"THE PREY" (1980) - UM SLASHER MOVIE MAÇANTE, SEM RÍTMO E DIFÍCIL DE ASSISTIR
Jogue um bando de jovens da cidade numa área florestal e coisas trágicas irão acontecer. Eles estão fora de seu habitat, enquanto que o assassino certamente estará no seu, então nunca duvide sobre quem tem a vantagem e quem tem que lutar para sobreviver. É barato, é fácil e funciona! Bem, às vezes não funciona...
Sinceramente, o slasher movie "The Prey" é um dos piores filmes que já assisti, e fico triste em escrever isso pois tinha tudo para ser mais um filme de terror bacaninha dos anos 80. O seu pior defeito, na minha opinião, é o rítmo dele... Ou melhor: a falta de rítmo!
"The Prey" nunca foi lançado no Brasil, seja em VHS, DVD, Blu-Ray, e tão pouco teve lançamento nos cinemas, então fica ainda uma dúvida no ar: Não que o título nacional seja ruím, mas...quem o batizou de "O Depredador" por aqui?
Deve ter sido algum fã brasileiro de slasher movies, pois geralmente quem faz este trabalho é a distribuidora brasileira, só que nesse caso não teve nenhuma que representasse "The Prey" por aqui.
Fica a reflexão.
O Filme é do ano 1980
Outra dúvida é em relação ao ano em que este slasher movie foi produzido. Muitos sites datam o ano de 1983, já outros datam 1980, e por fim, mais alguns datam 1984. A verdade é que o filme foi filmado no final de 1979, ou seja, suas filmagens foram concluídas bem no início de 1980, então por este motivo alguns informam corretamente este dado.
Inspiração:
No primeiro instante você pode até achar que "The Prey" foi inspirado em "Sexta-Feira 13" (1980), certo? Bom, mas são apenas dois filmes com ideias similares, tanto é que em 1979 o sucesso de Sean Cunningham ainda não tinha virado realidade - e também estava em produção. O fato é que "The Prey" foi inspirado totalmente em "A Quadrilha de Sádicos" (1977) de Wes Craven.
Mas, por que alguns sites apontam que o filme é de 1983? Essa desorganização se dá devidamente à ocorrência abaixo:
"The Prey" foi rejeitado quando concluído, não quiseram acreditar nessa produção, então apenas foi distribuído nos cinemas americanos em 1983, muito provavelmente após ao sucesso estrondoso de "Sexta-Feira 13" e centenas de outros slashers da época. A New World Pictures, responsável pela distribuição do filme, percebeu que o público estava lotando os cinemas para ver "Sexta-Feira 13" e quis aproveitar a "carta" que eles já "tinham na manga", lançando "The Prey" nos cinemas dos Estados Unidos em 04 de novembro de 1983, quase quatro anos após o término de suas filmagens.
Conforme este lançamento nos cinemas - em 1983 - dataram que o filme é deste ano, mas o fato é que ele foi filmado em 1979.
Distribuição no Brasil:
Apesar do lançamento nos cinemas americanos em 1983, no Brasil, e em muitos paises do mundo, "The Prey" permaneceu inédito. A estreia nos cinemas americanos também não foi muito lucrativa, então não quiseram investir mais no título, gerando poucos lançamentos em fitas VHS (apenas em 1988!), e também nenhuma edição foi lançada na era do DVD (aqui e em nenhum outro lugar do mundo).
Mais recentemente, em 2019, a Arrow Films concluiu uma restauração e lançou-o em Blu-ray, marcando o primeiro lançamento em mídia doméstica do filme na América do Norte desde 1988. Aqui no Brasil "The Prey" continua inédito em VHS, DVD e Blu-Ray, mas futuramente, quem sabe, poderá ser visto num dos boxes da coleção "Slashers" da brasileira Versátil Home Vídeo.
Pequeno resumo da sinopse:
"The Prey" é sobre "Lou", um assassino que ataca em North Point, mais precisamente numa belíssima floresta localizada nas montanhas rochosas do Colorado. Ele é um filho deformado de um cigano que foi morto no passado, além de ser o único sobrevivente de um incêndio criminoso no acampamento de ciganos naquela região. Sobrevivendo ao incêncio, acabou se transformando num monstro e passa a matar brutalmente qualquer invasor que insistir em passear ou acampar naquela floresta.
