sexta-feira, 29 de maio de 2020

SERENA - "RIDIN' HIGH" (1995)


Hoje é um dia muito importante para mim, pois finalmente consegui concluir esta investigação sobre "Ridin' High" de Serena. Eu sempre quis saber quem era essa vocalista (e ouvir outras músicas na sua linda voz) e esse dia finalmente chegou! Pois é meus amigos, QUEM PROCURA, ACHA!

E, coincidentemente, "Ridin' High" está completando o seu 25º aniversário de lançamento, ou seja, nada melhor que uma comemoração bem especial, não é mesmo? Motivos para isso, não nos faltam!

Então, orgulhosamente apresento-lhes:

OS 25 ANOS DE "RIDIN' HIGH" E O ACORDO SECRETO ENTRE A VERDADEIRA SERENA E SEUS PRODUTORES

"ME SINTO COMO
SE PUDESSE VOAR"
Foram necessários dois anos pesquisando, entrando em contato com vários músicos, juntando inúmeras informações e ouvindo diversos vocais para finalmente poder fechar este quebra-cabeça chamado "SERENA". Bom, mas o que eu posso dizer sobre "Ridin' High"? Essa canção fez parte da minha adolescência, eu ouvia direto na coletânea "TV Dance", dancei muito nos clubs, além de ouvi-la assiduamente na programação da Jovem Pan, 97 FM, Metropolitana e tantas outras rádios que se dedicavam no gênero eurodance. É um hit supremo, bem produzido, com vocais encantadores e uma melodia extremamente harmoniosa!

Podemos encaixar "Ridin' High" facilmente no estilo de músicas do projeto "Whigfield", pois sua letra é bem simples, a voz da cantora é bem "fofinha", contém arranjos cativantes e uma base pop-dance bem envolvente.
Sobre a letra, a vocalista diz na música que está se sentindo muito bem e compara isso com a sensação de poder voar, então no refrão você ouve: "Voando Alto, Oh Sim!""Voando alto no ritmo""Voando alto no sentimento" e "Voando alto numa coisa boa"

É, "Ridin' High" apresenta pouquíssimas palavras e são repetidas numerosas vezes, mas tudo com muita sintonia, charme e sutileza. Outro diferencial são os doces vocais, que fazem o seu ouvinte "viajar" numa vibe muito positiva e estimulante.


Serena - "Ridin' High" recebendo destaque na coluna de lançamentos da revista brasileira "DJ Sound", em julho de 1995

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA



Um fato curioso, é que algumas pessoas interpretam a letra da música com um duplo sentido, pois "ficar alto" também pode significar "se embebedar" ou "ficar de fogo", mas eu prefiro acreditar na inocência e na pureza da música, pois a carga emocional que construí ao longo destes anos (e também influenciado pela voz delicada da cantora) não combina com este outro conceito, que é mais pesado e negativo.
Creio que atualmente existe muito mais malícia do que antigamente, então as pessoas enxergam "maldade" onde não tem, ficam apenas procurando brechas para poderem destrinchar suas teorias maliciosas.

Enfim, "Ridin' High" é uma "babinha" de respeito e que tem muitos fãs ainda hoje, além de ter sido um dos hits de 1995 que mais invadiu as famigeradas coletâneas da Paradoxx Music, como exemplo: "TV Dance Vol 1", "As 7 Melhores da Jovem Pan Vol.3", "DJ Express", "Mega Dance Non Stop", "Flash Hits", "Mid Back", e etc.

O INÍCIO 
DO SERENA
Os produtores de "Ridin' High" são os talentosos britânicos Mike Stock e Matt Aitken, que escreveram e produziram este sucesso em 1994, logo no início da gravadora Love This Records.
Na verdade, essa dupla já era consolidada no cenário musical há muitos anos, pois fundaram na década de 80 a famosa PWL (ao lado de Peter Waterman), produzindo e lançando muitas power tracks oitentistas de Kylie Minogue, Jason Donovan, Lonnie Gordon, SinittaRick Astley, Sybil, Sonia, e muitos outros artistas da cena euro-pop.

Nesta nova empreitada da dupla, Aitken e Stock então criaram a Love This com a finalidade de produzir novos sucessos para os meados dos anos 90, e seus primeiros artistas desta geração eram praticamente Nicki French, Newton, Tatjana e Serena.

Os produtores e empresários Mike Stock e Matt Aitken

"Ridin' High" foi gravada em 1994, porém lançada oficialmente apenas em junho de 1995 e sendo um grande sucesso nas rádios e clubs do Brasil. Por falar nisso, o nosso país foi onde "Ridin' High" conseguiu alcançar mais sucesso do que em qualquer outro lugar do mundo.

Depois do Brasil, podemos dizer que o Reino Unido foi o 2º país que mais deu destaque à esta linda faixa, que segundo registros da época, atingiu a posição #8 no The British D.J. Chart e permaneceu no Club TOP 40 por várias semanas.

O curioso de tudo, é que este single britânico foi retirado às pressas das lojas após o seu lançamento, como se a gravadora tivesse recebido alguma ordem judicial o proibindo de ser comercializado. É um mistério que ninguém sabe explicar muito bem... Possivelmente esse episódio tem alguma ligação com um evento ocorrido nessa mesma época, onde os produtores foram acusados injustamente de pagarem "jabá" para conseguirem as melhores posições nos charts, com suas produções. Nada disso foi comprovado, mas afetou diretamente no desempenho de diversos de seus singles, como Tatjana - "Santa Maria" (que foi relançada depois em 1996, após as falsas acusações).


O rapper Einstein

Quem ouve "Ridin' High" logo sente a presença de uma voz masculina também. Temos um rapper aqui, e isso era praticamente um padrão para os eurodances dos anos 90. 
Seu nome artístico é Einstein, um rapper que já colaborou em outras produções de Stock, Aitken, Waterman ("Roadblock"), além de ter trabalhado com o Technotronic ("Turn It Up"), Snap! ("The Power' 96"), entre outros.
Ou seja, o cara tinha muita competência e colaborou em grandes grupos, sendo um especialista em misturar rap com dance music. E sem dúvidas, as rimas de Einstein ofereceram ainda mais animação e energia para "Ridin' High".


"OH YEAAHHH!"
OUÇA "RIDIN' HIGH":

Apertem os cintos para esta viagem e cantem comigo:
"Feels so good (Oh Yeah!)
I feel like I could fly...
Ridin' high on the rhythm"

O ACORDO SECRETO DA GRAVADORA
Alguns fãs gringos de "Ridin' High" tem muitas dúvidas em relação a cantora "Serena", inclusive, alguns até acham que a vocalista é brasileira, pois tem vários videos do projeto no Youtube e sempre com muitos comentários do povo brasileiro.
No ano passado (em 2019), eu fiz um artigo especial sobre a coletânea "TV Dance" e comentei um pouco sobre cada faixa deste fantástico CD, mas fiquei frustrado por não conseguir revelar aos leitores quem seria a misteriosa Serena. A moça que vocês podem ver na capa do single não é a vocalista, mas sim uma modelo nos mesmos moldes de Sannie Carlson (Whigfield), Patrizia Cavaliere (Randy Bush), Olga de Souza (Corona), Serena Volpini (New System), e tantas outras que só enfeitavam os discos, palcos e videos. Sem dúvidas, Serena foi apenas um projeto, onde a cantora real não aparecia.

"Serena é brasileira?"

Este projeto foi inspirado totalmente em Whigfield, pois Mike Stock e Matt Aitken estavam maravilhados com o sucesso de "Saturday Night" em todo o continente europeu, principalmente no Reino Unido (a música quebrou recordes por lá e até entrou no Guiness Book), então, eles queriam produzir a sua própria "Whigfield" e com as mesmas características do projeto italiano.

Com "Ridin' High" sendo lançada, Stock e Aitken puderam oferecer ao público o mesmo teor pop dançante de Whigfield, incluindo ainda uma letra fácil de ser cantada, e a mesma prática de colocar uma cantora no estúdio e uma modelo na capa dos discos.

Sobre a verdadeira cantora, sim os produtores já tinham há muito tempo a sua própria 'Annerley Gordon', e guardada a sete chaves nos estúdios... Na verdade, duas excelentes cantoras!

Essas são as duas únicas imagens da "Serena" que conheço



ACERVO DE 
INFORMAÇÕES
Eu fui colecionando várias informações que conseguia com os produtores, assistentes e engenheiros de som, mas eles se recusavam a dizer o nome da verdadeira cantora do Serena, porém, o pouco que me informavam eu fui agregando para poder concluir este ato.

Um certo dia procurei pela cantora Nicki French no twitter, e fiz o mesmo questionamento à ela. Sempre simpática, ela me respondeu dizendo que se lembra sim da "Serena", mas disse-me que perdeu o contato no decorrer dos anos. Óbvio que Nicki não queria se comprometer falando a respeito desta farsa:

Nicki French falando sobre Serena

Então eu fui percebendo que a cantora Serena nunca havia existido de verdade... Era só um projeto ensaiado com alguns profissionais de estúdio.
Eu já havia perguntado antes ao produtor Mike Stock, a respeito da vocalista e seu nome real, mas ele apenas me "enrolou" e não disse o nome verdadeiro da artista. Tornei a lhe perguntar, mas Stock me ignorou. Então, como eu tinha encontrado muitas similaridades entre o vocal do projeto Les Deuxs com o vocal de Serena, eu fui no twitter e perguntei à ele sobre quem seria a voz na música "Since Yesterday" (Les Deuxs), que não sei como, respondeu-me tranquilamente: Mae McKenna e Miriam Stockley.
(Lembro-me que, uma certa vez, Mike Stock foi bem chato com um fã que fez essa mesma pergunta há uns anos antes. Você pode conferir isso no artigo sobre "TV Dance").

