Mostrando postagens com marcador artista eurodance. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador artista eurodance. Mostrar todas as postagens

domingo, 15 de dezembro de 2024

ALIX - "DO YOU REALLY" (1997)

ALIX - "DO YOU REALLY" (1997) - FINALMENTE VOCÊ VAI SABER QUEM É A VOCALISTA DESTA FAIXA

A modelo Barbara Romer é carioca. A foto da esquerda mostra a modelo na capa do CD "Hit Parade" de 1997, já a direita temos Barbara em momento atual.

1997 foi um ano bem diversificado para a música eletrônica, e apesar da onda axé e pagode ganhar bastante força (argh!!), felizmente tivemos o crescimento do Techno e de outros derivados da Dance Music, incluindo também as produções nacionais.
Ricco Robit surgiu neste período com seus híts dançantes "I Don't Let You Go" e "Somebody", assim como Any Second bombou com o enorme sucesso de "Wanna Be With You", e claro, tivemos também Lulu Joppert com as classudas "Dance With Me" e "Love 4 Two".
Mas, pensas que acabou?

Em 1997 muita gente ainda conheceu Alix - "Do You Really", uma dance/pop "fofinha" que saiu em algumas coletâneas como a popular "Hit Parade" da Som Livre.
Essa música tem um refrão bem grudento, fácil de cantar, além de um vocal bem jovial e uma produção bem simples, porém, tudo de forma muito envolvente.
A cantora sempre foi um mistério para mim, aliás, todo o projeto em si pois nunca consegui encontrar nenhuma informação sobre ele e seus idealizadores...

Bom, essa delicinha de música foi lançada oficialmente pela Seven Music, um selo criado em 1997 e que queria investir fortemente nas produções nacionais, como é o caso de outros projetos da casa, como Polyana, Dorah, Lulu Joppert, Martina Engel, Under Kings, Nemo, e etc.

O SPOTIFY DOS ANOS 90:
Eu conheci Alix - "Do You Really" primeiramente na coletânea "DJ Remixes" (lançada nas bancas com a saudosa revista DJ World), mas lembro que já tinha visto antes uma propaganda na TV Globo que chamou muito a minha atenção... Era o comercial do CD "Hit Parade" e fiquei louco para trazer todas aquelas faixas para a minha coleção de músicas do ano de 1997, como os estrondos sonoros de Blackwood - "My Love For You", Faithless - "Insomnia", Chase - "Obsession", Sash! - "Ecuador", e claro, mais uma vez estava ela: Alix - "Do You Really" (com direito a um trecho sendo tocado no comercial):

Comercial de TV - CD Hit Parade (1997) Som Livre


AFINAL, QUEM É ALIX?

Alix Bandeira Masset seria o nome completo da artista, mas o que eu sei é que ela assina como Alix Bandeira (não sei se ela divorciou-se do marido, ou se só quis retirar o outro sobrenome).

ALIX - É VOCÊ REALMENTE!
Esse é o rosto da voz que ouvimos em 1997 na faixa "Do You Really"

Alix Bandeira é libriana, tem dois filhos, Henrique de 18 anos (recém completados) e Bernardo de 16, além de uma cachorrinha de estimação chamada Bella (que ela considera como sua filha).
Não há como ter certeza de algumas informações pois a cantora não interagiu muito com as minhas mensagens, mas ao que parece, ela ainda gravou outras músicas com sua voz.

Alix é carioca e mora em São Conrado, um bairro famoso e localizado em sua cidade natal, o Rio de Janeiro. Apesar do pouco contato que tivemos, ela confirmou ter sido realmente a cantora da faixa "Do You Really"

Descobri depois que Alix gravou pelo menos mais uma música, lançada pela dupla Flow & Zeo, intitulada de "Fênix".

"Eles foram generosos e me convidaram para fazer o vocal para uma nova track que estavam finalizando. 'Fênix' faz parte do novo EP que lançaram recentemente em diversas plataformas digitais, e tem um significado enorme para mim neste momento. Sobre recomeçar, nutrir esperança de algo maior e mágico à minha espera. Essa experiência só deu mais vontade de criar ainda mais com eles. Que venha novo futuro"
-Trecho que encontrei em uma das redes sociais de Alix Bandeira, sobre o lançamento de "Fênix", e publicado por ela em maio de 2022.


Alix Bandeira não respondeu muitas perguntas ao Blog, o que é uma pena... Mas aqui está tudo o que consegui levantar sobre ela, a real vocalista do projeto Alix - "Do You Really" (1997)


Em mais um trecho que localizei (após muitos "garimpos"), Alix fala sobre a dificuldade de quem vive de arte:
"Nesta arte, tudo é lindo e recompensador. Trabalhar no teatro não é fácil. Viver de arte não é fácil, não deixa a maioria esmagadora rica, nem perto disso, mas traz um alento tão grande, que o coração agradece infinito."
Trecho publicado por Alix em 16 de maio de 2022

Em 1998 Alix começou a trabalhar como "freelancer" em eventos. Já em 2000, há quase 25 anos, se formou em "Performing Arts Professional" na Universidade Estácio de Sá (Rio de Janeiro - RJ), ou seja, se tornou uma Profissional das Artes Cênicas.

Em 2022, Alix atuou no Rock In Rio como DJ, da mesma forma como atuou no festival The Town (realizado em São Paulo) no mesmo ano.

Alix - "Do You Really" (1997)
Ela é cantora, DJ, atriz e assistente de direção (teatro)


Assim como Gottsha e Cacau Gomes (Claudja), Alix foi trabalhar no teatro e fez algumas peças como o musical "Rent", que esteve em cartaz em 2022. No entanto, Alix colaborou ainda com uma outra velha conhecida da Dance Music, a cantora Lulu Joppert, e juntas atuaram numa websérie musical para adolescentes chamada "Crush" (2020).
Alix também esteve em outras peças, como "Eu Sou Assim - O Musical" (2020) e "Paraíso Zona Sul" (2018).

Como os fãs de Dance Music puderam observar, Alix foi se especializar em outras áreas para não ficar apenas limitada como uma "cantora dance". 

Foi em 1997 que ela gravou "Do You Really", e quando a ouvi pela primeira vez imaginei que "Alix" pudesse ser apenas um nome escolhido pelo produtor para o seu projeto (pensei que seu nome real talvez fosse Alice), mas como vocês puderam agora constatar, é realmente Alix o nome da vocalista.


JAMM' FOI O COMPOSITOR


O compositor da letra de "Do You Really" aparece creditado como J. Heider, o mesmo nome de quem também assinou outras composições dance da época, como "Love 4 Two" e "Downtown" da Lulu Joppert

Este seria, na verdade, um pseudônimo de Fabio Almeida de Oliveira - o verdadeiro cantor do Kasino, e que também liderava o grupo Mr. Jam (além de ser o produtor de outras dezenas de projetos brasileiros). 

Segundo o site discogs, Fabio usava este pseudônimo devido a restrições contratuais com sua editora/gravadora (ele era um dos donos da Seven Music, mas também estava conectado a outras empresas como a Spotlight Records, pelo que entendi).

Aliás, foi o próprio Jamm' que fez um story em seu instagram rememorando a faixa "Do You Really", marcando também a conta oficial de Alix Bandeira. Então, o que eu fiz foi apenas perguntar à ele se aquela "Alix" marcada era realmente a vocalista, e imediatamente Jamm' me confirmou que sim. 

Depois fui até à Alix, que leu a minha mensagem mas não me respondeu prontamente, tendo que entrar em contato mais uma vez com ela:

A resposta de Alix ficou por aí mesmo... mas mesmo assim, felizmente consegui concluir este artigo!


CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Alix - "Do You Really" tem vários admiradores até hoje! No show da Taleesa em São Paulo (dia 02 de novembro), me encontrei com o amigo Fabio Taques e lembro que ele citou essa música da Alix e ainda mencionou sobre quem seria ela...
Bom, aqui está a confirmação da própria cantora para todos vocês, aliás, espero que tenham gostado dessa revelação… mais uma feita exclusivamente por este Blog!

Créditos das fotos: Instagram de Alix Bandeira

AGRADECIMENTOS:
Ao Jamm', sempre solícito e atencioso em todas as mensagens. Sem ele, este artigo não teria sido escrito.

