seu consentimento. Confira:
Lembra dos anos 90, quando as divas Martha Wash e Loleatta Hollaway estavam sendo sampleadas por produtores sem receber o devido crédito?
Adicione Heather Leigh West também à lista. Heather gravou os vocais para o clássico da House Music "Drop a House" do Urban Discharge, que foi sampleado pelo The Tamperer para se tornar o imenso sucesso pop/dance "Feel It".
DJ Ron Slomowicz: Então, vamos começar do começo, você cantou os vocais de "Drop A House" do Urban Discharge?
Heather Leigh West: Sim, eu cantei, em 1994.
RS: Como você se envolveu com esse projeto?
Heather Leigh West: Uma amiga estava trabalhando como bartender com um dos dois escritores e ela sabia que eu era vocalista e que eles precisavam de uma vocalista para a música. A outra pessoa que gravou abandonou o projeto, então eles decidiram que alguém refizesse. Eles me deram a versão que essa pessoa cantou e eu aprendi com essa versão. Então eles me levaram para o Smash Studios e eu a regravei lá.
RS: A faixa virou um hit underground e entrou na parada Billboard Club. Vocês fizeram turnê com esse disco?
Heather Leigh West: Muito pouco, muito pouco. Fiz algumas vezes bem no começo e depois disso eles meio que seguiram o seu próprio caminho e foi basicamente isso. Na época eu estava cantando canções românticas, eu nunca tinha feito Dance Music antes e certamente eu não cantava nada sobre alguma "vadia" (a música tem várias metáforas, tem correlação com o filme Mágico de Oz, mas no geral é sobre uma vadia "bitch" que está de olho no namorado da outra). Isso foi em 1994 e eu realmente não achava que queria dizer isso ao mundo. Eu estava um pouco apreensiva em colocar meu nome em algo tão agressivo. Aí eles (os produtores) viram minha preocupação e sugeriram que eu gravasse como 'She' (Ela). Naquele momento eu não percebi - porque eu era jovem e ingênua - que eles estavam tentando encontrar uma maneira de tornar "she" intercambiável. Eles mudaram de vocalista, a próxima pessoa também era instável, e assim por diante. Então eu não percebi que a música seria um grande sucesso, e também não sabia que não colocar meu nome nela iria resultar nisso, ter que ficar provando pelo resto da minha vida que é a minha voz. Eu não sabia que esse problema seria tão grande. Quem sabe o que vai dar certo e o que não vai dar certo?
RS: Quando você ouviu essa versão da música criada pelo The Tamperer pela primeira vez?
Heather Leigh West: Eu estava morando em Los Angeles em 1998 e eles não a tocavam no rádio de lá, mas meus amigos em Nova York disseram que ouviram a minha voz na KTU (uma estação de rádio muito popular em Nova York). Eles disseram que a rádio estava dizendo o nome de uma outra pessoa, mas que era definitivamente a minha voz. Eu não estava disposta a dizer que era a minha voz até que eu mesma ouvisse, o porque eu não sei. Finalmente, um dos meus amigos me trouxe uma compilação com a versão "Feel It", e assim que eu ouvi, eu soube que era realmente a minha voz. Eu tenho um som muito distinto e uma pessoa conhece sua própria voz. Uma vez que eu ouvi, então eu soube absolutamente que não havia dúvidas de que era o mesmo vocal que eu tinha feito para "Drop A House", só que eles tinham acelerado ou jogado alguns efeitos nele para fazê-lo soar um pouco diferente. Há um tom e uma qualidade no som da minha voz - algumas pessoas gostam, algumas pessoas não gostam - mas definitivamente sou eu. Então eu vi o vídeo e cara, deixa eu te dizer, isso foi um choque. Eu estava sozinha e estava assistindo TV na casa da minha mãe, e de repente aparece uma garota negra e magra abrindo a boca e soltando a minha voz. Foi quase um ataque cardíaco, um grande choque. Eu nem sabia o que fazer comigo mesma. Eu estava fora de mim. Esse foi o momento mais surreal que aconteceu na minha vida. Foi uma loucura.
RS: Você já entrou em contato com as pessoas na Itália, o pessoal do Tamperer que fez o disco?