Mas quando Stock citou os nomes das vocalistas, neste mesmo momento caiu uma luz sobre mim. Lembrei novamente da cantora Nicki French, pois ela disse que conheceu a verdadeira "Serena", e quando você verifica os nomes dos colaboradores do seu álbum "Secrets"... Quem estão lá como backing vocals? Elas novamente, Miriam Stockley e Mae McKenna!

Já existia uma pergunta de alguém para Mike Stock, sobre essa mesma dúvida, mas o produtor não havia respondido à tal pessoa. Então, o que eu fiz? Apenas "ressuscitei" este assunto, quatro anos depois...só aí que Mike Stock apareceu:


Mas espera aí, eu consigo ouvir estas vozes tranquilamente em "Ridin' High", então eu disse isso ao Mike, que surpreendentemente curtiu e retuitou o meu comentário. Acredito que ele não pode confirmar em palavras para não levantar provas contra si, mas fez isso para confirmar o meu raciocínio. 
É obvio que não devemos acreditar 100% nestes produtores, mas neste caso fazia todo o sentido pela semelhança nos vocais, e é sabido também que uma pessoa só retuíta aquilo que concorda, ninguém retuíta algo que desaprova ou discorda.


Eu já conhecia alguns trabalhos da dupla Miriam Stockley e Mae McKenna, mas a maioria apenas em suas funções de backing vocals, em singles de Kylie Minogue, Nicki French, Tatjana, Jason Donovan... poucas músicas propriamente delas, então tive que recorrer aos seus trabalhos solos para confirmar se o produtor estava brincando, ou assumindo a verdade nas entrelinhas.




Outra informação importante, quando perguntei à Mike Stock sobre quem seria a vocalista, ele me disse que ela era de Surrey, que era muito talentosa, e até se demonstrou muito grato de ter trabalhado com ela. Stock não citou nenhum nome, mas neste caso ele estava se referindo a Mae McKenna, pois ela mora em Surrey, como diz esta reportagem com o seu filho (Jamie Woon, que também é músico).

Essa é uma demo rara de "Especially For You", que ficou conhecida nas vozes de Kylie Minogue e Jason Donovan. 
A versão aqui é cantada por Mae Mckenna e Mike Stock (sim, ele também cantava e gravava de vez em quando).
 

"Denis" ainda foi lançada de maneira tímida aos ouvintes da Dance Music, mas você pode encontrá-la nas coletâneas "As Borbulhantes da Pepsi Vol. 2" e "Hot Nine Seven Vol. 4", via Paradoxx Music.

Este trabalho do Serena também não foi tocado nas rádios e nem nos clubs, justamente por não ter tido uma divulgação como o single anterior, aliás, nem single físico ganhou...




COMO É BOM SABER QUEM ERAM OS ARTISTAS QUE FAZIAM A GENTE SUAR NAS PISTAS
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Miriam Stockley pode ser ouvida no refrão de "Ridin' High" com sua inconfundível voz, mas Mae McKenna também participou nos versos, como no suave trecho "Oh Yeah!"

O projeto Serena, como dito anteriormente, nasceu influenciado pela voz e sucesso de Annerley Gordon (Whigfield), então Mike Stock e Matt Aitken resolveram explorar uma de suas backing vocals mais talentosas neste projeto: MIRIAM STOCKLEY, embora Mae McKenna também esteja na música.

Depois de anos pesquisando, finalmente posso dizer que o projeto Serena foi composto não por uma cantora, mas sim por duas grandes cantoras: Miriam Stockley Mae McKenna.
Recapitulando: Ambas foram backing vocals para Nicki French, Tatjana, Suzann Rye, Sybil, Deuce, Kym Mazelle & Jocelyn Brown, entre outros inúmeros artistas "dance" da gravadora.



Miriam Stockley é uma conceituada cantora 
que gravou com muitos artistas e em diversos gêneros musicais

Miriam Arlene Stockley (15 de abril de 1962) é uma cantora e compositora sul-africana. Ela nasceu em Johannesburgo, na África do Sul, e começou a cantar aos 11 anos de idade, quando formou uma dupla com sua irmã chamada Avryl, as Stockley Sisters. Elas tiveram um sucesso com a música "Venus" em 1976, que entrou no Top 30 da África do Sul, dez anos antes da versão de Bananarama. Logo depois disso, ela foi convidada para gravar um jingle para um comercial, então aí começou a sua fantástica carreira solo no mundo da música. Ela gravou um LP em 1979 - "Miriam Stockley", quando tinha seus 17 anos de idade.

Quando completou 18 anos, Miriam se mudou para Londres, onde conheceu muitas pessoas, cantores, produtores, compositores e demais profissionais ligados à arte musical.
Desde que se mudou para o Reino Unido, trabalhou como backing vocal de muitos artistas conhecidos.
Durante o final dos anos 80 e o começo dos anos 90, Miriam Stockley trabalhou como cantora de estúdio para o trio de compositores e produtores britânico Stock, Aitken e Waterman. A cantora foi destaque em faixas de Kylie Minogue, Jason Donovan e Sonia. Juntamente com a cantora Mae McKenna, Stockley é creditada por ser parcialmente responsável pelo som distinto destes famosos produtores.
Com sua imensa versatilidade, ela se adequou ao pop, ao rock, ao reggae, à dance music, à música indiana e também à new age.

Alguns artistas do cast da PWL
Em muitos destes trabalhos, Miriam Stockley e Mae McKenna colaboraram como backing vocal's

Em 1991, Stockley se tornou parte do grupo Praise, cujo single "Only You" alcançou o #4 na parada de singles do Reino Unido. Um ano depois, a banda (com Miriam Stockley novamente nos vocais) lançou seu segundo single, "Dream On".  O álbum de nome "Praise" saiu em 1992.

Em 1994, quando tinha 32 anos de idade, Miriam Stockley gravou com Mae Mckenna o hit "Ridin' High" para o projeto Serena, uma das primeiras produções da Love This Records. O refrão dessa faixa contem a sua voz bem característica e fácil de ser reconhecida, porém, em alguns versos e trechos como em "Oh Yeah…", tem o vocal de Mae McKenna.
Em 1995, e ao lado novamente de sua amiga Mae McKenna, Stockley foi backing vocal do álbum "Secrets" de Nicki French. Em 1996, exerceu a mesma função com a sua colega no álbum "New Look" de Tatjana Simic, além de outras diversas participações e trabalhos similares.

Stockley recebeu grande reconhecimento em 1995, quando se tornou parte do projeto Adiemus do músico Karl Jenkins (ex-membro da banda de jazz Soft Machine). Jenkins estava gravando uma música para um comercial de uma empresa de aviões e contratou Miriam Stockley para cantar os vocais principais. A cantora se apresentou em todos os álbuns do Adiemus desde então. Em 1999, ela lançou seu primeiro álbum solo, que foi simplesmente intitulado de "Miriam" e com seu trabalho notavelmente influenciado pela música africana de seu país de origem.

Em 2001, Miriam lançou seu 2º álbum "Second Nature";
Em 2006, ela retornou com seu 3º álbum intitulado de "Eternal". Estes três álbuns da cantora seguiam um estilo mais modern classical, ou new age.

Além de cantora e compositora, Miriam Stockley também é consultora musical, arranjadora vocal e produtora. Ela tem o seu nome registrado em produções de vários artistas já citados aqui, e isso inclui também a banda (de rock) Queen, George Michael, Alphaville, Sarah Brightman, Montserrat Caballé, Tina Turner, Bonnie Tyler, além de muitos outros. Cantou também algumas trilhas sonoras para filmes bem populares, como "Moulin Rouge: Amor em Vermelho" (2001) e "O Senhor dos Anéis: Sociedade do Anel" (2001).

Eu entrei em contato com Miriam Stockley e perguntei se é dela a voz em "Ridin' High" (Serena), mas como eu já imaginava, ela negou. Fez exatamente como Emy Berti (Randy Bush), Annerley Gordon (Whigfield) e tantas outras.

Com uma voz cheia de técnica e versatilidade, 
Miriam Stockley ajudou dar vida à "Ridin' High", juntamente com sua parceira e amiga Mae Mckenna

Depois de algumas semanas, perguntei à Miriam se ela havia cantado em Les Deuxs - "Since Yesterday", mas negou mais uma vez. Ou seja, até nas músicas já confirmadas pelo próprio produtor, ela continua informando que não contem a sua voz. Mas nós entendemos o seu ponto de vista e o seu lado profissional, afinal, este era um acordo secreto da época, entre vocalistas e produtores. Sem falar que ninguém tem orgulho daquilo que não é autêntico, daquilo que é envolvido em esquemas ou manipulações, e a carreira solo dela não visa isso, então ela prefere não ter vínculos com esses projetos...