Instagram Jamm'




Leia também :
Brasileira REGININHA POLTERGEIST na Dance Music, em 1996: 



sábado, 23 de novembro de 2024

THE TAMPERER: HEATHER LEIGH WEST - "FEEL IT" (1998)

HEATHER LEIGH WEST: "QUANDO VI O VÍDEO DE 'FEEL IT' NA TV EU TIVE UM CHOQUE POIS APARECEU UMA GAROTA MAGRA E NEGRA DUBLANDO A MINHA VOZ!!"

Loira não recebeu nenhum centavo e jamais foi creditada por contribuir vocalmente ao The Tamperer

Olá amigos da Eurodance, mais uma vez estamos aqui para dar continuidade em nossa última postagem sobre o projeto The Tamperer e a verdadeira cantora da música "Feel It", que no caso NÃO é a Maya, como já esclarecemos aqui.

Na matéria anterior eu apresentei uma Linha de Raciocínio baseada apenas na lógica e nos áudios comparativos contendo os vocais das duas cantoras, e agora nesse Artigo Definitivo (Parte 2) trago também outras esferas que comprovam melhor o que, e como, tudo aconteceu no universo dos samples em que colidiram as duas vocalistas: Heather Leigh West e Maya Days.

Para começar, quero deixar bem claro aos desavisados que a vocalista original de "Feel It" é, e sempre será, a loira Heather Leigh West. Quanto a essa questão, definitivamente não há nenhuma dúvida. 

SINTA ESSA HISTÓRIA

"A CASA CAIU, MAYA!"

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado neste artigo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


A cantora Heather Leigh West gravou a música "Drop A House" para o projeto americano Urban Discharge em 1994, a música foi lançada oficialmente em 1995, e em 1997 teve o seu vocal sampleado pelos italianos do The Tamperer.

Mas quando "Feel It" do The Tamperer estava pronta e prestes a ser lançada na Europa, o The Tamperer - sem saber quem era a vocalista - apenas recorreu aos produtores americanos do Urban Discharge - que eram Jim Dyke e Steve Gittelman - e solicitou à dupla a autorização do sample vocal para o licenciamento do single. Os caras não só autorizaram o sample vocal, mas também foram creditados como colaboradores na produção de "Feel It" (1997). No entanto, quando a música começou ser tocada em todos os continentes, o The Tamperer percebeu que era necessário trazer também a cantora daqueles vocais ao projeto, solicitando consequentemente aos americanos a presença dela, pois queriam que ela gravasse o vídeo de "Feel It" e outras possíveis novas músicas.

Maya Days é Laura Dias; uma afro-americana com descendência portuguesa

Maya Days - que na época usava o nome de batismo Laura Dias - realmente havia trabalhado com Jim Dyke e Steve Gittelman no projeto Urban Discharge, porém, ela os "abandonou" (!) para tentar conquistar um sucesso maior com um outro time de produtores. 

Desculpem pela minha sinceridade, mas sempre projetei a imagem de Laura como uma mulher muito ambiciosa, e até hoje percebemos isso vendo suas entrevistas, principalmente quando fala com uma certa pretensão, tentando se igualar (nas entrelinhas) a vários Pop-Stars.

Quando era mais jovem, Laura era muito fã de Whitney Houston e sonhava também em ser descoberta e fazer um grande sucesso como a estrela de "O Guarda Costas", então ela entrou em contato com Steve Gittelman (ele foi o primeiro empresário de Whitney) e lhe enviou uma fita demo onde cantava o hino nacional americano. Ele gostou do que ouviu e convidou Laura para fazer parte de seu time criativo. Laura ficou contente? Não por muito tempo...

Laura Dias encerrou rapidamente o seu contrato com Steve, pois não estava muito satisfeita e pulou fora do projeto Urban Discharge. Mas antes de pedir demissão, Laura chegou a gravar a emblemática "Drop A House", entretanto não deu tempo de ser lançada pois coincidiu justamente com o seu pedido de desligamento, alegando que havia recebido uma proposta melhor com uma outra gravadora e que queria fazer Pop e não Dance Music. 

Heather Leigh West

Com a ida de Laura Dias para outra gravadora, os produtores sem muita opção chamaram então a jovem Heather Leigh West para refazer a música. A loira fez o seu trabalho e regravou "Drop a House" em 1994, sendo este também o seu primeiro trabalho de gravação num estúdio. Os produtores gostaram do resultado e lançaram o single em 1995. E atenção: Só reforçando que foi através desta contribuição vocal de Heather Leigh West que nasceu o single “Drop A House” e que fez o The Tamperer gostar da sua linha vocal - resultando na mesclagem icônica que conhecemos anos depois em "Feel It". 

Como eu havia mencionado, o The Tamperer queria imediatamente que a cantora de "Drop A House" fosse colaborar com eles, principalmente para gravar o vídeo de "Feel It", então, quando a dupla do Urban Discharge foi solicitada para que enviasse a cantora aos italianos, Jim e Steve recorreram à Laura Dias, a cantora que "vazou" para cantar música Pop em outra gravadora.

Pois é, a verdadeira vocalista Heather Leigh West foi deixada de lado pelos produtores. Na verdade, Heather nem sabia dessas negociações entre Laura e os produtores do projeto italiano, e como vocês bem sabem, praticamente foi a contribuição vocal da loira que levou Laura Dias à fama, algo que a morena buscava ambiciosamente a todo custo. 

No entanto, é preciso esclarecer também alguns pontos. Numa edição rara do single britânico da música "Drop A House", de 1995, aparece bem pequeno o crédito para duas vocalistas: Laura e Sharon. Ou seja, Laura Dias foi creditada equivocadamente por alguém que confundiu essa segunda versão feita pela loira com a anterior feita pela morena, antes da tal virar as costas para o projeto. Houve um erro aí, fator que pode ter levado o nome de Laura para o projeto The Tamperer, enquanto que a vocalista real não recebeu crédito algum ou qualquer outro tipo de reconhecimento. 

Muito injusto, não?

Urban Discharge - "Drop A House" (1995)
Disco lançado no Reino Unido contendo o vocal de Heather Leigh West, porém erroneamente foi impresso na mídia física que as cantoras são Laura e Sharon

Todo mundo sabe como é o mundo da música, né? Cheio de segredos, mentiras, podridão e injustiças que ficam escondidos nos bastidores, por este motivo creio também na possibilidade dos italianos do The Tamperer terem interferido ainda nessas escolhas, e terem optado pela Laura ao invés da Heather... Há uma forte possibilidade disso ter acontecido. Ao que parece, o The Tamperer gostou do visual exótico da Laura, viram que ela era muito boa no palco, tinha uma imagem carismática, e o principal, era uma atriz de teatro / musicais que conhecia bem as técnicas da apresentação e do improviso, além de ter uma ótima desenvoltura perante a plateia e as câmeras. Ou seja, ninguém se lembrou muito de Heather Leigh West, e ninguém se preocupou também como ela iria reagir quando descobrisse o que estavam arquitetando.

O que sabemos de concreto, é que os produtores do Urban Discharge solicitaram à Laura Dias que largasse tudo para ir colaborar com os italianos, então Laura Dias foi conhecer Giacomo Maiolini (fundador e presidente da Time Records) em Miami, para depois se iniciar no projeto The Tamperer.

Heather, sem saber de nada, continuou trabalhando duro nos EUA, se dedicando com muito amor à House Music voltada mais para um nicho, que era o público da cena gay americana.

Como o The Tamperer já estava usando há algumas semanas o nome fantasia The Tamperer Feat. Maya, Laura Dias resolveu então adotar esta identidade artística, e desde então passou a ser conhecida como Maya Days e não mais Laura Dias.

REFLEXÃO - NEM SEMPRE O BEM VENCE

WHAT A BITCH!

Como vocês puderam perceber, Laura Dias começou a trabalhar com Steve Gittelman e Jim Dyke, mas rapidamente recebeu uma proposta de um outro produtor, então ela deixou a dupla. A jovem cantora também não gostava muito de cantar Dance Music e preferia o Pop - o gênero que este produtor estava propondo em fazer com ela, ou seja, para Laura tudo era muito promissor naquele momento.

O tal produtor contratou-a, mas logo dispensou-a alegando que a gravadora estava indo muito mal financeiramente, com isso Laura ficou desempregada por algum tempo, até que começou a trabalhar novamente desta vez com entrega de comida. 

Foi quando Laura recebeu essa nova proposta de seus antigos produtores (Urban Discharge), por intermédio do The Tamperer, e assim, a americana foi trabalhar e fazer muito sucesso com os italianos. Ah, e detalhe, fez sucesso cantando justamente aquilo que ela não queria cantar: A Dance Music.