Sobre os pontos positivos, negativos e curiosidades de "The Prey":
-Aquela floresta apresenta um ótimo cenário atmosférico, seja nas cenas diurnas ou noturnas;
-Ótima fotografia, souberam trabalhar no visual, envolvendo a mata e penhascos;
-A música nos lembra o clássico “Sexta-Feira 13” (1980), embora tenha também um trecho sonoro muito semelhante com a trilha de "O Iluminado" (1980);
-Apesar dos efeitos serem precários (você reconhece o latex facilmente), eles são práticos e estão todos lá (e isso já é algo muito positivo);
-As cenas dos animais e da mata em geral nos remete em alguns momentos o italiano “Canibal Holocausto”;
- Os efeitos de maquiagem são do falecido John Carl Buechler, que trabalhou também mais tarde nos efeitos de outros clássicos como "A Hora do Pesadelo IV - O Mestre dos Sonhos" (1988), "Sexta-Feira 13 Parte VII - A Matança Continua" (1988) e "Halloween IV - O Retorno de Michael Myers" (1988), além de ter dirigido vários filmes, incluindo o já citado "Sexta-Feira 13 Parte VII - A Matança Continua" (1988);
- Há uma participação rápida de Jackie Coogan, que é mais lembrado como o garotinho do clássico de Charles Chaplin "O Garoto" (1921). "The Prey" é lembrado também por ter sido o último filme atuado por este ator, cujo falecimento foi em 1984;
-A atriz Lori Lethin, que interpreta a personagem "Bobbie", também participou de outros slashers famosos dos anos 80, como "Aniversário Sangrento" (1984) e "Return To Horror High" (1987);
- O vilão "Lou" foi interpretado por Carel Struycken, que depois fez diversos filmes e séries conhecidos, como "Twin Peaks", "Jornada nas Estrelas", "As Bruxas de Eastwick", "Homens de Preto", além é claro, de interpretar um de seus papéis mais memoráveis do cinema, o Tropeço (Lurch) de "A Família Addams" (aliás, até sem maquiagem ele lembra bastante o personagem).
Essas caracerísticas citadas acima nos deixam muito esperançosos de assistirmos mais um interessante filme de terror oitentista, mas, depois dos 20 primeiros minutos parece que "The Prey" desanda, se perde, e fica focando num flashback que parece não ter fim, sendo que essa passagem funcionaria melhor se fosse mais curta, e principalmente se estivesse na abertura do filme (assim como acontece em quase todo slasher).
Praticamente todas as cenas são desnecessariamente muito longas e 100% desinteressantes, transformando "The Prey" numa chatice sem fim, arrastada, cansativa, e com uma história que não desenrola e não agrega em nada.
"The Prey" poderia ser facilmente um curta-metragem, mas aparentemente quiseram surpreender e lucrar com a onda de filmes selvagens como "Quadrilha de Sádicos" e "O Massacre da Serra Elétrica", com isso ficaram prolongando diversas cenas bobas e criando diálogos totalmente inúteis, simplesmente para a trama ganhar um tempo aceitável de duração. Percebam isso, por exemplo, nas cenas de perseguição onde ficam colocando câmera lenta de maneira totalmente irritante.
A trilha sonora é boa (embora com aparência de amadora), e tem sim a esperada cena em que os personagens ficam em volta da fogueira, à noite, num momento que todo fã de slasher espera e preza muito, mas...é a partir daí também que o filme vai ficando monótono, "sonífero" e ultra-cansativo de se assistir.
O diretor de "The Prey" foi Edwin Brown que tinha antes dirigido apenas pornôs, aliás, este é o seu único não-pornô no currículo. Presume-se que foi seu histórico com filmes adultos que deu origem a um rumor on-line sobre uma versão pornográfica de "The Prey", mas isso foi apenas um boato criado em fóruns e sites americanos e nunca teve ninguém que realmente assistiu a esta edição fantasiosa.