"Sinto muito, mas não sou eu"...e ainda elogiou a música (que ela cantou, rs)


A talentosa artista que visitou vários gêneros e 
possui inúmeras técnicas vocais


Stockley cantou em muitos projetos da Dance Music ao longo destes anos, e podemos incluir músicas conhecidas por nós (brasileiros), pois algumas destas faixas entraram em coletâneas, rádios e clubs do Brasil.
É dela também a voz nestas músicas:

Chimira - "Show Me Heaven"
Chimira - "You're So Vain"
Les Deuxs - "Since Yesterday"
Obsession - "Never Ending Story" (a versão de 2006, pois existe uma versão de 1990 com Amanda Abbs nos vocais)
Obsession - "State of the Nation"
Obsession - "Without You"
Obsession - "The Crying Game"
Just Hal - "Creation"
Erick E - "The Beat Is Rockin'"
Atlantis vs. Avatar - "Fiji"

A própria Almighty Records credita a nossa vocalista em seu website

Miriam Stockley também colocou a sua poderosa voz no álbum "Song Of Zoo Meets House Style" do projeto Band Of the Gypsies, nas 10 músicas presentes no disco. Aliás, quem quiser saber mais a respeito dessas produções, acompanhe aqui este pequeno artigo (onde Miriam até contou-me que já veio ao Brasil).

A vocalista trabalhou em muitos estúdios, mas na área "Dance" podemos citar a Energise, a Almighty Records, e lógico, a Love This Records.
Na Love This - onde ela gravou Serena - "Ridin' High" -  ficou como cantora de estúdio até 1996.


Serena ‎– "Ridin' High"
Love This Records (Reino Unido) ‎
Paradoxx Music (Brasil)

País de origem: Reino Unido
Lançamento: Junho de 1995
Gênero: Eurodance/ Dance Music/ Dance-Pop
Compositores: Mike Stock e Matt Aitken
Produtores: Mike Stock e Matt Aitken
Vocalistas não creditadas: Miriam Stockley & Mae McKenna

Tracklist
1 Ridin' High (Ride As You Like Mix) 5:50
2 Ridin' High (Like How You Ride Mix) 5:04
3 Ridin' High (Radio Edit) 3:03  



Em 2012, a Love This Records relançou o single digitalmente numa versão Deluxe,
 contendo novas versões:

Tracklist
1 Ridin' High (Mike Stock & Matt Aitken Radio Edit) 3:03
2 Ridin' High (Ride As You Like Mix) 5:50
3 Ridin' High (Like How You Ride Mix) 5:04
4 Ridin' High (7 Inch Instrumental) 3:23
5 Ridin' High (Milano Mix) 4:32


CURIOSIDADES
A estréia de "Ridin High" no Brasil

"Ridin' High" estreou no Brasil em seu mês de lançamento mundial: Junho de 1995. Diferentemente das outras eurodances que faziam sucesso primeiro nos clubs, essa música contrariou as demais e chegou ao topo primeiro nas FM's. A danceteria Krypton (que tinha o DJ Ronaldinho comandando as pickups) foi uma das primeiras casas a tocar a música em todo o Brasil, em junho de 1995. A maioria das danceterias começou a tocar após se tornar popular nas rádios;

A música atingiu o #6 das mais tocadas da Jovem Pan, no mês de julho de 1995. Em agosto, quando já havia caído para o #30, estreava em #3 nos clubs paulistanos, e em #16 nos clubs cariocas. Uma estréia em #3 era algo de prestígio, ainda mais se considerarmos a quantidade de eurodances que havia naquele ano de 1995;

Os clubs de São Paulo vibraram com "Ridin' High" em agosto de 1995


Apesar do sucesso de "Ridin' High", é bem provável que esta música não deva ter ganho um video oficial. A Love This Records tem um canal oficial no Youtube e constantemente tem publicado alguns de seus videos antigos. Quem sabe, eles não tem este material perdido entre seus arquivos e resolvem publicar?

Eu fazia parte de um Fã-Clube de Eurodance nos anos 90 e muitos membros associados diziam que a Serena, na verdade, era a cantora mexicana Selena, assassinada por um fã no ano de 1995. Como não havia nenhum registro de dados sobre a intérprete de "Ridin' High", alguns acreditavam que essa escassez de informações era devido ao falecimento precoce da cantora. Mas estavam apenas confundindo os nomes, que só são bem similares.

Em 1998, Mike Stock re-lançou "Ridin' High" cantada agora pela atriz, modelo e cantora Tracy Shaw. Na música, ouve-se alguns samples da música original. Percebam que nessa versão excluíram totalmente a parte do rapper Einstein, mas aumentaram - em compensação - a letra cantada pela vocalista;

O projeto Serena não teve uma vida longa. Apesar do sucesso da primeira faixa "Ridin' High", eles pararam em 1996, em sua segunda música ("Denis"). Muitas pessoas confundem e acham que o projeto teve uma vida mais longa e com uma quantidade maior de singles, mas realmente, só houve o lançamento de "Ridin' High" e "Denis".  O que acontece é que nesta mesma época tiveram variados projetos também de nome "Serena", como exemplo, um de nacionalidade italiana que lançou a música "Stop it" (1995), além de um "Serena" também britânico, que lançou "Crazy" (1995) e "Never Give It Up" (1996). As veteranas Annerley Gordon (Whigfield) e Emanuela Gubinelli (Taleesa) também cantaram em um projeto chamado Serena nos anos 90, mas todos estes nada tem a ver com o Serena desta publicação.


MIRIAM STOCKLEY 
ATUALMENTE
Miriam Stockley hoje está com 58 anos

Eu acho super excitante, saber que Miriam Stockley continua ainda atuando com bastante fervor na música... Isso não é o máximo?
Miriam está em sua carreira solo apresentando o melhor da sua new age, mas também colabora ainda com seus vocais para outras produções.
Você pode ouvir a sua encantadora voz em Rubra - "Mamma Mia" (cover do ABBA), lançado em 2018 e cantando com outros cantores. A loira foi também backing vocal em Tom Bailey - "Science Fiction" (um rock-pop-eletrônico) do mesmo ano de 2018.
No ano de 2019, ela foi ainda backing vocal de The Chemical Brothers, no seu eletrônico "Got To Keep On".

E esperamos ouvir por muito tempo a suprema voz de Miriam Stockley, seja em seus discos solos ou em suas parcerias com outros músicos, pois seu instrumento de trabalho é impressionante e continua provocando emoções nas pessoas.





Mae McKenna (23 de outubro de 1955) é natural de Coatbridge, Escócia. Ela é conhecida por diversos trabalhos vocais, inclusive, ela foi backing vocal também de Michael Jackson. Mae McKenna participou ainda de diversas trilhas sonoras de filmes, como "Harry Potter e o Cálice de Fogo" (2005), "Nanny McPhee, Baba Encantada" (2005) e "Uma Vida Sem Limites" (2004).
A cantora escocesa tem atualmente 64 anos de idade e também continua em atividades, gravando suas músicas no estilo celta e subindo em alguns palcos.
Mae McKenna está na música desde os anos 70, atuando como cantora e compositora. Desde então, gravou um álbum com a banda Contraband (lançado em 1973), 6 álbuns solo e muitos vocais convidados com outros artistas. 
Além de sua carreira solo, Mae McKenna teve muito sucesso como cantora de estúdio e arranjadora vocal. Já cantou em mais de 200 hits, vários comerciais de TV e rádio, filmes e em programas de televisão. Essa experiência em vários gêneros a equipou para ajudar outros cantores a adquirir habilidades em todos os estilos contemporâneos.
Mae McKenna é muito discreta no showbusiness, mas muito lembrada por ter sido uma backing vocal muito competente de muitos astros do pop, como Rick Astley e Ultravox.



CONSIDERAÇÕES FINAIS
STOCKLEY + MCKENNA

A parceria de Mae McKenna e Miriam Stockley chamou muito a atenção nos anos 90, pois elas complementaram e harmonizaram muitas produções musicais daqueles anos. Miriam Stockley, por exemplo, tem uma doçura enorme em sua voz, ela canta pra fora e seu som vibra nos agudos. Já Mae McKenna emociona com uma voz mais intimista, é uma voz mais interna e sem a doçura de Stockley, mas com uma maturidade muito aconchegante em seus vocais, principalmente nos graves.

A adição destas duas vozes tão diferentes - mas igualmente belas - valorizaram as produções da PWL, e conseqüentemente também as produções da Love This Records. As duas vocalistas trabalharam como backing vocals para muitas estrelas da música, mas seus próprios produtores e críticos especializados admitiam que as duas eram melhores que muitos desses - considerados - grandes artistas. Mike Stock também foi muito questionado sobre não ter gravado músicas apenas com elas... Mas, quem disse que ele não fez isso? O projeto Serena é um clássico exemplo de que ele fez isso sim, o único porém, é que elas não apareciam.