Entrevista em que Maya explica o conceito da música "Drop A House", e também diz que foi creditada na música como "Laura". De fato ela foi creditada, juntamente com a backing vocal Sharon Neil, mas essa versão que entrou no The Tamperer é com Heather Leigh West nos vocais principais, e a versão da Maya nem foi lançada pois ela se desligou do projeto por estar insatisfeita, indo atrás de outros produtores que trabalhavam com Pop

Em uma entrevista para o site Playbill (link abaixo), de 2007, Maya disse:

Eu cantei "Feel It". Um grupo de produção chamado The Tamperer pegou meu vocal. Eu fiz essa outra música que originalmente se chamava "Want to Drop a House on That Bitch". . . . Era uma música sobre infidelidade. O básico é: "Você chega perto do meu homem, e eu vou derrubar uma casa em você!" [Risos.] Eles pegaram esses vocais e os colocaram na instrumental de "Can You Feel It?" dos Jacksons. Os italianos fizeram isso e depois enviaram para os ingleses. Na Europa, o que quer que esteja acontecendo em Londres geralmente toma conta de toda a Europa. É como se, o que quer que seja grande na América, o mundo inteiro acaba seguindo também. É o que acontece no mundo europeu. Foi número um no Reino Unido e em sete outros países. . . Eu fui muito abençoada. Eu tive muita sorte porque era algo que eu realmente não pretendia fazer. E então ir para Londres na esteira daquela história de ser Mimi (uma correlação com a peça "Rent" que ela também fez em Londres) foi o equivalente de ter Toni Braxton fazendo A Bela e a Fera aqui.

Primeiro de tudo, sobre infidelidade Maya entendia, né? Maya sempre foi muito hipócrita e mentirosa em suas entrevistas. "Eu fui muito abençoada". Whattt??? Conte outra, fia... subir nos outros é benção agora??!!

Encontrei este vídeo de 2010 da cantora original, Heather Leigh West, que naquela ocasião estava trabalhando no relançamento de "Drop A House", então ela também fala rapidamente sobre o assunto e reafirma que é a verdadeira vocalista (algo que a gente já havia discutido aqui no Blog, sem antes mesmo de conhecer esse e outros materiais a seguir):


Heather Leigh West em Nova York (em vídeo de 2010) prestes a se apresentar e cantar a sua música "Drop A House", que a cantora Maya diz ter o seu vocal.

Numa outra entrevista realizada em 2007 para o site AboutcomDanceMusic (link abaixo), Heather Leigh West demonstrou descontentamento e decepção quando descobriu que seus vocais estavam em "Feel It" sem o seu consentimento. Confira:

Lembra dos anos 90, quando as divas  Martha Wash e Loleatta Hollaway estavam sendo sampleadas por produtores sem receber o devido crédito? 

Adicione Heather Leigh West também à lista. Heather gravou os vocais para o clássico da House Music "Drop a House" do Urban Discharge, que foi sampleado pelo The Tamperer para se tornar o imenso sucesso pop/dance "Feel It". 

DJ Ron Slomowicz: Então, vamos começar do começo, você cantou os vocais de "Drop A House" do Urban Discharge?

Heather Leigh West: Sim, eu cantei, em 1994.

Heathet Leigh West
Trocaram a loira pela negra, imagine se isso fosse o contrário e acontecesse nos tempos atuais...

RS: Como você se envolveu com esse projeto?

Heather Leigh West: Uma amiga estava trabalhando como bartender com um dos dois escritores e ela sabia que eu era vocalista e que eles precisavam de uma vocalista para a música. A outra pessoa que gravou abandonou o projeto, então eles decidiram que alguém refizesse. Eles me deram a versão que essa pessoa cantou e eu aprendi com essa versão. Então eles me levaram para o Smash Studios e eu a regravei lá.

RS: A faixa virou um hit underground e entrou na parada Billboard Club. Vocês fizeram turnê com esse disco?

Heather Leigh West: Muito pouco, muito pouco. Fiz algumas vezes bem no começo e depois disso eles meio que seguiram o seu próprio caminho e foi basicamente isso. Na época eu estava cantando canções românticas, eu nunca tinha feito Dance Music antes e certamente eu não cantava nada sobre alguma "vadia" (a música tem várias metáforas, tem correlação com o filme Mágico de Oz, mas no geral é sobre uma vadia "bitch" que está de olho no namorado da outra). Isso foi em 1994 e eu realmente não achava que queria dizer isso ao mundo. Eu estava um pouco apreensiva em colocar meu nome em algo tão agressivo. Aí eles (os produtores) viram minha preocupação e sugeriram que eu gravasse como 'She' (Ela). Naquele momento eu não percebi - porque eu era jovem e ingênua - que eles estavam tentando encontrar uma maneira de tornar "she" intercambiável. Eles mudaram de vocalista, a próxima pessoa também era instável, e assim por diante. Então eu não percebi que a música seria um grande sucesso, e também não sabia que não colocar meu nome nela iria resultar nisso, ter que ficar provando pelo resto da minha vida que é a minha voz. Eu não sabia que esse problema seria tão grande. Quem sabe o que vai dar certo e o que não vai dar certo?

RS: Quando você ouviu essa versão da música criada pelo The Tamperer pela primeira vez?

Heather Leigh West: Eu estava morando em Los Angeles em 1998 e eles não a tocavam no rádio de lá, mas meus amigos em Nova York disseram que ouviram a minha voz na KTU (uma estação de rádio muito popular em Nova York). Eles disseram que a rádio estava dizendo o nome de uma outra pessoa, mas que era definitivamente a minha voz. Eu não estava disposta a dizer que era a minha voz até que eu mesma ouvisse, o porque eu não sei. Finalmente, um dos meus amigos me trouxe uma compilação com a versão "Feel It", e assim que eu ouvi, eu soube que era realmente a minha voz. Eu tenho um som muito distinto e uma pessoa conhece sua própria voz. Uma vez que eu ouvi, então eu soube absolutamente que não havia dúvidas de que era o mesmo vocal que eu tinha feito para "Drop A House", só que eles tinham acelerado ou jogado alguns efeitos nele para fazê-lo soar um pouco diferente. Há um tom e uma qualidade no som da minha voz - algumas pessoas gostam, algumas pessoas não gostam - mas definitivamente sou eu. Então eu vi o vídeo e cara, deixa eu te dizer, isso foi um choque. Eu estava sozinha e estava assistindo TV na casa da minha mãe, e de repente aparece uma garota negra e magra abrindo a boca e soltando a minha voz. Foi quase um ataque cardíaco, um grande choque. Eu nem sabia o que fazer comigo mesma. Eu estava fora de mim. Esse foi o momento mais surreal que aconteceu na minha vida. Foi uma loucura.

RS: Você já entrou em contato com as pessoas na Itália, o pessoal do Tamperer que fez o disco?

Heather Leigh West: Sabe, é tão engraçado, eu não os contatei intencionalmente, mas de alguma forma nós nos conectamos. Alguém que eu conheço estava em contato com o estúdio deles e contou a história, mas eles não acreditaram e também negaram saber sobre isso. Mas eu penso que, você nem precisa ser um músico ou alguém da indústria para conseguir ouvir claramente que essa garota, que tem a sua voz real no segundo single, não tem a mesma voz que a minha. Então, eles já estavam trabalhando com ela em "If You Buy This Record" e outras coisas no estúdio, portanto é simplesmente impossível para mim que eles não soubessem que não era ela. Como vocalista, eu não me importaria nem um pouco se ela tivesse apenas regravado, a questão é como o mundo inteiro pode estar dançando com a minha voz e ninguém deixa o mundo saber que sou eu?? Bastasse voltar para o estúdio e regravar, e então é você, e está tudo bem. Eu não tenho direitos sobre a música em si, mas se essa é minha voz real, então por que você está recebendo crédito por ela? Eu acho que, o que aconteceu foi que, mesmo que ela tivesse tentado fazer a versão dela, ela simplesmente não foi capaz de entregá-la da mesma forma como as pessoas queriam ouvir. Ela não tem o mesmo tipo de voz que eu, ela tem uma voz muito leve e arejada em comparação com meu vocal.

Heather, arremesse essa casa em cima daquela cadela!

RS: Então, agora em 2007, para esclarecer a história, você regrava a música. Conte-nos sobre isso.