De acordo com esses rumores, havia uma versão de "The Prey" completa com várias cenas de sexo, e que a distribuidora americana New World Pictures optou em cortar (quinze minutos) do filme antes de lançá-lo aos cinemas. O que realmente aconteceu, é que uma versão mais longa foi lançada em vários mercados ao redor do mundo, enquanto a New World Pictures reduziu o tempo de execução para rápidos 80 minutos nos Estados Unidos. Esta versão maior, de fato, dura quinze minutos a mais (foi essa que assisti), mas não há pornografia nenhuma. Apenas como curiosidade, o mesmo foi se falado sobre o filme "Sexta-Feira 13 Parte V" (1985), pois o seu diretor também havia realizado algumas produções adultas em seu histórico, então havia esses boatos, de que algumas cenas de sexo dentro do filme eram bem mais intensas, explícitas e totalmente pornográficas, antes da Paramount fazer a sua edição, porém, a atriz Debi Sue Voorhees (Tina) negou e disse que tudo eram apenas boatos.
A principal diferença entre as duas versões de "The Prey" é a inclusão de uma sequência de flashback de vinte minutos que explica a origem do trágico incêndio florestal, fragmento que é inserido a partir da cena da fogueira. O diretor Brown tem a fama de ser "prefiro mostrar que falar", então faz sentido ele ter optado em fazer toda a cena que conta a tragédia envolvendo os ciganos, mas o resultado final soou estranho, do tipo inconcebível, pois nos afastamos de nossos protagonistas por vinte minutos seguidos para ver entrar em cena novos personagens que trazem um contexto diferente da história que estamos envolvidos.
A versão que os americanos tiveram acesso contava com diversas cenas mostrando os animais da floresta, jovens discutindo astronomia e uma leitura exagerada de The Monkey's Paw, enquanto que outros países do mundo foram presenteados com esta sequência de flashback, que é construída em torno de uma mulher casada e seu caso com um cigano "garanhão". A história então se desenrola, com o marido finalmente descobrindo a relação extraconjugal e, em uma tentativa de salvar o seu casamento, a esposa decide alegar que o cigano a estuprou, levando consequentemente o seu marido e alguns moradores locais a se vingarem dos ciganos, incendiando o seu acampamento. Há também uma sequência prolongada de dança cigana, algumas cenas de sexo entre os ciganos e dois caipiras furiosos (um deles é o marido corno) bebendo cerveja enquanto planejam sua vingança incendiária.
Mas nas duas versões presenciamos mortes fracas, mortes não visíveis, pouco sangue, cenas com nenhum suspense e várias propagandas enganosas para "pegar" os fãs de filmes de terror: O assassino tem aparência estranha, parece mais ter sofrido uma mutação que queimaduras! Parece o primo pobre de "O Vingador Tóxico", ao invés de se assemelhar com o Freddy Krueger (que também foi queimado vivo). E outra, ele é um humano sim, e o seu machado é usado apenas duas vezes (apesar das 8 mortes), contrariando o slogan que está em seu poster oficial ("ele não é humano e tem um machado").
O problema com essa versão estendida, no entanto, é que ela parece não se conectar ao filme. Há apenas muitas cenas desnecessárias usadas para ganhar tempo e também para convencer o público sobre o incêndio florestal – algo que o espectador já está totalmente ciente.
Seguindo esta linha de raciocínio, não é de se surpreender que a New Word tenha optado em cortar essa "subtrama" em favor de um filme mais enxuto.
É também difícil dizer se "The Prey" funciona melhor com ou sem essa sequência (muitos dizem que é melhor sem ela), mas como eu assisti essa versão estendida, particularmente posso dizer que esse adicionamento destoa do restante da obra, dá ao filme um caráter diferente, sendo algo que foge daquilo que começamos a assistir nos primeiros minutos (embora seja fantástico que hoje em dia as pessoas possam ter acesso às duas versões).
Obs: A floresta é linda, e poderiam ter criado um dos melhores slashers sobre acampamento, mas infelizmente criaram um dos piores filmes de todos os tempos, independente da versão que você assistir.
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