Nessa época, as duas já tinham suas carreiras solos e seus discos próprios, além de que, os seus estilos musicais nada tinham a ver com o universo "pop dançante" da PWL / Love This, então elas tinham que conciliar estes trabalhos pessoais com seus diversos trabalhos de estúdio.
As duas cantoras são muito amigas ainda hoje, sempre trocando assuntos, recordando trabalhos, dialogando sobre suas famílias e mantendo uma grande proximidade.



FIM


Para ler sobre Lina Santiago e seu single "Feels So Good", clique no link abaixo:

terça-feira, 28 de abril de 2020

B.A.R FEAT. ROXY -“COME TOGETHER” (1995)

É hora de comemorar mais um aniversário de um grande tema da Dance Music, desta vez da década de 1990, para ser mais exato, do ano de 1995!
Pois é galera, quem que nunca dançou com "Come Together" do projeto B.A.R.?
Então "VENHAM JUNTO" comigo nesta festa de 25 anos, e divirtam-se com mais esta publicação comemorativa!!

B.A.R. FEAT. ROXY - "COME TOGETHER" 
25 ANOS DE ANIVERSÁRIO

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

"Auguri, B.A.R.!!!!"

Em 1995, as músicas para as discotecas ainda não seguiam ao estilo Hard Techno e Trance, como aconteceu no final dos anos 90, portanto, você ainda se animava muito com os hits comerciais e melodicamente cantados, num retrato que podemos citar os sucessos de Whigfield, Corona, Scatman John, Ice MC, Rednex, Masterboy, Netzwerk e tantos outros reis das "charolas" e "babas" do saudoso ano de 1995.
O single do italiano B.A.R. - "Come Together" é um destes casos que fizeram muitas pessoas dançarem (e cantarem) nas discotecas em meados daquele ano, sendo lançado pela primeira vez em março de 1995. Foi há exatos 25 anos, que este petardo se tornava num grande sucesso no continente europeu, chegando também a figurar entre as faixas mais tocadas nos clubs e rádios daqui do Brasil, principalmente no mês de junho de 1995.
A gravadora Paradoxx Music chegou a licenciar "Come Together" em terras brasileiras, então podíamos encontrá-la também na coletânea "Hot Nine Seven Vol. 2", ao lado de outras grandes produções da época, como Whigfield - "Sexy Eyes", Tatjana - "Santa Maria", Nicki French - "Did You Ever Really Love Me", Penelope - "Take A Chance", entre outros êxitos do período.

B.A.R. Feat. Roxy - "Come Together" (Club Mix) - 1995
A versão que tocava nas rádios e entrou na coletânea "Hot 97 Vol.2"

Devidamente à esta abrangência que a música alcançou, podemos dizer que "Come Together" se tornou num memorável sucesso dos anos 90, e bem conhecida até os dias atuais pelos fãs de Dance Music. Lembro-me que escutei o DJ tocar muito esta faixa no extinto “Conservatório” na sua fantástica versão "Together Mix", que levantava magnificamente a vibe de todos. Era coisa de outro mundo, você simplesmente conseguia sentir toda a empolgação do público, numa energia inexplicável e extremamente positiva.
O responsável por criar a "Together Mix" é Bruno Guerrini, que também remixou a versão "Planet R-Mix", ambas presentes no single lançado pela Metropol'e Records (selo parceiro da Discomagic). Aliás, Bruno Guerrini é um excelente produtor, uma vez conversei com ele à respeito do grupo East Side Beat e foi bem atencioso. Ele também já trabalhou em várias faixas de artistas como Alexia, Capella, Rozalla, Gloria Gaynor, S-Sense, e etc.

Depois desta popularidade de "Come Together" nas danceterias, o hit foi executado também em algumas rádios, como a Jovem Pan SAT. Inclusive, eu ouvia muito uma fita K7 gravada numa destas transmissões de "Come Together" na Pan...

B.A.R. Feat. Roxy - "Come Together" (Together Mix) 1995
Essa versão me faz sentir aquela fumaça de tutti-frutti, as luzes piscando em "câmera lenta", o globo central baixando...




OS INTEGRANTES DO B.A.R.

O início da trajetória do B.A.R. aconteceu no final de 1994, surgida numa idealização dos produtores italianos Alberto Casella e Paolo Baldassarini. Estes profissionais então batizaram este projeto com a sigla B.A.R., que significa Build Another Riff  (Construção de Outro Riff), mas que também possui as iniciais dos seus próprios integrantes: Baldassarini, Alberto e Roxy (a vocalista).
Alberto Casella, conhecido também como Bertie Bassett (atualmente), escreveu a melodia e a letra de "Come Together", e Roxy, uma cantora italiana do interior de Milão, a gravou com sua voz. Paolo Baldassarini ajudou Bassett a produzir e criar toda a estrutura do hit.

Prestem atenção em algumas palavras repetidas demasiadamente por Roxy, que apesar de tudo, não a transformou numa música cansativa ou irritante. Pelo contrário, a equipe de produção fez um belo trabalho respeitando a fonética e proporcionando também uma sincronia divertida entre as batidas e alguns efeitos bastante hilariantes, dando à música um resultado positivo, brincalhão e bem construído.
Outro momento que chama a atenção, é quando a vocalista exclama "Hey! Hey!" e ouvimos (quase) sempre de fundo um mesmo elemento sonoro e bem incisivo, que só ajuda a entreter mais ainda quem está "suando a camisa" na pista de dança.
Para ser mais exato, a diversão começa logo no primeiro segundo de reprodução da música, quando ouvimos uma voz masculina falar rapidamente: "Have a Nice Day". Estranhamente, eu jurava ouvir antes uma outra frase, como "What I Wanna Say" ou algo parecido, mas Bertie Bassett confirmou que não, e disse que este é um sample que eles inseriram em "Come Together".


Roxy atualmente

O nome real da vocalista é Rosella Marras, ela é nascida em 16 de julho de 1969, é natural da cidade italiana de Cassano D'Adda e fala três idiomas: inglês, francês e italiano. Seu apelido é Roxy, e complementa: "Para meus amigos, sou Roxy".
Roxy atualmente é casada, tem uma filha chamada Grace (de 12 anos de idade), mas infelizmente não está mais trabalhando na área musical, sendo sócia (desde 2006) de uma empresa que realiza instalações de sistemas (termo-hidráulicos, hidro-sanitários e ar condicionado).
A ex-vocal do B.A.R. também gravou outras duas músicas com o projeto, após o estouro de "Come Together", uma delas é a faixa "Feeling" (também de 1995):

B.A.R. Feat. Roxy "Feeling" (1995)
Seguindo as mesmas estruturas de "Come Together", eles lançaram este 2º single na sequência.

Das outras músicas lançadas posteriormente pelo B.A.R., apenas "Bushed" (1997) também foi cantada por Roxy. As canções "Get Up" (1996) e "Bomb!" (1999) foram cantadas por outras vocalistas.

B.A.R. Feat. Roxy - "Bushed" (1997)
A 3ª e última música cantada por Roxy no B.A.R.

Em suas redes sociais, Roxy comenta bastante sobre a sua época de vocalista do B.A.R., e tem até um vídeo dela cantando ao vivo com uma amiga, que dá até uma sensação de nostalgia ao ouvi-la novamente...

E para celebrarmos os 25 anos desta obra do ítalo-dance com bastante estilo, nada melhor que a companhia e as palavras de um dos produtores do B.A.R.... Então, orgulhosamente trago esta exclusividade aos leitores do Blog:



ENTREVISTA COM BERTIE BASSETT (ALBERTO CASELLA)
"COME TOGETHER" 
25TH ANNIVERSARY

BERTIE BASSETT aka ALBERTO CASELLA

Rikardo: Bertie Bassett, é uma honra falar com você pois cresci ouvindo sua música, posso dizer que comecei minha vida noturna ouvindo "Come Together" e "Feeling" do projeto B.A.R., muito obrigado por esta oportunidade.
Bertie Bassett: Muito obrigado, eu também agradeço!

1) Rikardo: Quando você decidiu se tornar um DJ / Produtor?
Bertie Bassett: Foi em 1988, numa festa particular de um amigo meu, quando ouvi pela primeira vez um set de um DJ ao vivo! Naquela época, eu era apenas um jovem "dançarino". Então, em 1990, comprei meu primeiro console (toca-discos technics sl1210 mkII), que era TOP!! 
Comecei como produtor em 1991-1992 (nos estúdios de gravações) com algumas "demonstrações" simples, mas a minha primeira produção real foi em 1994-1995.

2) Rikardo: Como você conheceu a cantora Roxy?
Bertie Bassett: Nos conhecemos no final de 1994, quando estávamos iniciando nosso projeto no estúdio do meu colega: Paolo Baldassarini (então também com Marco Lissoni).

3) Rikardo: Você ainda tem contatos com ela?
Bertie Bassett: Com certeza! Eu falei com ela recentemente.


Roxy e uma amiga cantando (ao vivo)

DJ Bertie Bassett

4) Rikardo: “Come Together” está comemorando seu 25º aniversário, você sabia que essa música foi um sucesso no Brasil?
Bertie Bassett: Sinceramente eu não sabia disso! Eu sabia que era um sucesso na Espanha, França, Alemanha e, principalmente, na Itália, é claro.