Heather Leigh West: Todo mundo estava me cutucando para garantir que eu deixasse isso claro. Então, decidi que, como ninguém dos envolvidos quis ser honesto sobre essa situação, pensei que se eu regravar, ninguém poderia negar a minha voz. As pessoas conhecem a minha voz tão bem e a música (original) significa algo para elas, então se eu abrir a minha boca e regravá-la, então, historicamente eu posso morrer e o mundo pode voltar a investigar e dizer "sim, era ela realmente", e quando ouvissem as diferentes versões eles iriam perceber que sou eu. Então, decidi fazer isso e colocar o meu nome na música e lançá-la como uma promoção, não está à venda. Trabalhei com a DJ Liza e foi fabuloso trabalhar com ela. Não a lancei para ganhar dinheiro; lancei para fazer história e fazer essa conexão com a verdade. O que é tão engraçado é que, cerca de dois meses depois, Maya Days também lançou um novo "Drop A House 2007". Acho que, ao fazer isso, ela realmente me fez um favor, porque vai me ajudar a provar legalmente que ela não teve nada a ver com a gravação original.

Heather Leigh West - "Drop A House" (2009)
Cantora manda a real para quem está usando a sua voz e levando os seus créditos!!
Ela acrescentou novas frases à "Drop A House", citando o seu nome na música pois, "quando eu falecer, as pessoas poderão voltar atrás, comparar todas as versões e verem que de fato eu sempre fui a verdadeira vocalista". 
Genial, mas triste ao mesmo tempo, pois é uma tática criada para ser reconhecida ao menos depois de sua morte.

A música foi relançada em 2007 (promocionalmente apenas) e em 2009 (em caráter comercial) com direito a um vídeo.
Como vocês podem ver, a música toda faz uma analogia direta ao filme "O Magico de OZ" e fala sobre uma garota que é "traíra", e a cantora diz que vai jogar a casa em cima dela (em metáfora não muito conhecida aqui no Brasil - No Reino Unido tem ainda outro significado mas que também se encaixou no sentido).

RS: Estou tentando pensar em outras coisas que você cantou que precisamos deixar as pessoas saberem.

Heather Leigh West: Tenho muitas coisas que não são dance music, mas nenhuma delas foi realmente lançada. Sou escritora e artista, então continuo fazendo o máximo de trabalho que posso e acho que irei lançá-las em breve. Quanto às coisas dance, fiz algumas músicas com os Bodega Boys nos anos 90, "Eres Tu", que é uma música bilíngue espanhol/inglês, e "Follow Me". Essas foram muito bem e ainda são tocadas. Tenho um monte de coisas que fiz com um produtor australiano chamado Marne Lenoir e uma delas se chama "Phoenix", além de uma que farei com Da Hool. Ele está fazendo uma mixagem nela e vamos lançá-la. Também tem "Sensational" e "Inside Out", que devem sair, espero, no decorrer do ano que vem. Estou sempre escrevendo e trabalhando com o máximo de pessoas diferentes que posso, porque amo arte e amo me expressar por meio da música.

RS: O que você gostaria de dizer a todos os seus fãs por aí?

Heather Leigh West: Muito obrigada por todo o amor dado, e digo também que eu nunca irei parar. Vocês são a minha razão. É isso que eu queria que vocês soubessem.

Heather Leigh West - Essa é a dona da voz que conhecemos em 1998, no hit "Feel It"

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Bom pessoal, à todos aqueles que leram o artigo anterior sobre o The Tamperer, onde tinha mais o meu raciocício subjetivo e pouca materialidade, fica agora registrado aqui todas as evidências levantadas e ainda a própria desilusão contada por Heather Leigh West.

Não consegui encontrar a cantora Heather Leigh West em nenhuma rede social, como Facebook ou Instagram, sendo isso algo muito estranho visto que atualmente qualquer artista precisa das redes sociais para se manter conectado com os fãs e principalmente para conseguir novas parcerias e contratos (há uma esperança pois encontrei o Linkedin dela). 

Esperamos que tudo esteja bem e que Heather continue brilhando e se expressando através de sua arte, e claro, que continue jogando a sua casa em cima de bruxas más do oeste que surgem querendo sugar o seu talento e voz únicos.


LEIA TAMBÉM O ARTIGO ANTERIOR - PARTE I: AQUI


CRÉDITOS DAS ENTREVISTAS: 

Entrevista Maya Youtube: Mega Music Memories

Entrevista Heather Youtube: RyanReporting

Entrevista Heather WebSite: AboutcomDanceMusic

TODOS ESTES LINKS ESTÃO ATIVOS AQUI 

(O Blogspot não está entendendo estes vários Links anexados aqui neste artigo e está gerando falha no google, então retirei-os e inseri todos nesta outra página, que é exclusiva apenas para estes links)

sábado, 11 de fevereiro de 2023

JESSICA JAY (DORA NICOLOSI) - A HISTÓRIA DO PROJETO DE EURODANCE

O RETORNO DE JESSICA JAY À DANCE MUSIC ITALIANA


Ela voltou!!


Vocês se lembram de quando o Blog apresentou uma matéria completa sobre o produtor Dr. DJ Cerla e destacou o seu hit "Everybody Pom Pom"? Pois é, naquela ocasião foi necessário citar ainda o projeto "Jessica Jay", já que a vocalista também cantou nesse outro produto "made in Italy".

E sabem qual é a notícia da vez? O mesmo Jessica Jay dos anos 90 - que tanto usava e abusava da sua batida Euro-ragga  - está de volta com uma nova canção aos fãs da Dance Music! E o melhor disso, é saber que temos também o retorno de Dora Nicolosi nos vocais! Sensacional, não?
 
A música se chama "Memories" e foi lançada oficialmente no dia 25 de janeiro de 2023; sendo uma novidade que obtive através da Radio Energia Dance.
 
 
Lino Nicolosi, produtor de inúmeros projetos (como Randy Bush), com sua esposa e cantora do Jessica Jay: Dora Nicolosi

 
Pois é pessoal, Dora Nicolosi continua trabalhando nos estúdios como nos velhos tempos, e a sua lindíssima voz está impecável como sempre! E digo mais... É sempre muito gratificante ver grandes artistas dos anos 90 ainda na ativa… Testemunhem casos semelhantes como os de Annerley Gordon, Sandra Chambers, Nathalie Aarts, Dr. Alban, Haddaway, Simone Jay, Double You, Miriam Stockley, Nicki French, Melody Castellari, e tantos outros que ainda se dedicam com muita garra à música...

Sobre "Memories" de Jessica Jay, a música tem duas versões interessantes, uma no estilo "Euro-ragga" (que sempre foi o forte do projeto) e uma mais direcionada à linha "Italodisco".

 
Lino Nicolosi

E é claro que esse é mais um trabalho envolvente do lendário produtor Lino Nicolosi, um dos veneráveis músicos do Novecento e conhecido também por ser o marido da Dora. 
Mr. Nicolosi é um grande defensor e controlador de suas produções, tanto que sempre está solicitando aos usuários do YouTube que apaguem seus vídeos compartilhados, inclusive, até requisita o “strike”  à plataforma caso seu pedido de exclusão não seja atendido.


UMA BREVE HISTÓRIA SOBRE JESSICA JAY

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA

O projeto Jessica Jay surgiu como uma parceria entre os irmãos Lino Nicolosi e Pino Nicolosi, lançando o primeiro álbum em 1994 e sem nenhuma figura humana em sua capa.
Depois a dupla entregou o projeto para a S.A.I.F.A.M. - a famosa "fábrica" de hits administrada pelo mago Mauro Farina, que deu sequência nos novos trabalhos do projeto.
 
Os maiores sucessos ficaram concentrados nas canções do primeiro álbum, mas os álbuns seguintes também ganharam novos admiradores...
No geral, o Jessica Jay foi bem sucedido em vários países asiáticos, e infelizmente nunca alcançou popularidade aqui no Brasil. Até mesmo na Itália, onde suas canções eram produzidas, não obteve muitos reconhecimentos. O país que mais consumiu o projeto foi a Tailândia, mas suas músicas também foram muito bem aceitas em Singapura, Malásia, Filipinas, Indonésia, China, Coréia do Sul e Taiwan, bem como em alguns países europeus, como a Rússia, Polônia e Alemanha.


Jessica Jay - “Broken Hearted Woman” (1993)
Um inesperado hit em diversos países!


Na Tailândia, a música "Broken Hearted Woman" foi a mais tocada do ano de 1993. Esse - que foi o primeiro single de Jessica Jay - ainda não trazia a modelo em sua capa, mas apenas uma arte "básica" sem maiores pretensões.
Outra curiosidade em torno de "Broken Hearted Woman", é que se trata de um cover da música "Rouge" (1979) da artista japonesa Miyuki Nakajima, e também é muito notável que Lino Nicolosi estava intensamente inspirado nas batidas de "All That She Wants" e "The Sign" do Ace Of Base ao produzir este single.