Heather Leigh West: Sabe, é tão engraçado, eu não os contatei intencionalmente, mas de alguma forma nós nos conectamos. Alguém que eu conheço estava em contato com o estúdio deles e contou a história, mas eles não acreditaram e também negaram saber sobre isso. Mas eu penso que, você nem precisa ser um músico ou alguém da indústria para conseguir ouvir claramente que essa garota, que tem a sua voz real no segundo single, não tem a mesma voz que a minha. Então, eles já estavam trabalhando com ela em "If You Buy This Record" e outras coisas no estúdio, portanto é simplesmente impossível para mim que eles não soubessem que não era ela. Como vocalista, eu não me importaria nem um pouco se ela tivesse apenas regravado, a questão é como o mundo inteiro pode estar dançando com a minha voz e ninguém deixa o mundo saber que sou eu?? Bastasse voltar para o estúdio e regravar, e então é você, e está tudo bem. Eu não tenho direitos sobre a música em si, mas se essa é minha voz real, então por que você está recebendo crédito por ela? Eu acho que, o que aconteceu foi que, mesmo que ela tivesse tentado fazer a versão dela, ela simplesmente não foi capaz de entregá-la da mesma forma como as pessoas queriam ouvir. Ela não tem o mesmo tipo de voz que eu, ela tem uma voz muito leve e arejada em comparação com meu vocal.
RS: Então, agora em 2007, para esclarecer a história, você regrava a música. Conte-nos sobre isso.
Heather Leigh West: Todo mundo estava me cutucando para garantir que eu deixasse isso claro. Então, decidi que, como ninguém dos envolvidos quis ser honesto sobre essa situação, pensei que se eu regravar, ninguém poderia negar a minha voz. As pessoas conhecem a minha voz tão bem e a música (original) significa algo para elas, então se eu abrir a minha boca e regravá-la, então, historicamente eu posso morrer e o mundo pode voltar a investigar e dizer "sim, era ela realmente", e quando ouvissem as diferentes versões eles iriam perceber que sou eu. Então, decidi fazer isso e colocar o meu nome na música e lançá-la como uma promoção, não está à venda. Trabalhei com a DJ Liza e foi fabuloso trabalhar com ela. Não a lancei para ganhar dinheiro; lancei para fazer história e fazer essa conexão com a verdade. O que é tão engraçado é que, cerca de dois meses depois, Maya Days também lançou um novo "Drop A House 2007". Acho que, ao fazer isso, ela realmente me fez um favor, porque vai me ajudar a provar legalmente que ela não teve nada a ver com a gravação original.
RS: Estou tentando pensar em outras coisas que você cantou que precisamos deixar as pessoas saberem.
Heather Leigh West: Tenho muitas coisas que não são dance music, mas nenhuma delas foi realmente lançada. Sou escritora e artista, então continuo fazendo o máximo de trabalho que posso e acho que irei lançá-las em breve. Quanto às coisas dance, fiz algumas músicas com os Bodega Boys nos anos 90, "Eres Tu", que é uma música bilíngue espanhol/inglês, e "Follow Me". Essas foram muito bem e ainda são tocadas. Tenho um monte de coisas que fiz com um produtor australiano chamado Marne Lenoir e uma delas se chama "Phoenix", além de uma que farei com Da Hool. Ele está fazendo uma mixagem nela e vamos lançá-la. Também tem "Sensational" e "Inside Out", que devem sair, espero, no decorrer do ano que vem. Estou sempre escrevendo e trabalhando com o máximo de pessoas diferentes que posso, porque amo arte e amo me expressar por meio da música.
RS: O que você gostaria de dizer a todos os seus fãs por aí?
Heather Leigh West: Muito obrigada por todo o amor dado, e digo também que eu nunca irei parar. Vocês são a minha razão. É isso que eu queria que vocês soubessem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bom pessoal, à todos aqueles que leram o artigo anterior sobre o The Tamperer, onde tinha mais o meu raciocício subjetivo e pouca materialidade, fica agora registrado aqui todas as evidências levantadas e ainda a própria desilusão contada por Heather Leigh West.
Não consegui encontrar a cantora Heather Leigh West em nenhuma rede social, como Facebook ou Instagram, sendo isso algo muito estranho visto que atualmente qualquer artista precisa das redes sociais para se manter conectado com os fãs e principalmente para conseguir novas parcerias e contratos (há uma esperança pois encontrei o Linkedin dela).
Esperamos que tudo esteja bem e que Heather continue brilhando e se expressando através de sua arte, e claro, que continue jogando a sua casa em cima de bruxas más do oeste que surgem querendo sugar o seu talento e voz únicos.
LEIA TAMBÉM O ARTIGO ANTERIOR - PARTE I: AQUI
CRÉDITOS DAS ENTREVISTAS:
Entrevista Maya Youtube: Mega Music Memories
Entrevista Heather Youtube: RyanReporting
Entrevista Heather WebSite: AboutcomDanceMusic