5) Rikardo: Você e Roxy chegaram a tocar / cantar essa música nos palcos em algum momento?
Bertie Bassett: Nunca! Nós nunca performamos "Come Together". Eu toquei muito essa faixa em um dos club's mais populares da época (o nome do club é "Florida" e está localizado em Brescia, na Itália). Eu era DJ residente lá, mas infelizmente nunca a apresentamos ao vivo!

6) Rikardo: Qual foi a sua inspiração para escrever e produzir o hit “Come Together”?
Bertie Bassett: Então, eu que escrevi a letra de "Come Together", mas já tinha a melodia da música na minha cabeça, mas com relação ao estilo de produção, eu encontrei uma inspiração ouvindo "Short Dick Man" dos 20 Fingers (1994).


Bertie Bassett com David Morales

7) Rikardo: Qual é a sua maior lembrança de "Come Together"?
Bertie Bassett: Minha maior lembrança é quando as pessoas (clubbers) cantavam e dançavam "Come Together" o tempo todo! Também me lembro das várias vezes que ouvíamos essa música ser tocada por "juke-box" nas praias! Ver as pessoas dançando essa música, eu posso dizer que foi uma emoção grande e única!!

8) Rikardo: Eu sei que você produziu outros singles, como "Feeling" (1995), "Get Up" (1996), "Bushed" (1997) e "Bomb!" (1999). O B.A.R. teve algum outro single, além desses?
Bertie Bassett: Não, você está correto. Não lançamos mais, além destes citados.

"Bushed" sendo indicada pelo saudoso DJ Ricardo Guedes, na DJ Sound (1997)

9) Rikardo: Por que Roxy foi substituída em "Get Up" e "The Bomb!"?
Bertie Bassett: Na verdade, só quisemos realizar parcerias com outras cantoras também, só isso mesmo.

10) Rikardo: Você se lembra dos equipamentos que foram utilizados para produzir “Come Together”? Você pode nos dizer quais eram?
Bertie Bassett: Os mais importantes foram cubase como seqüenciador - akai como sampler - soundcraft como mixer

11) Rikardo: Li num artigo, há muitos anos, que um dos colaboradores da Discomagic Records rejeitou “Come Together” no início, mas Severo Lombardoni apostou na música. Você sabe o que fez Severo Lombardoni acreditar em "Come Together"?
Bertie Bassett: Acho que Lombardoni era um caçador de talentos muito bom, ele tinha muita visão e acreditou na originalidade e na força desse projeto. E claro, ele acreditou na minha euforia também!

12) Rikardo: A cantora Roxy chegou a gravar outras músicas, antes de "Come Together"?
Bertie Bassett: Antes não! Foi o meu primeiro trabalho como produtor e também o primeiro trabalho para ela como vocalista. Após "Come Together" sim, ela gravou também “Automatic Lover” de DJ Luca Belloni (mas não lembro agora o nome dele como "artista").


DJ Rob Feat. Roxy - "Automatic Lover" (2005)

13) Rikardo: Por que as pessoas se identificaram tanto com "Come Together"? Você pode dar sua opinião?
Bertie Bassett: Eu acho que esta música soa como uma "canção de ninar", pois é pegajosa, fácil de cantar e fácil de lembrar a letra também. As pessoas gostavam muito disso.

14) Rikardo: O gênero "eurodance" enfraqueceu no final dos anos 90... Você acredita que um dia esse gênero poderá ressuscitar?
Bertie Bassett: Bem, eu acho que esse gênero já melhorou nos últimos anos!! Hoje os DJs tocam a Dance Music dos anos 90 em muitos clubs e eles também fazem muitos lançamentos novos usando melodias, sons e samples daquela "era" !! Eu acho demais estes resgates!!


Bertie Bassett com Nile Rodgers

15) Rikardo: O B.A.R. voltaria com Roxy, em uma nova música? Podemos sonhar com isso?
Bertie Bassett: Eu apenas digo "Nunca diga nunca" ;-)

16) Rikardo: Quais são suas outras músicas, que você recomendaria aos fãs do B.A.R.?
Bertie Bassett: Eu pediria aos fãs do B.A.R para acessarem ao meu site www.bertiebassettdj.com, pois lá encontrarão todos os lançamentos da minha marca chamados "BB sound", incluindo diferentes tipos de projetos e com meus diversos pseudônimos.
Sobre "Come Together" eu também posso recomendá-los um remix "exclusivo" feito por mim e espero que gostem:


Michael Diniego vs B.A.R. feat Roxy - "Come Together" (smog rmx) 2013
 
17) Rikardo: Por favor, envie uma mensagem aos DJ's e produtores brasileiros que estão começando agora:
Bertie Bassett: Sigam seus sonhos e se forem produzir, produzam música com amor e paixão.
E jamais coloquem o sucesso em primeiro lugar!
Muito obrigado. Foi um prazer para mim falar com vocês! Fiquem seguros!


Conecte-se com
Bertie Bassett


Considerações Finais:
Finalmente consegui saciar a minha curiosidade em relação à este hit de 1995. 
E é muito bom saber que, mesmo depois de 25 anos, "Come Together" ainda continua viva e muito lembrada por fãs, DJ's e produtores... Inclusive, foi lançada no recente dia 22 de março, uma nova versão da música: Miss Nipple vs B.A.R. feat. Roxy - "Come Together", além de outras incontáveis versões e remixes que veio recebendo ao longo dos últimos anos.
Parabéns à Bertie Bassett, Paolo Baldassarini e à Roxy por estes 25 anos de Aniversário!!
Foi um prazer ter de volta em mente momentos muito divertidos, de uma época que as músicas "dance" ainda tinham vozes e melodias, além de simples "barulhos" sem sentidos (existentes em produções atuais).
Espero que os leitores do blog tenham gostado desta experiência, como a pessoa que aqui escreve.

#ESTAMOSJUNTOS 

Agradecimentos: 
À Bertie Bassett pela sua entrevista e plena disposição.

Créditos das imagens: Todas as fotos utilizadas são pessoais de Bertie Bassett, Rosella Marras e Paolo Baldassarini.

sábado, 11 de abril de 2020

IAN VAN DAHL - "CASTLES IN THE SKY" (2000) - A HISTÓRIA

IAN VAN DAHL - "CASTLES IN THE SKY" (2000)

Hoje eu resolvi aproveitar o dia para revisitar uma obra imortal do Ian Van Dahl intitulada de "Castles In The Sky"... Quem aqui que não se lembra dessa bela faixa?

Inacreditavelmente este trabalho está celebrando 20 anos de aniversário (nem parece ter passado tanto tempo assim) e por isso convido à todos vocês para embarcarem comigo na leitura abaixo, uma viagem ao som deste inesquecível clássico do Trance!


DA BÉLGICA PARA O MUNDO: 
OS 20 ANOS DO HIT "CASTLES IN THE SKY" (2000) 

"Castelos": 20 anos depois


Ano 2000. Você lembra quantos anos você tinha? Já parou pra pensar no que estava fazendo há 20 anos? Pois é, eu tinha 19 anos de idade e me recordo que eu contava nos dedos pra chegar o fim de semana e poder colocar os meus pés nas danceterias que tocavam aqueles hits do "Trance" - subgênero eletrônico que virou sensação após aos sucessos efervescentes de Alice DeejayMauro PicottoATB, Fragma Gouryella.

Uma dessas músicas foi "Castles In The Sky" do Ian Van Dahl, lançada no dia 1º de maio de 2000 através do selo belga Freestyle Records. Embora pertencente à mesma vertente dos projetos acima citados, este trabalho demorou um pouco mais para ser descoberto aqui no Brasil, recebendo mais destaque no ano de 2001.

Eu me lembro com muito carinho destas festas, inclusive daquelas filas imensas de adolescentes para entrar aos night-club's e poder curtir o melhor da música eletrônica daquele início de anos 2000. Foi nesta mesma época que eu tive o meu primeiro carro, meu primeiro emprego, meu primeiro amor... tudo era novidade e eu vivia cheio de sonhos e energia para realizá-los.

Éramos tão felizes que saíamos do club "Grêmio C.P" cantando esta e outras músicas pelas ruas (principalmente Groove Armada - "Superstylin'")... Pensa numa galera que gostava de dance music!! E essa época foi rica e maravilhosa para o gênero, onde felizmente conseguimos aproveitar o máximo!
E ouvindo "Castles In The Sky" nos dias atuais, ainda consigo me lembrar de cada rosto jovem que dançava comigo naquelas noites dos anos 2000... Que época, que época!


IAN VAN DAHL - "CASTLES IN THE SKY" CHEGA AO BRASIL

A primeira vez que escutei "Castles In The Sky" foi no final de 2001, quando o DJ do Grêmio C.P. a tocou junto com outros euro-hits, mas, confesso que de imediato não chamou tanto a minha atenção...

Foi na coletânea "Curtindo Uma Viagem"(Celso Portioli) que eu comecei a tomar amor por esta música.
Nesta época, o Lasgo também começou a ganhar bastante popularidade aqui no Brasil com "Something", se tornando numa grande explosão nas rádios e pistas de dança, então acredito que uma música ajudou a impulsionar o sucesso da outra (embora o Lasgo fosse mais exitoso com o público).


Grêmio C.P. Jundiaí: Palco das domingueiras com vários hits lendários dos anos 2000... 
O club existe até hoje!