Devido ao auge do estilo, vieram outras faixas do Jessica Jay com essa mesma fórmula: regravação de clássicos e muita batida "euro-ragga".
Canções como “Casablanca”, “ Can’t Help Falling In Love”, “Always”, “Denpasar Moone”, “I Swear" foram alguns trabalhos que continuaram seguindo essa mesma tendência. 

Ao todo foram produzidos 3 Álbuns oficiais e dezenas de Singles & EPs, porém, como era muito habitual naquele período, a moça que passou a aparecer nas capas dos discos era apenas uma modelo contratada pela S.A.I.F.A.M... ela não era a verdadeira cantora... 


Jessica Jay
Loira, atraente, estilosa, cool... Mas não era a vocalista!


Outro fato intrigante, é que o "Jessica Jay" nem sempre foi cantado por uma única vocalista. Por exemplo, quando a S.A.I.F.A.M. passou a produzi-lo, Melody Castellari -  que era uma cantora de estúdio da gravadora - passou também a cantar alguns singles.
Ao todo, o projeto contou no mínimo com umas quatro cantoras diferentes, e sofreu também com algumas mudanças de estilos (na S.A.I.F.A.M. deixou de ser Euro-ragga e assumiu um lado mais Eurodance), mas no modo geral, o Jessica Jay sempre será lembrado pelas suas primeiras produções e na voz adorável de Dora Nicolosi.


A MODELO LOIRA SEGUIA O PADRÃO 'WHIGFIELD' E NUNCA GRAVOU NADA
Jessica Jay: Me engana que eu gosto! 
 
 
Jessica Jay lançou os álbuns "Broken Hearted Woman" (1994), "Chilly Cha Cha" (1998) e "My Heart Is Back" (2008). 
Neste último álbum do projeto, você percebe que a modelo não estampa mais a capa do disco, cujo trabalho apenas traz algumas imagens e desenhos mais simplistas. Acontece que, a bela loira já havia sido despachada por seus contratantes, não deixando nenhum vestígio ou rastro aos fãs. 

Aliás, a identidade da loira do Jessica Jay sempre foi um grande mistério, e até hoje, ela continua sendo uma modelo "desconhecida" para a maioria dos estudiosos da Dance Music. 
 
 
 
Não se apegue ao que os seus olhos estão vendo... 
Esse registro no estúdio foi apenas para criar uma impressão aos fãs do projeto Jessica Jay


Seu nome real é Laura Fadzhotto, contudo, não existem muitos de seus detalhes pessoais revelados ao público.
Há essas duas fotos raras (acima) da bela loira "atuando" nos estúdios da S.A.I.F.A.M., no entanto, é apenas uma encenação da equipe para uma sessão promocional de fotos, onde queriam criar a ilusão de que o projeto Jessica Jay era uma pessoa real.

Jessica Jay ainda realizou alguns shows no leste europeu, mas como de praxe, sem músicas ao vivo. Nos palcos, a modelo Laura Fadzhotto apenas dançou e fez a tão difamada sincronização labial. Há também boatos de que ela nunca dava entrevistas, e a desculpa enviada aos jornalistas era de que a moça não conhecia outros idiomas, pois “era da Alemanha”.
 
Na verdade, Laura Fadzhotto é uma linda italiana que também trabalhou nas TVs da Itália, ou seja, ela tem o seu talento, mas definitivamente não como cantora.
Na S.A.I.F.A.M. ela trabalhou por 3 anos, e ainda há registros de que chegou a fazer 3 shows como “Jessica Jay” na Rússia, em 1996.

Há também no You Tube uma apresentação ao vivo de uma moça chamada Simona Nae, onde ela faz um cover do hit "Casablanca". Mas muita atenção nessa apresentação, pois trata-se apenas de um cover (muitos fãs de Eurodance se confundem com a verdadeira e oficial "Jessica Jay"). Percebam que ela caprichou muito no visual, lembrando muito o estilo da modelo:


Simona Nae interpretou "Jessica Jay" na TV romena em março de 2013 e cantou ao vivo "Casablanca", um dos mais conhecidos hits do projeto.



O RETORNO INESPERADO COM "MEMORIES" (2023)
ELA É A VERDADEIRA JESSICA JAY!!
A voz de Dora Nicolosi continua a encantar…

E em pleno 2023, o Jessica Jay surpreendeu à todos com o seu retorno... Ainda mais com a volta de sua vocalista mais conhecida - Dora Nicolosi. 
Na imagem promocional deste novo trabalho, podemos ver também em destaque: "Original Vocals" e "New Single 2023" (apesar de ser um novo single, a melodia é totalmente idêntica com o do antigo sucesso "Casablanca").

Vale ressaltar ainda que a equipe da S.A.I.F.A.M. não participa aqui de "Memories", sendo uma produção totalmente realizada por Lino Nicolosi e lançada por seu próprio selo Dance 80 90.

Muito curioso esse interesse de Lino Nicolosi por um projeto tão antigo da Eurodance, não é mesmo? Nos coloca até para refletir sobre o que mais pode vir por aí... 
Já imaginou, no futuro, uma nova faixa do Randy Bush?


Jessica Jay - “Memories” 
Versão “Casablanca Remix”
(Euro-ragga)


Fica aqui a nossa dica aos fãs da legítima Dance Music dos anos 90. 

E para saber mais sobre Dora Nicolosi, se informar melhor sobre suas outras músicas mais expressivas dentro da cena Dance, veja aqui a nossa publicação completa de Dr. DJ Cerla - "Everybody Pom Pom".


terça-feira, 30 de novembro de 2021

GOTTSHA - A HISTÓRIA DA CANTORA DANCE

GOTTSHA OU GOTTSCHA? INDEPENDENTE, ELA SEMPRE SERÁ A PIONEIRA DA DANCE MUSIC "MADE IN BRAZIL"

Pois bem, hoje o assunto é sobre uma artista muito especial e que influenciou muitos outros brasileiros na Eurodance, afinal, ela foi a primeira a fazer Dance Music "Made In Brazil" e sendo um grande sucesso!! Quem é ela? É claro que é a nossa conhecidíssima GOTTSHA!! 

Recentemente ela seguiu as orientações da numerologia e então optou por uma pequena alteração em seu nome artístico, assinando agora como "Gottscha", então não estranhem caso encontrarem seu nome escrito dessa forma.

EDIT 2024: Gottscha voltou a ser apenas Gottsha. Na época dessa matéria ela nos contou que achou interessante acrescentar mais uma letra em seu nome artístico, mas atualmente ela disse ao blog: "Rikardo, esse C foi uma numerologia errônea, então continuarei sendo a única Gottsha do planeta (risos)" 


O COMEÇO DA HISTÓRIA 

Que cantora!!!

Atenção: Toda pesquisa, entrevista e texto digitado abaixo pertencem à Rikardo Rocha. Caso você ver este conteúdo em algum site, fórum, youtube, ou qualquer outra plataforma, saiba que foi copiado daqui. O dono do blog não autoriza o compartilhamento das informações postadas abaixo sem o seu consentimento. Para maiores informações, clique aqui.

-RIKARDO ROCHA


A década de 90 foi uma época em que muitos artistas da Europa se destacavam nos clubs e rádios daqui do Brasil, como os ícones Corona, Masterboy, DJ Bobo, Double You, Culture Beat, Real McCoy, Ice MC, Scatman John, La Bouche, Playahitty, e muitos outros... Então, os produtores daqui pensaram: "Por que nós, não criamos a nossa própria 'eurodance'?"

E foi exatamente assim que nasceu o primeiro single do gênero 'eurodance' produzido totalmente no Brasil, "No One To Answer", da cantora carioca Gottsha

Prontos para mais uma história?


GOTTSHA - FAZENDO 'EURODANCE' NO BRASIL?

Fotos: Instagram Oficial da Gottsha

Sandra Maria Braga Gottlieb é o nome completo dessa verdadeira cantora de Eurodance, nascida na cidade do Rio de Janeiro em 04 de outubro de 1969. Ressalto o substantivo "verdadeira" pois nessa mesma época tivemos uma modelo brasileira que representava um grande projeto "Euro", porém, a voz real gravada nas músicas não era dela (a brasileira só dublava, foi apenas a imagem do projeto e isso era muito comum no gênero). Já a talentosa Sandra Gottlieb sempre foi a verdadeira vocalista em seus trabalhos, seja na música, na TV, nos teatros, entre outros.