Nesta época, éramos acostumados a dançar também com Dee Dee - "Forever", Deal - "Maybe One Day", Fragma - "Everytime You Need Me", Paul Van Dyk - "We Are Alive", Kylie Minogue - "Cant Get Out You Of My Head", Iio - "Rapture", ATB - "Hold You", Planet Funk - "Chase The Sun", Daft Punk - "One More Time", Astroline - "Close My Eyes", Derb - "Derb", DJ Frederik - "La Folia", e apesar de já serem um pouco mais velhinhas, também rolavam muito Gigi D'Agostino -"I'll Fly With You" e Kriss Grekò - "Surrender", sendo faixas que enlouqueciam à todos nos clubs.


Alguns sons que rolavam naqueles tempos...


O sucesso de Ian Van Dahl - "Castles In The Sky" chegou meio atrasado no Brasil, mas foi inevitável e atraiu bastante admiradores, assim como já acontecia no resto do mundo.
O ritmo da música é bem típico daquele período e, provavelmente, também foi inspirado em Delerium - "Silence" (1997), assim como praticamente quase todas aquelas músicas "trances" da época. E sobre a "vibe" da música, parecerá exagerada a definição que irei fazer, mas a melodia de "Castles In The Sky" é um pouco depressiva, ainda mais para quem tinha acabado de sair dos anos 90 e estava acostumado aos refrões alegres e festivos de Corona, Double You, Alexia, Aqua, Fun Factory, Masterboy, Vengaboys e tantos outros. A letra também é distinta, pois ao invés de incitar a vida noturna, histórias de amor ou situações hilariantes do dia-a-dia, nos apresenta um dilema mais reflexivo e com um clima mais de recolhimento. 

A letra de "Castles In The Sky" é sobre sonhos impossíveis que não podemos alcançar, principalmente no fragmento onde reproduz que "construímos castelos no céu". Você pode não entender o sentido real da palavra "castelos no céu", mas significa "criar uma expectativa muito alta" em relação a algo, e todos sabemos que quem faz isso, provavelmente acaba não se dando muito bem...
A cantora então nos pergunta em alguns versos:


"Você já questionou a sua vida?
Você já se perguntou o por que?
Você já deu uma olhada em seus sonhos?
Todos os castelos no céu

Oh, me diga o porquê 
Construímos castelos lá no céu
Oh me diga o porquê disso
Todos os castelos bem lá no alto
Por favor me diga o porquê..."


A empresa fonográfica que licenciou a faixa no Brasil foi a Spotlight Records, mas a Paradoxx Music aparentemente também tinha alguns direitos e a incluía em suas coletâneas. 

Depois do grande sucesso de "Castles In The Sky", foi a Building Records que passou a deter os direitos do projeto, chegando a lançar as próximas músicas em suas coletâneas, além do álbum "Ace", em 2003.


A VOZ E A COMPOSIÇÃO DE "CASTLES IN THE SKY"
A responsável pela criação de um dos mais marcantes singles do Vocal Trance dos anos 2000


Quem escreveu a letra e deu voz à "Castles In The Sky" é a cantora Marsha, a primeira e pouco conhecida vocalista do Ian Van Dahl. Numa entrevista que ela cedeu ao site Dancevibes.be, ela explicou um pouco sobre a produção desta música:

"Eu recebi apenas uma ideia inacabada, um loop bem simples, bem 'bronco', e eu escutei esse loop por dias e dias, repetidamente (o suficiente para incomodar aqueles ao meu redor, que eventualmente me diziam para usar fones de ouvido). A inspiração veio dos meus sentimentos, enfatizada pela música ao escutá-la continuamente como eu fiz. As letras e a melodia vocal que escrevi refletem à essas emoções que eu sentia. Eu sempre sinto que as letras já estão de alguma forma dentro da música, e também amo escrevê-las, assim como cantá-las pois melhor do que ninguém eu sei os verdadeiros sentimentos por trás das letras;  É diferente quando uma outra pessoa canta, por isso eu gosto de cantar também as músicas que eu escrevo.
A ênfase de 'Castles In The Sky' era outra quando eu fiz a música, infelizmente mudaram-na do verso para o refrão (quando entreguei o trabalho pronto aos produtores)".


Marsha é a compositora e cantora do hino "Castles In The Sky"


Neste começo dos anos 2000, a tragédia de 11 de setembro era muito recente ainda na memória das pessoas, então Marsha ainda disse: 

"Na minha opinião, a tragédia de 11 de setembro mudou tudo e à todos. Então, é claro que para muitas pessoas, o significado das letras também mudou. Para algumas pessoas, a interpretação de 'Castles In The Sky' mudou para uma interpretação mais literal, e eu descobri que muitas pessoas encontraram conforto em minhas letras. Mas eu realmente espero que 'Castles In The Sky' não os faça lembrar da tragédia toda vez que eles a ouvirem".

Como já dito, a letra de "Castles In The Sky" nos passa uma mensagem sobre sonhos impossíveis que construímos no decorrer de nossas vidas. Quando a ouvimos, nos perguntamos "por que" junto com a música.
Por que cresci? Por que escolhi esta profissão? Por que não me casei com aquela pessoa? Qual a minha missão aqui? Claro que a música não irá nos responder, ninguém irá, mas o que ela faz é se perguntar conosco. 

A letra é curtinha, é simples, como a maioria das letras relacionadas ao trance, mas é muito profunda, assim como toda música deve ser.


A VIDA IMITOU A ARTE
"Marsha, você também já se perguntou o porquê?"


Marsha criou expectativas ao se dedicar no projeto Ian Van Dahl, mas seus "castelos" desmoronaram drasticamente assim que "Castles In The Sky" começou a ganhar popularidade pela Europa. Ela escreveu e cantou esta canção, mas, injustamente foi impedida de participar visualmente do projeto. Sim, Marsha foi proibida de aparecer na capa do CD, no vídeo oficial e nas apresentações ao vivo do Ian Van Dahl. Esse ocorrido decepcionou a vocalista por completo, sendo um grande drama em sua vida.

Marsha disse: "Para mim, a recompensa mais bonita que posso receber pelo que faço é a apreciação do público e a felicidade de tantas pessoas. Isso foi tirado de mim, pois me trocaram por uma modelo nas performances e isso me colocou em alguns momentos realmente difíceis."


Marsha: Ela cantou o 1º hit do Ian Van Dahl e depois foi dispensada


A garota que eles optaram em manter no Ian Van Dahl era apenas uma dançarina chamada Cindy Mertens, e que fazia sincronização labial (dublava) sob o áudio gravado na voz de Marsha. Essa modelo aparecia nos palcos, na TV, e também está no vídeo oficial de "Castles In The Sky".

Marsha reiterou: "Eu acho que com essa atitude, a gravadora não mostra apenas desrespeito pelo cantor, mas também pelo público. Eu não sei se todos compartilham da minha opinião, mas se eu testemunho uma performance, eu espero que o "cantor" seja a pessoa que está por trás do vocal na música. Como um espectador, eu me sentiria enganado se a pessoa que está se apresentando, na verdade, não tem nada a ver com a música e está apenas dublando no palco."

Marsha ficou muito desmotivada e frustrada com todo este ocorrido, pois ela trabalhou e sonhou com todo o progresso de sua música. Marsha realmente se empenhou para realizar "Castles In The Sky" e estava feliz por se considerar uma integrante do Ian Van Dahl, porém, a indústria foi extremamente injusta com ela, queriam o seu talento, mas apenas nos estúdios.

Não sei que critérios usaram para descartarem a Marsha do Ian Van Dahl, mas segundo alguns artigos da época, ela infelizmente foi julgada como sendo "não boa o suficiente" para representar o projeto. Na minha humilde opinião, além de talentosa, Marsha era também muito bonita, bem mais que a modelo Cindy Mertens, garota que foi abordada posteriormente para tomar a frente do Ian Van Dahl.

Sobre o video de "Castles In The Sky", Marsha o elogiou na época, disse que tinha bons efeitos visuais, no entanto também enfatizou que algumas pessoas, que ali aparecem, não pertencem realmente à música (se referindo à dançarina Cindy Mertens).
Marsha se sentiu enganada e definiu como inadmissível o que estavam fazendo com ela, pois a modelo que estava representando o projeto era apresentada ao público como "Marsha", ou seja, também assumia a sua identidade (!). A verdadeira vocalista ainda disse: 

"Eu sou a verdadeira Marsha, eu escrevi e gravei com minha voz. E embora eles tenham feito de tudo para me desconectarem de 'Castles In The Sky', alguém me disse uma vez que, de alguma forma, eu estarei sempre ali naquelas letras. E assim como meus membros estão ligados ao meu corpo, 'Castles' estará no meu coração para sempre, e eu nunca negarei a minha contribuição para essa música".


Marsha


Confira abaixo o vídeo de "Castles In The Sky" (legendado em português), na versão que tocava bastante no Grêmio C.P. e nos demais clubs do mundo: a versão de Peter Luts (Lasgo).