O INÍCIO DE GOTTSHA

Antes de "No One To Answer", a vocalista já cantava e encantava com sua forte e poderosa voz em registros da Spotlight Records

Sandra Gottlieb iniciou-se nos palcos ainda adolescente, aos seus 14 anos de idade, mas foi no início da década de 90 que ela cantou algumas músicas para o seu produtor Paulo Jeveaux, se lançando artisticamente como "Sandra Gottlieb", "Sandra" ou simplesmente "New Joy" (que era um dos nomes fantasias das produções de Paulo Jeveaux). 

Essas faixas foram disponibilizadas em 1993 e são bem raras hoje em dia, como "It's A Fine Day" (versão cover de Opus III, que já é uma cover da versão original da cantora Jane) e a canção em português "Mania de Você" (uma ótima regravação dance-pop de Rita Lee).

Ouça alguns trechos dessas e outras dance-pop antigas na voz de Sandra Gottlieb, e que não estão em seu álbum "No One To Answer":


Músicas antigas na voz de Gottsha e que não estão em seu álbum 'No One To Answer'

EDIT 2024: Gottsha postou no dia 03 de dezembro de 2024 em seu instagram que recebeu um vídeoclipe gravado em 1991 que ela participou com o pessoal da sua faculdade, e no material vemos a cantora cantando a clássica "Rock With You" do Michael Jackson. Repito, isso é uma relíquia do ano de 1991, que nem a cantora tinha em seu acervo.

Em sua conta do Instagram, Gottsha disse:"Meu Deus , acabei de receber o meu primeiro vídeo clip (que foi um trabalho de faculdade ) de 1991, realizado por mim, que estudei rádio e tv na extinta Faculdade da Cidade, juntamente com amigos que ainda tenho contato, como @erikaevanttini & @marciousai e outros que perdi o contato, assim como o elenco que vcs verão (todas babies) né @taisdeverdade & @vanessapascale1!??? Que emoção gente!!!

Ainda era um trio chamado Gottsha com @paulo_jeveaux & @mariopcfilho e produção de @djninocarlo !

Surreal estar podendo rever meu inicio de carreira que sempre me traz excelentes recordações. @betocarramanhos sempre presente em minha vida e história 

Só amor envolvido muita ousadia , pioneirismo e tudo sob a supervisão do meu querido professor e fera @jorgemonclar_dirdefotografia . Gratidão a todos que fizeram parte desse começo e de muitos que não citei aqui mas estão nos créditos do vídeo!!!!"

Gottsha - "Rock With You" (1991)
Este seria o primeiro trabalho da Gottsha, que como ela disse, inicialmente era um "projeto" envolvendo três pessoas, e não somente ela.
A cantora disse ainda que essa versão não saiu em nenhum disco, coletânea ou álbum. Acho que serviu como um teste, uma experiência, para assim a Gottsha lançar seus futuros trabalhos que viemos a conhecer depois.

Voltando em 1993, a vocalista resolveu adotar "Gottsha" como nome artístico e gravou em 1994 o seu 1º sucesso "No One To Answer", um grande estouro no Rio de Janeiro e que logo se espalhou rapidamente por todo o Brasil. Assim como os fonogramas anteriores, "No One To Answer" também saiu pela Spotlight Records, uma das principais gravadoras de Dance Music que este país já teve.

"No One To Answer" conquistou DJ's e adolescentes de todo o país, sendo uma produção de Nino Carlo e Paulo Jeveaux (que também foi marido da Gottsha), e gravado na Uptown Studios (Rio de Janeiro). 

Com certeza, você já ouviu muito essa delícia nos anos 90...


 
O SUCESSO CHEGA COMO "GOTTSHA"

Desde então, surgiram muitos outros projetos brasileiros que apostaram no gênero Eurodance, como Claudja, Sect, Any Second, Karina, Lulu Joppert, Mr. Jam, Marion K, Dalimas, Kasino, Ramada... mas a Gottsha foi a primeira artista a mostrar que a dance music brasileira tinha potencial para se destacar, como a gringa vinda da Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda, Espanha e tantos outros países.

O sucesso da faixa foi imenso, e detalhe que nem single ganhou na época de seu lançamento. Sua popularidade foi crescendo aos poucos até chegar num ponto em que todos queriam saber quem era, afinal, a tal da "Gottsha". 


GOTTSHA - "NO ONE TO ANSWER" (1994)

Essa Dance Music totalmente produzida no Brasil possui um charme único, além de uma atmosfera cheia de mistério... São características que não eram muito comuns naqueles "Dance anos 90", principalmente se você compará-la com outras canções do gênero que também faziam sucesso, como "Saturday Night" de Whigfield e "The Rhythm Of The Night" de Corona, singles que simplesmente exaltavam a noite - ou outros que ainda retratavam a vida de um casal apaixonado.

"No One To Answer" de Gottsha nos apresenta algo mais reflexivo, abstrato e contemplativo em sua profunda letra... além é claro, de uma base impactante e finíssima que combina perfeitamente com os vocais surpreendentes e cheios de atitude da vocalista. 

Logo na intro, quando entra a hipnotizante instrumental e Gottsha grita com fúria o trecho "Show The Way!!" ("Mostre o caminho!")... você já sente que é uma música diferenciada e de arrepiar a alma!

Aparentemente, a sua letra expõe que nascemos aguardando a resposta de alguém para nos orientar em nossa jornada de vida, e faz a seguinte revelação: Não temos ninguém a quem recorrer, ninguém para nos responder, ninguém para mostrar o caminho.


Gottsha e Sandy & Junior (provavelmente o ano era 1994)
Créditos da foto: Instagram Oficial da Gottsha

Na minha interpretação, a melancólica "No One To Answer" dá o seu ponto de vista em relação aos homens e a sua inabalável fé. Nascemos acreditando (através de nossos pais) que existe uma força superior, uma divindade à quem podemos recorrer e suplicar por ajuda, mas na realidade, estamos aqui sozinhos. 

Essa foi a interpretação que concebi... mas creio que possa haver outros significados, e talvez o objetivo da enigmática letra seja esse mesmo, intencionalmente deixa pontas abertas para cada um fazer a sua análise que melhor lhe couber, através de suas compreensões e experiências particulares.

É algo bem abstrato, implícito, não deixando uma mensagem direta. Até perguntei à Gottsha sobre o sentido real e direto da letra, então a simpática artista nos respondeu:


"Excelente pergunta , mas o compositor  a compôs para ser um Rock progressivo e a letra é viajadona mesmo e até um pouco deprê , pois ele afirma não existir alguém pra responder. Não era muito o que eu acreditava (e ainda não acredito), pois sempre existe uma resposta pra tudo, nem que seja no nosso íntimo. 

Como a melodia era incrível e achei a letra polêmica , não tive dúvidas em gravar. Mil beijos e obrigada pelo carinho, Gottscha."


A letra foi composta por Marcelo de Alex (não localizei-o pela internet) e Andy Mills (o inglês Andre Paul Mills, que tinha um estúdio no Brasil e trabalhou com os roqueiros Raul Seixas, Rita Lee, Barão Vermelho, Leo Jaime, entre outros). 

Gottsha contou ainda que, "No One To Answer" havia sido projetada para ser uma faixa voltada ao gênero rock, porém, prontamente a cantora teve a ideia de transformá-la na "dance-pop" que todos conhecemos hoje. 


O músico Andy Mills, um dos compositores creditados em "No One To Answer" de Gottsha. Ele também trabalhou com o controverso rockeiro Alice Cooper, além de diversos artistas nacionais do gênero.

No início de 1995, essa track entrou para as maravilhosas coletâneas "Ritmo da Noite Vol.2" (Spotlight Records) e "Disco 95" (Som Livre), numa fase em que o gênero Eurodance estava vivendo o seu auge no mundo todo... Um período mais que glorioso aos fãs do estilo!

A estrela carioca ainda teve que gravar um video-clipe para esse hit, que circulou bastante na MTV Brasil. Gottsha também se apresentou em diversas cidades brasileiras, abriu shows do internacional Ice MC e realizou várias atrações televisivas que já se tornaram clássicas, como o "Xuxa Hits" e "Jô Onze e Meia". Inclusive, no programa do Jô ela explicou que o nome "Gottsha" surgiu a partir de seu sobrenome russo "Gottlieb", mas também ressaltou que é uma referência ao verbo "te pegar" em inglês ("gotcha" -  é uma redução de "I have got you"). 

E realmente, Sandra Gottlieb conseguiu nos pegar direitinho, com todo o seu talento, carisma, simpatia e sucesso...


Video Oficial: Gottsha - "No One To Answer" (1994)
Em transmissão na MTV Brasil

Participam ainda do vídeo os dançarinos Beto Zimmer, Décio e Tony. 

Beto Zimmer disse: “Fazer parte deste vídeo me deixou super orgulhoso, e minhas filhas adoram ouvir essa música. Saudades desse tempo de modelo e desses amigos”.


É lógico que um novo trabalho de Gottsha tinha que ser lançado... era apenas uma questão de tempo. Então, o 2º single "Break Out" foi finalmente distribuído em 1995, quando o seu álbum (com outras 8 faixas inéditas) já estava finalizado. O citado álbum recebeu o nome de "No One To Answer", chegou às lojas através da Spotlight Records, e é hoje uma raridade colecionável entre os fãs da Eurodance.

Além dos hits "No One To Answer" e "Break Out", o disco ainda traz as inéditas: "Do You Wanna Love Me?", "No One Does What You Do", "Dance The Night The Way", "So True", "Sound Of Love", "Sunshine In Your Eyes", "I'm Loving You" e "You Can Do Magic" (além de outras faixas long versions e remixes).


Gottsha já abusava de seu visual excêntrico na década de 90

Gottsha ainda chamou a atenção do público LGBT dos anos 90, não apenas por sua postura "diva" nos palcos, mas também por sua simpatia e por seu visual excêntrico, bem no estilo drag queen. Havia uma identificação entre Gottsha e esse público. 

É importante mencionar também que a cantora foi aclamada como uma "Rainha Gay" pelo Jornal do Brasil. 


Gottsha - “Break Out” (1995)

Já a 2ª aposta musical, "Break Out", foi lançada em single-promo, bem diferente do hit anterior que não obteve nenhum investimento em seu lançamento. Vale citar ainda que esse single só saiu em vinil, e que possui uma versão acapella que é bem rara de se encontrar por aí...

Sobre a letra de "Break Out", foi escrita pelo mineiro Rondon de Andrade, um produtor, compositor e cantor. Ele trabalhou ainda em muitas outras canções com a Gottscha, aliás, Rondon também foi o cantor de seu projeto solo Hi-Tech - "Don't Ask Me Why" (que já relatamos aqui no blog). 

Em conversa com esse talentoso músico, Rondon disse que o "rap" presente em "Break Out" estava originalmente num CD de samples que adquiriram naquela época, então eles não sabem quem atuou naqueles fragmentos em "ragga". 


"Esse trecho foi uma junção com vários samples de acapellas, presentes num disco com diversos packs de Reggae. E toda essa montagem foi feita por Paulo Jeveaux". - Rondon de Andrade


Os brasileiros Paulo Jeveaux e Nino Carlo: Os produtores do disco "No One To Answer"


Perguntei ainda à Rondon se ele produziu alguma música para a Gottsha, então o músico informou que quem concluía as produções eram Paulo Jeveaux e Nino Carlo:

"Eu fui um dos compositores do álbum da Gottsha, até cheguei a fazer uma pré para algumas músicas e mandei para ela. Mas na produção mesmo, foram Paulo Jeveaux e DJ Nino Carlo...Todos amigos".

E devido ao grande sucesso de "Break Out", a Spotlight Records tratou de gravar um vídeo oficial para essa faixa, que obteve o mesmo nível de qualidade do clipe anterior, "No One To Answer":


Video Oficial: Gottsha - "Break Out" (1995)

"Break Out" é um autêntico eurodance que segue as características clássicas e que foram tendências em meados da década de 90, contendo uma base instrumental contagiante, um refrão ultra melódico e o tão tradicional rap. 

A faixa ainda entrou em coletâneas conhecidas da época (como "Maxi Dance 2" e "Disco 96"), assim como foi adicionada na programação das FM's e na trilha sonora oficial da novela "Malhação", ampliando ainda mais a sua cobertura por todo o território nacional. 

 

Marcelo Tyson dublou a voz do rapper no vídeo-clipe de "Break Out"

O humorista Marcelo Tyson, que ficou conhecido como o "Makelelê Prateado" do programa "Pânico na TV", foi contratado para representar o misterioso rapper no clipe. Como bem sabemos, o rapaz não gravou aquele "rap" com a sua voz, apenas atuou no vídeo como se fosse o rapper da canção.

O resultado de "Break Out" foi tão positivo que a música acabou sendo também exportada para alguns países, como a Polônia, EUA, Letônia e Estônia. 

Clique aqui para conhecer algumas dessas coletâneas internacionais que contem as músicas da brasileira Gottsha.


Gottsha - "Do You Wanna Love Me?" (1995)

O single seguinte foi "Do You Wanna Love Me?", lançado em Vinil e CD-single (promo). Você percebe que este é mais voltado para a vertente euro-ragga, nos lembrando um pouco os atributos sonoros do Ace Of Base e Randy Bush (que também foram muito populares na época). Infelizmente não ganhou um video-clipe como os trabalhos anteriores...

Essa composição teve a mão do talentoso Fabio Almeida de Oliveira (do Mr. Jam), ganhando as rádios e pistas de dança em 1995, e lógico, ainda é um dos sons mais queridos pelos fãs da cantora. 

"Do You Wanna Love Me?" também apareceu numa porção de coletâneas gringas, como as lançadas na Rússia, Singapura, Polônia, Colômbia, Estônia e Filipinas. Um enorme sucesso!!


Álbum Gottsha - "No One To Answer" (Gravadora: Spotlight Records - Ano: 1995): Nos apresenta ao todo 14 faixas, incluindo os sucessos acima citados


O álbum de Gottsha foi lançado oficialmente em julho de 1995, trazendo aos fãs da Dance Music ao todo 14 faixas totalmente produzidas no Brasil. Entre estas canções, ainda encontramos "You Can Do Magic", que é uma regravação da banda de rock America... Sim, aqueles que comentamos na postagem sobre Dr. DJ Cerla (que usou a melodia do clássico "Sister Golden Hair" para a sua faixa "Everybody Pom Pom"). Atente-se aos teclados poderosos e ao apoio vocal de fundo que dá todo um clima especial para essa estupenda versão. Sem dúvidas, uma das melhores músicas interpretadas por Gottsha... e a sua energia dramática nos lembra o estilo sapiente do 1º hit -  "No One To Answer".

"Dance The Night Way" é mais uma excelente faixa deste disco e composta também por Rondon de Andrade. Repare que há um teclado alucinante que nos lembra muito "Take Away The Colour" do Ice MC (feat. Simone Jay). É perceptível essa influência da italiana DWA sob os brasileiros da Uptown Studios / Spotlight Records...


Publicidade do ano de 1995 para o álbum "No One To Answer" da Gottsha By Spotlight Records


Ao todo, o músico Rondon de Andrade escreveu 4 faixas para este álbum, e além das já citadas temos a dançante "Sunchine In Your Eyes" e a baladinha suave "No One Does What You Do" (que Gottsha também ajudou na composição). 

O disco foi inteiramente produzido, gravado e mixado por Nino Carlo e Paulo Jeaveaux na Uptown Studio (Rio de Janeiro), trazendo também os backings vocals dos cantores Claudio Pinheiro, Adriana Ninsk, Abdullah, Alexandre Lucas, Alvin W e Julio Borges

No álbum devemos destacar ainda as belas "So True" (composta por Fabio Almeida de Oliveira e Rodrigo Sto. Anastácio - ambos do Mr. Jam) e "Sound Of Love" (composta por Dico Parente). Detalhe que a última nos apresenta alguns elementos sonoros no refrão que lembram "The Reason Is You" (Radio Version) de Nina

Quanto a foto da já tão conhecida capa do disco, foi clicada pelo fotógrafo catarinense Walmor de Oliveira:


Walmor de Oliveira fotografou Gottsha para a clássica capa do álbum "No One To Answer" 

Ainda em 1995, Gottsha conheceu muitas estrelas internacionais da Dance Music, como o super requisitado e já citado Ice MC, a Alexia, a Taleesa e o grupo Double You... E foi aí também que ela abriu alguns shows para o Ice Mc, que estava em turnê pelo Brasil em 1995 (mais especificamente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Manaus e Macapá). 