Essa versão consegue ser harmoniosamente mais agradável ainda que a "radio edit", pois conta com a belíssima introdução de uma arpa, caindo como uma luva junto aos vocais doces e dramáticos de Marsha. Depois deste suave e hipnótico início, a faixa ganha uma base alucinante, que ainda hoje arrepia e fazem os nossos olhos lacrimejarem de saudades:


Ian Van Dahl - "Castles In The Sky" (Peter Lus Remix) (2000)
 Nos bons tempos dos anos 2000!
 
IAN VAN DAHL - QUEM FORAM ELES?
Please tell me...

"Castles in The Sky" foi lançada na Europa em 2000, mas o lançamento mundial ocorreu apenas em 2001, sendo um sucesso total, alcançando ótimas posições em charts e ganhando um disco de ouro no Reino Unido. Mas antes destes triunfos, é importante conhecer um pouco da história do Ian Van Dahl...

Este projeto foi fundado por Christophe Steve Fotini Chantzis, ou simplesmente Christophe Chantzis (22 de setembro de 1976), que também trabalhava em outros grupos conhecidos do Trance, como o Absolom, muito popular na Europa no final dos anos 90.

Assim como todos os demais envolvidos deste projeto, Christophe Chantiz também é belga.




Mas os primeiros passos do Ian Van Dahl foram dados por Erik Jos Vanspauwen (17 de maio de 1968), pois foi ele quem teve a ideia inicial de produzir músicas e também foi ele quem tomou a iniciativa em procurar por uma cantora.

Erik Vanspauwen chegou a anunciar numa radio que estava em busca de uma vocalista para um projeto, então ele recebeu a ligação de Marsha, marcando um teste de voz com ela.

"Eu liguei para eles pois estavam procurando por uma cantora com experiência em dance music e fizeram um teste de voz comigo. Os dois músicos eram Erik Vanspauwen e seu irmão Geert Vanspauwen. Erik foi o "músico" e Geert foi o moderador e compositor inicial da equipe. Eles já estavam fazendo testes com alguns cantores antes, mas sem sucesso algum. Depois do meu teste de voz, eu fui aprovada. Logo também ficou claro que eu era boa em escrever letras, e Geert sentiu que não era mais necessário permanecer. Então ficamos só nos dois, Erik e eu, trabalhando por conta própria a partir de então" - Marsha.

Marsha colaborou com o famoso projeto desde o seu início, e somente depois de um ano que Christophe Chantzis se juntou à equipe. Agora sim, o time estava completo e recebendo o nome de Ian Van Dahl.

A vocalista logo recebeu dos produtores uma faixa para que compusesse letras e uma melodia vocal, e assim que ela concluiu este seu trabalho, o entregou à dupla. Pronto, estava prestes a nascer o hit que fez história no Vocal Trance dos anos 2000: "Castles In The Sky" (2000).



QUEM É MARSHA?

Marsha é o apelido da talentosa belga Martine D. J. Theeuwen, nascida em 7 de outubro de 1976. Ela herdou o seu amor pelas notas musicais através de seus pais, que também são amantes da música. 
Na infância Marsha já demonstrava que tinha muita aptidão pelas artes, onde seus históricos escolares mencionavam talento e bela voz. Inclusive, seus professores a incentivaram para se juntar ao coro da igreja local, sendo esta a sua primeira experiência musical. Depois disso, Marsha se inscreveu em casas artísticas para realizar shows escolares, performances de playback e mixagem de som, numa época em que ela imitava também uma de suas artistas favoritas: Madonna.

Com apenas 10 anos de idade, Marsha e uma amiga começaram a escrever letras, e seu talento instintivo para escrever em inglês e holandês consequentemente se tornou muito notável, começando a chamar atenção de muitas pessoas... E ao assistir por diversas apresentações nacionais e internacionais, Marsha reconheceu que seu sonho era ser uma artista performática e cantora, e não apenas uma compositora de letras. Definitivamente, Marsha queria estar em cima de um palco e trocar energias com o público.

Então, com cerca de 20 anos de idade, Marsha estava determinada a ir atrás de seu sonho. Nessa idade ela também apareceu em vários club's como dançarina, uma experiência que lhe concedeu uma crescente autoconfiança, algo que é necessário em quem quer estar sobre os palcos.


Não demorou muito e Marsha conheceu Erik Vanspauwen - como citado acima - e começou a trabalhar no estúdio semanalmente. 

Como vocês bem sabem, Marsha se tornou a responsável pela melodia vocal e letras da música de estréia do Ian Van Dahl - "Castles In The Sky", além é lógico, de tê-la cantado com a sua voz.

Marsha mencionou também: "Na verdade, quando eu vou escrever alguma música, eu fico em busca de palavras que refletem as emoções e impressões que eu recebo ao ouvir uma pequena amostra de som. Você pode entender isso como um quebra-cabeça. 'Castles In The Sky' foi escrita desta forma durante um período de aproximadamente duas semanas. Eu tenho escrito e cantado músicas, feito poemas ingleses e holandeses desde que eu tinha 10 anos de idade, então ambas as técnicas se desenvolveram há algum tempo."

Depois das gravações de "Castles In The Sky", Marsha informou que parou de receber retornos da gravadora. Ela tinha que procurá-los constantemente para ter algum tipo de informação sobre o andamento deste trabalho. Foi aí que ela, por acaso, encontrou um panfleto anunciando uma performance do Ian Van Dahl, onde ficou muito animada e também um pouco desconfiada. 
Marsha então, mais uma vez foi procurar por informações - já que sempre era ignorada. A cantora ligou à dupla Erik e Christophe para perguntar se eles sabiam de algo, mas ambos fingiram que não sabiam de nada.

"Eu não tinha ideia de que eles pretendiam colocar alguém para me substituir. Para mim, como para a maioria das pessoas, é evidente que o verdadeiro cantor é o que vai estar no palco!" - Marsha. 


A modelo do playback

Com apenas uma semana antes desta performance, eles finalmente confirmaram e disseram que haviam encontrado duas dançarinas para o evento. Mais tarde, Marsha descobriu que não eram apenas duas, mas sim três garotas, mas a terceira não foi apresentada à ela pessoalmente. O motivo dessa omissão? Na verdade, eles iriam substituir Marsha pela terceira dançarina, na tão esperada apresentação do Ian Van Dahl.

"Eles prejudicaram a minha autoconfiança. Este deve ter sido um dos truques mais sujos que já sofri em minha vida. Quando liguei para Erik, ele me disse que essas garotas foram trazidas por Christophe Chantzis. Ele também me disse que já planejavam fazer isso há alguns meses." - Marsha

Mas Christophe não queria perder Marsha, então ele tentou enganá-la mais uma vez, dizendo que ela teria a permissão para se apresentar no futuro, quando eles tivessem uma nova música, que ela ainda iria escrever e cantar. 

"Erik ao menos foi gentil em me dizer a verdade, ele me disse depois que nunca tiveram a intenção de me colocar no palco, NUNCA". - Marsha


Marsha e suas dançarinas 


Dilacerada por todo o engano, Marsha viu o seu sonho ser entregue à uma outra garota que nem fazia ideia do sentimento e dedicação que foram colocados em "Castles In The Sky". Se sentindo totalmente subestimada pela gravadora, Marsha ficou arrasada.

Vale mencionar que, enquanto ela colaborava com o Ian Van Dahl no estúdio, ela também trabalhava como vendedora numa empresa, então a sua vida era bem agitada e quase não tinha tempo para outros afazeres, a não ser trabalhar e correr ao estúdio. Durante as gravações de "Castles In the Sky", as coisas se tornaram mais dificultosas ainda, então o seu supervisor lhe disse: "Você tem a escolha, ou você canta ou trabalha para a empresa". Ela escolheu cantar, pois disse que não poderia simplesmente deixar "essa oportunidade passar".

Resumindo: Marsha se dedicou ao Ian Van Dahl em 100% (até sofreu um acidente de carro num dia chuvoso indo ao estúdio gravar "Castles In The Sky"), mas não foi recompensada à altura de todo o seu esforço e empenho.


ELOS QUEBRADOS
Embora ainda tivessem a coragem de pedir à ela que trabalhasse num novo single, Marsha recusou pois perdera completamente a fé nas falsas promessas da dupla de produtores. A cantora então se desligou do Ian Van Dahl, e ainda procurou um advogado para impedir que as performances de "Castles In The Sky" fossem realizadas, pois dizia que eles não tinham direito algum sob a canção. Marsha infelizmente não conseguiu este objetivo, perdendo a causa.

Consequentemente a esse fracasso judicial, a performática Cindy Mertens então subia aos palcos para dublar "Castles In The Sky", como a dupla de produtores havia planejado. Ela é a garota que podemos ver no vídeo oficial e também em outras apresentações da época, como no registro abaixo:


"Castles In The Sky" (Radio Edit): 
A versão que está em algumas coletâneas, como "Curtindo Uma Viagem" (2002)
Cindy Mertens era apresentada ao público como 'Marsha' (usava uma identidade que não era a dela), além de apenas dublar.

Não demorou muito e substituíram Cindy Mertens também, pois em muitas apresentações era muito óbvio que ela estava apenas dublando a faixa. Então, conheceram e contrataram a cantora Annemie Coenen, que passou a ser a imagem do Ian Van Dahl nos CDs, a gravar nos estúdios e a performar todas as músicas em videos e shows. 