 

Gottsha: A brasileira abriu shows para Ice MC

 

Gottsha com William Naraine (Double You) e Alexia

Além disso, tivemos outro trabalho importante da brasileira na cena Dance: Gottsha foi a backing vocal de Double You na track "That's The Way (I Like It)", que entrou ainda para a trilha sonora da novela "A Próxima Vítima" (1995). 

Ah, e no álbum "Forever" (1996) do referido grupo italiano, é possível ver o nome da cantora creditado no verso do disco como backing vocal da canção (que é um remake da banda KC & The Sunshine Band). 


Gottsha e William Naraine (Double You)
Crédito da foto: Mauro Brettas


Já no final de 1995, foi lançado "Christmas Time", uma relíquia em colaboração com os brasileiros Claudja (que estava começando a bombar com seu hit "Brand New Day") e Mr. Jam. Esse tema de Natal ficou conhecido graças a coletânea "Projeto Brasil", lançada nacionalmente pela Spotlight Records em agosto de 1996. 


A propósito, Gottsha e Claudja são grandes amigas até hoje


Nesse ano de 1996, Gottsha ainda emprestou a sua voz para o projeto Gyn Zone - "Take my Sound" (Fabio Almeida de Oliveira também era o produtor desse projeto, assim como dividiu os seus vocais com Gottsha). Essa parceria foi lançada mais uma vez pela Spotlight Records, que a incluiu no raro CD de ginástica "Body Mix". 

Outra surpresa agradável de 1996 foi o lançamento do álbum do Mr. Jam - "New Love Dimension" (1996), onde Gottsha foi creditada como backing vocal da faixa "2 Late 2 Stay".


Gottsha: Patrimônio da Dance Music Nacional

Houve ainda nesse mesmo ano uma grande febre da música latina / miami beat, como as produções das cantoras Angelina, Lina Santiago e Laura Martinez, que tocaram o terror em todas as rádios e boates brasileiras. Diante desta ocasião, Gottsha gravou "Come To Me" para um projeto chamado Tita, seguindo essa mesma linha dançante / latina, e que acabou sendo inclusa na trilha sonora internacional da novela "Salsa e Merengue" (lançada em dezembro de 1996).


Gottsha com vários DJs na CD Expo'97: Um dos produtores de seu álbum "No One To Answer" aparece atrás dela: Nino Carlo

No ano de 1997, a artista carioca começou a investir mais nos musicais, o que lhe rendeu a oportunidade de desenvolver o seu dom também nas artes cênicas. 

Em 1998 veio uma nova produção "dance" para Gottsha gravar, era a regravação da imortal Disco Music: "I Love The Nightlife" (de Alicia Bridges):


Gottsha - "I Love The Nightlife" (1998)

Este seu retorno ao mercado fonográfico foi lançado pelo selo Paradise Records e chamou a atenção de vários DJ's na época, mas não fez um sucesso radiofônico como as músicas de seu álbum de 1995. O single veio com nove versões diferentes e foi produzido pela dupla Nino Carlo e FC Nond.

Sobre a masterização de "I Love The Nightlife", foi feita por Ian Duarte, um dos cabeças do Kasino e Ramada. Um detalhe curioso, é que o design gráfico deste single ficou a cargo de Paula Gottlieb, que é simplesmente a irmã da cantora Gottsha:


Gottsha e sua irmã Paula Gottlieb: Sua irmã criou a arte do single de "I Love The Nightlife" (1998)

 Indicação do single Gottsha - "I Love The Nightlife" na revista DJ Sound, no início de 1998

"I Love The Nightlife" também entrou em um musical brasileiro chamado "As Malvadas" (em que Gottsha atuava e cantava). Uma informação interessante, é que a atriz Alessandra Maestrini - que também é uma excelente cantora - foi uma das backing vocals deste single ao lado de Claudio Pinheiro (um dos principais backings do álbum "No One To Answer"):

 

Alessandra Maestrini foi uma das backing vocals do single "I Love The Nighlife"

Nos anos 2000, Gottsha esteve mais envolvida como atriz de televisão e musicais, se ausentando consideravelmente das paradas de rádios e clubs. Em 2001, Gottsha ainda adentrou ao mundo da dublagem de cinema, onde dublou o personagem Roz no desenho da Disney "Monstros SA". 

Seus trabalhos mais memoráveis na TV ocorreram em novelas de grande audiência, sendo atriz em "Senhora do Destino" (2005) e "Duas Caras" (2007 / 2008), embora a artista tenha realizado ainda outros trabalhos como atriz em séries, atrações de humor, entre outros programas bem populares.

 

Gottsha em horário nobre nas novelas da Rede Globo: Quem curtia a Dance-Pop dos anos 90 rapidamente reconhecia a talentosa cantora em seu visual marcante...


Entre essas novelas, Gottsha ainda gravou para o projeto Ramada feat. Gottsha - "Time 2 Love" (2006), um som que acabou entrando para a trilha sonora da novela "Cobras e Lagartos" (2006) e sendo tema do personagem de Lázaro Ramos

"Time 2 Love" também foi enviada para Portugal e saiu por lá na coletânea "Dance Mania 2007". Mais uma faixa com a linda voz de Gottsha que vai para o mundo...

Há 11 anos, em 2010, veio a tona uma de suas dublagens mais famosas do cinema: Gottsha deu voz à vilã Mamãe Gothel na animação Disney "Enrolados" (2010). Outro efetivo marco em sua carreira! 

Não podemos nos esquecer ainda de um outro trabalho famoso, a sua dublagem em "Frozen: Uma Aventura Congelante" (2013) para a personagem Bulda. 

Enfim, Gottsha é tudo isso aí... Uma mulher multi-talentosa, que incansavelmente está em variadas atividades e exercendo os seus mais aflorados dons artísticos. Para se ter uma ideia de sua versatilidade, até na carreira política ela tentou entrar, ao se candidatar como vereadora nas eleições de 2020.


GOTTSHA ATUALMENTE

Recentemente a Dance-Star comemorou o 25º aniversário de seu espetacular álbum "No One To Answer", se juntando novamente com vários amigos das antigas e produzindo novas músicas no estilo Dance Music...  

Depois de atuar no teatro, na TV, nas dublagens, em canções cantadas em português - como "Fala", que foi trilha sonora da novela "Ti Ti Ti" (2010) e do CD religioso "Tenda Dos Irmãos Do Oriente - Cantos De Fé" (2014) que inclui ainda participações de Claudja, Cláudio Pinheiro, entre outros - Gottsha ressurgiu em 2021 cantando a boa e velha Dance Music que a consagrou há 25 anos: 


Gottsha & Miguel Falabella - "Don't Go Breaking My Heart" (2021)

Primeiro ela lançou com seu amigo Miguel Falabella a regravação de Elton John: "Don't Go Breaking My Heart", em 23 de abril deste ano. Posteriormente, Gottsha não demorou muito e voltou com mais surpresas aos amantes das pistas de dança...

Você pode conferir essas novidades, como "Because The Night", "Hopelessly Devoted To You", "Let The Night Take The Blame" e "To Sir With Love" (que são regravações de obras clássicas) em seu mais recente E.P. "Divas" (2021). 


Teaser Gottsha - EP "Divas" (2021)

Rondon de Andrade, que teve uma participação muito importante no disco de 1995 como compositor, também voltou neste ambicioso projeto da cantora carioca... mas dessa vez ele trabalhou como seu produtor. 

A gravadora? A mesma dos anos dourados, a Spottlight Record (que mudou de nome no decorrer dos anos).

A nossa Gottsha segue sendo parceira de todos que colaboraram em seu ótimo álbum "No One To Answer", além de ser uma figura muito sociável e divertida com todos os fãs. Ela também tem uma grande amizade de longa data com a cantora Claudja, e é casada há 15 anos com o cantor "romântico / clássico" Márcio Gomes.


Créditos das fotos: Instagram Oficial da Gottsha

A pioneira da Dance Music brasileira é eternamente grata ao time da Spottlight Record, em especial ao René Michel, e também à sua mãe Amélia Braga Gottlieb -  a melhor empresária e eterna amiga.

E para finalizar esse capítulo da série "Brasileiros na Eurodance", desejamos cada vez mais sucesso para essa excelente estrela do Brasil... Orgulhosamente, a melhor que temos na cena Dance!!!


Gottsha e sua mãe Amélia Gottlieb, conhecida também como Mamy Gottlieb


Obrigado, GOTTSHA!

É Brasil-sil-sil-sil!!!!


Clipe oficialmente lançado hoje (24/12/2021): 

Gottsha - "Hopelessly Devoted To You" (2021)