Os produtores resolveram dar um fim a farsa abraçada por eles, contratando agora uma pessoa que realmente cantava e escrevia as canções.
A novata também gravou uma nova versão para "Castles In The Sky" na sua voz, ficando até bem parecida com a versão original. Ouça abaixo:


Eu gosto muito da voz e estilo de Annemie Coenen, mas essa música é a cara da Marsha, não tem como desassociar esta faixa de sua voz, ainda mais para quem, como eu, conheceu primeiro a sua versão: Ouvindo nas rádios, dançando nos clubs e curtindo nas coletâneas de 2001 / 2002.


ELOS QUEBRADOS; NOVOS ELOS

Emocionalmente abalada e precisando de uma nova perspectiva sobre a sua vida, Marsha até desistiu de cantar por um tempo. A indústria da música belga sabia que ela era a verdadeira cantora e numerosas ofertas vinham de todos os lados. Ela começou a cantar novamente para algumas pessoas e ganhou um pouco de confiança novamente dessa forma.

Em 2001, Marsha gravou uma música de DJ Philip - "Moments". Lançado naquele mesmo ano, o single infelizmente não fez o devido sucesso aqui no Brasil, mas é uma poderosa faixa que merece ser conhecida pelos verdadeiros fãs do Trance.

E é interessante como este gênero parece conservar as suas músicas, né? Eu a conheci tem poucos anos e continua tão atual... Veja bem, esta música já tem seus 18 anos!! E a considero ainda em plena forma em 2020.
Algumas músicas de outros gêneros se tornam bem mais datadas ao longo dos anos, mas acho que isso não se aplica muito ao Trance, pois a energia, a sonoridade e a vibe não soam muito antigos.

"Moments" também chama a atenção por possuir alguns efeitos "lasers", que poderão fazer você se lembrar um pouco de Planet Soul, Laura Martinez, Lina Santiago, Angelina...
E atenção para a sua letra, escrita em colaboração com ninguém mais que Regi Penxten, membro do lendário Milk Inc.!!


DJ Philip - "Moments" (2001)
Composição: Philip Meers, Regi Penxten (Milk Inc)
Bela produção, com os vocais tocantes de Marsha


Em relação ao trabalho seguinte de Marsha, este surgiu através de um fórum de internet após a vocalista chamar um DJ de Nova York para conversar, depois de vê-lo discutindo com outro DJ sobre "Castles In The Sky". Desse contato, Marsha firmou uma parceria com uma equipe muito talentosa composta por Justin Time, Russ Reign (o DJ que ela conheceu) e Marino Bragino. Isso resultou em uma nova música chamada "Distant Places", lançada em 2002 e sob o nome de LD 30 Feat. Marsha X. 

Descobri esta canção tem poucos anos, infelizmente eu não a descobri em sua devida época, mas é um belíssimo e encantador Trance que merece ser descoberto (ou redescoberto) por todos os bons ouvintes do gênero.
"Distante Places" é simplesmente uma música que não consigo deixar de ouvir, e considero tão boa quanto "Castles In The Sky":


LD 30 Feat. Marsha X - "Distant Places" (2002)


CRÉDITOS
IAN VAN DAHL - "CASTLES IN THE SKY" (2000)
Selo: Bang On!
Formato: CD- Maxi-Single
País: Australia & Nova Zelandia
Lançado: 10 de Setembro 2001
Gênero: Trance
Letras: Martine Theeuwen
Masterização: Peter Luts
Produtores: Christophe Chantzis, Erik Vanspauwen
Modelos: Annemie Coenen (ao centro), supostamente as outras seriam Jeanine e Diana
Vocais: Martine Theeuwen (Marsha)

O single de Ian Van Dahl - "Castles in The Sky" contem as seguintes versões:

1 Castles In The Sky (Peter Luts Radio Edit) 3:19
2 Castles In The Sky (De Donatis Radio Edit) 3:43
3 Castles In The Sky (Radio Edit) 3:47
4 Castles In The Sky (Peter Luts Remix) 7:16
5 Castles In The Sky (De Donatis Remix) 7:08
6 Castles In The Sky (Wippenberg Remix) 5:49
7 Castles In The Sky (Absolom Remix) 6:42


VINTE ANOS DEPOIS
Muito tempo se passou... Os jovens se tornaram adultos; as rádios tocam outras músicas; as danceterias de música eletrônica estão mais raras (com esta quarentena ainda, todas em silêncio e fechadas)... E muitos projetos desta época já não existem mais, como é o caso do Ian Van Dahl - que ficou em atividades até 2007.

Christophe Chantzis está com seus atuais 44 anos de idade e continua tocando em alguns festivais e clubs pela Europa, mas as suas produções musicais diminuíram consideravelmente nos últimos dez anos. Lembrando que Christophe ficou conhecido na música eletrônica devidamente aos seus trabalhos no Absolon, Astroline, Ian Van Dahl e Dee Dee. 
Ele trabalha também num estúdio chamado "Musync", no selo "Sound Avenue" e numa gravadora chamada "One Beat One Nation".

Já Erik Vanspauwen, ele tem agora 52 anos de idade e é sócio com Christophe Chantzis, no selo "Sound Avenue". Ele também não tem apresentado novas produções próprias, acredito que a profissão de empresário é a que melhor define a sua ocupação atual.

Christophe Chatzis se define como "Mr. Castles in the sky" (em seu facebook)

MARSHA ATUALMENTE
A cantora Martine Theeuwen continua envolvida fielmente à Trance Music, mas agora como DJ, mixando em festas na cidade de Leuven (Belgica). Ela atualmente tem 44 anos de idade, é ligada ao universo dos mantras e é totalmente centrada na vibe "paz & amor". Ah, como DJ ela assina como "MLove".

Eu mandei uma mensagem à ela, que me respondeu bem agradecida e feliz pelo contato:

- Rikardo: Oi Martine, tudo bem? Desculpe-me incomodar, mas a sua voz marcou muitos jovens dos anos 2000, que ouviam o hit "Castles In The Sky" tocar incansavelmente nos clubs e rádios. Por favor, você pode me falar quais outras músicas podemos ouvir o seu vocal? Eu conheci "Moments" (DJ Philip) e "Distant Places" (LD 30 feat. Marsha X) e fiquei mais fã ainda de sua voz. Muito obrigado!

-Martine Theeuwen: "Bem ... Rikardo, em primeiro lugar, obrigada pelas amáveis ​​palavras.
Lancei uma outra faixa em inglês. Bem, pelo menos a faixa carrega minha voz.
É "All Night Long" do DJ Philip. Eu acredito que é a versão 'Remix Vocal', de 2002, ou algo assim.
Eu mesma também produzi algumas faixas, mas nunca as liberei até agora.
No momento, eu estou atuando como DJ, tocando Trance. Já me apresentei tocando em eventos internacionais, em países como Espanha, Lituânia, França e, claro, eu sou residente também em uma de nossas super festas belgas.
Às vezes, estou discutindo colaborações com alguns artistas de Goa Trance (estilo de Trance Music que começou em Goa, Índia, no final da década de 1980), mas a maioria das colaborações criativas à longas distâncias são mais complicadas de se concretizarem, então não produzimos nenhum resultado até agora... mas, talvez um dia eu lance algo novamente. Quem sabe...

A apreciação de algo que já fiz ou estou fazendo é sempre muito bom.
Mais uma vez obrigada!
Desejando a você, sua família e amigos do Brasil tudo de melhor, que todos tenham cuidado e segurança nestes tempos difíceis de pandemia que estamos vivendo. 
Um grande abraço da Bélgica" - Marsha


Tales of Dj Philip - "All night long" (vocal remix)
Além de "Distant Places" (LD 30) e "Moments" (DJ Philip), agora temos também a rara versão de "All Night Long" de DJ Philip com a voz de MARSHA...[infelizmente está faltando os minutos finais]


Martine Theeuwen (Marsha / MLove) em 2017

"Graças aos meus fãs, acredito em mim o suficiente para continuar. Espero que todos eles possam alcançar seus castelos no céu um dia, inclusive eu também."
-Marsha



CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Lembro quando assisti ao vídeo de "Castles In The Sky" pela primeira vez, então ali eu achava que a "cantora" nas imagens fosse a verdadeira Marsha... Porém, negativo!
Se eu fiquei decepcionado ao descobrir tudo isso, imagina a verdadeira Marsha? Ela ajudou a criar o Ian Van Dahl, colaborou e muito na produção de "Castles In The Sky", tanto nas letras, quanto na melodia da música.

Marsha dizia também que Christophe Chantzis odiava as suas letras e vocais, e que ele preferia muito mais o seu remix  'Absolom', que é sem nenhum vocal. Uma pena essa quebra de elos, essas divergências e essa postura dos produtores... porém, espero que todos tenham superado esse passado, afinal, já se passaram 20 anos!

Termino aqui esta publicação agradecendo à todos os fãs do Trance 2000's, e desejo ainda que tenham muito cuidado e atenção nesta quarentena.
Muita Responsabilidade, Saúde e Conscientização, pois t
udo isso também vai passar!

AGRADECIMENTOS:
À Marsha por responder minhas mensagens e por informar suas atualizações.